Verbo é uma ação do sujeito e também é a classe gramatical das palavras que se flexionam de acordo com o número, pessoa, tempo, modo, voz e aspecto. Num sentido mais amplo verbo significa também palavra. O verbo constitui o núcleo do predicado verbal e, em termos gerais, costuma indicar:
uma ação:
"Ele trabalhou a noite inteira para terminar aquele artigo."
"batalham cristãos e mouros
batalha de grã temer." (Antonio Feliciano de Castilho, O Outono)
um estado:
"Ele é forte."
"Sonhamos. Quando um dia, eu fôr velhinho,
hei de encontrar-te, velha, no caminho." (Guilherme de Almeida, Toda a Poesia)
"Quando adivinha que vou vê-la, e à escada
ouve-me a voz e o meu andar conhece
fica pálida, assusta-se, estremece." (Olavo Bilac, Poesias)
um fenômeno da natureza:
"Choveu: as ruas ainda estão molhadas." (José de Alencar, A Pata da Gazela)
"O dia amanheceu como os outros." (Pedro Nava, Balão Cativo)
"Pouco a pouco, entre as árvores,
a lua surge trêmula, trêmula ... anoitece."(Raimundo Corrêa, Poesias)
uma ocorrência:
"Quando eu era Capelão de São Francisco de Paula ... aconteceu-me uma aventura extraordinária." (Machado de Assis, Várias Histórias)
"Sucedeu por esse tempo um desastre." (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)
uma vontade, um desejo ou um sentimento
"Não quero que uma nota de alegria
se cale por meu triste pensamento." (Ãlvares de Azevedo, Obras Completas)
"Sente o sol muito longe,
sente a claridade no ar que rareia.
E toda a noite aspira pela luz." (Raul Brandão, A Farsa)
uma conveniência:
"O isolamento é a situação que convém ao escritor." (Oliveira Martins, Portugal Contemporâneo)
"Cumpria-lhe ser duro e implacável, era poderoso e forte." (Machado de Assis, Quincas Borba)
uma opinião:
"Eu acho que ele tem razão."
"Ele cria a cultura eslava bem jovem de idade e muito retardada no seu normal crescimento." (Fidelino de Figueiredo, Entre Dois Universos).
Há que se observar, no entanto, que um mesmo verbo, colocado em orações diferentes, pode ter significados distintos:
"Cumpria-lhe ser tolerante naquela hora." (aqui, o verbo cumprir indica: conveniência);
"Cumpria suas tarefas com precisão e pontualidade." (aqui, o verbo cumprir indica uma ação).
Na lÃngua portuguesa, o Verbo pode sofrer flexões de Modo e de Tempo.
As flexões de Modo determinam as diversas atitudes da pessoa que fala com relação ao fato enunciado. Assim:
uma atitude que expressa certeza com relação ao fato que aconteceu, que acontece ou que acontecerá, é caracterÃstica do Modo Indicativo. Exemplos:
Ele trabalhou ontem.
Ela está em casa.
Nós iremos amanhã.
uma atitude que revela uma incerteza, uma dúvida ou uma hipótese é caracterÃstica do Modo Subjuntivo. Exemplos:
Se eu trabalhasse, ...
Quando eu partir, ...
uma atitude que expressa uma ordem, uma vontade ou um desejo é caracterÃstica do Modo Imperativo. Exemplo:
Faça isto, agora!
Com relação ao Tempo, podemos expressar um fato basicamente de três maneiras diferentes:
No pretérito: significa que o fato já aconteceu relativamente ao momento em que se fala;
No presente: significa que o fato está acontecendo relativamente ao momento em que se fala;
No futuro: significa que o fato ainda irá acontecer relativamente ao momento em que se fala.
Entretanto, as possibilidades de se localizar um processo no tempo podem ser ampliadas de acordo com as necessidades da pessoa que fala ou que relata um evento. Neste contexto, a LÃngua Portuguesa nos oferece as seguintes possibilidades para combinarmos Modos e Tempos:
[editar] Modo Indicativo
Expressa certeza absolutamente apresentando o fato de uma maneira real, certa, positiva.
[editar] Presente do Indicativo
Expressa o fato no momento em que se fala.
O aluno lê um poema.
[editar] Pretérito Imperfeito
Expressa o passado inacabado, um processo anterior ao momento em que se fala, mas que se prolongou, ou ainda, um fato habitual.
Emprega-se o pretérito imperfeito do Indicativo para assinalar:
um fato passado contÃnuo, permanente ou habitual ou casual.
Eles vendiam sempre fiado.
"Uma noite eu me lembro ela dormia
Numa rede encostada molemente (Castro Alves, Adormecida).
"Glória usava no peito um broche com um medalhão de duas faces." (Raquel de Queirós, As Três Marias).
um fato passado, mas de incerta localização no tempo:
Era uma vez, ...
um fato presente em relação a outro passado:
Eu lia quando ela chegou.
"Nessa mesma noite, leu-lhe o artigo em que advertia o partido da conveniência de não ceder à s perfÃdias do poder." (poema de Quincas Borba).
[editar] Pretérito Perfeito
Emprega-se o Pretérito Perfeito do Indicativo para assinalar:
um fato já ocorrido ou concluÃdo:
"Trocaram beijos ao luar tranquilo." (Augusto Gil, Luar de Janeiro)
"Andei longes terras,
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras,
Dos vis Aimorés." (Gonçalves Dias, I-Juca-Pirama).
"Apanhou o rifle, saiu ao meio da trilha e detonou."(Coelho Neto, Banzo).
Na forma composta, é usado para indicar uma ação que se prolonga até o momento presente.
Tenho estudado todas as noites.
"Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridÃculas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo." (Fernando Pessoa, Poema em Linha Reta - Ãlvaro de Campos)
[editar] Pretérito Mais-Que-Perfeito
Emprega-se o pretérito mais-que-perfeito para assinalar um fato passado em relação a outro também no passado (o passado do passado, algo que aconteceu antes de outro fato também passado).
O pretérito mais-que-perfeito aparece nas formas simples e composta, sendo que a primeira costuma aparecer em discursos mais formais e a segunda, na fala coloquial.
Exemplos de usos do pretérito mais-que-perfeito simples:
Ele comprou o apartamento com o dinheiro do carro que vendera.
"Levava comigo um retrato de Maria Cora; alcançara-o dela mesma ... com uma pequena dedicatória cerimoniosa." (Machado de Assis, RelÃquias de Casa)
Morava .. no arraial de São Gonçalo da Ponte, cuja ponte o rio levara, deixando dela somente os pilares de alvenaria." (Gustavo Barroso, O Sertão e o Mundo)
Exemplos de usos do pretérito mais que perfeito composto:
Quando eu cheguei, ela já tinha saÃdo.
Tinha chovido muito naquela noite demais.
[editar] Futuro do Presente
Emprega-se o futuro do presente para assinalar uma ação que ocorrerá no futuro relativamente ao momento em que se fala.
Se eleito, lutarei pelos menores carentes.
"... era Vadinho, herói indiscutÃvel, jamais outro virá tão Ãntimo das estrelas, dos dados e das prostitutas, ... " (Jorge Amado, Dona Flor e Seus Dois Maridos)
"A qual escolherei, se, neste estado,
Eu não sei distinguir esta daquela?" (Alvarenga Peixoto, Jônia e Nise).
[editar] Futuro do Pretérito / Condicional
Emprega-se o futuro do pretérito para assinalar:
um fato futuro em relação a outro no passado
"Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria. (Ãlvares Azevedo, Se Eu Morresse Amanhã).
"Ia levar homens para o quarto. Como era boa de cama, pagar-lhe-iam muito bem." (Clarice Lispector, A Via-Crúcis do Corpo)
uma ironia ou um pedido de cortesia:
Daria para fazer silêncio!
Poderia fazer o favor de sair!?
[editar] Modo Subjuntivo / Conjuntivo
Revela um fato duvidoso, incerto.
[editar] Presente
Emprega-se o presente do subjuntivo para assinalar:
um fato presente, mas duvidoso ou incerto.
Talvez eles façam tudo aquilo que nós pedimos.
Talvez ele saiba sobre o que está falando.
um desejo ou uma vontade
Espero que eles façam o serviço corretamente.
Se choro... bebe o meu pranto a areia ardente;
talvez... p´ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão... (Castro Alves, Vozes d´Ãfrica)
[editar] Pretérito Imperfeito
Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para assinalar uma hipótese ou uma condição, uma ação passada, mas posterior e dependente de outra ação passada.
"Talvez a lágrima subisse do coração à pupila ..." (Coelho Neto, Sertão)
"Como fizesse bom tempo, as senhoras combinaram em tomar o café na chácara." (AluÃsio Azevedo, Casa de Pensão)
"Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje vencido, como se estivesse para morrer." (Fernando Pessoa, Tabacaria - Ãlvaro de Campos)
[editar] Futuro
Emprega-se o futuro do subjuntivo para assinalar uma possibilidade a ser concluÃda em relação a um fato no futuro, uma ação vindoura, mas condicional a outra ação também futura.
Quando eu voltar, saberei o que fazer.
Quando os sinos badalarem nove horas, voltarei para casa.
[editar] Imperativo
Exprime uma atitude de solicitação, mando. E formado por afirmativo e negativo.
Este modo verbal não possui a primeira pessoa do singular (eu), pois não podemos mandar nós mesmos.
Um tempo verbal é a categoria gramatical que diz respeito ao tempo. Toda lÃngua é capaz de expressar um sem número de distinções de tempo: logo, amanhã, na próxima quarta-feira à s duas da terde, faz 137 anos, faz 138 anos. Ora, há lÃnguas que constróem algumas dessas distinções de tempo como parte de sua gramática, e uma lÃngua que assim o faz, tem a categoria tempo. A categoria gramatical de tempo é, pois, a gramaticalização do tempo. Na maioria das lÃnguas, a categoria gramatical de tempo é indicada nos verbos, mas há exceções.
Em algumas lÃnguas, a categoria gramatical de tempo inexiste por completo. à o caso do chinês, onde não existe nada que equivalha ao contraste eu estou indo / eu estava indo do português. Algumas lÃnguas que dispõem da categoria distinguem apenas dois tempos; outras têm três, quatro, cinco ou mais tempos; na lÃngua africana bemileke-dschang distinguem-se onze tempos.
O português tem formas verbais adequadas para distinguir três situações temporais, definidas a partir do momento de fala (nos exemplos que seguem esses tempos aparecem entre colchetes): tempos passados, como ‘... [chutou] o adversário sem bola e [ foi expulso] aos 25 min do segundo tempo...’, que se aplicam a fatos anteriores ao momento de fala; tempos presentes como ‘...chuta ... a bola [sai] prensada ... por cimaaaaa’, ‘... o time [está] nesse momento com dez jogadores, um atacante [está sendo atendido] fora do campo...’ que se aplicam a fatos contemporâneos ao momento de fala, e tempos futuros, que se aplicam a fatos posteriores ao momento de fala ‘...o próximo jogo [será] em Buenos Aires...’.
Na expressão do tempo pelas formas verbais, contudo, não há uma correspondência exata entre formas verbais e situações temporais; muitas formas se prestam para indicar verdades atemporais (Bobeou, dançou; errou tem que pagar; a água ferve a cem graus Celsius), e além disso a forma do futuro, sempre disponÃvel em princÃpio, é pouco usada; em seu lugar é comum encontrar perÃfrases que se baseiam em formas presentes:
Viajo a semana que vem para Arapiraca
Estou viajando a semana que vem para Arapiraca
Ela vai morar no exterior
O pouco uso do tempo futuro e a capacidade do tempo presente de indicar ora fatos posteriores ao momento de fala (‘futuros’), levaram alguns estudiosos a dizer que a principal distinção de tempo, no português do Brasil, não é entre passado, presente e futuro, mas entre o passado e presente-futuro.
Se aceitarmos essa idéia, teremos que admitir que o português efetivamente falado no Brasil tem um quadro de tempos de alguma forma semelhante ao do inglês, onde não existe um futuro distinto dos demais tempos verbais. De fato, os falantes de inglês usam uma série de formas do não-passado para expressar uma variedade de atitudes com respeito a acontecimentos futuros: I go to London tomorrow ‘Eu vou para Londres amanhã’; I’m going to London tomorrow ou I’m going to go to London tomorrow ‘Estou indo para Londres amanhã’, I’ll go to London tomorrow ‘literalmente: ‘Pretendo ir para Londres amanhã’; I’ll be going to London tomorrow, literalmente, ‘Pretendo estar indo para Londres amanhã’, I must go to London tomorrow ‘Devo ir para Londres amanhã’; I may go to London tomorrow ‘Pode ser que eu vá para Londres amanhã’, etc. Observe-se que todos esses exemplos (e suas traduções) trazem representações de fatos futuros nas quais estão envolvidas não só noções de tempo, mas também de aspecto e de modalidade.
Embora essa "diferença" entre o português de Portugal e o do Brasil seja apontada como tal por aqueles brasileiros que gostariam de ver uma separação linguÃstica entre as duas normas muito maior do que a que existe de facto, a verdade é que essas afirmações são fundamentalmente ignorantes e se diferença existe ela é pequena e apenas de grau. A verdade é que as formas futuras também pouco se usam também no português de Portugal, sendo em geral substituÃdas por construções frásicas baseadas no tempo presente, especialmente no discurso informal e oral.
Além dos tempos que tomam como referência o momento de fala, o português tem também alguns tempos verbais que situam os fatos em relação a algum outro momento. Trata-se geralmente de um momento salientado pelo contexto, podendo ser, por sua vez, um momento passado ou futuro: ao olhar o relógio, percebeu que chegaria atrasado (a chegada é posterior ao momento de olhar o relógio, que é passado) No meio da escalada, o alpinista passou pelo ponto onde seu antigo instrutor morrera alguns anos antes. (a morte do antigo instrutor é anterior à passagem do alpinista, que é passada).
São três as formas nominais do verbo, que não apresentam flexão de tempo e modo, perdendo desta maneira algumas das caracterÃsticas principais dos verbos. Por serem tomadas como nomes (substantivos, adjetivos e advérbios), recebem o nome de formas nominais.
As 3 formas são:
Infinitivo: indica a ação propriamente dita, sem situá-la no tempo, desempenhando função semelhante a substantivo.
Ex: à preciso aumentar o número de verbetes.
O infinitivo pode apresentar algumas vezes flexão em pessoa, constituindo assim duas formas possÃveis: o infinitivo pessoal e o infinitivo impessoal.
à melhor estudarmos agora (infinitivo pessoal, com sujeito=nós).
Viver aqui é muito bom (infinitivo impessoal).
ParticÃpio: indica uma ação já acabada, finalizada, adquirindo uma função parecida com a de um adjetivo ou um adjetivo.
Ex: Finalizado o wikiconcurso, os ganhadores serão notificados.
Gerúndio: indica uma ação em andamento, um processo verbal ainda não finalizado. Adquire uma função parecida à do advérbio.
Ex: Estou finalizando os exemplos deste verbete.
Verbos auxiliares são uma classe de verbos que dá informação semântica adicional ao verbo principal, ou seja, acrescem informações sobre tempo, número, pessoa, etc ao verbo principal. Ocorrem geralmente em tempos compostos. Na lÃngua portuguesa, os verbos ter, haver, ser, estar, poder e dever podem cumprir funções de verbos auxiliares.
Verbos irregulares são verbos que sofrem alterações em seu radical ou em suas desinências, afastando-se do modelo a que pertencem.
1- para verificar se um verbo sofre alterações, basta conjugá-lo no presente e no pretérito perfeito do indicativo.
Ex:
faço - fiz
trago - trouxe
posso - pude
2- Não é considerada irregularidade a alteração gráfica do radical de certos verbos para conservação da regularidade fônica.
Ex:
embarcar - embarquei
fingir - finjo
[editar] Exemplo de conjugação do verbo "dar"
Modo Indicativo - Presente
Eu dou
Tu dás
Ele dá
Nós damos
Vós dais
Eles dão
Percebe-se que há alteração do radical, afastando-se do original "dar" durante a conjugação, sendo considerado verbo irregular.
Verbos regulares são aqueles que não sofrem alteração em seu radical e cujas desinências são as mesmas do verbo paradigma ou modelo de conjungação.
Ex: Conjugação do verbo regular "mandar":
Modo Indicativo- presente
EU mando
--------------------------------------------------------------------------------
TU mandas
--------------------------------------------------------------------------------
ELE manda
--------------------------------------------------------------------------------
NÃS mandamos
--------------------------------------------------------------------------------
VÃS mandais
--------------------------------------------------------------------------------
ELES mandam
Percebe-se que o prefixo não se altera nesta e em outras conjugações sendo assim considerado verbo regular.
Voz verbal, em linguÃstica, é como se denomina a flexão verbal que denota a forma segundo a qual o sujeito se relaciona com o verbo e com os complementos verbais.
As vozes verbais são:
Voz reflexiva: é como se denomina a flexão verbal que denota que o sujeito pratica a acção sobre si mesmo.
O garoto magoou-se.
Voz reflexiva recÃproca: quando há um sujeito composto e o verbo indica que um elemento do sujeito pratica acção sobre o outro, mutuamente.
Fulano e Fulana se amam.
Voz activa: é como se denomina a flexão verbal que indica que o sujeito pratica ou participa da acção denotada pelo verbo.
O goleiro fez bela defesa.
Voz passiva: é como se denomina a flexão verbal que indica que o sujeito recebe a acção.
Voz passiva sintética ou pronominal: formada por verbo transitivo directo, pronome se como partÃcula apassivadora e sujeito paciente.
Alugam-se casas.
Voz passiva analÃtica: formada por sujeito paciente, verbo auxiliar ser ou estar, verbo principal no particÃpio, formando locução verbal passiva e agente da passiva.
As casas são alugadas pelo advogado.
2006-10-27 13:54:24
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answer #2
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