O ato constitutivo da Organização do Tratado do Atlântico Norte foi assinado em Washington em 4 de abril de 1949, como resultado das tensões acumuladas na fase inicial da Guerra Fria entre as duas grandes potências vencedoras da II Guerra Mundial. Os Estados Unidos e a União Soviética, nações aliadas no esforço de guerra contra o inimigo nazi-fascista, descobrem no imediato pós-guerra diferenças políticas e ideológicas irreconciliáveis, já evidenciadas desde março de 1946 por Winston Churchill (1874-1965) que, em visita aos Estados Unidos, pronunciou sua famosa frase sobre a "cortina de ferro" que separava a Europa de Gdansk a Trieste.
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2006-10-24 10:17:36
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answer #1
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answered by Malukinho©® 4
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A organização foi criada em 1949, no contexto da Guerra Fria.
Os estados que integram a OTAN são a Alemanha (antes da reunificação alemã, a República Federal da Alemanha), a Bélgica, o Canadá, a Dinamarca, a Espanha, os Estados Unidos da América (desde sempre o país mais influente do ponto de vista político e militar, e o principal financiador das actividades da organização), a França, a Grécia, a Holanda, a Islândia, a Itália, o Luxemburgo, a Noruega, Portugal, o Reino Unido e a Turquia.
2006-10-28 10:30:15
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answer #2
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answered by kell 5
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A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi criada em 1949, no contexto da Guerra Fria, com o objetivo de constituir uma frente oposta ao bloco comunista, que, aliás, poucos anos depois lhe haveria de contrapor o Pacto de Varsóvia, aliança militar do leste europeu.
Os estados que integram a OTAN são a Alemanha (antes da reunificação alemã, a República Federal da Alemanha), a Bélgica, o Canadá, a Dinamarca, a Espanha, os Estados Unidos da América (desde sempre o país mais influente do ponto de vista político e militar, e o principal financiador das actividades da organização), a França, a Grécia, a Holanda, a Islândia, a Itália, o Luxemburgo, a Noruega, Portugal, o Reino Unido e a Turquia.
2006-10-28 10:18:14
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answer #3
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answered by sourdb 3
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A OTAN e o fim da Guerra Fria
O ato constitutivo da Organização do Tratado do Atlântico Norte foi assinado em Washington em 4 de abril de 1949, como resultado das tensões acumuladas na fase inicial da Guerra Fria entre as duas grandes potências vencedoras da II Guerra Mundial. Os Estados Unidos e a União Soviética, nações aliadas no esforço de guerra contra o inimigo nazi-fascista, descobrem no imediato pós-guerra diferenças políticas e ideológicas irreconciliáveis, já evidenciadas desde março de 1946 por Winston Churchill (1874-1965) que, em visita aos Estados Unidos, pronunciou sua famosa frase sobre a "cortina de ferro" que separava a Europa de Gdansk a Trieste.
O Tratado de Washington havia sido precedido pelo Tratado de Dunquerque, assinado pela França e pela Grã-Bretanha em 1947, assim como, em 1948, pelo Tratado de Bruxelas, criando a União da Europa Ocidental (UEO), esquema de defesa comum entre a França, a Grã-Bretanha, os Países Baixos, a Bélgica e Luxemburgo. Mas, se o tratado de assistência mútua anglo-francês era especificamente dirigido contra um eventual novo ataque da Alemanha, o de Bruxelas, apenas um ano mais tarde, já tinha a União Soviética como seu objeto, o que é revelador de como as novas percepções da Guerra Fria iam sepultando os temores ainda presentes dos antigos inimigos de guerra. A UEO, por sua vez, tinha sido concebida em moldes similares aos delineados um ano antes no continente americano, no Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR). A exemplo do TIAR, o Tratado de Washington criava uma aliança de países comprometidos com sua defesa recíproca contra ameaças externas, neste caso, doze Estados da Europa ocidental (nem todos democráticos, como era o caso de Portugal salazarista, membro fundador em virtude das bases norte-americanas nas ilhas atlânticas) e da América do Norte, sob a liderança dos Estados Unidos.
A construção institucional e a ulterior evolução organizacional da OTAN, assim como o desenvolvimento de esquemas táticos e estratégicos de defesa comum (inclusive mediante o emprego de armas nucleares) não podem ser vistos de maneira independente do cenário político-militar predominante no hemisfério norte nas décadas de confrontação bipolar, uma vez que, também do lado socialista, uma aliança militar constituir-se-ia em 1955 sob a liderança da União Soviética, o chamado Pacto de Varsóvia. Na verdade, a aliança dominada por Moscou se destinava bem mais a garantir a manutenção forçada dos países da Europa Central e Oriental no campo socialista do que a impedir um ataque militar ocidental à União Soviética.
A primeira sede da OTAN foi instalada na capital da França, um aliado militar que se revelaria politicamente recalcitrante, como foi demonstrado anteriormente pela recusa soberanista em ratificar a Comunidade Européia de Defesa (1954). Com o estabelecimento de uma nova doutrina militar concebida pelo General De Gaulle (1890-1970) ao voltar ao poder (1958) - a chamada force de frappe independente, que também traduziu-se na proibição do estacionamento de forças nucleares norte-americanas em território francês -, a França abandona, em 1966, os esquemas militares ofensivos comuns (táticos e nucleares), o que leva a OTAN a se mudar de Paris para a Bélgica, passando ela a manter instalações políticas em Bruxelas (Secretariado) e militares em Mons (comando militar aliado). De acordo com uma "divisão do trabalho" institucional entre americanos e europeus, o Secretário Geral da OTAN sempre foi escolhido entre os próprios europeus, ao passo que a designação do seu comandante militar permanecia sob exclusiva responsabilidade dos Estados Unidos (geralmente sem consulta aos aliados europeus). Esse tipo de acerto informal se repete no caso das organizações de Bretton Woods, em que o Diretor Gerente do Fundo Monetário Internacional tem sido buscado tradicionalmente na Europa, enquanto a presidência do Banco Mundial é reservada a um cidadão norte-americano.
A incorporação de novos membros ao esquema da OTAN se deu em saltos, em função da evolução do quadro geopolítico. No período da Guerra Fria, acederam progressivamente ao tratado de Washington quatro outros países europeus - a Grécia e a Turquia em 1952, a Alemanha Federal em 1955 (mesmo ano da constituição do Pacto de Varsóvia) e a Espanha redemocratizada do pós-franquismo em 1982 -, observando-se então uma relativa estabilidade. Depois, como resultado das transformações políticas relevantes ocorridas na Europa Central e Oriental desde o fim do socialismo realmente existente e o desaparecimento da União Soviética - e do próprio Pacto de Varsóvia - no começo dos anos de 1990, três outros países outrora integrantes da aliança militar socialista ingressaram na OTAN já em 1999, quando se comemorou o seu 50º aniversário: a República Tcheca, a Hungria e a Polônia, elevando a aliança atlântica a 19 membros.
Com o fim da Guerra Fria e o desaparecimento da ameaça de uma invasão militar "socialista" à Europa Ocidental, a OTAN foi reestruturada num sentido menos preventivo de um conflito de amplas proporções e mais com objetivos de cooperação em matéria de segurança e de medidas de confiança para o conjunto da Europa. Ela também passou a participar, não sem alguns problemas em termos de mandato "constitucional", de operações de manutenção de paz no continente, geralmente em coordenação com outras organizações internacionais (mas nem sempre dotada de um claro mandato multilateral, como foi o caso nos Balcãs). De forma bem mais complexa para os equilíbrios políticos na Europa pós-socialista, ela veio a ser "assediada" por países desejosos de escapar ao "abraço fatal" da Rússia, que recuperou (ou herdou) muitas das prevenções anti-ocidentais da desaparecida União Soviética. Assim, a história recente da OTAN é bem mais movimentada em termos institucionais e políticos do que a rigidez doutrinal e estratégica dos anos de Guerra Fria.
Logo depois da queda do muro de Berlim, uma conferência da OTAN em Londres dirigia votos de amizade aos países da Europa Central e Oriental e apoiava os projetos de unificação européia, a começar pela própria Alemanha, dividida oficialmente desde 1949 e de fato desde 1945. O Tratado da União Européia em Maastricht, em 1992, assim como a transformação da Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa em verdadeira organização (OSCE) foram saudadas como passos significativos nesse processo de aproximação e de cooperação pan-europeu. A OTAN estava pronta para aceitar novos membros e para reforçar seus esquemas táticos. Medidas obstrucionistas russas impediam, no entanto, a incorporação de novos candidatos da antiga zona soviética nos esquemas militares da OTAN. A solução política encontrada pelos líderes do núcleo original (com uma França já parcialmente reconciliada com o hegemonismo norte-americano) foi o desenvolvimento de uma série de instâncias institucionais e de foros ad-hoc para acomodar os impulsos adesistas dos países mais abertamente pró-ocidentais (ou mais virulentamente anti-russos), como a República Tcheca, a Hungria e a Polônia. A primeira dessas iniciativas foi a criação de um Conselho de Cooperação do Atlântico Norte (CCAN), envolvendo os membros das duas antigas alianças rivais.
Foi através do "chapéu" do CCAN que se desenvolveu o programa "Parceria para a Paz", através do qual os países da OTAN abriram as portas para a cooperação com outros países no quadro da aliança ocidental. Contudo, não foi fácil vencer a resistência da Rússia a esses esquemas de cooperação que inevitavelmente terminariam por minar a sua capacidade de controlar (ou ameaçar) seus imediatos vizinhos geográficos. Apenas em 1997 se dá a assinatura, em Paris, do histórico acordo entre a Rússia e a OTAN sobre suas relações comuns, o que foi por alguns interpretado como uma espécie de veto russo a qualquer futura ampliação da aliança ocidental aos países que lhe eram contíguos. Poucos dias depois, entretanto, uma carta de cooperação foi assinada entre a OTAN e a Ucrânia, minando um pouco mais os velhos bastiões do antigo poderio soviético. Poucos meses depois, uma conferência de cúpula da OTAN, em Madri, abria o caminho a novas adesões à sua estrutura militar, ao mesmo tempo em que mantinha os esquemas cooperativos com a Rússia. Os três primeiros candidatos da antiga fronteira ocidental do Pacto de Varsóvia - República Tcheca, Hungria e Polônia - aderiram ao Tratado de Washington em março de 1999, coincidindo com os primeiros 50 anos da organização e marcada por cerimônia organizada na Biblioteca Truman. Assim, desde alguns anos, novos candidatos da Europa Central e Oriental vêm batendo às portas da OTAN, a exemplo dos bálticos, e mesmo alguns do Cáucaso (como a Geórgia), sem que, no entanto, a aliança ocidental demonstre qualquer precipitação em seu acolhimento.
Ao completar o seu primeiro meio século de existência, a OTAN aprovou novo conceito estratégico, revisando radicalmente e ampliando consideravelmente seu mandato original e seu raio de atuação, uma vez que recebeu mandato para cobrir operações humanitárias e anti-terroristas, para a luta contra o tráfico de drogas, assim como ameaças indefinidas ao meio ambiente, à paz e à democracia, num espaço geográfico igualmente difuso quanto a seus limites externos. No terreno europeu, a OTAN começou a trabalhar cada vez mais estreitamente com a Organização da União Européia (OUE), que também passa por mudanças significativas em função dos avanços da integração européia a partir do Tratado de Maastricht. A OTAN e a OUE já introduziram, por exemplo, o conceito de forças-tarefas conjuntas (Combined Joint Task Forces, CJTFs), ou seja, unidades separáveis mas não separadas que podem ser deslocadas em função de objetivos especificamente europeus no quadro da aliança liderada por Washington.
No próprio teatro estratégico europeu, a conformação de uma política comum de segurança e defesa traduziu-se na transformação da UEO em uma espécie de "braço armado" da União Européia (UE), muito embora não disponha ainda, em sua estrutura institucional, de mecanismo equivalente à obrigação de assistência mútua automática em caso de agressão (como previsto no quinto artigo do Tratado de Bruxelas da OTAN). Em novembro de 2000, o conselho dos dez membros plenos da UEO - outros cinco membros da UE e seis outros países da OTAN não-membros da UE são observadores na UEO - aprovou a transferência progressiva de suas funções operacionais para a UE, o que a termo significa o desaparecimento da UEO. De fato, depois da criação da Força de Reação Rápida (FRR) - desdobramento do Eurocorpo dominado pela França e pela Alemanha -, a transferência do Estado-Maior da OUE para o Estado-Maior da UE até 2002 poderá selar o destino da UEO, cujas estruturas políticas (Assembléia Parlamentar) e de coordenação de equipamento militar (Grupo Armamento da Europa Ocidental) já abrigam praticamente todos os países integrantes, candidatos à adesão ou associados à UE. Quatorze dos atuais quinze membros da UE participam da FRR - tendo a Dinamarca preferido abster-se de participar (como já tinha optado por permanecer fora da união monetária) -, mas ela ainda padece de problemas graves, tanto de ordem logística quanto política: os franceses, herdeiros ideológicos de De Gaulle, gostariam de vê-la o mais possível independente da OTAN e dos EUA, ao passo que os britânicos, os mais fiéis aliados dos EUA, têm opinião exatamente inversa, preferindo manter uma estreita aliança com a OTAN, cujos esquemas táticos são, aliás, indispensáveis a qualquer operação mais complexa da futura FRR.
As relações políticas nem sempre tranqüilas da OTAN com a Rússia passaram a ser mantidas, desde maio de 1997, no quadro do "Ato Fundador das relações mútuas de cooperação e de segurança", que estabeleceu um novo foro de diálogo, o Conselho Permanente OTAN-Rússia. A evolução interna à própria Rússia - que adotou, no começo de 2000, uma nova doutrina estratégica, caracterizada por uma certa "flexibilidade" no uso do armamento nuclear -, assim como os desenvolvimentos políticos sempre imprevisíveis nos Balcãs e no Cáucaso, parecem constituir os desafios imediatos colocados em face de uma nova OTAN que, embora mais confiante em si mesma, não parece desejosa de crescer de forma incontrolada. De forma surpreendente, porém, os ataques terroristas contra os EUA, ocorridos em 11.09.01, resultaram no estreitamento de relações e num novo espírito de colaboração entre a Rússia e a OTAN, o que poderia mesmo resultar num novo relacionamento cooperativo e, a termo, numa integração do país sucessor da ex-potência soviética às estruturas políticas da aliança atlântica. Ainda que não se preveja incorporação de esquemas militares e mesmo integração a nível de comando, esses desenvolvimentos são suscetíveis de alterar fundamentalmente a estrutura das relações internacionais.
No início do século XXI, marcado por nacionalismos irredentistas em regiões de grande diversidade étnica, a organização do Tratado de Washington aparece mais militarmente preparada do que politicamente coesa e uniformemente consciente de seus novos atributos "universais". A hegemonia militar continua a ser incontrastavelmente exercida pelos Estados Unidos, muito embora nem sempre sua liderança política e seus interesses nacionais sejam compatíveis com aqueles dos países europeus. Em todo caso, os compromissos com a causa dos direitos humanos, da democracia e do meio ambiente podem levar a OTAN a caminhos bem mais difíceis do que aqueles anteriormente balizados pelo maniqueísmo da Guerra Fria.
Sigla da Organização do Tratado do Atlântico Norte
2006-10-26 13:14:44
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answer #4
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answered by neto 7
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Qual a visão dos israelitas sobre a OTAN e qual o papel que a Aliança pode desempenhar na resolução do conflito do Médio Oriente? Para responder a estas perguntas é necessário reconhecer, desde logo, que a polÃtica de negócios estrangeiros e as instituições de defesa israelitas não morrem de amores pelas organizações internacionais. As razões são evidentes. Durante grande parte da sua história, Israel tem sido um Estado semi-pária. O elevado número de Estados árabes (catorze) e de Estados muçulmanos (dezenas), determina que sempre que se realize uma reunião internacional, Jerusalém tenha grandes hipóteses de se encontrar numa minoria de um só membro.
As relações de Israel com as Nações Unidas, a organização internacional de maior relevo, ilustram bem esta situação. O direito à existência do Estado Judaico foi confirmado pela Assembleia-geral de 1947, que aprovou a divisão da Palestina, por uma maioria de dois terços. Mais tarde, à medida que o número de Estados membros da ONU foram aumentando e que a Guerra Fria forçou as duas super potências a competirem pela lealdade dos novos membros, as coisas mudaram. Não há nenhum paÃs que tenha sido tantas vezes condenado pela Assembleia-geral ou pelo Conselho de Segurança. De facto, os Estados Unidos foram, frequentemente, os únicos a impedir que Israel fosse condenado mais vezes. A acrescentar a isso, Jerusalém nunca conseguiu assegurar um lugar no Conselho de Segurança.
Face a esta situação, as relações entre Israel e a OTAN deveriam ser melhores. Fundada um ano após o Estado de Israel, a OTAN era constituÃda por Estados cristãos, com uma excepção apenas a partir de 1952: a Turquia. Nenhum dos membros da OTAN tinha quaisquer objecções fundamentais relativamente à existência do Estado hebraico, tendo a maioria votado a favor da sua criação. Além disso, Israel sempre defendeu valores liberais – ainda que inicialmente evidenciassem uma forte conotação socialista – e democráticos. Por essas mesmas razões, e ainda porque o Primeiro Ministro David Ben-Gurion receava o isolamento do seu paÃs no caso de outra guerra mundial, Jerusalém assumiu uma posição pró Ocidental durante a Guerra Fria. Mas foi preciso pagar um preço: quanto mais pró Ocidentais as posições de Jerusalém, mais problemáticas as suas relações com o Bloco de Leste.
Durante os anos cinquenta, muitos israelitas acreditavam que o mundo árabe circundante representava um perigo mortal. Na busca de aliados, teriam adorado que o seu paÃs se tornasse membro da OTAN, ou pelo menos membro afiliado. Uma banda desenhada humorÃstica da época, publicada no maior jornal israelita Ma’ariv , ilustrava muito bem esse desejo. Mostrava um braço inscrito com a palavra “OTAN”, que se estendia ao longo do Mediterrâneo e arrancava um dente, com a forma de Israel, do Médio Oriente, representado como uma cara humana. Não foi assim.
Relações bilaterais com os Aliados
Durante os anos cinquenta e inÃcio dos anos sessenta, o principal membro da OTAN, os Estados Unidos, receava que o apoio a Israel lançasse os Estados árabes nos braços da União Soviética. Assim, não só rejeitou qualquer ideia sobre a adesão de Israel à organização, como adoptou uma postura bastante anti-israelita. Primeiro, recusou vender armas a Israel, uma polÃtica que manteve mesmo depois do chamado “negócio de armas checas” ter perturbado o equilÃbrio militar no Médio Oriente, situação que se manteve durante grande parte da administração Kennedy. Depois, ao enviar um ultimato ao Primeiro Ministro israelita, David Ben-Gurion, o Presidente Dwight D. Eisenhower aliou-se ao Chefe de Estado soviético, Nikita Khrushchev, para forçar Israel a entregar a PenÃnsula do Sinai, pouco depois da sua conquista em 1956. Além disso, Washington fez o que pôde para travar o recém-criado programa nuclear de Israel, permitindo que fossem publicadas no The New York Times fotografias tiradas por aviões espiões U-2 que provavam a existência desse programa. Subsequentemente, o Presidente John F. Kennedy enviou diversas mensagens ameaçadoras a Ben-Gurion, contribuindo para a decisão deste último de se demitir, em Julho daquele ano.
As relações entre Israel e a OTAN deveriam ser melhores Ainda assim, Jerusalém conseguiu manter relações diplomáticas normais com a maioria dos membros da OTAN, incluindo a República Federal da Alemanha, a partir de 1965. Desenvolveu com França uma relação especial que teve o seu inÃcio em 1955 e que, antes de cessar em meados dos anos sessenta, permitiu que Israel comprasse o armamento necessário para sobreviver. Porém, todos estes elos foram estabelecidos entre Israel e membros individuais da OTAN, e não entre aquele Estado e a organização em si. Visto de Paris, e mais tarde de Bruxelas, Israel era um paÃs geograficamente afastado da região do mundo cuja defesa era a razão de ser da OTAN. O paÃs não dispunha de forças armadas fortes, nem de recursos minerais importantes, nem tinha qualquer posição estratégica vital. Não tinha, portanto, grande importância. Do ponto de vista israelita, a OTAN também não era particularmente relevante. Este facto tornou-se evidente no Verão de 1956. Durante a preparação da campanha seguinte do Sinai, Shimon Peres, de 33 anos, director-geral do Ministério da Defesa, fez ao Estado-maior um briefing pormenorizado sobre o modo como os cÃrculos de decisão polÃticos europeus encaravam Israel. A OTAN nem sequer consta das actas da reunião.
à medida que as relações entre franceses e israelitas se deterioravam, os Estados Unidos, agora sob a presidência de Lyndon B. Jonhson, entraram em cena. Começaram por vender armas a Jerusalém: primeiro mÃsseis antiaéreos, depois tanques e finalmente caças. Depois da Guerra entre árabes e israelitas em Junho de 1967, os laços com Washington foram reforçados, e Israel tornou-se efectivamente um protegido dos EUA. Uma vez mais, o envolvimento da OTAN foi, quando muito, marginal. De facto, é possÃvel que as coisas se tenham passado de forma inversa. A existência de Israel parecia agora estar garantida pelo apoio dos Estados Unidos. Tendo esse facto em mente, muitos dos outros Estados membros da OTAN terão considerado que as obrigações morais que sentiam relativamente ao Estado hebraico desde o Holocausto deixavam de existir, de modo que deixaram que fossem os Estados Unidos a defender Israel junto dos Estados árabes. Ao fazerem-no, sentiram-se livres para desenvolver as suas próprias relações com os árabes, vendendo armas à queles Estados e reciclando petro-dólares.
Foi assim que, durante Guerra de Yom Kippur, em 1973, os Estados Unidos enviaram aviões para re-equipar Israel durante um conflito que poderia decidir a sobrevivência do Estado hebraico. Ao invés, todos os outros paÃses da OTAN com a excepção de Portugal, recusaram a utilização das suas bases para o reabastecimento dos aviões norte-americanas. Em 1982, os Estados Unidos assinaram um “memorando de acordo estratégico” com Israel, instalando alguns depósitos naquele paÃs. A OTAN nada fez. Em 1991, os Estados Unidos e a Alemanha, mas não a OTAN enquanto tal, ajudaram Israel quando o paÃs foi atacado por mÃsseis iraquianos. Até este ano, as forças israelitas só podiam participar nos exercÃcios militares de alguns membros da OTAN, como a Turquia e os Estados Unidos, mas não nos da organização propriamente dita. Respondendo à letra, Israel tem frequentemente tratado a Aliança com uma mistura de ressentimento e de desprezo, como demonstra a sua recusa em enviar estudantes para o Colégio de Defesa da OTAN em Roma, apesar dos constantes convites.
A evolução desde o final da Guerra Fria
Até ao final da Guerra Fria, a missão da OTAN era defender o “Ocidente” de um possÃvel ataque soviético, apesar de sempre ter recusado incluir Israel no “Ocidente”. O colapso da União Soviética pôs fim a essa missão, fazendo com que os israelitas se interessassem ainda menos no que a organização eventualmente tivesse para oferecer. O facto de as forças armadas israelitas, inicialmente modestas, se terem tornado tão poderosas como as de que qualquer outro paÃs da OTAN, com a excepção dos Estados Unidos, também contribuiu para esse desinteresse. Por exemplo, ao compararem o material e stock militares descritos no Balanço Militar , os israelitas responsáveis pelo planeamento chegaram à conclusão de que a maioria dos membros da OTAN não poderia fazer muito para os ajudar na eventualidade de uma emergência semelhante à de 1973.
As relações de Israel com os membros mais antigos da OTAN permaneceram tão ambÃguas como sempre, contudo, Jerusalém conseguiu desenvolver boas relações com alguns dos paÃses do leste da Europa, desejosos de aderir à organização na década de 1990. Muitos desses paÃses tinham uma longa tradição anti-semita, tradição essa que em nada tinha sido dissipada por duas décadas de Guerra Fria (uma época em que todos esses paÃses, com excepção da Roménia, romperam as relações diplomáticas com Israel). Nessa altura, porém, vários governos dos paÃses do leste da Europa chegaram à conclusão que o caminho para Washington passava por Jerusalém – uma ideia que, apesar se basear em estereótipos anti-semÃticos, contribuiu para melhorar o estatuto de Israel em Budapeste, Praga, Varsóvia e noutras capitais. Além disso, durante os anos setenta e oitenta, Israel tinha construÃdo uma vasta e moderna indústria de armas, a qual tinha muito para oferecer aos novos membros da OTAN, nomeadamente porque, ao contrário do que acontecia com muitos outros paÃses, as armas que fornecia não estavam dependentes de quaisquer condições polÃticas.
Entretanto, a missão da OTAN era considerada com cepticismo por muitos israelitas. Este facto tornou-se evidente na Primavera de 1999, quando a Aliança lançou a campanha aérea contra Belgrado, em virtude da repressão sérvia no Kosovo. Este não é o local para debater as virtudes e os defeitos da Operação Allied Force . Mas as opiniões de muitos israelitas, nomeadamente do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Ariel Sharon, que publicou um artigo sobre esta matéria, eram influenciadas pela sua percepção dos acontecimentos na antiga Jugoslávia durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, em vez de apoiarem a intervenção da OTAN, muitos israelitas simpatizavam com os sérvios. Quando se deu a segunda Intifada no Outono de 2000, da qual resultaram muitos mortos e feridos, alguns israelitas foram ainda mais longe: questionaram-se sobre o que poderia vir a acontecer se um dia se sentissem obrigados a pôr as luvas de lado e a lutar contra o terrorismo de uma vez por todas. Será que a OTAN não tentaria fazer-lhes aquilo que estava a fazer à Sérvia?
à verdade que Israel participa no Diálogo Mediterrânico da OTAN desde a sua criação em 1994. De facto, em 2001, tornou-se o primeiro paÃs participante a assinar um acordo de segurança com a OTAN, estabelecendo um quadro para a protecção de informação classificada. Além disso, durante o último ano pôde-se vislumbrar uma melhoria no ambiente. Em Dezembro de 2004, Israel participou na primeira reunião entre a OTAN e o Diálogo Mediterrânico ao nÃvel dos ministros dos negócios estrangeiros. Em Fevereiro deste ano o Secretário-geral da OTAN, Jaap de Hoop Scheffer, visitou Israel. Em Março, realizou-se um primeiro exercÃcio naval conjunto da OTAN e de Israel, em águas territoriais israelitas. Em Maio Israel foi aceite como membro da Assembleia Parlamentar da OTAN, e em Junho as tropas israelitas participaram em exercÃcios da OTAN no Mediterrâneo e na Ucrânia.
Não obstante esta evolução, as relações entre a OTAN e Israel, ao contrário das relações entre Israel e vários membros importantes da OTAN, há muito que se caracterizam por uma mistura de desprezo e de desconfiança. Por um lado, recordando a sua experiência com os militares de manutenção da paz da ONU no LÃbano (cujo papel principal foi proteger a Hezbollah), Israel continua a opor-se firmemente a qualquer destacamento de tropas da OTAN para os territórios ocupados da Faixa de Gaza. Por outro lado, durante a sua visita a Israel, o Secretário-geral De Hoop Scheffer disse ao mundo inteiro que a adesão de Israel à OTAN é tão improvável hoje como era quando a ideia surgiu, há cerca de meio século. à evidente que ambas as partes ainda têm de proceder a uma mudança radical de atitude. Até lá, tudo o que fazem será, em grande parte, meramente simbólico.
2006-10-24 16:39:34
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answer #5
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answered by Moranguinho 2
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