O que é moda?
O termo da palavra moda já diz bastante coisa. Quando você consulta um dicionário para ver o que quer dizer a palavra moda, ela quer dizer maneira, costume, um uso que depende de capricho. É um fenômeno cultural que consiste na mudança periódica de estilo, sendo que a moda também está muito ligada ao consumo. Quando estivermos falando de moda, temos que falar que existe toda uma indústria por trás que faz esse comércio da moda acontecer. Ela é considerada filha da Revolução Industrial e da máquina a vapor, sendo, atualmente, uma atividade que envolve os mais diversos segmentos. Ela abrange vários mercados de variadas áreas como, por exemplo, o editorial - em busca de atingir seu público alvo; o metalúrgico, que produz os maquinários têxteis, de costura e afins; a arte, onde os desenhistas precisam de materiais específicos como tinta e pincel. A moda é o fenômeno do gosto e do consumo, sendo a própria adequação de ambos.
Comercial
Customização: criatividade enlatada
Moda e identidade sempre caminharam juntas, mas desde a última edição da São Paulo Fashion Week, em junho de 2001, não se fala de outra coisa: customização - a celebração da individualidade. Qual a grande novidade em torno desse fenômeno de moda e sua origem?
Talvez ajude, começar entendendo que a palavra em português, a rigor, nem existe, e representa a corruptela da expressão em inglês "custom made", que por sua vez, significa "feito sob medida". Assim, esclarecendo uma confusão que vem sendo feita, a palavra não provém do substantivo "customer", ou cliente, em inglês, mas sim do verbo "to customize", que significa exatamente adaptar um produto às necessidades particulares de cada consumidor. Portanto, individualização, e não "clientização".
Esta personalização da moda, como a customização vem sendo definida, representa o amadurecimento de um conceito que começa a ser gestado ainda na década de 90 - "o de estilista de si próprio"- cuja importância está na reorganização das relações entre consumidor e mercado, até então tradicionais no sistema da moda.
Com a pulverização de estilos que passa a existir nessa época, a própria idéia de tendência, é posta em cheque. E a moda, tradicionalmente um fenômeno quantitativo e massificador, definido pela estatística "como o elemento mais freqüente de uma mostra", passa então de homogenizadora à uma das maiores produtoras de subjetividade dos nossos tempos.
O que acontece é que, ao longo dos anos 90, esse desejo de pertencer a um grupo, até então o apelo maior na construção da imagem, é substituído por uma nova sensibilidade, que se concentra no indivíduo. A importância das subculturas ou tribos urbanas, fenômeno dos anos 80, diminui e em lugar do grupo aparece o sujeito.
É quando nasce a expressão já referida: "estilista de si próprio".A década se transforma então no famoso "supermercado de estilos" de que tanto ouvimos falar, onde uma variedade maior de estilos e uma variabilidade menor dentro de cada um deles, tornam possível na prática, a máxima de Chanel: "A moda passa, o estilo permanece".
O consumidor ganha altitude e passa a se vestir de acordo com seus próprios referenciais e não mais apenas atendendo solicitações externas. Colabora para isso a democratização da moda pela mídia, fenômeno da mesma época. Uma vez tornada espetáculo para as massas, a moda dela se aproxima e sua linguagem de signos aos poucos se decodifica.
Além disso, os tempos são de globalização e informação em tempo real. O mundo está disponível nas muitas telas de que é feita nossa realidade, ( TVs, DVDs, internet ) e enche nossos olhos com suas muitas possibilidades de cores e a variedade das raças. Num efeito pêndulo, a aldeia global conta sua história exacerbando os regionalismos, e as etnias ganham destaque na moda. Nada mais é excluído, mas ao contrário, somado.
No entanto, é preciso lembrar que ambas as manifestações de moda, massificação e diferenciação, sempre coexistiram e continuarão a coexistir, porque essa dualidade é intrínseca ao próprio sistema da moda, que concilia ambas as necessidades do ser-humano: de um lado ser aceito e pertencer a um grupo e de outro buscar se afirmar como indivíduo. Ou, dito de outra forma, de um lado sempre estarão os lançadores de moda, os diferentes, e de outro os seguidores, se fazendo iguais.
De maneira que a customização não é, em si, nenhuma grande novidade. Em diferentes contextos, sempre existiu como alternativa à moda comercial. Nos anos 60, por exemplo, o culto ao artesanal e o desenvolvimento de técnicas de tingimento de tecido, como o tye-die, permitiam igualmente a personalização das peças de roupa. A grande diferença agora fica por conta de ser a customização, ela própria, a vertente comercial da moda. Desfecho, aliás, previsível em mercados poderosos como a moda e a música, em que quaisquer manifestações culturais que nascem na marginalidade, como alternativa ao "mainstream", tão logo sejam percebidas, são apropriadas pelo mercado e massificadas.
Então, em vez de cada um cortar e bordar seu próprio jeans em casa, o que existe agora são marcas como a Levi`s promovendo a personalização de suas peças a partir da linha engineered, por exemplo. Mas, será que esta maior adequação de medidas ou o acréscimo de pequenos detalhes às peças, que as grandes marcas estão chamando de customização, promovem mesmo a personalização da roupa, a ponto de servir ao propósito maior do indivíduo, de se diferenciar?
Sem dúvida, representam um grande avanço na relação do consumidor com a roupa, que não tem mais que se adequar a ela, já que ela se adequa a ele, mas, ao mesmo tempo, todos os consumidores de uma engineered levam para casa uma mesma calça com bolsos traseiros deslocados de sua posição original e reposicionados diagonalmente de forma a ser mais fácil guardar qualquer coisa na parte de trás. Algo que enxergo mais como uma evolução do que como uma real customização, já que está presente em todas as peças da linha. É mais uma busca do conforto, em roupas anatômicas que respeitem os movimentos, do que customização, que depende da criatividade de cada um aplicada à moda. Uma criatividade que não pode ser industrializada nem enlatada.
Assim, iniciativas como a da Semana de Moda, realizada no último mês de junho, em São Paulo, são ao meu ver, muito mais autênticas. Mesmo sem a estrutura das grandes empresas, o evento permitiu aos convidados interessados, o exercício da identidade, em produções de moda realmente personalizadas, a partir da poesia de cada um. As peças, escolhidas numa arara, eram posteriormente transformadas com máquinas de costura disponíveis e aviamentos. Da mesma forma, o estilo "vintage" também em alta, parece muito mais sintonizado com o conceito da personalização na moda, do que qualquer produto industrial, que nunca terá a força e o romantismo das peças antigas garimpadas em brechós ou "emprestadas"dos guarda-roupas alheios...De onde concluo que o grande barato da customização, o jogo lúdico da impressão digital nas roupas, esse, não pode ser absorvido pela grande indústria.
beijinhos
2006-10-23 03:13:51
·
answer #1
·
answered by Leyloca 6
·
0⤊
0⤋