O ano de 1929 foi um ano marcante para o fim da República Velha. Além de viver uma campanha presidencial, o Brasil é atingido pela crise da quebra da Bolsa de Nova Iorque (Crise de 1929), que compromete o comércio mundial.
Alegando defender os interesses da cafeicultura, o presidente Washington LuÃs, paulista, lança como candidato à sua sucessão o governador de São Paulo, Júlio Prestes, do PRP. Ao indicar outro paulista, rompe com as regras da polÃtica do “café-com-leite”, pela qual mineiros e paulistas se alternam à frente do governo.
Em represália, o Partido Republicano Mineiro (PRM) passa para a oposição, forma a Aliança Liberal com oligarquias de outros Estados e lança o gaúcho Getúlio Vargas para a presidência, tendo o paraibano João Pessoa como vice.
A revolução
O problema da sucessão presidencial
Na república velha (1889-1930), vigorava no Brasil a chamada "polÃtica do café com leite", em que polÃticos de São Paulo e de Minas Gerais, se alternavam na presidência da república.
Porém, no começo de 1929, Washington LuÃs indicou o nome do Presidente de São Paulo, Júlio Prestes, como seu sucessor, no que foi apoiado por presidentes de 17 estados.
Negaram o apoio a Júlio Prestes, apenas três estados : Minas Gerais, Rio Grande do Sul e ParaÃba, sendo que, até hoje, se lê, na bandeira da ParaÃba, a palavra NÃGO.
Os polÃticos de Minas Gerais ficaram insatisfeitos com indicação de Júlio Prestes, pois esperavam que Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, que governava aquele Estado, fosse o indicado, de acordo com a "polÃtica do café com leite", citada acima.
Antônio Carlos ficaria conhecido como o "Arquiteto da Revolução de 1930".
Assim a polÃtica do café com leite chegou ao fim e iniciou-se a articulação de uma frente oposicionista ao intento do presidente e dos 17 estados de eleger Júlio Prestes.
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e ParaÃba uniram-se a polÃticos de oposição de diversos estados, inclusive do Partido Democrático de São Paulo, para se oporem à candidatura de Júlio Prestes , formando, em agosto de 1929, a Aliança Liberal.
Em 20 de setembro do mesmo ano, foram lançados os candidatos da Aliança Liberal à s eleições presidenciais: Getúlio Vargas como candidato a Presidente e João Pessoa (Presidente da ParaÃba) como candidato a vice-presidente.
A candidatura e o programa da Aliança Liberal contaram com o apoio, além dos três governos estaduais citados, de partidos de oposição em vários estados, inclusive o Partido Democrático de São Paulo e o Partido Libertador do Rio Grande do Sul.
Apoiaram a Aliança Liberal intelectuais como José Américo de Almeida e Lindolfo Collor, membros das camadas médias urbanas e a corrente polÃtico-militar chamada "Tenentismo", na qual se destacavam Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes,Siqueira Campos, João Alberto Lins de Barros, Juarez Távora e Miguel Costa, LuÃs Carlos Prestes e Juracy Magalhães e três futuros presidentes da república.
O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos, diz em discurso, ainda em 1929: " Façamos a revolução pelo voto antes que o povo a faça pelas armas".
Esta frase foi vista como a expressão do instinto de sobrevivência de um polÃtico experiente (raposa polÃtica) e um presságio.
As eleições e a revolução
As eleições foram realizadas no dia 1º de março de 1930 e deram a vitória a Júlio Prestes que obteve 1.091.709 votos contra apenas 742.794 dados a Getúlio. Ressaltando que Getúlio teve 100% dos votos no Rio Grande do Sul.
A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança Liberal conseguiu a vitória, não obtiveram o reconhecimento dos seus mandatos. A partir daÃ, iniciou-se uma conspiração, com base no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.
A conspiração sofreu um revés em junho com o brado comunista de LuÃs Carlos Prestes que seria o comandante militar da revolução mas dela desistiu para apoiar o comunismo.
Logo em seguida outro contratempo: morre em acidente aéreo o tenente Siqueira Campos.
No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassinado por João Dantas em Recife, por questões polÃticas e de ordem pessoal, servindo como estopim para a mobilização armada. João Dantas seria, logo a seguir, barbaramente assassinado.
As acusações de fraude, o descontentamento popular devido à crise econômica causada pela grande depressão de 1929, a morte de João Pessoa e a rompimento da polÃtica do café com leite, foram os principais fatores, (ou pretextos na versão dos partidários de Júlio Prestes), que criaram um clima favorável a uma revolução.
Getúlio tentou várias vezes a conciliação com o governo de Washington Lúis e só se decidiu pela revolução quando já se aproximava a posse de Júlio Prestes que se daria em 15 de novembro.
A revolução de 1930 iniciou-se, finalmente, no Rio Grande do Sul em 3 de outubro, e se alastrou por todo o paÃs. 8 governos estaduais, no nordeste, foram depostos pelos tenentes.
No dia 10, Getúlio Vargas partiu, por ferrovia, rumo à capital federal (então, o Rio de Janeiro).
Esperava-se que ocorresse uma grande batalha em Itararé (na divisa com o Paraná), onde as tropas do governo federal estavam acampadas para deter o avanço das forças revolucionárias, lideradas militarmente pelo Coronel Góis Monteiro.
A batalha não ocorreu, já que os generais Tasso Fragoso e Menna Barreto e o Almirante IsaÃas de Noronha depuseram Washington LuÃs, em 24 de outubro e formaram uma junta de governo.
Jornais que apoiavam o governo deposto foram empastelados, Júlio Prestes, Washington LuÃs e vários outros próceres da república velha foram exilados.
2006-10-22 10:19:22
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answer #3
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answered by Rodrigo M 3
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