O Opus Dei ("Obra, Trabalho de Deus", em latim) é uma prelatura pessoal da Igreja Católica, composta de um prelado, padres seculares e leigos comuns, que se juntam à prelatura de livre vontade. A Prelatura segue uma via de conduta que passa pela santificação do trabalho quotidiano (nas palavras do fundador "o trabalho é santo, santifica-nos e santifica os outros"). Assim, todo e cada um, homem ou mulher, é chamado à santificação pelo trabalho que exerce quotidianamente, encontrando Deus nas coisas ordinárias da Terra.
O Opus Dei tem como lema "encontrar Deus no trabalho e na vida cotidiana". Procura a santificação de cada cristão no meio do mundo, através do exercÃcio profissional cotidiano e no cumprimento dos deveres pessoais, familiares e sociais de cada um, de maneira a que cada indivÃduo se torne um fermento de intensa vida cristã em todos os ambientes em que se encontre inserido.
Para essa finalidade a Prelatura proporciona os meios de formação espiritual e atendimento pastoral aos próprios fiéis e também a muitas outras pessoas. Através desse atendimento pastoral, as pessoas são estimuladas a colocar em prática os ensinamentos do Evangelho, mediante o exercÃcio das virtudes cristãs e a santificação do trabalho. Isto significa, para os fiéis da Prelatura, trabalhar segundo o espÃrito de Jesus Cristo: realizar as próprias tarefas com perfeição, como forma de dar glória a Deus e servir aos outros, e, deste modo, contribuir para santificar o mundo, tornando presente o espÃrito do Evangelho em todas as actividades e realidades temporais. Os membros da Prelatura praticam também as chamadas normas de piedade, que consistem em, por exemplo, rezar o terço todos os dias, visitar Deus no sacrário ou confessarem habitualmente.
Os fiéis da Prelatura realizam pessoalmente a sua tarefa evangelizadora nos vários âmbitos da sociedade em que estão inseridos. Por conseguinte, o trabalho que levam a cabo não se limita a um campo especÃfico, como a educação, o cuidado de doentes ou a ajuda a deficientes. A Prelatura propõe-se recordar que todos os cristãos, seja qual for a actividade secular a que se dediquem, devem cooperar na solução cristã dos problemas da sociedade e dar testemunho constante da sua fé.
Atualmente, a sede da Prelatura do Opus Dei encontra-se em Roma, onde está a Igreja do Prelado, sob a direção do Bispo Dom Javier EchevarrÃa.
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Vida Diária
O cristão está chamado a procurar a santidade, isto é, a subida ao Céu, o que inclui a identificação com Jesus Cristo, através das circunstâncias da sua vida e das atividades em que se ocupa regularmente. Segundo o fundador do Opus Dei: "A vida corrente pode ser santa e plena de Deus; o Senhor chama-nos a santificar as ocupações habituais, porque também nelas se encontra a perfeição do cristão"(à Cristo que passa, 2a. ed., Quadrante, São Paulo,n 148). Portanto, todas as virtudes são importantes para o cristão: a fé, a esperança e a caridade, apoiadas nas virtudes humanas: como a generosidade, a laboriosidade, a justiça, a lealdade, a alegria, a sinceridade, etc. à pelo exercÃcio das virtudes que o cristão vai-se configurando com Jesus Cristo.
IESE Business SchoolOutra conseqüência do valor santificador da vida corrente é a transcendência das coisas pequenas que preenchem a existência de um cristão comum. "A santidade grande está em cumprir os deveres pequenos de cada instante" (Caminho, Quadrante, São Paulo, n. 817), ensinava São Josemaria Escrivá. São coisas pequenas, por exemplo, os detalhes de serviço, de boa educação, de respeito aos outros, de ordem material, de pontualidade, etc.: quando se vivem por amor de Deus, esses detalhes não são de pouca relevância para a vida cristã.
Dentre as realidades quotidianas sobre as quais um cristão corrente deve edificar a sua santificação e à s quais deve dar, portanto, uma dimensão cristã, encontram-se –-- para a maioria das pessoas –-- o matrimônio e a famÃlia. "Para um cristão, o matrimônio não é uma simples instituição social, e menos ainda um remédio para as fraquezas humanas: é uma autêntica vocação sobrenatural(...) Os casados estão chamados a santificar o seu matrimônio e a santificar-se a si próprios nessas união (...). A vida familiar, as relações conjugais, o cuidado e a educação dos filhos, o esforço necessário para manter a famÃlia, para garantir o seu futuro e melhorar as suas condições de vida, o convÃvio com as outras pessoas que constituem a comunidade social, tudo isso são situações humanas, comuns, que os esposos cristãos devem sobrenaturalizar" (à Cristo que passa, ibid., n. 23).
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Caridade e apostolado
Os fiéis do Opus Dei se esforçam por dar testemunho da sua fé cristã por ocasião das suas atividades ordinárias e do seu relacionamento humano. O seu apostolado dirige-se a todos os homens e mulheres, e é exercido, em primeiro lugar, com o exemplo pessoal e depois mediante a palavra. O desejo de dar a conhecer Jesus Cristo, conseqüência direta da caridade (isto é, do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos), é inseparável do desejo de contribuir para a solução das necessidades materiais e dos problemas sociais do ambiente.
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Amor à liberdade
Os fiéis do Opus Dei são cidadãos que gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos à s mesmas obrigações que os outros cidadãos, seus iguais. Nas suas atuações profissionais, familiares, polÃticas, econômicas, culturais, etc., agem com liberdade e com responsabilidade pessoal, sem pretender envolver a Igreja ou o Opus Dei nas suas decisões, nem apresentá-las como as únicas congruentes com a fé. à a isto que leva o respeito à liberdade e à s opiniões alheias.
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Vida de oração e sacrifÃcio
Bento XVI: Escrivá superou de alguma forma o que "se pode chamar a grande tentação de nosso tempo": a crença "que depois do big bang Deus se «retirou».O espÃrito do Opus Dei incentiva a cultivar a oração e a penitência, como meios de manter o empenho por santificar as ocupações habituais. Por isso, os fiéis da prelatura incorporam à sua vida determinadas práticas assÃduas: meditação, assistência diária à Santa Missa, confissão sacramental freqüente, leitura e meditação do Evangelho, etc. A devoção a Nossa Senhora ocupa um lugar importante nos seus corações. Igualmente, para imitar Jesus Cristo, fazem sacrifÃcios, em especial os que favorecem o cumprimento fiel do dever e tornam mais agradável a vida aos outros, bem como a renúncia a pequenos prazeres, o jejum, a esmola, etc.
Todavia, como a Palavra de Deus ensina, pelos escritos Sagrados, o SacrifÃcio Vicário de Cristo na cruz foi em substituição à toda a humanidade, e Ele mesmo levou sobre Si as nossas dores e pecados, sofrendo o castigo que nos traz a paz, e pelas feridas Dele, fomos sarados (IsaÃas 53). Desta forma, Ele, sendo Justo, sofreu o castigo pelos injustos e não precisamos mais padecer. Tudo o que nos resta é aceitar o Seu amor, reconhecendo que somente Ele é o nosso Senhor e Salvador, que nos reconcilia com o Deus-Pai.
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Mortificação
A mortificação é entendida como um sacrifÃcio mental ou fÃsico aos olhos de Deus, pode singir-se à renúncia de algum alimento pelo qual a pessoa que se mortifica tenha preferência ou simplesmente por não beber água quando se tem sede, por exemplo. A mortificação pode no entanto ser mais forte, chegando a ser aparentemente muito dolorosa e até cruel, o que a Prelatura nega consistentemente. Estes sacrifÃcios são vistos como uma união à paixão e à cruz de Jesus Cristo e, portanto, como meio de redenção.
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Unidade de Vida
A "unidade de vida" é outro alicerce nos ensinamentos do fundador do Opus Dei. De acordo com sua mensagem, um Cristão não deve procurar Deus apenas na igreja, mas também nas menores atividades ou ocupações de sua vida. Deixar de ser cristão quando se sai do templo, como quem tira um chapéu ao entrar num restaurante, é ter "vida dupla".
A "unidade de vida", segundo S. Josemaria Escrivá, é uma profunda união com Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Desta forma, o trabalho profissional ou qualquer atividade, incluindo o descanso e o lazer, une-se à redenção operada por Cristo no Calvário, transformando-se em trabalho redentor. Todas as boas obras que fizermos em benefÃcio do nosso próximo são obras de justiça, mas somente a fé em Jesus - o Filho de Deus - pode justificar o homem.
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Os Fiéis da Prelatura
O Opus Dei, por volta de 2005, possuia aproximadamente 85.000 membros distribuÃdos em todos os continentes. Existem diversas e diferentes categorias de membros e um único e idêntico fenômeno vocacional pelo qual todos os fiéis da prelatura são e se sentem em igual grau seus membros. Apesar de existirem diferentes categorias não existe qualquer tipo de hierarquia onde um membro exerce poder sobre outro: todos os membros da Obra são iguais em direitos, deveres e autoridade à excepção do Prelado, lÃder espiritual da Prelatura. Os membros do Opus Dei divergem bastante existindo membros casados, solteiros, celibatários não celibatários, etc. As diferentes categorias de membros são as seguintes:
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Supranumerários
A maioria dos fiéis do Opus Dei é composta pelos membros supranumerários: são geralmente homens ou mulheres casados, que seguem carreiras convencionais e para quem a santificação dos deveres profissionais e familiares é parte principal da sua vida cristã. Os supranumerários constituem atualmente cerca de 70% do total dos membros do Opus Dei. Além das atividades normais qualquer cidadão, os supranumerários devotam algum tempo diário à oração, além de participar de palestras especÃficas de formação humana e teológica e de participar anualmente em retiros espirituais. Em decorrência de suas obrigações profissionais e familiares não possuem a mesma dedicação à s atividades da prelatura que os outros membros.
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Numerários e Adscritos
Os demais fiéis do Opus Dei são homens e mulheres que se comprometem a viver em celibato, por motivos apostólicos. Alguns moram com as suas famÃlias ou onde lhes for mais conveniente por motivos profissionais: são os adscritos da prelatura. Outros, pelas suas circunstâncias, podem permanecer plenamente disponÃveis para cuidar das atividades apostólicas e da formação dos demais fiéis da prelazia: são os numerários, que ordinariamente podem viver em centros do Opus Dei, sem que isto impeça que desenvolvam sua carreira profissional. As numerárias auxiliares dedicam-se principalmente à atenção dos trabalhos domésticos das sedes dos centros da prelazia, que é a sua atividade profissional normal.
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A Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz
Bispo Dom Javier EchevarrÃaO presbitério do Opus Dei é composto por membros da prelatura, tipicamente numerários e adscritos, que recebem o sacramento da Ordem e estão sob a jurisdição do prelado do Opus Dei.
A Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz é uma associação de sacerdotes associada ao Opus Dei. Fazem parte desta associação os sacerdotes que compõem o presbitério do Opus. Estes são membros natos da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz e estão sob a jurisdição do prelado da Obra. Também são admitidos como membros desta sociedade sacerdotes diocesanos que, permanecendo sob a jurisdição do bispo de sua diocese, procuram santificar seu trabalho de acordo com o espÃrito do Opus Dei e a sua orientação espiritual. Os sacerdotes diocesanos, portanto, não fazem parte do presbitério da Obra, mas apenas associam-se à Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz.
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Cooperadores
Os Cooperadores do Opus Dei não pertencem à prelatura, mas colaboram com ela de alguma forma: orações, contribuições financeiras ou provendo algum outro tipo de assistência. Os cooperadores não precisam aderir a qualquer requisito especial, são apenas pessoas que apoiam o trabalho do Opus Dei, com o qual partilham ideias. Não precisam ser Cristãos.
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Polêmicas
O Opus Dei é muitas vezes descrito como um movimento tradicionalista, polÃticamente próximo da direita conservadora e por vezes até fascista. Ã-lhe atribuÃdo, na América Latina, uma influência considerável como instrumento da luta do Vaticano contra a Teologia da Libertação, afirmando-se que está fortemente implicado nas lutas de poder dentro da Igreja Católica, estas suposições, no entanto, nunca foram provadas.
Além disso, uma certa discrição por parte do Opus Dei faz com que as informações a seu respeito sejam extremamente fragmentárias. Por exemplo: a Constituição do Opus Dei, redigida em 1950, só foi publicada em 1986 graças à s revelações de antigos membros. Essa discrição adotada pelos membros da prelatura é por vezes acusada de secretismo, o que levou a que, em Itália, se tivesse tentado extinguir a Obra, devido a uma lei que proÃbia sociedades secretas.
Para impedir boatos que insinuavam que o comportamento da ordem estava longe de ser o correcto e acabar com a imagem de "sociedade secreta" que queria dominar o mundo, os responsáveis pelo Opus Dei fizeram grandes esforços de divulgação da ordem aquando da canonização de JosemarÃa Escrivá.
Especialistas em História das Religiões afirmam que o discurso do Opus Dei está muito mais concentrado sobre o que deve ser o Direito Canônico, o dogmatismo e a submissão à autoridade do que no estudo dos Evangelhos e da Fé Cristã.
Em todo o mundo, o Opus Dei passou a receber grande dose de atenção dos média devido a duas coisas: a publicação do livro "O Código da Vinci" (em que membros da prelatura são retratados como fanáticos assassinos), e a acusação de que o ex-governador do estado brasileiro de São Paulo Geraldo Alckmin fazia parte da obra. Por sua vez, Alckmin negou qualquer vÃnculo com a Opus Dei.
O Opus Dei é várias vezes acusado de tentativas de corrupção bancária e de tentar controlar setores financeiros da sociedade. Porém, como é explicado por José Rafael EspÃrito Santo, vigário do Opus Dei em Portugal, "qualquer ligação da Obra com sectores financeiros ou importantes na sociedade é feita meramente pelos seus membros e não pelo Opus Dei em si" não estando a prelatura alegadamente envolvida em grandes negócios.
2006-10-20 21:03:22
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answer #4
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answered by Zoing 5
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