e de Chico Buarque, gosta ?
>>Chico Buarque: lucidez e coerência (entrevista para a revista Carta Capital)
>>
>>A cada uma de suas entrevistas, o compositor e cantor Chico Buarque de
>>Holanda sempre surpreende por sua lucidez e enorme coerência. Agora, no
>>lançamento do seu novo CD, Carioca, ele novamente brilhou ao falar sobre a
>>situação política brasileira. A direita deve ter ficado furiosa, com
>>saudades dos tempos da ditadura militar que o perseguiu e censurou; a
>>esquerda "rancorosa" deve ter ficado ressentida com seus irônicos
>>comentários; já os setores da sociedade que, mesmo críticos das limitações
>>do governo Lula, não perderam a perspectiva, ganharam novo impulso
>>criativo para a sua atuação. Mas é melhor deixar o poeta falar, pinçando
>>trechos das suas entrevistas na revista Carta Capital e no jornal Folha de
>>S.Paulo:
>>
>>Sobre a crise política:
>>
>>É claro que esse escândalo abalou o governo, abalou quem votou no Lula,
>>abalou sobretudo o PT. Para o partido, esse escândalo é desastroso. O
>>outro lado da moeda é que disso tudo pode surgir um partido mais correto,
>>menos arrogante. No fundo, sempre existiu no PT a idéia de que você ou é
>>petista ou é um calhorda. Um pouco como o PSDB acha que você ou é tucano
>>ou é burro (risos).
>>
>>Agora, a crítica que se faz ao PT erra a mão. Não só ao PT, mas
>>principalmente ao Lula. Quando a oposição vem dizer que se trata do
>>governo mais corrupto da história do Brasil é preciso dizer 'espera aí'.
>>Quando aquele senador tucano canastrão diz que vai bater no Lula, dar
>>porrada, quando chamam o Lula de vagabundo, de ignorante - aí estão
>>errando muito a mão. Governo mais corrupto da história? Onde está o
>>corruptômetro? É preciso investigar as coisas, sim. Tem que punir, sim.
>>Mas vamos entender melhor as coisas. A gente sabe que a corrupção no
>>Brasil está em toda parte. E vem agora esse pessoal do PFL, justamente
>>ele, fazer cara de ofendido, de indignado. Não vão me comover...
>>
>>Preconceito de classe:
>>
>>O preconceito de classe contra o Lula continua existindo - e em graus até
>>mais elevados. A maneira como ele é insultado eu nunca vi igual. Acaba
>>inclusive sendo contraproducente para quem agride, porque o sujeito mais
>>humilde ouve e pensa: 'Que história é essa de burro!? De ignorante!? De
>>imbecil!?'. Não me lembro de ninguém falar coisas assim antes, nem com o
>>Collor. Vagabundo! Ladrão! Assassino! - até assassino eu já ouvi. Fizeram
>>o diabo para impedir que o Lula fosse presidente. Inventaram plebiscito,
>>mudaram a duração do mandato, criaram a reeleição. Finalmente, como se
>>fosse uma concessão, deixaram Lula assumir. 'Agora sai já daí,
>>vagabundo!'. É como se estivessem despachando um empregado a quem se
>>permitiu o luxo de ocupar a Casa Grande. 'Agora volta pra senzala!'. Eu
>>não gostaria que fosse assim.
>>
>>Eu voto no Lula!
>>
>>A economia não vai mudar se o presidente for um tucano. A coisa está tão
>>atada que honestamente não vejo muita diferença entre um próximo governo
>>Lula e um governo da oposição. Mas o país deu um passo importante elegendo
>>Lula. Considero deseducativo o discurso em voga: 'Tão cedo esses caras não
>>voltam, eles não sabem fazer, não são preparados, não são poliglotas'.
>>Acho tudo isso muito grave.
>>
>>Hoje eu voto no Lula. Vou votar no Alckmin? Não vou. Acredito que, apesar
>>de a economia estar atada como está, ainda há uma margem para investir no
>>social que o Lula tem mais condições de atender. Vai ficar devendo, claro.
>>Já está devendo. Precisa ser cobrado. Ele dizia isso: 'Quero ser cobrado,
>>vocês precisam me cobrar, não quero ficar lá cercado de puxa-sacos'. Ouvi
>>isso dele na última vez que o vi, antes dele tomar posse, num encontro
>>aqui no Rio.
>>
>>Sobre o PSOL.
>>
>>Percebo nesses grupos um rancor que é próprio dos ex: ex-petista,
>>ex-comunista, ex-tudo. Não gosto disso, dessa gente que está muito próxima
>>do fanatismo, que parece pertencer a uma tribo e que quando rompe sai
>>cuspindo fogo. Eleitoralmente, se eles crescerem, vão crescer para cima do
>>PT e eventualmente ajudar o adversário do Lula.
>>
>>
>>Papel da mídia.
>>
>>Não acho que a mídia tenha inventado a crise. Mas a mídia ecoa muito mais
>>o mensalão do que fazia com aquelas histórias do Fernando Henrique, a
>>compra de votos, as privatizações. O Fernando Henrique sempre teve uma
>>defesa sólida na mídia, colunistas chapa-branca dispostos a defendê-lo a
>>todo custo. O Lula não tem. Pelo contrário, é concurso de porrada para ver
>>quem bate mais.
>>
>>-------------------------------------
>> MANIFESTO
>>
>>Sobretudo, não votar em Alckmin
>>
>> Diante da proximidade do final do primeiro turno das eleições
>>presidenciais, faz-se necessário vir a público a fim de dizer que não há
>>razão alguma para votar no candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Fatos
>>recentes relativos a dossiês e novos personagens envolvidos com o
>>escândalo das sanguessugas aumentaram a temperatura da, até então, mais
>>"morna das eleições" entre tantas ocorridas desde a redemocratização.
>>Editoriais, diretores de redação de jornais e revistas, articulistas que
>>se apresentam como "formadores de opinião pública", todos comprometidos
>>com o chamado "jornalismo investigativo e independente", têm vindo a
>>público defender o voto em Alckmin para que o mesmo seja içado ao segundo
>>turno. No entanto, vale a pena lembrar que a forma mais cínica de
>>totalitarismo é a moralidade seletiva.
>>
>>Desde a eclosão do escândalo dos sanguessugas pairam enormes dúvidas sobre
>>a conivência ou não dos ex ministros da saúde com o esquema de
>>superfaturamento das ambulâncias. Nesse caso, o tucano José Serra aparece
>>com indícios fortes de implicação direta ou, no mínimo, conivência. Mais
>>de 70% das ambulâncias superfaturadas foram liberadas em sua gestão no
>>Ministério, várias para o Estado de São Paulo, do então governador Geraldo
>>Alckmin.
>>
>>Estranho, para não dizer surpreendente, que o "jornalismo investigativo e
>>independente" de nosso país, não tenha se atentado para essas questões na
>>última semana. Será que estão satisfeitos com a nota publicada por Serra
>>nos jornais se inocentando e dizendo que nada sabia? Por que para o
>>"jornalismo independente e investigativo" o peso do "nada sabia" de Serra
>>vale como declaração de idoneidade?
>>
>>Esta "dupla medida" em relação à corrupção tucana indica o que acontecerá
>>em um provável governo Alckmin. Pois, a respeito de Alckmin, não seria
>>difícil lembrar aqui que, durante toda a campanha, o candidato tucano
>>contentou-se em remixar um discurso arcaico de direita, com direito a
>>bravata contra impostos, "gastança" pública, promessa de redução do
>>Estado, de reformismo infinito da previdência e laivos de indignação
>>contra a corrupção (na qual seu próprio partido está organicamente
>>envolvido).
>>
>>Ou seja, nada mais do que um candidato de direita em qualquer parte do
>>mundo faria desde o início do século XX. Acrescenta-se a isto uma simpatia
>>temerária por entidades proto-fascistas como a Opus Dei. Mas vale a
>>
>>pena tecer algumas considerações demoradas sobre os seus dois maiores
>>pilares: ética e competência.
>>
>>Podemos claramente imaginar o que acontecerá se Geraldo Alckmin ganhar a
>>eleição. Ele irá impor uma lógica de abafamento e impedimento de CPIs que
>>funcionou maravilhosamente bem na Assembléia Estadual de SP. Uma lógica a
>>respeito da qual seu partido é especialista, já que os oito anos FHC foram
>>marcados pela impossibilidade de investigar a fundo todos os escândalos
>>que marcaram o governo. Quem não se lembra da presteza do chamado
>>"engavetador-geral da República", Geraldo Brindeiro?
>>
>>Alckmin aprendeu muito bem esta lógica, tanto que nada foi investigado a
>>respeito das suspeitas de compra de deputados estaduais via Nossa Caixa,
>>das suspeitas de corrupção em órgão públicos como a CDHU, o Rodoanel, as
>>privatizações de São Paulo, as doações de vestidos à sua mulher, a
>>subvenção à revista de seu acumputurista, entre outros tantos. São mais de
>>60 CPIs arquivadas. Número dificilmente superável.
>>
>>O Brasil quer voltar a esta época da corrupção silenciosa e
>>"profissional"? Basta ver que sempre quando um tucano está em linha de
>>mira, quando um mensaleiro tucano é descoberto (Azeredo), quando uma
>>
>>ligação com os sanguessugas é desvendada (Serra, Antero Paes de Barros),
>>quando esquemas de financiamento ilegal são apontados (Furnas), as
>>investigações param, tomam outro rumo e a imprensa perde gradativamente o
>>interesse.
>>
>>Ou seja, nenhuma indignação ética pode justificar um voto em Geraldo
>>Alckmin e seu partido. Alckmin é aquele que, diante do fato de até mesmo
>>FHC reconhecer que seu partido não teve a mínima dignidade ética ao fazer
>>tudo para livrar a cara de Eduardo Azeredo, respondeu nada querer falar
>>sobre o assunto. É com este silêncio que ele tratará todos os escândalos
>>que envolveram seu partido nos últimos dez anos. Por outro lado, sua
>>alegada competência não resiste a uma análise isenta. Sua política
>>desastrada de segurança pública alimentou a criação do PCC.
>>
>>Ao ver o resultado desastroso de sua política de segurança, baseada apenas
>>na truculência, no Encarceramento e no extermínio, Alckmin foi sequer
>>capaz de uma mínima auto-crítica: "Se houvesse algum problema, eu já teria
>>identificado", foi o que ele disse a este respeito. Retrato clássico da
>>arrogância de quem não consegue aprender com os próprios erros. Ao
>>contrário, ele preferiu transferir responsabilidades dizendo que o culpado
>>era o governo federal, chegando a insinuar que algo como o PCC só poderia
>>existir devido a algum conluio eleitoral, como se ele nada tivesse a ver
>>com o problema. Isto a ponto de um jornalista ter-lhe dito: "Então tudo
>>deu errado porque o senhor fez tudo certo?". Como se não bastasse, este
>>"tocador de obras" conseguiu atrasar as datas de entrega de todas suas
>>grandes obras. Sua política de educação colocou as universidades estaduais
>>à míngua, algumas não têm sequer condição de pagar contas correntes. Seu
>>secretário de Educação (Chalita) chegou
>> mesmo a maquiar números a fim de tentar esconder os resultados
>>calamitosos de sua política.
>>
>>Não é por outra razão que, mesmo em seu Estado, Alckmin passou toda a
>>campanha política em segundo lugar. Quem conhece Alckmin não parece
>>disposto a votar em Alckmin. As razões acima e as dúvidas não respondidas
>>nem pelos candidatos nem pelo "jornalismo investigativo e independente"
>>dão a certeza de que o voto em Alckmin, de modo algum, representa o
>>resgate da moralidade pública e, muito menos, o avanço das instituições
>>democráticas republicanas.
>>
>>Ao contrário, ele representa a volta da corrupção silenciosa, da
>>complacência da mídia, da criminalização dos movimentos sociais e da
>>agenda direitista mais pura e dura. Por isto, vários movimentos sociais,
>>como o MST, a UNE e a CUT, dizem: sobretudo, não votar em Alckmin.
2006-10-19 12:25:44
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answer #8
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answered by Anonymous
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