'maracutaia' do governo Lula na quitação da dívida - Ingerência do FMI na Justiça do Trabalho
Ultimamente, o presidente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA tem aproveitado as suas viagens pelo país - em sua campanha eleitoral pela reeleição (não assumida) -para comemorar a quitação da dívida do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Neste feriado no Rio de Janeiro, dia de São Sebastião (20 de janeiro) o presidente LULA esteve em Queimados, bairro-dormitório da baixada fluminense, na cerimônia de assinatura do Termo de Compromisso para reconstrução do Hospital Geral de Queimados, já noticiado por nós em NOTÍCIAS REGIONAIS do VOTE BRASIL. No seu discurso inflamado, além da descortesia com a governadora ROSINHA MATHEUS, por suas críticas ácidas ao casal GAROTINHO, o presidente voltou a comemorar o "término" da dívida brasileira com o Fundo.
Em dezembro, o governo brasileiro quitou a dívida com o FMI, antecipando o pagamento, que venceria em 2007.
" O Brasil não tem mais que viajar mendigando empréstimos do FMI ou de quem quer que seja", assegurou o chefe da Nação, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, no seu discurso em Queimados.
Com esta notícia alvissareira todos nós deveríamos estar muito felizes, orgulhosos de ser brasileiros, se a verdade dos fatos fosse exatamente essa, sem outras ilações... O que se passa nos bastidores do Planalto, fora dos palanques de propaganda política, parece ser muito diferente do que o governo LULA tem alardeado, inclusive na alegada quantia economizada - US$ 900 milhões - nem todos concordam que tenha sido benéfica para o país...
Para o ex-diretor do BNDES, EDUARDO MELIN, a economia de US$ 900 milhões com o pagamento de juros resultante da iniciativa representa apenas um "ganho contábil imediato" e é um "sinal desanimador para quem quer investir no Brasil".
" (Esta economia) não é comparável aos ganhos que poderiam ser gerados caso estes recursos fossem utilizados para garantir a competitividade dos investimentos públicos de longo prazo, no setor produtivo e em infra-estrutura, por exemplo", argumenta MELIN.
A análise das ligações do Brasil com o FMI não permite dizer que nos libertamos do jugo deste organismo internacional.
" Quando parecia que o governo brasileiro tinha superado o assédio político do Fundo Monetário Internacional (FMI), reabre-se a conhecida briga dos representantes dos trabalhadores e dos integrantes da Justiça do Trabalho com o conhecido vilão internacional para manutenção da especializada", afirmou o colunista da "Tribuna da Imprensa", ROBERTO MONTEIRO PINHO.
Em oportuna matéria publicada neste sábado, intitulada "FMI insiste na tese de extirpação da JT", o colunista MONTEIRO PINHO denuncia a ação "venenosa" do FMI no plano de extinção da Justiça do Trabalho:
"- Sem condições de extirpar artigos da CLT, que garantem aos trabalhadores direitos essenciais e reconhecido ao longo de anos nas lides trabalhistas, a exemplo da hora extra, férias, décimo terceiro salário, licença maternidade entre outros, o FMI acabou de exigir do governo Lula da Silva a extinção da JT, prometendo em troca milhões de dólares para gerar 'progresso' e mais empregos, discurso que na prática, data máxima vênia, já antevemos o resultado".
Hoje, as perguntas que se impõem ao presidente LULA são: o presidente LUIZ INÁCIO lembra do que dizia o líder sindical LULA a respeito do FMI? Lembra-se das críticas que ele fazia aos governantes em relação ao pagamento da dívida externa? A postura atual do presidente LULA corresponde à sua liderança, supostamente de "esquerda", como sindicalista que foi?...
Até que ponto os eleitores do presidente LULA imaginariam que em seu governo ele seria capaz de negociar com uma entidade internacional, a quem tanto criticou, os direitos conseguidos a duras penas pelo trabalhador? Até que ponto o líder sindical LULA defendia, autenticamente, os direitos trabalhistas dos mais carentes? Será que no time que o sindicalista jogava, a posição dele era, de fato, a ponta-esquerda? Todas estas questões precisam ser levantadas, porque a atuação do governo em relação ao FMI é muito questionável, inclusive por aqueles que militaram na chamada esquerda brasileira...
Diz o presidente LULA que o Brasil quitou a dívida com o FMI... Vamos analisar os detalhes (pelo menos aqueles que podemos alcançar) das conseqüências imediatas e em médio prazo desse pagamento antecipado da dívida...
Também neste sábado, o inteligente e polêmico jornalista SEBASTIÃO NERY explica, meridianamente, as conseqüências desastrosas do tal pagamento antecipado ao FMI.
"- Esta conta até o LULA sabe fazer. O Brasil devia (US$15 bilhões) ao FMI. Venceria em 2007, com juros em torno de 7%. O governo pagou ao FMI de uma vez. Se pagasse para não tomar mais dinheiro, perfeito. Mas continua tomando emprestado muito mais todo mês, subindo a dívida interna para R$ 1 trilhão. E a dívida interna pagando juros de 18% (agora, 17,25%)", argumenta NERY.
Perceberam os Srs. leitores, especialmente os eleitores do presidente LULA, o jogo econômico-financeiro, destrutivo, para a nossa Economia interna (e externa)? Mas, prossigamos lendo o interessante texto do colunista NERY:
"- Em vez de pagar 7%, paga 17%. Qual a vantagem? A dívida interna ser em reais? Não muda nada. Antigamente, os banqueiros ainda eram nacionais (se é que há 'banqueiro nacional'): Amador Aguiar, Magalhães *****, Moreira Salles, Olavo Setúbal, Aloísio Faria. Agora, os bancos tornaram-se todos internacionais, ou inteiramente ou com sócios estrangeiros. Os donos dos títulos da dívida interna do governo são os mesmos da dívida externa", esclarece o colunista SEBASTIÃO NERY...
É interessante lembrar que ao antecipar o pagamento de US$15 bilhões (quinze bilhões de dólares), que venceria em 2007, o governo argumenta que fez uma economia de US$ 900 milhões (novecentos milhões de dólares) e foi uma "decisão madura", segundo o Ministro ANTONIO PALLOCI... Mas, se todo mês continuamos tomando emprestado dos Bancos - como argumenta o jornalista NERY - que "economia" arrevesada seria esta?!...
"- O que houve foi uma maracutaia para os banqueiros. Quando o dólar era mais alto e subia mais, o Banco Central tomava empréstimos para pagar em dólar. Quando os juros da taxa Selic do Banco Central passaram a ser mais que o dobro dos juros em dólar, o BC passou a trocar a dívida que pagava juros em dólar (de 7% a 9%) por títulos para pagar juros pela taxa Selic (17,25%).
E Lula ainda foi para a TV dizer que a maracutaia era uma 'vitória' dele" - conclui, ponderadamente, o polêmico jornalista Sebastião Nery.
Podemos concluir, então, sem medo de errar, que continuamos escravizados ao capital internacional e, o que é pior, a 'quitação' da dívida com o FMI é uma nuvem de fumaça para ocultar a sangria da nossa economia, na qual o governo brasileiro "trocou" o pagamento de juros em dólar de 7 a 9% ao FMI pelo pagamento de juros (em real ou dólar, não importa) pela taxa Selic (17,25%), isto é, o dobro das nossas reservas são repassadas aos Bancos "nacionais" e internacionais, sem nenhum investimento no setor produtivo. E pensar que o sindicalista LULA tanto criticava a "ciranda financeira"!... Só este fato demonstraria que a política do governo LULA não está preocupada em priorizar medidas que beneficiem o povo trabalhador, especialmente, porque a ação deletéria do FMI não cessou, como vimos no caso da sua ingerência propondo a extinção da Justiça do Trabalho e tudo isto é prova de que continuamos de joelhos ante o FMI e o capital internacional.
A propósito, o revolucionário pensador anarquista P.J. PROUDHON tentou criar um Banco com empréstimos sem juros, e as idéias deste pensador do século 19, devem ser bem conhecidas pelo presidente LULA, é dele o seguinte pensamento: "Os grandes só são grandes, porque estamos de joelhos. Levantemo-nos!" Resta saber se a candidatura LULA terá forças para se levantar até as eleições de 2006...
Enfim, parece que o presidente LUIZ INÁCIO gosta mesmo de futebol e a posição que ele demonstra preferir jogar, ou sempre preferiu, é a de falso ponta-esquerda do time do FMI. Infelizmente neste jogo, o povo sempre sai perdendo, mas em 2006 o povo certamente avaliará o que foi pior no governo do presidente LULA se a hipótese dele ser um falso ponta-esquerda ou um ponta-esquerda falso.
Que o presidente LULA se prepare, pois o povo brasileiro entende de futebol... Mesmo naqueles brasileiros mais humildes, semi-alfabetizados, a intuição não costuma falhar duas vezes... A propósito, disse um nosso amigo virtual na Internet, "ZECA MAGALHÃES", bem-humoradamente:
"Errar é humano... Persistir no erro é americano... Acertar no alvo é muçulmano".
Será que os militantes "xiitas", idealistas do PT, concordam com esta "maracutaia" e errariam o alvo?...
Fontes: TRIBUNA DA IMPRENSA ON LINE - sábado e domingo, 21 e 22/01/2006
Sebastião Nery - "O poderoso compadre"
Roberto Monteiro Pinho - "FMI insiste na tese de extinção da JT"
GLOBO ON LINE - sexta-feira, 16h 34m, 20/01/2006
Maia Menezes - O Globo
AOL Notícias - BBC-BRASIL. com - 09:53 - quinta-feira - 15/12/2005
"Relação entre Brasil e FMI tende a melhorar, dizem economistas
2006-10-14
17:56:34
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perguntado por
Scorpions
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Governo e Política
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