A VERDADEIRA REVOLUÇÃO CHINESA
O 16º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que se realizou na segunda semana de Novembro, consagrou a mais importante transição de poder numa década. Jiang Zemin, de 76 anos, cedeu o seu lugar de secretário-geral do partido a Hu Jintao, de 59, que lhe deverá suceder, igualmente, na chefia do Estado, em Março de 2003. Não se trata, apenas, da troca de testemunho entre a «terceira» e a «quarta» geração (20 anos mais nova) de líderes chineses, mas da entrada dos primeiros gestores e homens de negócio para as fileiras do PCC. Na prática, representa uma substituição do aparelho herdado do comunismo ortodoxo, por uma direcção preparada para conduzir os destinos de uma nova «China Inc.»
Texto e fotos: Alexandre Coutinho
«Eleições livres para eleger um presidente? Só daqui a uns 50 anos e não temos qualquer pressa», dizia-me, convicto, um estudante da Universidade de Pequim, à medida que caminhávamos pelo passeio sob os olhares curiosos de dezenas de transeuntes. É que, ser visto e escutado a falar inglês com um estrangeiro ainda é considerado um símbolo de «status» na maioria das grandes cidades chinesas. Os comunistas não são inimigos da modernidade e Pequim deu passos de gigante nos últimos anos, nomeadamente, nos sectores da construção civil e das obras públicas, dos transportes, das comunicações e dos serviços.
Para quem visitou a capital da China pela primeira vez, há uma dezena de anos, Pequim é, hoje, uma cidade irreconhecível. Pela positiva, naturalmente, já que a aplicação da célebre máxima de Deng Xiao Ping - «um país, dois sistemas» - possibilitou o florescimento de uma economia de mercado à sombra da tutela de um partido comunista único que domina todas as estruturas políticas e administrativas, mas que soube empreender as reformas necessárias para libertar as sementes da iniciativa privada, isto é, «uma economia socialista de mercado».
A cidade já possui mais de 400 hotéis, com uma oferta total de 80 mil quartos, a maioria dos quais de excelente qualidade e geridos por cadeias internacionais. Depois da chegada dos primeiros McDonald's, no início da década de 90, cerca de três centenas de novos bares e restaurantes de estilo ocidental ou chinês instalaram-se na cidade, com particular incidência junto dos referidos hotéis, dos parques Ritan e Chaoyang, bem como das universidades de Pequim e de Qinghua. A oferta ainda excede a procura mas, aos ocidentais expatriados e aos turistas, começaram a juntar-se novos clientes provenientes de uma classe média emergente na China. A explosão dos telefones celulares regista taxas de crescimento anuais de 73%, contando já com mais de três milhões de assinantes em Pequim e cerca de 60% dos lares têm acesso a televisão por cabo.
OMC e Jogos Olímpicos
Dois grandes acontecimentos ocorridos em 2001, vão contribuir para mudar a face da China na presente década: A entrada para a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a escolha do país para organizar os Jogos Olímpicos de 2008.
A adesão da China à OMC, oficializada em 11 de Dezembro de 2001 (e efectivada a 1 de Janeiro de 2002), promete revolucionar a ordem do comércio mundial e poderá ser vista como o culminar da «Longa Marcha» da nova «economia socialista de mercado». Esta abertura aos mercados externos deverá impulsionar as relações comerciais bilaterais da China com a União Europeia, à medida que forem levantadas as barreiras alfandegárias. Os chineses preparam-se para reduzir, em média 12%, as suas taxas de importação, nomeadamente, nos automóveis e equipamentos electrónicos, que figuram entre os que beneficiarão dos maiores cortes. O grande mercado do Século XXI acaba de nascer.
Fortemente empenhada no acolhimento das XXIX Olimpíadas, em 2008, Pequim não olha a meios para reabilitar as suas infraestruturas no domínio do meio ambiente e do controlo da poluição. Até 2007, a capital da China prevê investir mais de 12 mil milhões de dólares (mais de 13 mil milhões de euros) na promoção de um desenvolvimento sustentado e em protecção ambiental, dos quais um terço em combustíveis limpos, controlo de emissões de gases, tratamento de águas e detritos sólidos.
Os objectivos são ambiciosos: Além de uma redução de 60% nas emissões poluentes (200 empresas industriais serão deslocadas para a periferia), 90% dos autocarros (perto de 20 mil veículos) e 70% dos táxis (cerca de 67 mil) deverão mover-se a gás natural, até 2007. Prevê-se a construção de mais cinco linhas de metro, entre as quais o Metropolitano Olímpico, com uma extensão de 28 quilómetros e um total de 24 estações, percorrendo dez das áreas mais movimentadas dos subúrbios da capital. Por último, foi delineado um vasto plano de arborização para cobrir 70% das áreas montanhosas circundantes de Pequim, no sentido de criar um «cinto verde» de 23 mil hectares que proteja a cidade dos ventos e areias do deserto de Gobi que, anualmente, varrem as suas ruas e avenidas. A área do Olympic Green será de 1135 hectares (incluindo 680 hectares de parque florestal); a aldeia olímpica, um total de 360 mil metros quadrados de construção, nomeadamente, um estádio nacional com capacidade para 80 mil lugares, um pavilhão multiusos e um centro de natação com 18 mil lugares cada.
Mas, à medida que crescem os arranha-céus no centro de Pequim, dando emprego aos milhões de camponeses migrantes que demandam a grande cidade em busca do trabalho e da subsistência que a terra lhes nega, cava-se o fosso entre a capital e o Interior do país. Qualquer ocidental poderá facilmente testemunhar este facto numa simples ligação de comboio entre duas grandes cidades como Pequim e Xian.
BLOCO NOTAS
País: China - República Popular da China (Zhonghua Renmin Gongheguo - 1/10/1949).
Área: 9561 mil km2.
População: 1300 milhões de habitantes.
Capital: Pequim (12,6 milhões de habitantes).
Moeda: Renminbi (dinheiro do povo), expresso em yuans (câmbio médio: 1 euro = 7,4 Yuans).
Idiomas: Mandarim (Norte) e cantonês (Sul), além de numerosos dialectos locais.
Vacinas: Nenhuma obrigatória; febre amarela e prevenção da malária recomendada para determinadas regiões, nomeadamente, do Sul do país.
Documentos: Passaporte e visto.
Hora: GMT mais 8 horas (o fuso horário é único para toda a China).
Guias: China - A Travel Survival Kit - Lonely Planet.
Clima: Temperado ao longo de grande parte do ano, contudo, bastante mais frio e húmido nos meses de Inverno. Outono e Primavera são, provavelmente, as melhores estações do ano para visitar Pequim.
Alojamentos:
The China World Hotel (*****) - No centro da cidade, junto aos principais monumentos, na rua Jianguomenwai (Tel.: 010-65221188);
Grand Hotel de Pequim (*****) - No centro da cidade, com vista privilegiada para a Cidade Proibida, na avenida East Chang'an (Tel.: 010-65137788);
The Zhaolong Hotel (****) - Adjacente à zona das embaixadas, no Nº2 da Worker's Stadium Rd. North, Chaoyang District (Tel.: 010-65002299).
Bares, Restaurantes e Casas de Chá:
Goose and Duck, Pub & Restaurant, junto à porta Oeste do parque de Chaoyang, no Nº1 da Bihuju Nanlu (Tel.: 010-65381691);
Sgt. Pepper's Music Hall Grill & Bar, no Nº62 da Jiefang Beilu, Heping District (Tel.: 010-23129138);
Bianyifang Roast Duck Restaurant, no A2 da Chongwenmenwai Dajie, Chongwen District (Tel.: 010-67120505);
Quanjude Roast Duck Restaurant (cadeia especializada em patos assados), no Nº14 da Qianmen Xidajie - Tel.: 010-65112418);
Tingliguan Restaurant, no Palácio de Verão (Tel.: 010-62881955);
Purple Vine Tea House, a cinco minutos da Cidade Proibida, no Nº2 da Nanchangjie, Xicheng District (Tel.: 010-66066614).
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2006-10-16 01:31:07
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answer #7
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answered by Anonymous
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