E eu recebi este no meu email hoje que contrapõe o seu.
Veja esta abordagem que responde esta sua perguntazinha
O Brasil nas eleições
1 - Cenário eleitoral
Estamos em período eleitoral. Brasil afora, ocorrem acaloradas discussões de cunho político, cultural e social. Político, entendendo-o como ação e processo (ARENDT, em ‘A Condição Humana’, 1958) por provocarem um entendimento/reflexão acerca dos ideais que florescem detrás de cada contexto apresentado; cultural por acrescer novos momentos de definição e organização da sociedade; e social por compreender os fenômenos envolvidos no encontro de cada cidadão brasileiro. Nesse ínterim, a Política verdadeira (de 'P' maiúsculo) deve ser entendida como construtiva e reflexiva, exercida em conjunto com a sociedade, ou seja, uma Política que não se mede por interesses pessoais ou de pequenos grupos, a que chamo de politicagem.
Estando em pleno período eleitoral, tendo vivido com milhões desses cidadãos o primeiro turno no domingo de primeiro de outubro, os resultados à presidência da república e de mais 10 estados ainda estão indefinidos, estendendo as discussões para mais um turno de campanha e votação.
2 - Aos que difamam
Em meio a esse processo, é comum verificarmos, além do poder concentrado nas mãos de alguns, a falta de discussão mais aprofundada de outros, com falas recheadas de clichês e preconceitos que empobrecem a discussão Política verdadeira.
Dessa maneira, muitos assuntos são postos na pauta do dia de muitos cidadãos, mesmo desses que empobrecem as reflexões, surgindo no meio disso debates interessantes, reflexões sérias e construtivas, e ainda fofocas, boatos e difamações de toda ordem.
É lamentável ver que, em menos de uma semana de campanha para o segundo turno, já circulavam e-mails e mensagens que nada mais faziam do que difamar imagens de pessoas, ao invés de trazer discussões e reflexões. Mais lamentável ainda é constatar quais são as pessoas que enviam tais e-mails e mensagens, pessoas que poderiam fomentar um diálogo mais franco e aberto com a sociedade, mas que preferem se esconder atrás de seus muros e fortalezas e controlar cegamente as multidões. Essas pessoas deveriam envergonhar-se e encarar os debates com os fatos e realidades existentes.
Conheçam quem são os mascarados, que resistem a mostrar a própria cara! Conheçam quem são os que falam e difamam, antes de simplesmente concordarem com o que dizem e espalham!
3 - Políticos x politiqueiros
Algumas notícias dessa semana revelam um pouco a face de alguns desses "supostos" políticos, a quem chamo de politiqueiros.
Na Bahia, a vitória surpreendente de Jaques Wagner (PT) arrefeceu os ânimos do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), que, ao invés de construir pontes e ampliar os diálogos para proporcionar uma Bahia melhor, prefere ameaçar a destruição da Política no estado, relembrando o que já ocorreu no governo Waldir Pires em 1986, em que impediu o então governador de exercer plenamente suas funções a partir do poder político que possui no estado. Vejam o que ACM disse na semana passada: "Vocês verão o desastre que será o governo baiano e a volta triunfal do carlismo na Bahia. O carlismo é uma legenda que não se apaga, queiram ou não os cronistas políticos". A expressão 'carlismo' se tornou conhecida no Estado diante da influência de ACM na política local ("ACM diz que 'carlismo' não acabou na Bahia", UOL Eleições, 03/10/06, 17h05).
Ainda nessa semana, o candidato Geraldo Alckmin pisou em ovos querendo obter apoios no Rio de Janeiro e tendo posado em fotos com Anthony e Rosinha Garotinho. Na tentativa de defender seus interesses e não perder votos, tentou esquivar-se das críticas dos próprios correligionários de campanha e evitar comentários que o fizessem desestabilizar no segundo turno. A sua aliada no Rio, Denise Frossard, anulou seu voto em virtude do ocorrido (Garotinho é aliado de Cabral, adversário de Frossard). No dia seguinte, o próprio Alckmin reconheceu que a foto com Garotinho não fora uma boa idéia ("Alckmin admite ao PFL que posar em foto com Garotinho foi um erro", UOL Eleições, 05/10/06, 10h10).
Voltando à Bahia, mais uma 'pé****' típica de politiqueiros, “ao lado do senador pefelista [ACM], Geraldo Alckmin disse que Lula ‘virou as costas’ aos baianos nesses quase quatro anos de governo. Entretanto, o presidente venceu o primeiro turno no Estado com 66,7 por cento dos votos, ante os 25,7 por cento conquistados pelo tucano. A Bahia é o principal destino do programa social de Lula, com 1,4 milhão de famílias atendidas, e um dos principais lugares contemplados com o programa Luz Para Todos' ("Constrangido, Alckmin promete apoiar Jaques Wagner se for eleito", UOL Eleições, 05/10/06, 19h42). Ou seja, como pode um candidato se comportar de maneira a achar que a Política segue uma lógica da concorrência? Por que não reconhecer os feitos do governo federal no estado baiano, uma vez que ali existem ações concretas com resultados positivos? Pode um Político enxergar somente os próprios interesses?
4 - Perguntas sem resposta
Trazendo as discussões para a disputa do segundo turno à presidência, muitas questões ainda não estão respondidas, vejamos algumas:
• Muito se falou acerca dos debates que Lula não foi no primeiro turno desse ano, mas ninguém até agora me respondeu por que FHC não compareceu a nenhum dos debates na sua reeleição em 1998 (Nem Aécio Neves esteve presente ao debate de Minas Gerais, recentemente);
• Muito se falou em muitas CPIs vigentes atualmente, mas ninguém me respondeu acerca das inúmeras CPIs barradas no governo FHC e das 69 barradas no governo Alckmin em São Paulo;
• Muito se falou de corrupção clara neste atual governo, mas ninguém me respondeu como e por que tais corrupções (Sanguessugas e mensalão) já existiam no governo FHC sem terem sido apuradas. “(...) a fase áurea do esquema de superfaturamento de ambulâncias [sanguessugas] teria ocorrido ainda no governo FHC” (“Dinheiro para compra de dossiê vem de fontes suspeitas, diz PF a deputados”, Folha Online, 09/10/06, 18h25);
• Muito se falou acerca das inúmeras prisões da Polícia Federal durante o atual governo, mas ninguém me respondeu por que a PF trabalhou tão pouco nos oito anos de governo FHC;
• Muito se falou em juros altos e muitos tributos, mas ninguém me respondeu por que no governo FHC existiam mais de 20% de juros e um alto risco-Brasil (no governo Lula, este índice atingiu o patamar mais baixo da história recente).
5 - Alguns dados para uma "impossível" comparação
Impossível crer que em quatro anos um governo possa ter superado em muitos e importantes números um outro governo que durou oito! Impossível constatar dados tão contrastantes entre um governo e outro! Confiram nas fontes e comprovem quem fez mais pelo povo brasileiro e quem fez mais para uma minoria. Vejam, através dos números, por que Geraldo Alckmin tem medo de comparar
o governo Lula ao governo FHC, mesmo em áreas tão cobiçadas por ele e sua política, como a economia.
Segundo o IBGE, a inflação média anual do governo Lula, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), é 6,8%, com previsão para 4,5% em 2006. No governo FHC, a média era 9,1%, tendo alcançado 12,5% ao final de 2002.
O saldo comercial brasileiro alcançou um superávit acumulado de US$ 103,3 bilhões, em três anos de governo (2003-2005). Na Era FHC, em oito anos, a balança acumulou um déficit de US$ 8,7 bilhões (Fonte: MDIC/Secex).
O risco-país, ao final de 2002, atingiu o índice de 2.035 pontos, ao passo que em maio de 2006 este patamar caiu para 216 (Fonte: JP Morgan), o que implica maior possibilidade de investimentos no país, com maiores chances de desenvolvimento para o investidor.
A taxa básica de juros para a economia, a SELIC, marca uma média de 18,56% no governo Lula, contra uma média de 26,59% no governo FHC (Fonte: Bacen), governo de cujos correligionários insistem para que se abaixem as taxas correlacionadas.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, durante o governo Lula a média anual de empregos gerados alcançou 1.140.897, contra a média de 99.620 do governo FHC. Em apenas três anos de governo, o Brasil assistiu a criação de 3.422.690 novos empregos contra 796.967 em oito anos de governo FHC.
No que diz respeito à Reforma Agrária, o governo Lula, em três anos, assentou 10,36% mais famílias que a governo presidido por Fernando Henrique Cardoso. A média anual de FHC foi de 74.017 famílias assentadas, superada no governo Lula por uma média de 81.687 famílias assentadas (Fonte: INCRA). Isso sem falar que as relações do governo FHC com os trabalhadores rurais sem-terra eram tratadas como casos de polícia.
Entre os anos de 2000 a 2005, as ações da Polícia Federal no combate ao crime cresceram 815%. Durante o governo do presidente Lula, a Polícia Federal realizou 183 operações e 2.961 prisões. (Uma média de 987 presos por ano). Já nos dois últimos anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foram realizadas apenas 20 operações, com a prisão de 54 pessoas, ou seja, uma média de 27 capturas por ano (Dados da Polícia Federal). Por que eles têm tanto medo de investigar? Será que têm algo a temer? Por que Geraldo Alckmin, juntamente com sua bancada na Assembléia de São Paulo, barrou 69 CPIs? Temiam, por acaso, descobrir alguma ação sem escrúpulos?
6 - Concluindo e escolhendo
Por fim, como foi possível perceber através dos dados e fontes citados, as diferentes políticas que permeiam as candidaturas em disputa mostram claramente quem é quem e a quem cada um serve. O candidato Geraldo Alckmin, no primeiro debate televisionado do segundo turno (Rede Bandeirantes, 08/10/06), mostrou suas garras e declarou que deseja caçar respostas sem apurações sérias, tentando derrubar o candidato Lula na base do grito e da pressão. Mostrou claramente que pretende iludir o eleitor levando-o a crer que sua política está desvinculada do passado, afastando-se das críticas ao governo FHC e ao seu próprio governo em São Paulo. No entanto, mostrou ser um político com os mesmos interesses que marcam a política neoliberal tipicamente norte-americana, marca registrada do PSDB e PFL. Ou seja, administram o país como se este fosse uma empresa, ou um empreendimento. Quando fala de política externa, parece tratar os outros países como concorrentes, não respeitando a soberania de cada povo e não valorizando os novos diálogos que foram construídos; muito menos as novas pontes levantadas com tais diálogos, que realçaram nossa economia com acordos que beneficiam tanto o Brasil quanto os países emergentes, como a China, a Índia, países africanos e países sul-americanos.
É verdade que no governo Lula ocorreram muitos fatos ilícitos, que estão sendo apurados. Assim como é verdade que tais ocorrências não se constituem em fatos isolados envolvendo somente
um partido. A máfia das sanguessugas mostrou, até agora, que diversos partidos marcaram sua presença nestes atos corruptos. Todavia, para um bom debate, sugiro que sejamos menos imparciais e passemos a história à limpo a fim de conhecermos os fatos que muitas vezes são ocultados pela grande mídia.
Dessa forma, a escolha estará definida quando o brasileiro perceber qual política deseja para o Brasil, seja a que quer crescer seguindo a destruidora lógica de mercado, seja a que procura criar pontes e diálogos novos, fortalecendo as bases sociais. Olhem no olho de cada candidato, coloquem frente a frente as políticas escondidas por trás de cada um e façam o seu julgamento com a consciência e a responsabilidade que o momento sugere.
Escrito por Rodrigo Hésed*, em 09/10/06.
Rodrigo Hésed é estudante do quinto ano de Psicologia,na Universidade de Fortaleza.
2006-10-13 08:47:24
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answer #6
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answered by Alexandre N 2
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