Por que a maconha eh proibida? Porque faz mal a saude. Sera mesmo? Entao, por que o bacon nao eh proibido? Ou as anfetaminas? E, diga-se de passagem, nenhum mal serio a saude foi comprovado para o uso esporadico de maconha. A guerra contra essa planta foi motivada muito mais por fatores raciais, economicos, politicos e morais do que por argumentos cientificos. E algumas dessas razoes sao inconfessaveis. Tem a ver com o preconceito contra arabes, chineses, mexicanos e negros, usuarios frequentes de maconha no comeco do seculo XX. Deve muito aos interesses de industrias poderosas dos anos 20, que vendiam tecidos sinteticos e papel e queriam se livrar de um concorrente, o canhamo. Tem razoes tambem na bem-sucedida estrategia de dominacao dos Estados Unidos sobre o planeta. E, eh claro, guarda relacao com o moralismo judaico-cristao (e principalmente protestante-puritano), que nao aceita a ideia do prazer sem merecimento - pelo mesmo motivo, no passado, condenou-se a masturbacao.
Nao eh facil falar desse assunto - admito que levei um dia inteiro para compor o paragrafo acima. O tema eh tao carregado de ideologia e as pessoas tem convicoes tao profundas sobre ele que qualquer convite ao debate, qualquer insinuacao de que estamos lidando mal com o problema ja eh interpretada como "apologia as drogas" e, portanto, punivel com cadeia. O fato eh que, apesar da desinformacao dominante, sabe-se muito sobre a maconha. Ela eh cultivada ha milenios e centenas de pesquisas ja foram feitas sobre o assunto. O que tentei fazer foi condensar nestas paginas o conhecimento que a humanidade reuniu sobre a droga nos milenios em que convive com ela.
Por que eh proibido?
"O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calcada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um predio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicidio. O assassino foi um narcotico conhecido na America como marijuana e na historia como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele eh uma novidade nos Estados Unidos e eh tao perigoso quanto uma cascavel." Comeca assim a materia "Marijuana: assassina de jovens", publicada em 1937 na revista American Magazine. A cena nunca aconteceu. O texto era assinado por um funcionario do governo chamado Harry Anslinger. Se a maconha, hoje, eh ilegal em praticamente todo o mundo, nao eh exagero dizer que o maior responsavel foi ele.
Nas primeiras decadas do seculo XX, a maconha era liberada, embora muita gente a visse com maus olhos. Aqui no Brasil, maconha era "coisa de negro", fumada nos terreiros de candomble para facilitar a incorporacao e nos confins do pais por agricultores depois do trabalho. Na Europa, ela era associada aos imigrantes arabes e indianos e aos incomodos intelectuais boemios. Nos Estados Unidos, quem fumava eram os cada vez mais numerosos mexicanos - meio milhao deles cruzaram o Rio Grande entre 1915 e 1930 em busca de trabalho. Muitos nao acharam. Ou seja, em boa parte do Ocidente, fumar maconha era relegado a classes marginalizadas e visto com antipatia pela classe media branca.
Pouca gente sabia, entretanto, que a mesma planta que fornecia fumo as classes baixas tinha enorme importancia economica. Dezenas de remedios - de xaropes para tosse a pilulas para dormir - continham cannabis. Quase toda a producao de papel usava como materia-prima a fibra do canhamo, retirada do caule do pe de maconha. A industria de tecidos tambem dependia da cannabis - o tecido de canhamo era muito difundido, especialmente para fazer cordas, velas de barco, redes de pesca e outros produtos que exigissem um material muito resistente. A Ford estava desenvolvendo combustiveis e plasticos feitos a partir do oleo da semente de maconha. As plantacoes de canhamo tomavam areas imensas na Europa e nos Estados Unidos.
Em 1920, sob pressao de grupos religiosos protestantes, os Estados Unidos decretaram a proibicao da producao e da comercializacao de bebidas alcoolicas. Era a Lei Seca, que durou ate 1933. Foi ai que Henry Anslinger surgiu na vida publica americana - reprimindo o trafico de rum que vinha das Bahamas. Foi ai tambem, que a maconha entrou na vida de muita gente - e nao soh dos mexicanos. "A proibicao do alcool foi o estopim para o boom da maconha", afirma o historiador ingles Richard Davenport-Hines, especialista na historia dos narcoticos, em seu livro The Pursuit of Oblivion (A busca do esquecimento, ainda sem versao para o Brasil). "Na medida em que ficou mais dificil obter bebidas alcoicas e elas ficaram mais caras e piores, pequenos cafes que vendiam maconha comecaram a proliferar", escreveu.
Anslinger foi promovido a chefe da Divisao de Controle Estrangeiro do Comite de Proibicao e sua tarefa era cuidar do contrabando de bebidas. Foi nessa epoca que ele percebeu o clima de antipatia contra a maconha que tomava a nacao. Clima esse que so piorou com a quebra da Bolsa, em 1929, que afundou a nacao numa recessao. No sul do pais, corria o boato de que a droga dava forca sobre-humana aos mexicanos, o que seria uma vantagem injusta na disputa pelos escassos empregos. A isso se somavam insinuacoes de que a droga induzia ao sexo promiscuo (muitos mexicanos talvez tivessem mais parceiros que um americano puritano medio, mas isso nao tem nada a ver com a maconha) e ao crime (com a crise, a criminalidade aumentou entre os mexicanos pobres, mas a maconha eh inocente disso). Baseados nesses boatos, varios Estados comecaram a proibir a substancia. Nessa epoca, a maconha virou a droga de escolha dos musicos de jazz, que afirmavam ficar mais criativos depois de fumar.
Anslinger agarrou-se firme a bandeira proibicionista, batalhou para divulgar os mitos antimaconha e, em 1930, quando o governo, preocupado com a cocaina e o opio, criou o FBN (Federal Bureau of Narcotics, um escritio nos moldes do FBI para lidar com drogas), ele articulou para chefialo. De repente, de um cargo burocratico obscuro, Anslinger passou a ser o responsavel pela politica de drogas do pais. E quanto mais substancias fossem proibidas, mais poder ele teria.
Mas eh improvavel que a cruzada fosse motivada apenas pela sede de poder. Outros interesses devem ter pesado. Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew Mellon, dono da gigante petrolera Gulf Oil e um dos principais investidores da igualmente gigante Du Pont. "A Du Pont foi uma das maiores responsaveis por orquestrar a destruicao da industria do canhamo", afirma o escritor Jack Herer, em seu livro The Emperor Wears No Clothes (O imperador esta nu, ainda sem traducao). Nos anos 20, a empresa estava desenvolvendo varios produtos a partir do petroleo: aditivos para combustiveis, plasticos, fibras sinteticas como o nailon e processos quimicos para a fabricacao de papel feito de madeira. Esses produtos tinham uma coisa em comum: disputavam o mercado com o canhamo.
Seria um empurrao consideravel para a nascente industria de sinteticos se as imensas lavouras de cannabis fossem destruidas, tirando a fibra do canhamo e o oleo da semente do mercado. "A maconha foi proibida por interesses economicos, especialmente para abrir o mercado das fibras naturais para o nailon", afirma o jurista Walter Maierovitch, especialista em trafico de entorpecentes e ex-secretario nacional antidrogas.
Anslinger tinha um aliado poderoso na guerra contra a maconha: William Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais. Hearst era a pessoa mais influente dos Estados Unidos. Milionario, comandava suas empresas de um castelo monumental na California, onde recebia artistas de Hollywood para passear pelo zoologico particular ou dar bracadas na piscina coberta adornada com estatuas gregas. Foi nele que Orson Welles se inspirou para criar o protagonista do filme Cidadao Kane. Hearst sabidamente odiava mexicanos. Parte desse odio talvez se devesse ao fato de que, durante a Revolucao Mexicana de 1910, as tropas de Pancho Villa (que, alias, faziam uso frequente de maconha) desapropriaram uma enorme propriedade sua. Sim, Hearst era dono de terras e as usava para plantar eucaliptos e outras arvores para produzir papel. Ou seja, ele tambem tinha interesse em que a maconha americana fosse destruida - levando com ela a industria de papel de canhamo.
Hearst iniciou, nos anos 30, uma intensa campanha contra a maconha. Seus jornais passaram a publicar seguidas materias sobre a droga, as vezes afirmando que a maconha fazia os mexicanos estuprarem mulheres brancas, outras noticiando que 60% dos crimes eram cometidos sob efeito da droga (um numero tirado sabe-se la de onde). Nessa epoca, surgiu a historia de que o fumo mata neuronios, um mito repetido ate hoje. Foi Hearst que, se nao inventou, ao menos popularizou o nome marijuana (ele queria uma palavra que soasse bem hispanica, para permitir a associacao direta entre a droga e os mexicanos). Anslinger era presenca constante nos jornais de Hearst, onde contava suas historias de terror. A opiniao publica ficou apavorada. Em 1937, Anslinger foi ao Congresso dizer que, sob o efeito da maconha, "algumas pessoas embarcam numa raiva delirante e cometem crimes violentos".
Os deputados votaram pela proibicao do cultivo, da venda e do uso da cannabis, sem levar em conta as pesquisas que afirmavam que a substancia era segura. Proibiu-se nao apenas a droga, mas a planta. O homem simplesmente cassou o direito da especie Cannabis sativa de existir.
Anslinger tambem atuou internacionalmente. Criou uma rede de espioes e passou a frequentar as reunioes da Liga das Nacoes, antecessora da ONU, propondo tratados cada vez mais duros para reprimir o trafico internacional. Tambem comecou a encontrar lideres de varios paises e a levar a eles os mesmos argumentos aterrorizantes que funcionaram com os americanos. Nao foi dificil convencer os governos - ja na decada de 20 o Brasil adotava leis federais antimaconha. A Europa tambem embarcou na onda proibicionista.
"A proibicao das drogas serve aos governos porque eh uma forma de controle social das minorias", diz o cientista politico Thiago Rodrigues, pesquisador do Nucleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos. Funciona assim: maconha eh coisa de mexicano, mexicanos sao uma classe incomoda. "Como nao eh possivel proibir alguem de ser mexicano, proibe-se algo que seja tipico dessa etnia", diz Thiago. Assim, ・eh possivel manter sob controle todos os mexicanos - eles estarao sempre ameacados de cadeia. Por isso a proibicao da maconha fez tanto sucesso no mundo. O governo brasileiro achou imo mais esse instrumento para manter os negros sob controle. Os europeus tambem adoraram poder enquadrar seus imigrantes.
A proibicao foi virando uma forma de controle internacional por parte dos Estados Unidos, especialmente depois de 1961, quando uma convencao da ONU determinou que as drogas sao ruins para a saude e o bem-estar da humanidade e, portanto, eram necessarias acoes coordenadas e universais para reprimir seu uso. "Isso abriu espaco para intervencoes militares americanas", diz Maierovitch. "Virou um pretexto oportuno para que os americanos possam entrar em outros paises e exercer os seus interesses economicos."
Estava erguida uma estrutura mundial interessada em manter as drogas na ilegalidade, a maconha entre elas. Um ano depois, em 1962, o presidente John Kennedy demitiu Anslinger - depois de nada menos que 32 anos a frente do FBN. Um grupo formado para analisar os efeitos da droga concluiu que os riscos da maconha estavam sendo exagerados e que a tese de que ela levava a drogas mais pesadas era furada. Mas nao veio a descriminalizacao. Pelo contrario. O presidente Richard Nixon endureceu mais a lei, declarou "guerra as drogas" e criou o DEA (em portugues, Escritorio de Coacao das Drogas), um orgao ainda mais poderoso que o FBN, porque, alem de definir politicas, tem poder de policia.
Maconha faz mal?
Tai uma pergunta que vem sendo feita faz tempo. Depois de mais de um seculo de pesquisas, a resposta mais honesta eh: faz, mas muito pouco e so para casos extremos. O uso moderado nao faz mal. A preocupacao da ciencia com esse assunto comecou em 1894, quando a india fazia parte do Imperio Britanico. Havia, entao, a desconfianca de que o bhang, uma bebida a base de maconha muito comum na india, causava demencia. Grupos religiosos britanicos reivindicavam sua proibicao. Formou-se a Comissao Indiana de Drogas da Cannabis, que passou dois anos investigando o tema. O relatorio final desaconselhou a proibicao: "O bhang eh quase sempre inofensivo quando usado com moderacao e, em alguns casos, eh benefico. O abuso do bhang eh menos prejudicial que o abuso do alcool".
Em 1944, um dos mais populares prefeitos de Nova York, Fiorello La Guardia, encomendou outra pesquisa. Em meio a histeria antimaconha de Anslinger, La Guardia resolveu conferir quais os reais riscos da tal droga assassina. Os cientistas escolhidos por ele fizeram testes com presidiarios (algo comum na epoca) e concluiram: "O uso prolongado da droga nao leva a degeneracao fisica, mental ou moral". O trabalho passou despercebido no meio da barulheira proibicionista de Anslinger.
A partir dos anos 60, varias pesquisas parecidas foram encomendadas por outros governos. Relatorios produzidos na Inglaterra, no Canada e nos Estados Unidos aconselharam um afrouxamento nas leis. Nenhuma dessas pesquisas foi suficiente para forcar uma mudanca. Mas a experiencia mais reveladora sobre a maconha e suas consequencias foi realizada fora do laboratorio. Em 1976, a Holanda decidiu parar de prender usuarios de maconha desde que eles comprassem a droga em cafes autorizados. Resultado: o indice de usuarios continua comparavel aos de outros paises da Europa. O de jovens dependentes de heroina caiu - estima-se que, ao tirar a maconha da mao dos traficantes, os holandeses separaram essa droga das mais pesadas e, assim, dificultaram o acesso a elas.
Nos ultimos anos, os possiveis males da maconha foram cuidadosamente escrutinados - as vezes por pesquisadores competentes, as vezes por gente mais interessada em convencer os outros da sua opiniao.
O presente
Segundo dados da ONU, 147 milhoes de pessoas fumam maconha no mundo, o que faz dela a terceira droga psicoativa mais consumida do mundo, depois do tabaco e do alcool. A droga eh proibida em boa parte do mundo, mas, desde que a Holanda comecou a tolerala, na decada de 70, alguns outros paises europeus seguiram os passos da descriminalizacao. Italia e Espanha ha tempos aceitam pequenas quantidades da erva - embora a Espanha esteja abandonando a posicao branda e haja projetos de lei, na Italia, no mesmo sentido. O Reino Unido acabou de anunciar que descriminalizou o uso da maconha - a partir do ano que vem, a droga sera apreendida e o portador recebera apenas uma advertencia verbal. Os ingleses esperam, assim, poder concentrar seus esforcos na repressao de drogas mais pesadas.
No ano passado, Portugal endureceu as penas para o trafico, mas descriminalizou o usuario de qualquer droga, desde que ele seja encontrado com quantidades pequenas. Porte de drogas virou uma infracao administrativa, como parar em lugar proibido.
Nos ultimos anos, os Estados Unidos tambem mudaram sua forma de lidar com as drogas. Dentro da tendencia mundial de ver a questao mais como um problema de saude do que criminal, o pais, em vez de botar na cadeia, obriga o usuario a se tratar numa clinica para dependentes. "Essa ideia eh completamente equivocada", afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, refletindo a opiniao de muitos especialistas. "Primeiro porque nem todo usuario eh dependente. Segundo, porque um tratamento nao funciona se eh compulsorio - a pessoa tem que querer parar", diz. No sistema americano, quem recusa o tratamento ou o abandona vai para a cadeia. Portanto, nao eh uma descriminalizacao. "Chamo esse sistema de solidariedade autoritaria・, diz o jurista Maierovitch. O Brasil planeja adotar o mesmo modelo.
O futuro
Ha possibilidades de uma mudanca no tratamento a maconha? "No Brasil, nao eh facil", diz Maierovitch, que, enquanto era secretario nacional antidrogas do governo de Fernando Henrique Cardoso, planejou a descriminalizacao. "A lei hoje em vigor em Portugal foi feita em conjunto conosco, com o apoio do presidente", afirma. A ideia eh que ela fosse colocada em pratica ao mesmo tempo nos dois paises. Segundo Maierovitch, Fernando Henrique mudou de ideia depois. O jurista afirma que ha uma enorme influencia americana na politica de drogas brasileira. O fato eh que essa questao mais tira do que da votos e assusta os politicos - e nao so aqui no Brasil. O deputado federal Fernando Gabeira, hoje no Partido dos Trabalhadores, eh um dos poucos identificados com a causa da descriminalizacao. "Pretendo, como um primeiro passo, tentar a legalizacao da maconha para uso medico", diz. Mas suas ideias estao longe de ser unanimidade mesmo dentro do seu partido.
No remoto caso de uma legalizacao da compra e da venda, haveria dois modelos possiveis. Um seria o monopolio estatal, com o governo plantando e fornecendo as drogas, para permitir um controle maior. A outra possibilidade seria o governo estabelecer as regras (composicao quimica exigida, proibicao para menores de idade, proibicao para fumar e dirigir), cobrar impostos (que seriam altissimos, inclusive para evitar que o preco caia muito com o fim do trafico ilegal) e a iniciativa privada assumir o lucrativo negocio. Nao ha no horizonte nenhum sinal de que isso esteja para acontecer. Mas a Super apurou, em consulta ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, que a Souza Cruz registrou, em 1997, a marca Marley - fica para o leitor imaginar que produto a empresa de tabaco pretende comercializar com o nome do idolo do reggae.
Frases
A popularidade da maconha explodiu em 1920, quando o alcool foi proibido
O consumo moderado de maconha nao provoca nenhum dano serio a saude
Das cordas as velas, havia 80 toneladas de canhamo no navio de Colombo
Para saber mais
Na livraria
O Grande Livro da Cannabis, Rowan Robinson, Jorge Zahar, 1999
A Maconha, Fernando Gabeira, Publifolha, 2000
Science of Marijuana, Leslie L. Iversen, Oxford, Ingleterra, 2000
The Pursuit of Oblivion: A Global History of Narcotics 1500-200, Richard Davenport-Hines, Weidenfeld & Nicolson, Ingleterra, 2001
Diamba Sarabamba, Anthony Henman e Osvaldo Pessoa Jr. (organiza鋏es), Ground, 1986
Plantas de los Dioses, Richard Evans Schultes e Albert Hofmann, Fondo de Cultura Econica, M騙ico, 1982
The Emperor Wears no Clothes, Jack Herer, Green Planet Company, Inglaterra, 1994
Green Gold the Tree of Life, Chris Bennett, Lynn e Osbum, Judy Osbum, Access, EUA, 1995
Amores e Sonhos da Flora, Henrrique Carneiro, Xam・ 2002
2006-10-07 14:38:27
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answer #1
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answered by iDEiaFiX 3
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