Alckmin e o desmonte do Estado
Por Altamiro Borges*
Confirmado o segundo turno, é bom refrescar a memória para conhecer as três principais marcas do candidato Geraldo Alckmin: desmonte do Estado, insensibilidade social e autoritarismo exacerbado.
O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, chega ao segundo turno da sucessão presidencial com o ostensivo apoio de banqueiros, dos barões do agronegócios e das elites empresariais. Segundo reportagem recente do jornal Financial Times, “ele é o preferido dos círculos financeiros de Wall Street”. A revista da poderosa Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) publicou uma edição só para bajular o candidato tucano. Já os ruralistas espalharam adesivos no país inteiro com o slogan “Lula, a praga da agricultura”.
Mas, afinal, o que representa o ex-governador? Como um administrador aparentemente tão anódino – um “picolé de chuchu”, segundo a famosa e corrosiva ironia do jornalista José Simão – adquiriu tanta força política e prestígio entre as classes dominantes? Um breve relato da política aplicada em São Paulo ajuda a entender esta opção nitidamente de classe da nata burguesa. Confirma que o segundo turno das eleições presidenciais será altamente polarizado, com uma explícita demarcação de campos.
Locomotiva parada
No século passado, São Paulo ficou conhecida como locomotiva do Brasil. Por distintas razões históricas, o Estado adquiriu forte dinamismo econômico e deu impulso ao desenvolvimento nacional. Hoje, com 37 milhões de habitantes, ele ainda é responsável por 32,6% do Produto Interno Bruto (PIB), cerca de um terço de tudo o que se produz no país, por 32% das exportações e por 45% das importações. A sua receita, provinda de tributos diretos e indiretos de seus cidadãos, é de R$ 62,2 bilhões. O Estado concentra 51,6% dos salários industriais do país e aloja sete dos 10 maiores bancos e oito das 10 maiores seguradoras.
Toda essa pujança econômica, porém, foi emperrada pelo medíocre e prolongado reinado tucano. O peso de São Paulo no PIB nacional, que atingiu 39,5% em 1970, no auge da sua expansão industrial, teve uma queda abrupta. Hoje, o Estado não tem projeto estratégico de desenvolvimento e a locomotiva está parada. Sem crescimento sustentado, o território que já seduziu brasileiros de todos os cantos se tornou um centro dos desempregados. O outrora pólo mais dinâmico da economia virou um cemitério das indústrias. Sob o pretexto da crise financeira, o tucanato promoveu o desmanche do Estado para saciar os banqueiros.
Desmonte do Estado
Com Geraldo Alckmin, antes na presidência do Programa de Desestatização e hoje como governador, São Paulo foi privatizada – perdeu o Banespa como banco de fomento, a Fepasa (ferrovias), o Ceagesp (centro de abastecimento), a Eletropaulo (geradora da energia), a Comgás e a Companhia Paulista de Força e Luz. Já a companhia de saneamento (Sabesp), o banco Nossa Caixa e outras instituições foram fragilizadas com a venda irresponsável de ações, e a extensa malha rodoviária foi entregue a preço de banana para empresas que multiplicam pedágios e assaltam os usuários nas tarifas – sem qualquer controle público.
Apesar do violento desmonte, rotulado pelos tucanos de “reengenharia”, a crise financeira só se agravou. Os recursos obtidos com as privatizações, R$ 32,9 bilhões, sumiram no ralo dessa suspeita gestão. Em janeiro de 1995, no início do primeiro governo tucano, a dívida pública era de R$ 34 bilhões; no início de 2006, era de R$ 123 bilhões, quase duas vezes sua receita liquida. O Estado está mais pobre e debilitado, sem capacidade de investimentos, e vive aprisionado a uma dívida que consome mais de R$ 5 bilhões ao ano e que sugará seus recursos pelos próximos 30 anos. Sua decadência regional será ainda mais intensa.
Rombo nos cofres públicos
Diante deste descalabro, Cláudio Lembro, sucessor de Alckmin, chegou a enviar ofício aos secretários proibindo novos investimentos e determinando “redobrada atenção do governo” e “rigorosa austeridade nos gastos públicos”. Segundo balanço oficial, em setembro passado o rombo nas contas do estado atingiu R$ 1,2 bilhão. Como ironiza o deputado petista Devanir Ribeiro, “se ele deixou este rombo em São Paulo, imagine o que ele faria com o Brasil. Se a média fosse de R$ 1 bilhão por estado, encerraria seu mandato com um rombo de aproximadamente R$ 27 bilhões. Se ele raspou o caixa e entregou o governo para o seu sucessor com um rombo difícil de ser saldado, o que ele faria com o Brasil?”.
Segundo recente estudo do economista Marcio Pochmann, mantida a atual política de corte neoliberal, o PIB per capita de São Paulo cairá da terceira posição no ranking nacional para 11º lugar até 2012, com efeitos dramáticos sobre o emprego e a renda dos paulistas. Já uma minoria parasitária, que vive dos juros dos títulos da dívida pública, terá maiores privilégios. O número de famílias ricas em São Paulo saltou de 191 mil para 674 mil nas duas últimas décadas – pulou de 37,8% para 58% do total de famílias abastadas no Brasil. “Grande parte da elite paulista encontra-se submersa no pacto neoliberal, enquanto beneficiária da financeirização. A riqueza não é mais distribuída entre os vários elos da cadeia de produção. Ela fica concentrada nas famílias de banqueiros e nas pessoas que as rodeiam”, garante o renomado economista.
2006-10-04 02:36:30
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answer #1
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answered by Anna 7
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E BRASILEIRO TEM ALGUMA MEMÓRIA???
2006-10-04 07:52:22
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answer #2
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answered by FÊNIX 3
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O problema não é de memória. E uma outra observação: não existe nada certo, tudo é e sempre foi duvidoso.
A população brasileira pode ser dividida em quatro: Uma parte da população é extremamente ignorante e não sabe escolher os governantes; uma outra parcela está submetida a votar de acordo c/ as escolhas e ordens dos patrões, pois dependem do emprego p/ sustentar a família (por incrível que pareça, ainda existe o "voto do cabresto"); outra parte é desonesta e sem vergonha, agindo de acordo c/ seu próprio interesse e de seu grupo; e finalmente, uma parte da população age de forma consciente, votando c/ responsabilidade e sem medo, mas esta última parcela, infelizmente, é a minoria.
2006-10-04 08:58:32
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answer #3
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answered by Lucy 3
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Não é que o povo tem a memória curta não é que o povo não busca informação falta leitura, responsabilidade com ele e com o próximo,a media de leitura do brasileira é muito baixa e ai se encontra o problema da memória, memória que não se exercita fica preguiçosa
2006-10-04 08:28:43
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answer #4
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answered by jesus olacir fernandes o 2
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Memória curta e CEGUEIRA, Se não lembramos da mazelas do governo do FHC, PIOR é fingir que não vê esta corrupção do PT e seus aliados. Não ver a falência da saúde, da educação, da política externa, O Pais está falindo com esta política rasteira, populista do PT, que parecer ser o mal que atinge a América Latina. FORA LULA
2006-10-04 08:05:48
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answer #5
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answered by Vital 4
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O problema todo é um povo que vive apenas o momento, que é massa de manobra, que tem a Rede Globo como maior conselheira e não consegue desenvolver um senso crítico.
-Gente que paga CPMF e não pergunta quem criou.
-Gente que não olha na conta de luz e vê um seguro contra apagão e nem se pergunta quem criou aquilo.
-Gente que nem se lembra que a 5 ou 6 anos atrás teve que pagar mais caro pra usar umproduto que já estava sendo pago porque o governo não investiu em energia elétrica (fora o medo de ficar no escuro).
-Gente que não se lembra que a exatos 12 anos começao embrião do que é hoje o maior cartel do crime no país, mais poderoso e violento até do que a máfia. E onde começou, quem era governo nessa época. Em São Paulo,maior reduto do PSDB, e no governo do PSDB.
-Gente que por não se ligar nisso acredita que o PT é aliado do PCC (quem cria é dono, o PSDB que assuma).
Essa gente é brasileira.
PS: e me desculpem os paulistas e paulistanos, mas vcs poderiam sair da frente da TV, dos computadores e de dentro dos Shopings. Isso tá acabando comseus neurônios. Vcs elegeram Clodovil e Maluf e ainda nos levaram a um segundo turno de eleição. Chega de fazer burrada. Ponham a mão na consciência, peçam independência do Brasil e se afundem sozinhos, não tentem levar o resto do país com vcs. Socorro!!!!
2006-10-04 08:03:54
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answer #6
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answered by jorge luiz stein 5
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Realmente é um ponto a se questionar... Em várias entrevistas pude constatar essa dura realidade, o eleitor não sabe nem pra quem votou nas últimas eleições, falar o que de um povo que agora resolveram cobrar dos governantes, se ao menos sabe em quem votou???
2006-10-04 07:59:42
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answer #7
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answered by pcgdireito 3
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Uma coisa eu não entendo: por quê o Pt segue o mesmo caminho já trilhado pelo FHC?
2006-10-04 07:59:22
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answer #8
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answered by Guri 6
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concordo com vc, mas como o brasil em minha opinião não tem jeito, o governo do alckmim poderia assumir, ladrão todos nós sabemos que essa corja de politicos são, mas já estou cansada de todos os dias ligar a tv, e a noticia só escandalo, vamos passar para outro. talvez o brasil tivesse jeito se um admistrador governasse o brasil melhoraria. sinceramente eu votei em governador e para presidente. governador porque se a Ana Júlia ganhar Belém vai parar no tempo, Almir tem que ganhar porque ele é aliado do prefeito de Belem, esta vendo o que é a politica, é uma sujeirada só. bjs.....
2006-10-04 07:58:36
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answer #9
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answered by Fiona 6
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porque deixaram de prestar auxilia a saude para que os brasileiros não tivessem como se tratar
2006-10-04 07:57:30
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answer #10
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answered by Anonymous
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