O câncer do movimento sindical chama-se “Articulação”, ou sua metástase, o “Campo Majoritário” que faz conchavos com patrões, que trai a categoria defendendo acordos lesivos aos interesses dos trabalhadores, que apóia mudanças de Estatuto na PREVI e CASSI que somente atendem o patrocinador, BB, e nós, “bocós”, que estrebucham, esperneiam e não somos sequer ouvidos. E tem mais... Esses “sindicalistas de araque”, não “caem para baixo”, caem para o lado... Estão sempre se ajeitando em algum cargo privilegiado no Banco, distribuem entre “os amigos”, as assessorias bem remuneradas, as indicações para participação em conselhos das empresas nas quais a PREVI tem participação e ainda ousam aprovar “esmolão” (continuidade de seus benefícios mesmo quando deixam de ocupar cargos na PREVI), além de votar contra a participação de aposentados na Direção da PREVI – pois esses, como não dependem mais do patrão, seriam realmente independentes. E vai por ai afora...Hoje o Governo Lula é o grande cabide de emprego da Articulação os “independentes” ou participantes de correntes menores podem desistir de lutar ou procurar outro Partido, talvez o PSTU ou o PSOL (que lembram os ideais do início do PT, antes da mosca da terceira via ter mordido Lula e os seus). Os últimos anos de embates contra a política econômica, contra o desmanche do Banco do Brasil, contra o assalto à PREVI revelaram uma desastrosa face do sindicalismo. Perderam-se o respeito, o debate democrático e o repensar de posições. Ganhou lugar o burburinho semelhante ao das torcidas organizadas de times de futebol. Nas Assembléias e Congressos, a corrente majoritária ganha as votações apenas por ser majoritária e não por possuir os maiores e melhores argumentos. E mais, ao ridicularizar posições contrárias desqualifica o debate, pois naquele momento já não existem argumentos e sim o poder opressor da maioria. Infelizmente o movimento sindical reflete o mesmo vício que condena: a força em detrimento da razão ou, pelo menos, em detrimento da oportunidade de pensamentos opostos serem debatidos no campo das idéias e não nos rinques de luta. É lamentável assistir figuras que se vestem de importância e orgulho por serem representantes legítimos e eleitos pelo corpo social agindo como feras abomináveis e covardes, que só ousam "atacar" em bloco - agridem e vociferam escudados por uma maioria que aplaudiria talvez até se o desvario atingisse o sopapo.
O que há para se lamentar é que, nesta briga do rochedo contra o mar, quem sai perdendo é o funcionalismo do Banco do Brasil. Antes de se discutir o que fazer pela saúde do funcionário, como conseguir negociar com o Banco algo mais que abonos, como preservar o BB, como salvaguardar a PREVI, gasta-se um congresso de três dias para mostrar, no grito, o quanto uma tendência supera outras em poder e força.
Não há mais o debate. A "verdade absoluta" é o que pensa a corrente majoritária. Todo o resto é lamúria, conversa de perdedores. Com esta predisposição o congresso se torna totalmente inútil e poderia ser realizado de dois em dois anos ou... Nunca mais.
Que dificuldade em dar um caráter ímpar à esquerda! Surpreendente como a esquerda é incapaz de estabelecer-se sem copiar os vícios da direita. Estranhamente os mais violentos, autoritários e déspotas são seus líderes! Nos congressos, vários "capas" sempre têm a palavra na plenária... E são os mais contundentes, os mais raivosos... Repetem, espero que inconscientemente, o mesmo linguajar e chistes da direita: o dedo em riste - autoritário - a voz exaltada dos que buscam no tom o argumento, cospem, tremem, dizem impropérios. Incrivelmente seus companheiros de corrente aplaudem, incentivam, se submetem a suas ordens! Não seria tudo isto o que todos condenamos na direita? A submissão a líderes institucionais, o obedecer sem questionar, o voto de cabresto? Então a esquerda com seus movimentos tão naturais, a esquerda nascida do descontentamento coletivo com o estado de coisas, a esquerda que poderia ser fraterna, igualitária, coesa mas livre, repete a mesma hierarquia dos corroídos sistemas de poder: o general, o coronel, o soldado... "Capas" que mandam e seguidores que se submetem sem questionar.
2006-09-26 02:04:16
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answer #1
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answered by Marvada 2
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