Masculinidade e representação. Estes são os eixos da pesquisa que deu origem a este trabalho. Meu intuito é pesquisar a representação do Movimento Feminista no período de 1969-1972. Este período foi escolhido por nos oferecer um momento de ruptura com representações tradicionais, sendo uma transição interessante. A articulação entre mudanças na representação e mudanças sociais da masculinidade é feita com base nas teorizações feministas do gênero, mais especificamente as formulações pós-estruturalistas do gênero como categoria analítica (Scott, 1988a, 1988b). Com esta articulação busco compreender, no contexto da pesquisa, quais as relações entre representação e realidade histórica, ou representação e sociedade. Por isso a idéia de discurso é bastante importante, e exprime este conceito que quero operacionalizar.
Quando falo de masculinidade, refiro-me às práticas do masculino e a como este masculino é representado. A noção de discurso, ou da representação como prática social, foi central na compreensão dos processos que analisei, pois o período estudado, 1969-1972, é um período conturbado social e politicamente, e assim o é também a nível de representações de gênero, como veremos adiante. Mas a idéia da pesquisa é justamente não separar as duas esferas; queremos, ao utilizar a idéia de discurso como prática social, transcender a oposição marxista entre ideologia e realidade, ou entre super e infra-estrutura na análise do histórico, ou na construção da narrativa teórica (Rago, 1995).
Dentro disto se insere a minha discussão sobre a teorização da análise do discurso, presente em vários autores como Foucault (1979, 1990, 1993), Orlandi (1992), Fairclough (1990), Coulthard (1977), Caldas-Coulthard (1994) e Veyne (1982). Através de uma certa teorização sobre a análise do discurso, busco perceber uma articulação entre representação e realidade que ultrapassa a idéia marxista de ideologia, ou ultrapassa a oposição simples entre a prática da masculinidade e as representações sobre elas. Esta relação pode ser pensada de forma muito mais complexa, permitindo uma rica compreensão da relação entre alguns acontecimentos históricos importantes, como o ressurgimento do movimento feminista nos anos 70, e a articulação de uma identidade gay no mesmo período, num contexto de intensos debates e conflitos sociais que caracterizaram este período no mundo todo, inclusive no Brasil (Vaitsman, 1994; Goldberg, 1987; Faria, 1986; Alavarez, 1990; MacRae; 1990; Fry, 1982). São estes movimentos, com suas práticas discursivas questionadoras do machismo e das masculinidades e feminilidades tradicionais que provocam um deslocamento nas representações do masculino durante o período analisado. Esta é a hipótese principal deste trabalho: a de que ocorreu uma mudança na representação do masculino em nossa sociedade, e que esta mudança se associa a novas práticas discursivas que surgiram no período analisado.
Faz-se necessário, também, abordar a análise do discurso para melhor compreender as teorizações sobre o gênero como categoria analítica (Scott 1988a, 1988b; Poovey, 1988). A historiadora feminista Joan Scott, ao buscar formular o gênero enquanto categoria analítica para a história, faz esta articulação que buscarei destrinchar através da análise do discurso, e possibilita ver, através da perspectiva do pós-estruturalismo, esta relação orgânica entre as concepções de gênero e a dinâmica histórica da sociedade.
Em outras palavras, posso dizer que tentei adotar uma postura arqueológica no processo de análise das revistas, o que significa, como diz Fischer (1995), que tentei ver quais as condições de existência de um determinado enunciado (sobre a masculinidade, no caso). Isso quer dizer que não estou buscando um sentido essencial ou inerente da masculinidade que estaria latente nas revistas; busco sim analisar o discurso sobre o homem nas suas continuidades e descontinuidades, tratando-o no jogo de relações em que está imerso. Um sentido de masculinidade não está pronto no texto e uma análise arqueológica busca ver como o sentido se constrói num processo político, social, no processo da história. Isso leva a uma relativização e uma recusa do essencialismo na questão da masculinidade, algo que se torna fundamental para toda a formulação pós-estruturalista das questões do gênero.
Mas qual mudança foi esta? O que significou para o homem e a representação da masculinidade as novas configurações discursivas, que surgiram associadas aos novos movimentos sociais e às novas identidades que se articularam no período como o homem gay e a mulher feminista? Minha hipótese é que estes movimentos e suas práticas discursivas (políticas, de representação visual e escrita, etc.), ao questionarem a masculinidade tradicional e as relações patriarcais a nível da sociedade, causaram uma mudança na representação da masculinidade, que dali em diante perdeu seu estatuto de universal e genérico, para ser cada vez mais objeto de discursos questionadores advindos destes movimentos
2006-09-21 07:50:13
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answer #1
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answered by Anonymous
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As monografias ou TCCs são elaborados obedecendo regras específicas e normas da ABNT e é preciso
determinar uma área de abrangência, um tema, objetivos entre outros e levando em consideração as regras de
cada instituto de ensino para a qual a mesma está sendo apresentada.
Geralmente são a mesma coisa, vai depender da instituição de ensino, mas monografia é apresentada em
frente à uma banca e dependerá da aprovação da mesma, já o TCC é apresentado no final do curso como
trabalho de conclusão. Volto a enfatizar isso depende da instituição de ensino.
No link http://bit.ly/seu-orientador-24hs você pode encontrar mais informações e um software que funciona
como orientador para elaboração da monografia em pouco tempo e com profissionais da área que dividiram o
curso em blocos e modelos facilitando muito o aprendizado.
Abraços, boa sorte!!!
2016-05-24 02:28:26
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answer #2
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answered by ? 4
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Você deve seguir um roteiro, que pode ser passado tanto pelo seu orientador quanto pelo seu professos de Métodos e Técnicas de Pesquisa. Se você ainda não tem nenhum dos dois, sugiro que peça ajuda a um professor com quem tem intimidade para conversar, para pedir auxílio, enfim, você deve saber quem poderá te ajudar nesse caso. Não confie em sites pela internet, eles podem oferecer esquemas que diferem daqueles exigidos pela sua Universidade.
2006-09-25 00:52:29
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answer #3
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answered by Flor 3
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