Deus e a Criação
Grupo EspÃrita Bezerra de Menezes
"No princÃpio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o EspÃrito de Deus pairava por sobre as águas" - (Gênesis, cap. 1 - 1 e 2).
1.0 - A OBRA DE DEUS
Desde os tempos em que a humanidade vivia em cavernas o homem admira-se perante a grandiosidade do Universo.
Ernest Renan, um historiador e filólogo francês do século XIX, em sua magnÃfica obra A Vida de Jesus, afirma: "Desde que o homem se diferenciou do animal, tornou-se religioso, ou seja, ele percebeu que na natureza havia algo além da realidade e, em si mesmo, algo que estava além da morte". Por isso, o ser humano sempre buscou respostas sobre a origem das coisas e quis saber a respeito de quem teria sido o supremo arquiteto dos céus, dos montes, dos mares, da natureza etc. A Doutrina EspÃrita, como veremos, nos oferece seguras respostas a esses questionamentos.
a) Que é Deus
Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Criou tudo o que há. à o único princÃpio não criado. Sempre existiu.
As leis da FÃsica demonstram que um determinado efeito nunca é anterior à causa. No caso da Criação, pode-se concluir que ela é conseqüência da ação de um princÃpio lógico, que se encadeia de forma inteligente. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.
O homem, observando o mundo que o cerca, pode deduzir através da razão, que aquilo que o criou deve ser inteligente e superior a tudo o que existe. A essa causa primária denominou-se "Deus". Podemos reconhecer Deus observando e estudando suas obras.
"Lançando o olhar em torno de si, sobre as obras da Natureza, observando a previdência, a sabedoria, a harmonia que preside a todas as coisas, reconhecemos que nenhuma há que não ultrapasse o mais alto alcance da inteligência humana. Ora, desde que o homem não as pode produzir, é que elas são o produto de uma inteligência superior à humanidade, a não ser que admitamos haver efeito sem causa" - (Allan Kardec - A Gênese, cap. II, item 5).
b) Atributos da Divindade
Não é dado ao homem, dentro da impotência em que se encontra, atingir toda a magnitude da natureza Ãntima de Deus. Por muito tempo, o homem julgou Deus à sua imagem e semelhança, dando a ele a aparência humana, bem como suas imperfeições, moldando um Deus colérico, vingativo e ciumento. Entretanto a Divindade possui atributos próprios de sua natureza suprema. Deus não se mostra, mas afirma-se mediante suas obras, diz Kardec. Diante disso, pode-se afirmar que:
Deus é eterno: Ou seja, não teve começo e não terá fim. Se Ele tivesse tido um começo, teria saÃdo do nada. O nada, sabemos, não existe. Deus é o ser absoluto, eterno, a própria eternidade.
Deus é imutável: Se Ele fosse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo não teriam estabilidade. Sua imutabilidade é o alicerce das leis fÃsicas e morais.
Deus é imaterial: A natureza de Deus difere de tudo o que chamamos matéria, pois de outra forma Ele não seria imutável e suas leis estariam sujeitas às transformações da matéria.
Deus é único: Se existissem muitos deuses, não haveria unidade de vistas, nem de poder na organização do Universo. Se existisse um outro Deus, teria que ser igualmente infinito em todas as coisas, caso contrário nem um nem outro teria a soberana autoridade. Os povos antigos, por ignorância, acreditavam na existência de muitas divindades e associavam-nas às forças da natureza, às montanhas, aos mares, às matas, aos astros etc.
Deus é todo poderoso: Se não tivesse o poder soberano, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto Ele, que assim não teria a supremacia sobre a Criação, deixando de ser Deus. Aquelas obras que Ele não tivesse feito, seriam obrigatoriamente feitas por outro deus. Portanto Deus é todo poderoso porque é único.
Deus é soberanamente justo e bom: A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas que cercam o ser humano, e esta sabedoria não permite que se duvide de Sua justiça nem da Sua bondade.
Deus é infinitamente perfeito: Conceber Deus sem essa perfeição infinita é ter que admitir que exista algo ainda mais perfeito. Se retirássemos a menor parcela de um de seus atributos, já não terÃamos Deus, pois poderia existir um ser mais perfeito.
"Deus é, pois, a suprema e soberana inteligência; é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as suas perfeições, e não pode deixar de ser assim. Tal é o eixo sobre o qual repousa todo o edifÃcio universal; é o farol do qual os raios se estendem sobre o universo inteiro, o único que pode guiar o homem em sua pesquisa da verdade; ao segui-lo, não se extraviará nunca; e se tem se desencaminhado com tanta freqüência, é por não ter seguido o caminho que lhe é indicado" - (Allan Kardec - A Gênese, cap. II, item 19).
Se é possÃvel crermos na existência de um Ser superior que criou o mundo onde vivemos e o Universo que nos cerca, e que nos concedeu oportunidade de vida e progresso, seria lógico e racional nos esforçarmos no sentido de compreendê-lo. Esta é a meta do aprendizado espÃrita.
A Religião deveria se configurar numa instituição de grande importância para a humanidade, porém, seu sentido acabou sendo desvirtuado pelos homens. Sua função seria a de transmitir os ensinamentos divinos aos seres humanos, libertando-os da escravidão das idéias materialistas, que o atrelam a um mundo de ilusões transitórias, sem compreender o verdadeiro sentido da vida.
Não existe ainda na linguagem humana, palavras que possam definir a verdadeira natureza de Deus. O Espiritismo nos faz analisar isso com muito mais racionalidade, porém ainda não é o ideal. Quando o EspÃrito atinge o estágio de EspÃrito Puro, ele compreende o Criador de modo mais amplo. Até lá, sua idéia a respeito do Pai é apenas relativa ao seu grau de adiantamento.
1.1 - O ESPÃRITO
O EspÃrito é o princÃpio inteligente da Criação. No plano material, ele está presente em todo elemento vivo. Os EspÃritos são criados simples e ignorantes. Todos estão sujeitos à Lei da Evolução. Em fases primitivas, não pensam, mas movem-se por sensações. Mais tarde, são dirigidos pelo instinto; depois, pela inteligência; e, por fim, chegam à razão e à angelitude.
Os EspÃritos são os seres inteligentes da Criação. Habitam o Universo em variados estágios de desenvolvimento e diversas categorias de mundos. Foram criados simples e ignorantes, isto é, sem sabedoria e sem a consciência do bem e do mal. São dotados de aptidões para adquirir o conhecimento intelectual e moral através de encarnações.
No princÃpio, o EspÃrito é como uma criança, sem vontade própria definida. Depois, aos poucos, vai se tornando livre através das experiências reencarnatórias. Não é divisÃvel, nem tem sexo. Não é palpável, embora não seja o nada, pois o nada não existe. à errado confundi-lo com a inteligência. Os dois se interagem, mas, na verdade, a inteligência é um atributo do EspÃrito.
Quando encarnado, o EspÃrito recebe a definição de Alma. Desencarnado e habitando o plano espiritual à espera de uma nova encarnação, diz-se que está "errante". Apenas os EspÃritos puros não são errantes, pois não necessitam mais da experiência reencarnatória.
à importante destacar que é na matéria que o EspÃrito é testado em suas potencialidades, embora continue progredindo na dimensão espiritual. No plano invisÃvel, pode estudar em cursos ministrados nas colônias transitórias e ter uma visão mais ampla dos conhecimentos, mas terá que colocar em prática, na matéria, as lições aprendidas. A Terra é uma grande escola onde todos os homens e seres vivos crescem para Deus.
"O EspÃrito progride igualmente na erraticidade. Nela adquire conhecimentos especiais que não poderia adquirir na Terra. Suas idéias então se modificam. O estado corpóreo e o estado espiritual são para ele as fontes de duas formas de progresso que se desenvolvem solidárias. à por isso que ele passa alternativamente por esses dois modos de existência" - (Allan Kardec - O Céu e O Inferno, cap. III, item 10).
a) Natureza dos EspÃritos
"Dizemos que os EspÃritos são imateriais porque a sua essência difere de tudo o conhecemos pelo nome de matéria" - (Allan Kardec - O Livro dos EspÃritos, item 82).
Os EspÃritos são de natureza etérea. Pode-se afirmar que são uma chama, uma centelha ou um clarão. A linguagem humana é muito limitada para exprimir sua verdadeira essência. Não se deve defini-lo como imaterial, pois que é algo. Quando nos referirmos ao EspÃrito, seria mais apropriado usarmos o termo "incorpóreo’’.
Os EspÃritos foram criados por Deus. São, pois, constituÃdos de alguma coisa. Como e quando foram criados constituem-se em mistérios não revelados. Existem algumas teorias que tentam explicar a origem dos EspÃritos, mas não o fazem com clareza, por falta de referenciais que possam exprimir certas idéias abstratas.
Qual seria o destino final do EspÃrito, depois que atingem a condição de EspÃritos puros? Esta pergunta foi feita por Allan Kardec ao EspÃrito de Verdade, que deu a seguinte resposta:
"Há muitas coisas que não compreendeis, porque a vossa inteligência é limitada; mas não é isso razão para as repelirdes. O filho não compreende tudo o que o pai compreende, nem o ignorante tudo o que o sábio compreende. Nós te dizemos que a existência dos EspÃritos não tem fim; é tudo quanto podemos dizer, por enquanto" - (O Livro dos EspÃritos, questão 83).
1.2 - A MATÃRIA
A matéria é uma das variações de um elemento básico primitivo chamado "fluido universal", que estudaremos mais adiante. Ela existe em diversos estados na natureza variando infinitamente da ponderabilidade à imponderabilidade ou eterização. Não podemos defini-la apenas como aquilo que tem extensão, impenetrabilidade e que impressiona os sentidos fÃsicos, como afirma a Ciência. A matéria também pode existir numa condição tão etérea e sutil, a ponto de não ser percebida pelos sentidos convencionais.
A matéria é o meio através do qual os EspÃritos desenvolvem suas potencialidades e manifestam suas obras. Kardec diz que a matéria é o agente, o intermediário, com a ajuda do qual e sobre o qual o EspÃrito atua.
a) O Universo
Com o progresso da Ciência, descobriu-se certas leis e princÃpios que vieram explicar muitos mistérios existentes, quanto à origem do mundo e do Universo. Ficou demonstrado, por exemplo, que a Criação não se resumia na região circunvizinha à Terra, como a princÃpio se pensava. Havia no espaço distante muito mais. Planetas, cometas, estrelas, nebulosas e galáxias formam esse majestoso conjunto chamado Universo.
A humanidade progride constantemente no campo cientÃfico, facilitando a evolução do homem e da própria sociedade. Aos poucos, os véus dos mistérios vão sendo levantados e o homem vai se conscientizando do quanto é pequeno, frente a grandiosa obra do Criador. Porém, algumas questões a respeito da origem e destino das criaturas nunca tiveram explicações convincentes. Com o advento do Espiritismo, os EspÃritos superiores, através de revelações mediúnicas, transmitiram idéias mais completas sobre o ser humano e tudo que o cerca.
Os EspÃritos disseram que o Universo abrange a infinidade de mundos que vemos e que não vemos, o espaço que há por toda parte, todos os seres animados e inanimados, os astros que se movem, assim como os fluidos e as energias da natureza.
A Ciência explica que o Universo é formado por dois elementos básicos: matéria e energia. A matéria seria uma forma condensada da energia, conforme demonstram as experiências atômicas.
Os EspÃritos revelaram que a Criação na verdade se assenta em três princÃpios fundamentais: Deus, EspÃrito e Matéria. A matéria e a energia, segundo eles, seriam uma forma condensada e ativa do fluido universal respectivamente.
b) Os mundos
Os mundos são formados pela condensação da matéria disseminada no espaço universal. São as estrelas, os planetas, os cometas, as nebulosas etc. Jesus Cristo, referindo-se à pluralidade dos mundos habitados, afirmou:
"Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vô-lo teria dito; vou preparar-vos lugar" - (João, 14:2).
De uma maneira geral, os mundos habitados podem ser classificados em cinco categorias distintas:
Mundos primitivos: Os mundos primitivos são planetas onde os EspÃritos realizam suas primeiras experiências encarnatórias. A Terra, no passado distante, já esteve neste estágio primário.
Mundos de expiação e provas: Mundos de expiação e provas são planetas mais adiantados que os mundos primitivos. Mas, por causa do pouco adiantamento moral de seus habitantes, o mal e o sofrimento ainda predominam na sociedade. à um lugar onde os EspÃritos resgatam dÃvidas contraÃdas perante a Lei Divina e passam por provas destinadas ao seu aperfeiçoamento moral e intelectual. O mundo terreno atualmente está nesta categoria.
Mundos regeneradores: Os mundos regeneradores são orbes onde não há mais expiações, mas existem provas pelas quais o EspÃrito encarnado ainda tem que passar para adiantar-se. São os mundos de transição entre os de expiação e provas e os felizes.
Mundos felizes: Os mundos felizes são os planetas onde predominam o bem e a justiça na vida social. Nessas sociedades não há mais injustiças de nenhuma natureza e os povos são fraternos uns com os outros, ajudando-se reciprocamente.
Mundos divinos: São aqueles onde reina absolutamente o bem, sem qualquer mistura com o mal. Constituem-se em moradas de EspÃritos superiores e da felicidade dos eleitos.
1.3 - OS SERES VIVOS
Os seres vivos são produto da união do EspÃrito com a matéria, através da vontade de Deus. O corpo material dos elementos vivos é formado por agrupamentos orgânicos chamados células que, por sua vez, são formadas por grupos moleculares e átomos, animados pelo fluido vital, de que falaremos adiante. Toda essa complexa organização é dirigida pelo princÃpio inteligente.
a) Reino vegetal
O reino vegetal compreende o reino das plantas. à composto de variadas espécies, onde as formas espirituais primitivas sofrem o primeiro processo de aperfeiçoamento no ambiente material. De modo geral, pode-se dizer que a vida no reino vegetal é caracterizada pela fotossÃntese, um processo onde as plantas, aproveitando a energia solar, fazem a sÃntese da matéria orgânica para sua sobrevivência na superfÃcie do planeta.
b) Reino animal
O Reino animal agrupa os seres animados. São os insetos, os peixes, as aves, os animais irracionais, o homem etc. Nessas criaturas, o processo de alimentação e o sistema nervoso são mais aperfeiçoados, segundo a necessidade de cada uma delas. O reino animal abriga EspÃritos num estágio superior ao reino dos vegetais. A espécie humana é a classe mais adiantada das entidades espirituais que o compõem.
1.4 - A TRINDADE UNIVERSAL
Vimos que matéria e fluido são uma só grandeza, ou seja, o princÃpio material. Além dela, existe o princÃpio inteligente, ou espiritual, constituindo-se na segunda grandeza da Criação. Acima deles está a causa de ambos: Deus.
Eles formam a Trindade Universal: Deus, EspÃrito e Matéria. Portanto, existe a matéria como PrincÃpio Material, fluido universal; o EspÃrito, como PrincÃpio Espiritual e inteligente; e acima de tudo Deus, o Criador e mantenedor de todas as coisas. Esses três fundamentos são o princÃpio de tudo o que existe.
2006-09-19 15:34:18
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