A Invenção do aparelho de TV
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SAIBA MAIS SOBRE A TELEVISÃO - INCIO DAS TRANSMISSÃES, FOTOS RARAS
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Não se pode dizer precisamente quem inventou a televisão. Os cientistas, desde o inÃcio do século XIX, vinham buscando transmitir imagens a distância e, apenas em 1842, com o invento de Alexander Bain, obteve-se a primeira transmissão telegráfica de uma imagem sem movimento (fac-sÃmile), atualmente conhecido como fax. Antes, em 1817, o quÃmico sueco Jakob Berzelius descobriu o selênio, mas só 56 anos depois, o inglês Willoughby Smith chegou a conclusão de que o selênio podia transformar energia luminosa em energia elétrica. Através desta descoberta, pôde-se transmitir imagens por meio de corrente elétrica.
Um passo importante para a criação da TV foi a descoberta do francês, Maurice Le Blanc. Em 1880, ele percebeu que imagens sucessivas apresentadas numa certa velocidade davam a impressão de velocidade. Então, Julius Elster e Hans Getiel inventaram a célula fotoelétrica (1892). Arbwehnelt criou um sistema de televisão por raios catódicos em 1906, sendo que o mesmo ocorreria na Rússia por Boris Rosing. O sistema usava espelhos junto ao tubo de raios catódicos.
Em 1920, realizaram-se as verdadeiras transmissões, graças ao inglês John Logie Baird, através do sistema mecânico baseado no invento de Paul Nipkow – um disco de ferro com furos eqüidistantes, dispostos em espiral. Ao girá-lo, se podia dividir um objeto em pequenos pontos e que em alta velocidade voltava a forma novamente a imagem do objeto.
Quatro anos depois, o inglês Jonh Lodgie Baird transmitiu contornos de objetos a distância e, no ano seguinte, fisionomias de pessoas. Já em 1926, Baird fez a primeira demonstração no Royal Institution em Londres para a comunidade cientÃfica e assinou depois contrato com a BBC para transmissões experimentais. O padrão de definição possuÃa 30 linhas e era mecânico.
Nesse perÃodo, em 1923, o russo naturalizado americano Wladimir Zworykin patenteou o iconoscópio, um tubo a vácuo com uma tela de células foto elétricas que permitia a análise eletrônica da imagem: o olho da TV. Usando o iconoscópio, ele transmitiu imagens numa distância de 45 quilômetros. Logo a RCA (Radio Corporation of America) convidou Zworykin para conduzir a equipe que produziria o primeiro tubo de televisão.
Em 31, a RCA já tinha antena no último andar do Empire State Building em Nova Iorque. Os estúdios NBC (National Broadcasting Corporation), embora sua primeira transmissão tenha sido apenas em 1939 com inauguração da Feira Mundial de Nova Iorque. Em março de 1935, emite-se oficialmente a televisão na Alemanha e em novembro, na França, sendo a Torre Eiffel o posto emissor.
Em 1936, Londres utiliza imagens com definição de 405 linhas e inaugura-se a estação regular da BBC (British Brodcasting Corporation). No ano seguinte, três câmeras eletrônicas transmitem das ruas para a TV londrina a cerimônia de Coroação de Jorge VI, com cerca de cinqüenta mil telespectadores. Na Rússia, a televisão começa a funcionar em 1938.
A televisão era então uma realidade, mas o iconoscópio exigia uma quantidade exagerada de luz e a imagem reproduzida era deficiente. Zworykin inventou, então, uma válvula de raios catódicos muito sensÃvel, chamada orticon, que adaptada a câmera equilibrava a luz e dava uma qualidade técnica melhor a imagem. O orticon passou a ser produzido em escala industrial a partir de 1945. O sistema passou a ser, depois, totalmente eletrônico.
A tecnologia da TV ficou parada durante a Segunda Guerra Mundial. A Alemanha foi o único paÃs da Europa a manter a televisão no ar. Paris voltou as transmissões em outubro de 1944, Moscou em dezembro de 1945 e a BBC em junho de 1946, com a transmissão do desfile da vitória. Somente no inÃcio de 50 a telinha passou a fazer parte da realidade de todos os paÃses e se firmou como meio de comunicação de massa.
Neste ano: a França possuÃa uma emissora com definição de 819 linhas, a Inglaterra com 405 linhas, os russos com 625 linhas e os Estados Unidos e o Japão com 525 linhas, enquanto o Brasil inaugurava sua primeira TV.
Brasil - existem controvérsias quanto à primeira imagem transmitida no paÃs. Alguns dizem que houve outras demonstrações por técnicos alemães em 1939, numa feira de novidades, e outros dizem que foi por franceses em 1946, transmitindo imagens do programa "Rua 42" da Rádio Nacional, em seu perÃodo áureo, para receptores instalados em locais determinados.
Em 1950, foi inaugurada a TV Tupi de São Paulo – chamada PRF-3, canal 3 (depois 4), pioneira na América Latina, em 18 de setembro de 1950 -- trazida pelo jornalista Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, com sistema trazido dos EUA.
Em 1951, começam a ser fabricados os primeiros receptores de televisão no Brasil, por Bernardo Kocubej, com a marca Invictus. 18 de Setembro de 1955 - é realizada a primeira transmissão externa direta pela (Record - SP), com a transmissão do jogo entre Santos e Palmeiras, na Vila Belmiro.
Até final da década de 50 funcionavam no Brasil: TV Tupi, Record (1935) e Paulista (1952) em São Paulo; Tupi no Rio (1955) e Excélsior (1959); Itacolomi (1956) em Belo Horizonte. Neste perÃodo TV era artigo de luxo; tÃnhamos 78 mil em todo o paÃs. A programação seguia uma linha de elite com teleteatro, música erudita, debates e entrevistas. Em 1956, pela primeira vez as três emissoras de TV de São Paulo arrecadam mais que as treze emissoras de rádio. Calcula-se que a TV atinge cerca de um milhão e meio de telespectadores em todo o Brasil. Neste mesmo ano, Assis Chateaubriand inaugura mais nove estações da Rede Associadas: Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Campina Grande, Fortaleza, São LuÃs, Belém e Goiânia.
A televisão era uma fórmula mágica para vender produtos. Era necessário que o preço dos aparelhos fosse se tornando mais acessÃvel. Logo houve aumento na escala de produção dos aparelhos e na distribuição de emissoras por todo o território. E, nos anos 60, se consolidou definitivamente a TV brasileira. As Emissoras começaram a briga pela audiência.
Em 1960, chegaram os primeiros aparelhos de vÃdeo tape. A TV Tupi de São Paulo foi a pioneira gravando a festa de inauguração de BrasÃlia e exibindo a gravação em várias cidades. Outros marcos importantes na história da TV brasileira foram: a inauguração da Rede Nacional de Microondas, sistema de transmissão por satélites em 1968 - Telstar - e a primeira transmissão em cores — Festa da Uva de Caxias, Rio Grande do Sul em 31 de Março de 1972.
Cores - As transmissões em cores começaram em 1954 nos Estados Unidos. Mas já em 1929, Hebert Eugene Ives realizou, em Nova Iorque, as primeiras imagens coloridas com 50 linhas de definição por fio. Peter Goldmark aperfeiçoou o invento, fazendo demonstrações com 343 linhas, em 1940.
Os americanos criaram um comitê especial para colocar cor no sistema preto e branco. Esse comitê chamava-se National Television System Committee (também conhecido como National Television Standards Committee - NTSC). O sistema trabalhava com nÃveis de luminância (Y) e acrescentaram a crominância (C), ou seja a cor. O princÃpio está na decomposição da luz branca em três cores primárias que são: vermelho (R de red), o verde (G de green) e o azul (B de blue). Numa proporção de nÃveis de 30% de R, 59% de G e 11% de B.
Em 1967, entra em funcionamento, na Alemanha, uma variação do NTSC, resolvendo algumas debilidades desse sistema Phase Alternation Line, dando as iniciais para o sistema PAL. Nesse mesmo ano, entrou na França o SECAM (Séquentielle Couleur à Mémoire), mas não compatÃvel com o sistema preto e branco francês. A primeira transmissão oficial em cores no Brasil ocorreu em 31 de março 1972.
A multimÃdia é a linguagem na qual se encontram digitalizadas interfaces e interações; podemos dizer que ela é resultado da expressão interativa de todas as tecnologias até agora existentes. Quando a multimÃdia começou a aparecer no final dos anos oitenta, causava a sensação de que não passaria de um espetáculo psicodélico e até grotesco.
Nos Estados Unidos, a Interactive Multimedia Association reconhece como caracterÃstica fundamental da multimÃdia, ou hipermÃdia, não só a imbricação das mais variadas mÃdias, como a participação conseqüente do usuário no processo de compreensão de algum tema.
A Feira de Frankfurt, de 1994, já esta sendo considerada a grande partida da interatividade no caminho de substituição do livro impresso. A feira parece ter provado que frente à interatividade da multimÃdia, o texto somente escrito tem a perder. Como os sentidos humanos são mais alcançados pela multimÃdia do que por outro tipo isolado de meio de comunicação, esta realidade tecnológica dos multimeios é mais conseqüente no processo de comunicação.
A interface e interatividade devem ser os principais conceitos da próxima era secular. Tudo dependerá das condições associativas entre as máquinas. Estamos apenas na ponta do iceberg da informática. Em breve, mas muito em breve, teremos na palma da mão todos os recursos multimÃdia que hoje estão à disposição, no máximo, em notebooks. A história da multimÃdia se confunde com a história das interfaces e interatividades.
A multimÃdia é o caminho natural de toda a informática. Dificilmente na primeira década do século XXI teremos algum computador que não trabalhe com os princÃpios da multimÃdia, quando qualquer comunicação deverá seguir o caminho dos multimeios. A multimÃdia não é um mero show tecnológico, como se pensava no inÃcio, mas a possibilidade definitiva de sÃntese de toda a tecnologia da comunicação.
Temos que estar preparados para esta nova era multimidiática, o desafio será de todos nós. Apesar da enorme briga pela "patente histórica" do computador, a bibliografia especializada costuma classificar as máquinas em três gerações: A primeira está baseada na tecnologia de válvulas eletrônicas e vai de 1942 a 1959; a segunda geração tem a válvula substituÃda por transistores e situa-se de 1959 a 1965; a terceira tem os transistores substituÃdos pelos circuitos integrados e sua data é precisa: o anúncio no dia 07 de abril de 1964 do System/360 ou IBM 360. No entanto, um dos marcos mais significativos não redundou num paradigma de nova geração, que foi o lançamento dos microcomputadores em escala comercial no ano de 1977.
Dos anos setenta aos dias de hoje, os circuitos integrados em microprocessadores são a última palavra em tecnologia de computação. A multimÃdia só se tornou possÃvel graças a este enorme desenvolvimento tecnológico dos computadores.
Imaginemos um instrumento tecnológico onde não só tivéssemos os recursos multimidiáticos, mas, que interagisse conosco na forma de inteligente interlocução. Ao falarmos, imediatamente o computador daria para nós inúmeras opções, dentro do assunto desejado, recheadas de filmes, vÃdeos, fotos, e quem sabe, ainda textos.
Bill Gates previu no inÃcio dos anos oitenta que, num futuro bem próximo, haveria um computador pessoal (microcomputador) em cada famÃlia e em cada empresa do mundo. Em 1994, Gates segue seu caminho visionário e afirma estar na multimÃdia a sÃntese das facções contemporâneas. Podemos imaginar esta sÃntese na TV Interativa. A TV dos dias de hoje é uma "via de mão única", a TV Interativa MultimÃdia vai possibilitar a participação do telespectador no conteúdo da história, na programação de documentários e filmes. Provavelmente será possÃvel, após pagamento de taxas, o acesso ao banco de dados de jornais revistas. O papel acabará e se você quiser ler o jornal do dia deverá acessá-lo via linha telefônica. A TV MultimÃdia deverá, ainda quando ligada a estruturas de highways, possibilitar acesso as grandes livrarias, museus etc. A verdade é que num futuro muito próximo não precisaremos sair de casa, se não quisermos, para fazer compras, pois shoppings e supermercados estarão conectados nas televisões a cabo e todas as compras serão feitas encostando o dedo na tela, nas opções no tubo de imagem.
A Microsoft e a Intel (fabricante de chips) já anunciaram para os próximos anos uma super TV-computador, o set-top box. O set-top box ainda terá câmara de vÃdeo e, provavelmente, um teclado e sairá juntamente ou não com televisão. O futuro próximo estará na convergência do computador com a TV e o telefone. Infovias (ou Infobahn) de fibras ópticas deverão espalhar informações entre todas as partes do mundo.
Em breve as redes já estarão transportando, em forma de bits, imagens, vozes, animações etc., o que só será possÃvel graças à tecnologia multimÃdia. As superinfovias do futuro estarão calcadas ou nos cabos de fibra óptica ou vagando pelo espaço aberto. Três empresas norte-americanas (Microsoft, Motorola e McLaw Cellular) vão colocar no espaço uma rede de mil satélites, que terão a mesma capacidade de transmissão que a fibra óptica.
Howard Rheingold, em The Virtual Community, acredita na possibilidade de haver uma democratização cada vez maior das informações. Para ele, o isolamento dos indivÃduos causado pela falta total de interatividade da televisão dos dias de hoje, está com seu tempo contado, pois o acesso a milhares de informações deverá tirar, definitivamente, as pessoas do isolamento televisivo contemporâneo. Ninguém será capaz de ficar passivo frente à TV Interativa, pois, nesta, o princÃpio básico é interagir.
Nesta virada do século, surge um meio tecnológico que possibilita a interação de todos os meios anteriores, a multimÃdia. Exatamente porque, em sendo uma tecnologia com um manancial de informações calcado nas mais diversas representações (sons, imagens, texturas, movimento etc.), está muito mais apta para representar nosso estar no mundo.
A multimÃdia causará profundas transformações em todas as manifestações cotidianas educacionais, profissionais, amorosas etc. A informática-multimÃdia já entendeu que seu grande desafio é a proximidade, cada vez maior, da linguagem cotidiana. à medida em que aumenta a interatividade entre a informática e o cotidiano, escolas e empresas estão desvendando maneiras totalmente novas e mais rápidas de facilitar o aprendizado, aumentando o acesso à s informações.
Na escola do futuro, ao invés de termos um fluxo de informações unidirecionais (televisão ou "logorréia" do professor), teremos técnicas e ações bidirecionais, interativas e interdisciplinares.
O computador deverá cada vez mais sentir-se em casa e fazendo parte dela e vice-versa. Quando a luz elétrica começou a surgir no final do século XIX penetrando no cotidiano aos poucos, as pessoas achavam que dali emanavam raios que poderia até cega-los. Após algum tempo, se acostumaram e não podiam viver sem luz elétrica. O mesmo acontecerá com os computadores, que deverão assumir inúmeras funções no lar do século XXI.
O século XXI não será a continuidade do século do homem espectador da tecnologia, mas o século do homem que interage com ela. Não se trata de democratização da informação, mas sim, de socialização da informação potencializada pela tecnologia. No futuro bem próximo virá a conjunção do vÃdeo, do livro, do cinema, da fotografia, da música, do jogo, das artes plásticas e de mais uma centena de conjunções e variantes, resultantes das mais variadas conjugações entre tais linguagens tecnológicas, deixar muitos céticos surpresos.
Próximo à virada do milênio predominam os meios de comunicação tais como a imprensa escrita, o livro, a fotografia, o cinema, o telefone, o rádio e a televisão. Funcionam como pequenas partes de um instrumento multimÃdia. Só transmitem imagens congeladas, ou só vÃdeos sem a interferência do usuário, que por isso mesmo é chamado de telespectador. Esta época ficará marcada como o tempo em que o ser humano é um mero espectador das tecnologias de comunicação.
A TV interativa, as netrópolis, os computadores de mão, a realidade virtual, que ainda no final da década de 70 poderiam muito bem fazer parte de um filme da série Star Trek, provavelmente ainda a contragosto dos céticos da tecnologia, hoje, já são a mais pura realidade. Com certeza ainda nas mão de uma minoria.
A multimÃdia, inclusive em função do seu funcionamento digital, já nasce, ao contrário dos mecanismos analógicos (fotografia, cinema, TV), hÃbrida em linguagens tecnológicas. Segundo Nicholas Negroponte "a realidade virtual vai permitir que você coloque os braços em torno da Via Láctea, nade pela corrente sangüÃnea ou visite Alice no Pais das Maravilhas".
Com a interação dos meios de comunicação, a linguagem escrita deverá ceder mais espaço às imagens. Segundo Pierre Levy, "estamos diante de uma mudança tão radical para a humanidade quanto o aparecimento da escrita".
Desde que Theodore Nelson, durante os anos sessenta, no caminho inaugurado por Vannevar Bush em 1945, talhou o conceito de hipertexto para se referir a possibilidade de ler ou escrever de forma não linear, a informática começou a trilhar seu caminho que, com a multimÃdia, parece Ter encontrado suas maiores possibilidades. Pierre Levy afirma que "O hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões" onde palavras, páginas, imagens, gráficos, vÃdeos, filmes, músicas, sons, ruÃdos ou conjunções mutantes destes, agem sem começo e sem fim e, com certeza sem meio.
Na multimÃdia, todos os momentos são gênese e apocalipse, começo e fim. Segundo Arlindo Machado, "a multimÃdia não vem inaugurar um novo mundo de sentidos, mas ratificar suas caracterÃsticas de multiplicidade, metamorfose e permutabilidade". Com a multimÃdia, deve ocorrer, comparando com os meios de comunicação unidirecionais, maior autonomia de interpretação resguardada pela própria forma de ser da linguagem.
Os números da Internet assustam no bom sentido. No ano de 1994 comportava cerca de 40 milhões de usuários no mundo todo. No ano de 1995 pula para 400 milhões de usuários e se a proporção tivesse se mantido nessa escala, em 98 terÃamos todo o planeta conectado. Não podemos esquecer, contudo, que a Internet não é o único caminho, mas por enquanto, é o mais extenso, democrático, conseqüente e operacional. Estamos apostando que um número cada vez maior de redes, Infovias, netrópolis, LANs, Highways etc., vai surgir. Segundo McLuhan, "o computador é a mais extraordinária das vestimentas tecnológicas já criadas pelo homem, pois é uma extensão de nosso sistema nervoso".
Você foi ao cinema assistir àquele filme tão comentado, badalado e oscarizado. Está louco para revê-lo na televisão, principalmente agora que você tem TV por assinatura e adquiriu um aparelho de última geração, de 34 polegadas. Enfim, chega a hora: oito da noite. Mas, assim que o filme começa, que decepção! Não dá para ver as laterais da imagem, e aquele negrume da noite da tomada panorâmica se dilui em um precário cinza. As paisagens e os rostos dos atores estão ralos.
Este tipo de problema está com os dias contados. A HDTV (abreviatura em inglês para High Definition TV, ou TV de Alta Definição) representa a nova geração do aparelho de televisão. Com tela de cristal lÃquido e o dobro do número de linhas de definição da imagem, a nitidez chega a ser impressionante. O impacto que esta tecnologia traz é semelhante ao da vinda da TV em cores em substituição à em preto-e-branco, nos anos setenta. Provavelmente, este impacto é ainda maior, pela diversificação e dimensões do mercado atual, com mais redes, emissoras e produtoras envolvidas, além da grande quantidade de empresários e profissionais que delas participam.
O vÃdeo comum (padrão NTSC nos EUA) tem de se encaixar em um formato restrito à relação entre largura e altura de tela de 4:3. Há décadas, os filmes de 35 mm têm tido suas laterais cortadas para passar a informação do formato wide screen (tela ampla), com uma proporção entre largura e altura de 16:9, para a proporção 4:3 da televisão. Chuviscos, "fantasmas" e baixo contraste são outros inconvenientes existentes. O sinal de vÃdeo NTSC também é limitado a 525 linhas de resolução. O padrão técnico da TV atual foi elaborado a partir de tubos de imagem do final dos anos 30, que tinham no máximo 12 polegadas. Num aparelho com de dimensões tão pequenas, uma resolução de 525 linhas proporcionava uma imagem aceitavelmente nÃtida. Com o passar dos anos, as telas dos televisores cresceram, e as imperfeições deste sistema logo se tornaram patentes: os detalhes da imagem se apagaram e a cor se distorceu. Este problema se deve não só à precariedade do sistema de raios de varredura, com 30 quadros por segundo, mas a questões como a quantidade de informação necessária à formação do som e imagem. Quanto maior a quantidade de informação, maior a qualidade de recepção. Esta forma de transmissão de imagens é obsoleta.
A maior resolução da HDTV proporciona uma imagem incrivelmente nÃtida e cores mais vibrantes que qualquer sinal de vÃdeo comum. A faixa de contraste é melhor que a de uma televisão normal. Enquanto a TV comum possui 525 linhas, a HDTV tem o dobro (1050). Assim, mesmo quando o sinal é dirigido para áreas de pouca iluminação, temos como resultado imagens mais brilhantes e nÃtidas. Além disso, na HDTV, a proporção entre largura e altura de tela é de 9:16 (wide screen), a mesma da projeção em cinemascope. Com o comprimento da tela ampliado, os filmes não precisam ter suas laterais cortadas.
Conseqüentemente, a qualidade de um filme exibido na televisão é bastante próxima daquela obtida na sala de cinema, e a apresentação dos programas é muito melhor. Existem, ainda, vantagens como a inexistência de fantasmas e ruÃdos, e recursos como canais de áudio digital e vÃdeo digital de alta resolução. Ao contrário da televisão comum, com a HDTV o sinal é recebido sem perda de potência, não importando a região onde esteja o telespectador.
Boa parte do estudo técnico atual está centrada em como comprimir os sinais da HDTV para espaços pequenos, devido ao enorme número de informação necessário para criar imagens mais nÃtidas nos aparelhos. As imagens de hoje são transmitidas em um sistema similar ao das ondas de rádio. Com a fusão da tecnologia HDTV com a da televisão digital, o sinal é transmitido em código binário — aquele utilizado nos computadores para armazenar informação.
Como se dá a Transmissão da Programação HDTV — Depois que uma estação transmissora tiver atualizado suas instalações para a HDTV, há várias maneiras pelas quais a programação pode ser recebida. A estação pode enviar o sinal HDTV pelo ar para uma região especÃfica. Uma outra alternativa seria a estação transmissora enviar o sinal para uma empresa operadora de cabos, de modo que o sinal poderia ser repassado como um sinal de TV a cabo. Uma terceira versão do sinal também poderia ser enviada, convertendo-se o sinal HDTV para um sinal normal NTSC, o que permitiria também ao telespectador que possui um aparelho de televisão comum apreciar a programação HDTV.
Uma modificação técnica importante para as produtoras de TV é o uso de novas lentes. Peritos em ótica vêm desenvolvendo uma nova linha de lentes para HDTV, que capturam as imagens nos mÃnimos detalhes. A taxa de zoom é expandida de 40 para 65X, aumentando as distâncias focais e alcançando os ângulos mais amplos possÃveis no mundo atualmente, tanto para a utilização em estúdio quanto para aplicações externas.
O Som - Em seus primórdios, a televisão oferecia o som com qualidade de FM, mas com metade da largura de banda utilizada no rádio. A informação para constituir a cor limitava o som, que ficava com poucos recursos. Nas redes de TV, era dada tão pouca importância ao som que ele era transmitido com a mesma qualidade de ligações telefônicas a longa distância daquela época. Nos últimos anos, a performance quase impecável dos CDs deixou o consumidor habituado ao realismo do áudio de qualidade superior. Os fabricantes de equipamentos para emissoras de TV, ávidos para manter o público, melhoraram a qualidade dos aparelhos. Entretanto, a performance do som digital ainda ultrapassa em muito a daquele oferecido pela TV. Os padrões de som da HDTV, então, são totalmente digitais, comparáveis aos do melhor dos CDs de áudio. Os quatro canais de som presentes na maioria dos padrões da HDTV tornam possÃvel não apenas ter trilhas sonoras individuais de som ambiental envolvente com reprodução de melhor qualidade, mas também a transmissão de um show com versões em lÃnguas diferentes, que podem ser reproduzidas em um dos canais.
A Escolha - Nos Estados Unidos, a movimentação em torno de sistemas HDTV começou em 1987, quando o governo e os broadcasters reconheceram a importância tecnológica e estratégica deste novo serviço. Muitos projetistas consideram o mercado doméstico a grande riqueza da multimÃdia. Em 1991, o governo estabeleceu os princÃpios gerais a serem observados quanto ao emprego de tecnologia digital no desenvolvimento deste novo serviço.
Muitas empresas se apresentaram e concorreram com propostas de standards, atendendo à s requisições governamentais. Finalmente, chegou-se a um consenso, e as concorrentes resolveram se unir e formar a Grand Alliance. Essa aliança propôs um sistema comum a todas, aproveitando as melhores caracterÃsticas individuais de cada proposta. Este sistema foi finalmente recomendado pelo comitê consultor ACATS - Advisory Committee on Advanced Television Service, no final de 1995.
O surgimento de inovações tecnológicas geralmente vem acompanhado de polêmica. Não é diferente com a HDTV, que ainda causa controvérsias nos Estados Unidos. Já existem condições técnicas para se fabricar o aparelho, mas a maioria das emissoras de TV ainda não tem interesse em transmitir esse tipo de sinal. A popularização do uso da HDTV implicaria em mudança nos mecanismos de produção dos programas. Todos os equipamentos atuais de captação, pós-produção e exibição teriam que ser substituÃdos. Apesar de não estarem atrelados diretamente ao processo de modulação no ar, eles precisam evoluir para que se explore ao máximo a capacidade de transmissão oferecida pelas técnicas digitais em jogo. à provável, inclusive, que, no inÃcio, as emissoras transmitam um sinal hÃbrido, como foi descrito anteriormente; esse sinal atingiria tanto os possuidores da HDTV, quanto os que têm a televisão comum, até que todos os antigos aparelhos fossem substituÃdos. Alguns especialistas acreditam que esse processo pode durar décadas.
Segundo o ex-senador americano Albert Gore, "A HDTV se transformou numa linha de divisão polÃtica, onde as concepções opostas do governo se cruzam". Há aqueles que acreditam que o governo deve estabelecer planos e levantar fundos públicos para apoiar a HDTV. Do outro lado, estão os que defendem que tais planos seriam inevitavelmente imperfeitos, e que o suporte governamental seria mais efetivo se se concentrasse em criar condições necessárias para que as próprias forças competitivas do mercado viabilizassem a HDTV.
Europa - Na Europa surgiu, em 1993, o grupo de trabalho DVB - Digital Video Broadcasting que inclui, atualmente, 170 organizações de 21 paÃses. O grupo funciona em base de consenso e memorando de princÃpios, visando harmonizar interesses da indústria de produtos de consumo, broadcasters e usuários.
Efetivamente, o que se quer alcançar é a padronização de todas as etapas de processamento digital dos sinais-fonte de áudio e vÃdeo, protocolo de transporte e da técnica de modulação digital, para um sistema de TV digital comum aos segmentos satélite, cabo e TV terrestre aberta. Essa padronização pode possibilitar a manutenção da qualidade e redução de custos para todas as áreas envolvidas. A Europa já se decidiu a favor da técnica COFDM para as transmissões terrestres de TV Digital. As primeiras transmissões ocorreram no final de 1995. Este sistema é muito mais sofisticado que a técnica de modulação digital 8-VSB, adotada pelos EUA, e apresenta maior facilidade de se adequar aos problemas brasileiros de canalização.
O Brasil - O paÃs, no momento, ainda opera em PAL-M, e aguarda por um novo padrão de transmissão que seja eficiente e viável para a indústria, broadcasters e usuários.
Controvérsias X MultimÃdia em Casa - Alguns estudiosos da tecnologia digital, como Nicholas Negroponte, já chegaram a afirmar que a HDTV seria "sem sentido". à mais sensato observar, contudo, que a HDTV não é simplesmente uma "versão melhorada" da TV de hoje. Há a possibilidade de trafegar canais de dados e de colocar múltiplos canais em resolução standart numa mesma faixa de 6 MHz. Com os sistemas de rede, cabo e satélite, as indústrias de computação e telecomunicações dos anos noventa podem se utilizar da HDTV como um meio de oferecer serviços como compras em casa, vÃdeo-sob-demanda (a empresa de comunicação a cabo reproduz a qualquer hora o filme desejado), publicidade eletrônica, utilização de software de aprendizagem, teleconferência e transmissão de documentos. As "comunidades virtuais" podem se relacionar de maneira tecnicamente mais eficaz. A HDTV se transforma, então, em uma metamáquina interativa, controlada pelo usuário. Os idealizadores do desenvolvimento da multimÃdia vêem a HDTV como uma plataforma digital capaz de integrar a lógica do computador e as telecomunicações de banda larga com alta fidelidade de reprodução. Em suma, o receptor teria um terminal de múltiplas funções, com uma enorme variedade de informações e serviços; a grosso modo, pode-se falar em "fusão com a Internet".
Um aspecto interessante é que esta tecnologia permite diferentes padrões de resolução de imagem dentro de um mesmo aparelho. Assim, podemos, por exemplo, otimizar o aparelho para assistir a filmes, esportes e outros programas que exigem uma imagem de grande qualidade. Por outro lado, um talk-show ou programa de auditório pode ser transmitido com um número menor de bits, sem que isso interfira na apreensão estética do programa. Além de diferentes resoluções de imagem dentro de um mesmo aparelho, é possÃvel, obviamente, a fabricação de aparelhos de variadas dimensões. A Grand Alliance americana parece estar construindo um mercado da HDTV, em que os aparelhos variariam em tamanho, performance e preço. Brian Smith, diretor-sênior da Philips na área de vÃdeo digital, acredita que teremos vários tipos de tela para diferentes propósitos: "o televisor de 56 polegadas 16:9 do futuro será ótimo para os filmes exibidos em cinemascope e eventos esportivos em wide screen, mas não é adequado para digitação de textos ou o home banking, por exemplo. Por outro lado, um televisor de 13 polegadas funciona bem para o videogame das crianças", afirma.
Sem dúvida, a versão mais sofisticada da HDTV, com a maior dimensão tela e a maior qualidade de resolução, se adéqua bem ao home theater. "Se um televisor pode ter a resolução fotográfica de um filme, ele não pode ser ‘sem sentido’", acredita Mark Fleischmann, da revista Audio Video Interiors. "Uma imagem mais bonita por si só não seria suficiente para responder a todas as indagações econômicas relativas à convergência digital da televisão, computação e telefonia. Mas se levarmos em conta a proliferação dos home theater e as vantagens dos serviços multimÃdia, uma melhoria na qualidade de imagem é necessária." Burnill Clark, da emissora KCTS, de Seattle, acredita que "a HDTV traz um diferenciativo, melhorando a reputação de um canal de TV. Como o número de canais tem proliferado, é uma boa estratégia de mercado oferecer programação com qualidade HDTV. Rupert Stow, da CBS norte-americana, acredita que "se considerarmos o setor vital dos esportes, não há o que contestar. Haverá um número menor de câmeras e de ângulos, mas também uma visibilidade melhor, com todos os detalhes. Você poderá ver o suor no rosto do jogador." E completa: "quando o consumidor vir a HDTV na casa do amigo, vai perguntar, ‘onde você comprou?’, e vai querer uma também. A HDTV veio para ficar." O investimento na HDTV é, então, um passo fundamental para a nova geração de produtos de Comunicação de Massa.
2006-09-18 11:15:48
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answer #4
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