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história da língua portuguesa

2006-09-18 00:17:16 · 9 respostas · perguntado por Anonymous em Educação e Referência Conhecimentos Gerais

9 respostas

As Origens da Língua Portuguesa
História

O período pré-românico

Os linguistas têm hoje boas razões para sustentar que um grande número de línguas da Europa e da Ásia provêem de uma mesma língua de origem, designada pelo termo indo-europeu. Com exceção do basco, todas as línguas oficiais dos países da europa ocidental pertencem a quatro ramos da família indo-européia: o helênico (grego), o românico (português, italiano, francês, castelhano, etc.), o germânico (inglês, alemão) e o céltico (irlandês, gaélico). Um quinto ramo, o eslavo, engloba diversas línguas atuais da Europa Oriental. Por volta do II milênio a.C., o grande movimento migratório de leste para oeste dos povos que falavam línguas da família indo-européia terminou. Eles atingiram seu habitat quase definitivo, passando a ter contato permanente com povos de origens diversas, que falavam línguas não indo-européias. Um grupo importante, os celtas, instalou-se na Europa Central, na região correspondente às atuais Boêmia (República Tcheca) e Baviera (Alemanha).



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Algumas línguas da Europa no II milênio a.C. Povos de línguas indo-européias: germanos, eslavos, celtas, úmbrios, latinos, oscos, dórios.
Povos de origens diversas: íberos, aquitanos, lígures, etruscos, sículos.

Os celtas estavam situados de início no centro da Europa, mas entre o II e o I milênios a.C. foram ocupando várias outras regiões, até ocupar, no século III a.C., mais da metade do continente europeu. Os celtas são conhecidos, segundo as zonas que ocuparam, por diferentes denominações: celtíberos na Península Ibérica, gauleses na França, bretões na Grã-Bretanha, gálatas no centro da Turquia, etc. O período de expansão celta veio entretanto a sofrer uma reviravolta e, devido à pressão exterior, principalmente romana, o espaço ocupado por este povo encolheu. As línguas célticas, empurradas ao longo dos séculos até as extremidades ocidentais da Europa, subsistem ainda em regiões da Irlanda (o irlandês é inclusive uma das línguas oficiais do país), da Grã-Bretanha e da Bretanha francesa. Surpreendentemente, nenhuma língua céltica subsistiu na Península Ibérica, onde a implantação dos celtas ocorreu em tempos muito remotos (I milênio a.C.) e cuja língua se manteve na Galiza (região ao norte de Portugal, atualmente parte da Espanha) até o século VII d.C.



O período românico

Embora a Península Ibérica fosse habitada desde muito antes da ocupação romana, pouquíssimos traços das línguas faladas por estes povos persistem no português moderno. A língua portuguesa, que tem como origem a modalidade falada do latim, desenvolveu-se na costa oeste da Península Ibérica (atuais Portugal e região da Galiza, ou Galícia) incluída na província romana da Lusitânia. A partir de 218 a.C., com a invasão romana da península, e até o século IX, a língua falada na região é o romance, uma variante do latim que constitui um estágio intermediário entre o latim vulgar e as línguas latinas modernas (português, castelhano, francês, etc.). Durante o período de 409 d.C. a 711, povos de origem germânica instalam-se na Península Ibérica. O efeito dessas migrações na língua falada pela população não é uniforme, iniciando um processo de diferenciação regional.

O rompimento definitivo da uniformidade linguística da península irá ocorrer mais tarde, levando à formação de línguas bem diferenciadas. Algumas influências dessa época persistem no vocabulário do português moderno em termos como roubar, guerrear e branco A partir de 711, com a invasão moura da Península Ibérica, o árabe é adotado como língua oficial nas regiões conquistadas, mas a população continua a falar o romance. Algumas contribuições dessa época ao vocabulário português atual são arroz, alface, alicate e refém. No período que vai do século IX (surgimento dos primeiros documentos latino-portugueses) ao XI, considerado uma época de transição, alguns termos portugueses aparecem nos textos em latim, mas o português (ou mais precisamente o seu antecessor, o galego-português) é essencialmente apenas falado na Lusitânia.



O galego-português

No século XI, com o início da reconquista cristã da Península Ibérica, o galego-português consolida-se como língua falada e escrita da Lusitânia. Os árabes são expulsos para o sul da península, onde surgem os dialetos moçárabes, a partir do contato do árabe com o latim. Em galego-português são escritos os primeiros documentos oficiais e textos literários não latinos da região, como os cancioneiros (coletâneas de poemas medievais): Cancioneiro da Ajuda - Copiado (na época ainda não havia imprensa) em Portugal em fins do século XIII ou princípios do século XIV. Encontra-se na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa. Das suas 310 cantigas, quase todas são de amor. Cancioneiro da Vaticana - Trata-se do códice 4.803 da biblioteca Vaticana, copiado na Itália em fins do século XV ou princípios do século XVI. Entre as suas 1.205 cantigas, há composições de todos os gêneros. Cancioneiro Colocci-Brancutti - Copiado na Itália em fins do século XV ou princípios do século XVI. Descoberto em 1878 na biblioteca do conde Paulo Brancutti do Cagli, em Ancona, foi adquirido pela Biblioteca Nacional de Lisboa, onde se encontra desde 1924.

Entre as suas 1.664 cantigas, há composições de todos os gêneros. À medida em que os cristãos avançam para o sul, os dialetos do norte interagem com os dialetos moçárabes do sul, começando o processo de diferenciação do português em relação ao galego-português. A separação entre o galego e o português se iniciará com a independência de Portugal (1185) e se consolidará com a expulsão dos mouros em 1249 e com a derrota em 1385 dos castelhanos que tentaram anexar o país. No século XIV surge a prosa literária em português, com a Crónica Geral de Espanha (1344) e o Livro de Linhagens, de dom Pedro, conde de Barcelona.



O português arcaico

Entre os séculos XIV e XVI, com a construção do império português de ultramar, a língua portuguesa faz-se presente em várias regiões da Ásia, África e América, sofrendo influências locais (presentes na língua atual em termos como jangada, de origem malaia, e chá, de origem chinesa). Com o Renascimento, aumenta o número de italianismos e palavras eruditas de derivação grega, tornando o português mais complexo e maleável. O fim desse período de consolidação da língua (ou de utilização do português arcaico) é marcado pela publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em 1516.



O português moderno

No século XVI, com o aparecimento das primeiras gramáticas que definem a morfologia e a sintaxe, a língua entra na sua fase moderna: em Os Lusíadas, de Luis de Camões (1572), o português já é, tanto na estrutura da frase quanto na morfologia, muito próximo do atual. A partir daí, a língua terá mudanças menores: na fase em que Portugal foi governado pelo trono espanhol (1580-1640), o português incorpora palavras castelhanas (como bobo e granizo); e a influência francesa no século XVIII (sentida principalmente em Portugal) faz o português da metrópole afastar-se do falado nas colônias. Nos séculos XIX e XX o vocabulário português recebe novas contribuições: surgem termos de origem grecolatina para designar os avanços tecnológicos da época (como automóvel e televisão) e termos técnicos em inglês em ramos como as ciências médicas e a informática (por exemplo, check-up e software). O volume de novos termos estimula a criação de uma comissão composta por representantes dos países de língua portuguesa, em 1990, para uniformizar o vocabulário técnico e evitar o agravamento do fenômeno de introdução de termos diferentes para os mesmos objetos.



O português no mundo

O mundo lusófono (que fala português) é avaliado hoje entre 170 e 210 milhões de pessoas. O português, oitava língua mais falada do planeta (terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o castelhano), é a língua oficial em sete países: Angola (10,3 milhões de habitantes), Brasil (151 milhões), Cabo Verde (346 mil), Guiné Bissau (1 milhão), Moçambique (15,3 milhões), Portugal (9,9 milhões) e São Tomé e Príncipe (126 mil).



Português é uma das línguas oficiais da União Europeia (ex-CEE) desde 1986, quando da admissão de Portugal na instituição. Em razão dos acordos do Mercosul (Mercado Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o português é ensinado como língua estrangeira nos demais países que dele participam. Em 1996, foi criada a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que reúne os países de língua oficial portuguesa com o propósito de aumentar a cooperação e o intercâmbio cultural entre os países membros e uniformizar e difundir a língua portuguesa. Na área vasta e descontínua em que é falado, o português apresenta-se, como qualquer língua viva, internamente diferenciado em variedades que divergem de maneira mais ou menos acentuada quanto à pronúncia, a gramática e ao vocabulário. Tal diferenciação, entretanto, não compromete a unidade do idioma: apesar da acidentada história da sua expansão na Europa e, principalmente, fora dela, a língua portuguesa conseguiu manter até hoje apreciável coesão entre as suas variedades.

No estudo das formas que veio a assumir a língua portuguesa na África, na Ásia e na Oceania, é necessário distinguir dois tipos de variedades: as crioulas e as não crioulas. As variedades crioulas resultam do contato que o sistema linguístico português estabeleceu, a partir do século XV, com sistemas linguísticos indígenas. 0 grau de afastamento em relação à língua mãe é hoje de tal ordem que, mais do que como dialetos, os crioulos devem ser considerados como línguas derivadas do português.



O português na Europa

Na faixa ocidental da Península Ibérica, onde o galego-português era falado, atualmente utiliza-se o galego e o português. Esta região apresenta um conjunto de falares que, de acordo com certas características fonéticas (principalmente a pronúncia das sibilantes: utilização ou não do mesmo fonema em roSa e em paSSo, diferenciação fonética ou não entre Cinco e Seis, etc.), podem ser classificados em três grandes grupos: Dialetos galegos; Dialetos portugueses setentrionais; e Dialetos portugueses centro-meridionais. A fronteira entre os dialetos portugueses setentrionais e centro-meridionais atravessa Portugal de noroeste a sudeste. Merecem atenção especial algumas regiões do país que apresentam características fonéticas peculiares: a região setentrional que abrange parte do Minho e do Douro Litoral, uma extensa área da Beira-Baixa e do Alto-Alentejo, principalmente centro-meridional, e o ocidente do Algarve, também centro-meridional.

Os dialetos falados nos arquipélagos dos Açores e da Madeira representam um prolongamento dos dialetos portugueses continentais, podendo ser incluídos no grupo centro-meridional. Constituem casos excepcionais a ilha de São Miguel e da Madeira: independentemente uma da outra, ambas se afastam do que se pode chamar a norma centro-meridional por acrescentar-lhe um certo número de traços muito peculiares (alguns dos quais igualmente encontrados em dialetos continentais).



O galego

A maioria dos linguistas e intelectuais defende a unidade linguística do galego-português até a atualidade. Segundo esse ponto de vista, o galego e o português modernos seriam parte de um mesmo sistema linguístico, com diferentes normas escritas (situação similar à existente entre o Brasil e Portugal, ou entre os Estados Unidos e a Inglaterra, onde algumas palavras têm ortografias distintas). A posição oficial na Galiza, entretanto, é considerar o português e o galego como línguas autônomas, embora compartilhando algumas características. Outras informações sobre a Galiza e o galego moderno podem ser obtidas nos seguintes endereços: Instituto de Língua Galega da Universidade de Santiago de Compostela, organismo partidário de uma ortografia galega bastante influenciada pelo castelhano. Página sobre o Reintegracionismo, movimento que defende a adoção de uma ortografia próxima do galego-português antigo e do português moderno. Vieiros , um espaço para comunicações e informações sobre a Galiza. Ciberirmandades da Fala , que promovem o uso da língua galega na rede.



O português na América

História da língua no Brasil

No início da colonização portuguesa no Brasil (a partir da descoberta, em 1500), o tupi (mais precisamente, o tupinambá, uma língua do litoral brasileiro da família tupi-guarani) foi usado como língua geral na colônia, ao lado do português, principalmente graças aos padres jesuítas que haviam estudado e difundido a língua. Em 1757, a utilização do tupi foi proibida por uma Provisão Real. Tal medida foi possível porque, a essa altura, o tupi já estava sendo suplantado pelo português, em virtude da chegada de muitos imigrantes da metrópole. Com a expulsão dos jesuítas em 1759, o português fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos. Com o fluxo de escravos trazidos da África, a língua falada na colônia recebeu novas contribuições. A influência africana no português do Brasil, que em alguns casos chegou também à Europa, veio principalmente do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria (vocabulário ligado à religião e à cozinha afrobrasileiras), e do quimbundo angolano (palavras como caçula, moleque e samba). Um novo afastamento entre o português brasileiro e o europeu aconteceu quando a língua falada no Brasil colonial não acompanhou as mudanças ocorridas no falar português (principalmente por influência francesa) durante o século XVIII, mantendo-se fiel, basicamente, à maneira de pronunciar da época da descoberta.

Uma reaproximação ocorreu entre 1808 e 1821, quando a família real portuguesa, em razão da invasão do país pelas tropas de Napoleão Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com toda sua corte, ocasionando um reaportuguesamento intenso da língua falada nas grandes cidades. Após a independência (1822), o português falado no Brasil sofreu influências de imigrantes europeus que se instalaram no centro e sul do país.

Isso explica certas modalidades de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico que existem entre as regiões do Brasil, que variam de acordo com o fluxo migratório que cada uma recebeu. No século XX, a distância entre as variantes portuguesa e brasileira do português aumentou em razão dos avanços tecnológicos do período: não existindo um procedimento unificado para a incorporação de novos termos à língua, certas palavras passaram a ter formas diferentes nos dois países (comboio e trem, autocarro e ônibus, pedágio e portagem). Além disso, o individualismo e nacionalismo que caracterizam o movimento romântico do início do século intensificaram o projeto de criação de uma literatura nacional expressa na variedade brasileira da língua portuguesa, argumento retomado pelos modernistas que defendiam, em 1922, a necessidade de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as peculiaridades do falar brasileiro. A abertura conquistada pelos modernistas consagrou literariamente a norma brasileira.



Zonas dialetais brasileiras

A fala popular brasileira apresenta uma relativa unidade, maior ainda do que a da portuguesa, o que surpreende em se tratando de um pais tão vasto. A comparação das variedades dialetais brasileiras com as portuguesas leva à conclusão de que aquelas representam em conjunto um sincretismo destas, já que quase todos os traços regionais ou do português padrão europeu que não aparecem na língua culta brasileira são encontrados em algum dialeto do Brasil. A insuficiência de informações rigorosamente científicas e completas sobre as diferenças que separam as variedades regionais existentes no Brasil não permite classificá-las em bases semelhantes às que foram adotadas na classificacão dos dialetos do português europeu. Existe, em caráter provisório, uma proposta de classificação de conjunto que se baseia - como no caso do português europeu - em diferenças de pronúncia (basicamente no grau de abertura na pronúncia das vogais, como em pEgar, onde o "e" pode ser aberto ou fechado, e na cadência da fala). Segundo essa proposta, é possível distinguir dois grupos de dialetos brasileiros: o do Norte e o do Sul. Pode-se distinguir no Norte duas variedades: amazônica e nordestina. E, no Sul, quatro: baiana, fluminense, mineira e sulina.







O português na África

Em Angola e Moçambique, onde o português se implantou mais fortemente como língua falada, ao lado de numerosas línguas indígenas, fala-se um português bastante puro, embora com alguns traços próprios, em geral arcaísmos ou dialetalismos lusitanos semelhantes aos encontrados no Brasil. A influência das línguas negras sobre o português de Angola e Moçambique foi muito leve, podendo dizer-se que abrange somente o léxico local. Nos demais países africanos de língua oficial portuguesa, o português é utilizado na administração, no ensino, na imprensa e nas relações internacionais.

Nas situações da vida cotidiana são utilizadas também línguas nacionais ou crioulos de origem portuguesa. Em alguns países verificou-se o surgimento de mais de um crioulo, sendo eles entretanto compreensíveis entre si. Essa convivência com línguas locais vem causando um distanciamento entre o português regional desses países e a língua portuguesa falada na Europa, aproximando-se em muitos casos do português falado no Brasil. Angola Em 1983, 60% dos moradores declararam que o português era sua língua materna. A língua oficial convive com várias outras línguas nacionais, como o quicongo, o quimbundo, o umbundu, o chocue, o mbundo (ou ovimbundo) e o oxikuanyama. Cabo Verde Falam-se crioulos que mesclam o português arcaico a línguas africanas. Os crioulos dividem-se en dois grandes grupos: os das ilhas de Barlavento, ao norte, e os das ilhas de Sotavento, ao sul. Guiné Bissau Em 1983, 44% da população falava crioulos de base portuguesa, 11% falava o português e o restante, inúmeras línguas africanas. O crioulo da Guiné-Bissau possui dois dialetos, o de Bissau e o de Cacheu, no norte do país. Moçambique O português é a língua oficial falada por 25% da população, mas apenas 1,2% a considera como língua materna.

A maioria da população fala línguas do grupo banto. São Tomé e Príncipe Em São Tomé fala-se o forro e o moncó (línguas locais), além do português. O forro era a língua falada pela população mestiça e livre das cidades. No século XVI, naufragou perto da ilha um barco de escravos angolanos, muitos dos quais conseguiram nadar até a ilha e formar um grupo étnico a parte. Este grupo fala o moncó, um outro crioulo de base portuguesa mas com mais termos de origem banta. Há cerca 78% de semelhanças entre o forro (ou são-tomense) e o moncó (ou angolar). Existe também o português de São Tomé, que guarda muitos traços do português arcaico na pronúncia, no léxico e até na construção sintática. Era a língua falada pela população culta, pela classe média e pelos donos de propriedades. Atualmente, é o português falado pela população em geral, enquanto que a classe política e a alta sociedade utilizam o português europeu padrão, muitas vezes aprendido durante os estudos feitos em Portugal. A ilha do Príncipe fala o principense, um outro crioulo de base portuguesa, que se pode considerar como um dialeto do crioulo são-tomense



Outras regiões

A influência portuguesa na África deu-se também em algumas outras regiões isoladas, muitas vezes levando à aparição de crioulos de base portuguesa: Ano Bom, na Guiné Equatorial. Em Ano Bom, uma ilha a 400 km ao sul de São Tomé, fala-se o ano-bonense, bastante similar ao são-tomense. Tal fato explica-se por haver sido a ilha povoada por escravos vindos de São Tomé. Casamança, no Senegal. O crioulo de Casamança só se fala na capital, Ziguinchor, uma cidade fundada por portugueses (seu nome deriva da expressão portuguesa cheguei e chorei). Está na órbita lexical do crioulo de Cacheu, na Guiné-Bissau.



O português na Ásia e Oceania

Embora nos séculos XVI e XVII o português tenha sido largamente utilizado nos portos da Índia e sudeste da Ásia, atualmente ele só sobrevive na sua forma padrão em alguns pontos isolados: em Macau , território chinês sob administração portuguesa até 1999. O português é uma das línguas oficiais, ao lado do chinês, mas só é utilizado pela administração e falado por uma parte minoritária da população; no estado indiano de Goa , possessão portuguesa até 1961, onde vem sendo substituído pelo konkani (língua oficial) e pelo inglês. no Timor leste , território sob administração portuguesa até 1975, quando foi invadido e anexado ilegalmente pela Indonésia. A língua local é o tetum, mas uma parcela da população domina o português. Dos crioulos da Ásia e Oceania, outrora bastante numerosos, subsistem apenas os de Damão, Jaipur e Diu, na Índia; de Málaca, na Malásia; do Timor; de Macau; do Sri-Lanka; e de Java, na Indonésia (em algumas dessas cidades ou regiões há também grupos que utilizam o português).

Futuro da Língua Portuguesa no Brasil

Uma língua falada em vasta superfície geográfica não pode ter uniformidade perfeita. De região para região se apresentam divergências de vária espécie, entre as quais sobrelevam as de carácter fonético, e as que resultam do vocabulário local.

Concretamente, não há uma língua, e sim vários dialetos.


Estabelecendo a união entre os dialetos, existe em geral uma língua escrita, diferente da falada, pois, como diz muito bem Said Ali, «em todos os países, em todas as camadas sociais o homem, ao fixar suas idéias no papiro, no pergaminho, no papel, sente perfeitamente que vai deixar o ambiente habitual para alçar-se a uma esfera superior mais pura,» e nestas circunstâncias «as mesmas vulgaridades da vida não lhe parecem dignas de serem descritas senão em linguagem acima da vulgar.» ("Dificuldades da L. Port.", 289).
Para nenhuma outra língua me parece isto tão verdadeiro como para a nossa, - a que usamos no Brasil.


Trazida pelos Portugueses, implantada, muito longe da Metrópole, em meio físico e social muito diverso, posta em contato com elementos indígenas, e africanos, cedo para aqui importados da África, e mais, penetrando e espalhando-se por dilatado território, não tardou a acusar diferenças em relação ao português europeu. Conservou formas que este ia perdendo (arcaísmos), assimilou expressões das línguas com as quais convivia, alterou a significação das palavras, criou outras, e, principalmente, realizou, por influência do clima e dos elementos étnicos estranhos, modificações na estrutura material dos vocábulos.
Cedo a nossa língua falada, ainda, nos grandes centros, se diferençou notavelmente da nossa língua escrita, conservada mais ou menos fiel à de Portugal, graças ao estudo a que nos levou «a necessidade de manusear os antigos clássicos e imitar os primores e a urbanidade da língua, que comprometíamos na babel de tantas raças.» Ainda as pessoas ilustradas e com propensão para a leitura dos grandes modelos vernáculos, não conseguem despojar-se completamente dos nossos modismos quando falam, se bem que, escrevendo, a língua portuguesa lhes flua pura e fácil da pena exercitada.


Tem sido tal a ação do ensino e da leitura dos exemplares clássicos, que expressões que no falar cotidiano ouvimos e empregamos com a maior naturalidade, nos chocariam violentamente, se as topássemos nalgum escrito. A muitos até moveriam elas ao riso e à galhofa: «Ele ê vem. Quê dê o meu chapéu? Nunca vi ela tão contente como hoje. Não faz isto, por favor; não me amola mais, já te disse. Ele trouxe isto para mim ver.»
Há, pois, uma certa barreira entre as duas línguas, a falada e a literária; mas essa barreira não é tal, que impeça a reação recíproca de uma sobre a outra, numa espécie de osmose lingüística.


Assim, a nossa língua escrita, não obstante a sua fidelidade para com a língua de Portugal, se tem enriquecido com vocábulos de criação nossa, do nosso meio, ainda que de fonte estrangeira algumas vezes, como bonde, que é de origem inglesa; com expressões indígenas, como xará, caipora, perereca, e muitas outras; ou africanas, como cochilar, comum em Machado de Assis, e de que tenho à mão um exemplo de Rui Barbosa, nas "Cartas de Inglaterra", pág. 265.


Por outro lado, a influência da língua literária vai expungindo do falar de muitos certas locuções, como a citada "trouxe isto para mim ver", que nem todos dizem, ainda falando despreocupadamente. Os próprios negros se nota que falam hoje, melhor do que dantes.
A leitura atenta dos grandes mestres de vernaculidade tem permitido que na literatura nacional figurem escritores que revestem o pensamento com a mais límpida forma portuguesa, como, entre os grandes poetas, Raimundo Correia, e, dos prosadores, Machado de Assis.


Ao revés, o amor das coisas do torrão natal tem feito aparecer poetas que se comprazem em exibir os seus assuntos através do colorido encantador dos falares locais.
Não acredito que estas produções, em que enxameiam termos e maneiras puramente regionais, venham recalcar para lugar secundário as nossas obras de valor escritas em língua literária; nem que se encorporem no vocabulário geral todas as vozes e dizeres regionais. Se assim fosse, quem se entenderia, na multiplicidade e variedade do léxico, avolumado pelas copiosas contribuições de cada recanto do nosso imenso Brasil? O que se dará por certo é que continuem a penetrar na língua literária e nela tomar assento expressões locais, por via dos escritos dos autores nacionais de pujante individualidade.
Por: André Reginaldo

2006-09-18 00:22:12 · answer #1 · answered by regina o 7 · 3 0

http://portuguesbelo.blogspot.com.br/ < BOM BLOGUE SOBRE PORTUGUÊS E LITERATURA!

2015-05-15 05:12:16 · answer #2 · answered by Roberto 1 · 0 0

Boas respostas, me ajudou bastante!
Encontrei matérias muito boas também nesse site http://www.nossalinguaportuguesa.com.br .
Quem desejar visitar, vale a pena!

2015-01-19 04:27:30 · answer #3 · answered by Gabriel 4 · 0 0

Nossa lingua é uma derivação do latim vulgar.
Para mais informações visite o sitio abaixo.

2006-09-21 05:42:14 · answer #4 · answered by RSILVA 3 · 1 1

A língua portuguesa, com aproximadamente duzentos milhões de falantes nativos, é a sétima língua materna mais falada no mundo e a terceira mais falada no mundo ocidental, sendo o idioma oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. É ainda falada na antiga Índia Portuguesa (Goa, Damão, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli), além de ter também estatuto oficial na União Europeia e no Mercosul. A situação do galego a respeito do português é controversa. Sendo a língua galega muito próxima e inteligível ao português alguns lingüístas a entendem como parte da língua portuguesa, porém oficialmente é uma língua distinta (veja o artigo Língua galega).

A língua portuguesa é uma língua românica (do grupo ibero-românico), tal como o castelhano, catalão, italiano, francês, romeno e outros.

Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas e dialetos, até chegar ao estágio conhecido atualmente. Deve-se considerar, porém, que o português de hoje compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (português brasileiro e português europeu). No momento actual, o português é a única língua do mundo ocidental falada por mais de cem milhões de pessoas com duas ortografias oficiais (note-se que línguas como o inglês têm diferenças de ortografia pontuais mas não ortografias oficiais divergentes), situação a que o Acordo Ortográfico de 1990 pretendeu pôr cobro.

Segundo um levantamento feito pela Academia Brasileira de Letras, a língua portuguesa tem, atualmente, cerca de 356 mil unidades lexicais. Essas unidades estão dicionarizadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa .

O português é conhecido como A língua de Camões (por causa de Luís de Camões, autor de Os Lusíadas), A última flor do Lácio, expressão usada no soneto Língua Portuguesa de Olavo Bilac ou ainda A doce língua por Miguel de Cervantes.

No século XV e XVI, à medida que Portugal criava o primeiro império colonial e comercial europeu, a língua portuguesa se espalhou pelo mundo, estendendo-se do Brasil, nas Américas, até Macau, na China, e ao Japão. Como resultado dessa expansão, o português é agora língua oficial de oito países independentes, e é largamente falado ou estudado como segunda língua noutros. Há, ainda, cerca de vinte línguas crioulas portuguesas. É uma importante língua minoritária em Andorra, Luxemburgo, Namíbia, Suíça e África do Sul. Encontram-se, também, numerosas comunidades de emigrantes, em várias cidades em todo o mundo, onde se fala o português como Paris na França; Toronto, Hamilton, Montreal e Gatineau no Canadá; Boston, New Jersey e Miami nos EUA e Nagoya e Hamamatsu no Japão.

espero ter ajudado!

2006-09-18 00:32:04 · answer #5 · answered by Anonymous · 0 0

O primeiro documento literário escrito no idioma português surgiu a partir do século XII


O português, assim como o castelhano, o francês, o italiano, o provençal, o catalão, o rético, o sardo, o dalmático, o franco-provençal, o gascão e o romeno são o resultado de uma lenta transformação, ao longo dos séculos, de um outro idioma, o latim, que era falado no Lácio, região da Península Itálica, onde ficava a antiga cidade de Roma. Todas essas línguas nasceram do chamado latim vulgar (sermo plebeius), uma das três variedades da língua romana.

Falado por pastores, camponeses, comerciantes e soldados, o latim vulgar caracterizava-se por ser um dialeto simples, grosseiro, sem a elegância e a pureza vocabular do latim clássico (sermo urbanus).

À medida que o Império Romano estendia o seu domínio sobre outras regiões, o latim vulgar sofria a influência das línguas dos povos conquistados. Assim, aos poucos, o sermo plebeius foi se modificando, e, com a invasão dos povos bárbaros e a queda do último imperador romano, Rômulo Augústulo, o latim fragmentou-se, dando origem às chamadas línguas neolatinas ou românicas, sendo a Língua Portuguesa uma delas.

O primeiro documento literário escrito no idioma português surgiu a partir do século XII, quando havia o predomínio da língua falada. A seguir, observe um trecho do capítulo primeiro do livro de Gênesis, extraído de um manuscrito pertencente ao Mosteiro de Alcobaça, do século XIV. Note-se que muitos termos e construções sofreram profundas transformações ou nem sequer existem no português moderno:
“Eno começo criou Deus o ceeo, e a terra, convem a saber, o ceeo empireo, e os angos, e a materia de todolos corpos, e os quatro elementos, convem a saber, o fogo, e o aar, e a augua, e a terra, e este mundo, que parece, que he feito deles.

2006-09-18 00:30:29 · answer #6 · answered by Anonymous · 0 0

num sei...mas o cara q criou podia t inventado uma lingua um poko mesnos complicada...... meu todo mundo odeia as frescuras dessa lingua... ingles e alemao por exmplo saum taum simples..

2006-09-18 00:27:51 · answer #7 · answered by Maiquel... BIRD 2 · 0 0

Portucale..Latim...

2006-09-20 11:51:58 · answer #8 · answered by Anonymous · 0 1

Terei de ser sucinto, porque isto daria um livro, que aliás já escrevi:
Surgiu, pois, em Portugal (que tem hoje praticamente a mesma superfície de quando se tornou independente, em meados do século XII), a partir do latim vulgar lusitânico. Este desenvolveu-se fundamentalmente em duas modalidades, uma ao norte, que se falava nas duas margens do Minho (portanto também no território que hoje constitui a Galiza), e outra ao sul, designada por romanço moçarábico, com algumas diferenças sobretudo fonéticas devidas à influência do árabe. Da interpenetração deste com a primeira (a fala galaico-portuguesa) veio a sair a nossa língua, que é hoje falada em Portugal, Brasil e nas outras antigas colónias portuguesas, muito em breve por uns duzentos milhões de pessoas.

2006-09-18 00:27:36 · answer #9 · answered by ? 3 · 0 1

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