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Esta carta foi na noite de suícidio de Mário de Sá Carneiro.

2006-09-15 18:20:03 · 5 respostas · perguntado por DANITA 2 em Artes e Humanidades Livros e Autores

5 respostas

Apenas sei que Mário Sá Carneiro era amante de Fernando Pessoa.

2006-09-15 22:12:46 · answer #1 · answered by Manuel Gomes Barbosa 7 · 0 0

Embora ecu goste de todos, o que mais me fala ao coração é meu querido velhinho Mário Quintana. O porquê??????? Acho que minha sensibilidade se irmana à dele. Da vez primeira que me assassinaram Perdi um jeito de sorrir que ecu tinha Depois, cada vez que me mataram Foram levando qualquer coisa minha. Ehhhh, gaucho bom. Barbaridade, tchê...............

2016-12-15 08:46:21 · answer #2 · answered by ehiginator 3 · 0 0

Não sei nada, nada, nada.
Só o meu egoísmo me podia salvar
Doido! Doido! Doido!
Tenho muita pena de mim.
E no fundo tanta cambalhota.E vexames.
Que fiz do meu pobre orgulho?

Tiveram outras cartas de tantativas de suicídio, mas essa foi a última.

2006-09-19 15:27:38 · answer #3 · answered by Veterana. 7 · 0 0

Mario Sá-Carneiro (1890 - 1916) foi um escritor português, natural de Lisboa. Sua amizade muito íntima com Fernando Pessoa é hoje considerada como seu único relacionamento, digamos, romântico. Suas inúmeras cartas a Fernando Pessoa foram reunidas em dois volumes, em 1958 e 1959.

Junto com Fernando Pessoa e outros ilustres fundou um jornal chamado Orpheu, parcialmente financiado por seu pai. A repercussão em Paris do seu segundo número (Orpheu II) fez com que seu pai decidisse não mais ajudá-los.

Isso abriu uma crise no relacionamento com Fernando Pessoa levando Sá-Carneiro ao suicidio com vários frascos de estricnina em 26 de Abril de 1916 num Hotel de Nice. Este suicídio foi descrito em detalhes por José Araújo que Mário havia chamado para assistir (patético). Mario deixou uma carta para Fernando Pessoa com a indicação de publicar a obra que dele houvesse, onde, quando e como melhor lhe parecesse.

2006-09-16 02:36:13 · answer #4 · answered by Ricardo 6 · 0 0

seriam essas?

Carta a Mário de Sá-Carneiro

Escrevo-lhe hoje por uma necessidade sentimental - uma ânsia aflita de falar consigo. Como de aqui se depreende, eu nada tenho a dizer-lhe. Só isto - que estou hoje no fundo de uma depressão sem fundo. O absurdo da frase falará por mim.
Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro. Há só um presente imóvel com um muro de angústia em torno. A margem de lá do rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá; e é esta a razão íntima de todo o meu sofrimento. Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueca. Tudo isto aconteceu há muito tempo, mas a minha mágoa é mais antiga.

Em dias da alma como hoje eu sinto bem, em toda a minha consciência do meu corpo, que sou a crianca triste em quem a vida bateu. Puseram-me a um canto de onde se ouve brincar. Sinto nas mãos o brinquedo partido que me deram por uma ironia de lata. Hoje, dia catorze de Marco, às nove horas e dez da noite, a minha vida sabe a valer isto.

No jardim que entrevejo pelas janela caladas do meu sequestro, atiraram com todos os baloucos para cima dos ramos de onde pendem; estão enrolados muito alto; e assim nem a ideia de mim fugido pode, na minha imaginacão, ter baloucos para esquecer a hora.

Pouco mais ou menos isto, mas sem estilo, é o meu estado de alma neste momento. Como à veladora do "Marinheiro" ardem-me os olhos, de ter pensado em chorar. Dói-me a vida aos poucos, a goles, por interstícios. Tudo isto está impresso em tipo muito pequeno num livro com a brochura a descoser-se.

Se eu não estivesse escrevendo a você, teria que lhe jurar que esta carta é sincera, e que as coisas de nexo histérico que aí vão saíram espontâneas do que me sinto. Mas você sentirá bem que esta tragédia irrepresentável é de uma realidade de cabide ou de chávena - chia de aqui e de agora, e passando-se na minha alma como o verde nas folhas.

Foi por isto que o Príncipe não reinou. Esta frase é inteiramente absurda. Mas neste momento sinto que as frases absurdas dão uma grande vontade de chorar.

Pode ser que, se não deitar hoje esta carta no correio amanha, relendo-a, me demore a copiá-la à máquina, para inserir frases e esgares dela no "Livro do Desassossego". Mas isso nada roubará à sinceridade com que a escrevo, nem à dolorosa inevitabilidade com que a sinto.

As últimas notícias são estas. Há também o estado de guerra com a Alemanha, mas já antes disso a dor fazia sofrer. Do outro lado da Vida, isto deve ser a legenda duma caricatura casual.

Isto não é bem a loucura, mas a loucura deve dar um abandono ao com que se sofre, um gozo astucioso dos solavancos da alma, não muito diferentes destes.

De que cor será sentir?

Milhares de abracos do seu, sempre muito seu,

FERNANDO PESSOA

P.S. - Escrevi esta carta de um jacto. Relendo-a, vejo que, decididamente, a copiarei amanha, antes de lha mandar. Poucas vezes tenho tão completamente escrito o meu psiquismo, com todas as suas atitudes sentimentais e intelectuais, com toda a sua histero-neurastenia fundamental, com todas aquelas intersecções e esquinas na consciência de si-próprio que dele são tao características...

Você acha-me razão, não é verdade?

(em 14 de Marco de 1916)

Carta a João Gaspar Simões

(...) Estou comecando - lentamente, porque não é coisa que possa fazer-se com rapidez - a classificar e rever os meus papéis; isto com o fim de publicar, para fins do ano em que estamos, um ou dois livros. Serão provavelmente ambos em verso, pois não conto poder preparar qualquer outro tão depressa, entendendo-se preparar de modo a ficar como eu quero.

Primitivamente, era minha intencão comecar as minhas publicações por três livros, na ordem seguinte: (1) Portugal, que é um livro pequeno de poemas (tem 41 ao todo), de que o Mar Português (Contemporânea 4) é a segunda parte; (2) Livro do Desassosego (Bernardo Soares, mas subsidiariamente, pois que o B. S. não é um heterónimo, mas uma personalidade literária); (3) Poemas Completos de Alberto Caeiro (com o prefácio de Ricardo Reis, e, em posfácio, as Notas para a Recordacão do Álvaro de Campos). Mais tarde, no outro ano, seguiria, só ou com qualquer livro, Cancioneiro (ou outro título igualmente inexpressivo), onde reuniria (em Livros I a III ou I a V) vários dos muitos poemas soltos que tenho, e que são por natureza inclassificáveis salvo de essa maneira inexpressiva.

Sucede, porém, que o Livro do Desassossego tem muita coisa que equilibrar e rever, não podendo eu calcular, decentemente, que me leve menos de um ano a fazê-lo. E, quanto ao Caeiro, estou indeciso. (...)

(em 28 de Julho de 1932)

Carta a Adolfo Casais Monteiro

(...) Como escrevo em nome desses três?... Caeiro por pura e inesperada inspiracão, sem saber ou sequer calcular que iria escrever. Ricardo Reis, depois de uma deliberacão abstracta que subitamente se concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê. O meu semi-heterónimo Bernardo Soares que aliás em muitas coisas se parece com Álvaro de Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibicão; aquela prosa é um constante devaneio. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilacão dela. Sou eu menos o raciocínio e a afectividade. A prosa, salvo o que o raciocínio dá de "ténue" à minha, é iqual a esta, e o português perfeitamente igual; ao passo que Caeiro escrevia mal o português, Campos razoavelmente mas com lapsos como dizer "eu próprio" em vez de "eu mesmo", etc., Reis melhor do que eu, mas com um purismo que considero exagerado. (...)

(em 13 de Janeiro de 1935)


Pessoa, Fernando, Livro do Desassossego por Bernardo Soares, recolha e
transcricão dos textos: Maria Aliete Galhoz, Teresa Sobral Cunha,
prefácio e organizacão: Jacinto Prado Coelho, Ática, Lisboa 1982,
pp. XLIII-XLVII

2006-09-15 18:26:05 · answer #5 · answered by .Thá. 4 · 0 0

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