Capoeira
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Capoeira na ruaA Capoeira é uma mistura de luta, dança, arte marcial, cultura popular, música e brincadeira.
Desenvolvida por escravos africanos trazidos ao Brasil e seus descendentes, é caracterizada por movimentos ágeis e complicados, feitos com frequência junto ao chão ou de cabeça para baixo, tendo por vezes uma forte componente acrobática. Uma característica que a distingue de outras lutas é o fato de ser acompanhada por música.
A palavra capoeira tem alguns significados, um dos quais refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil. Foi sugerido que a capoeira obteve o nome a partir dos locais que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata.
Índice [esconder]
1 História
1.1 Cronologia
1.2 Capoeiristas históricos
1.3 Mestres contemporâneos
1.4 Capoeira Mulheres
2 Graduação
3 Música
3.1 Toques de Capoeira
4 Referência Sonora
4.1 A dança na Capoeira | Cultura | Folclore
5 Roda de Capoeira
6 Estilos de Capoeira
6.1 Angola
6.2 Regional
6.3 Golpes e Movimentos de Capoeira
7 Curiosidades
8 Referências e Documentos Históricos
9 Ligações externas
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História
Jogar Capoeira ou Danse de la guerre de Johann Moritz Rugendas, 1835Durante o século XVI, Portugal enviou escravos para a América do Sul, provenientes da África Ocidental. O Brasil foi o maior receptor da migração de escravos, com 42% de todos os escravos enviados através do Atlântico. Os seguintes povos foram os que mais frequentemente eram vendidos no Brasil: grupo sudanês, composto principalmente pelos povos Iorubá e Daomé, o grupo guineo-sudanês dos povos Malesi e Hausa, e o grupo banto (incluindo os kongos, os Kimbundos e os Kasanjes) de Angola, Congo e Moçambique.
Os negros trouxeram consigo para o Novo Mundo as suas tradições culturais e religião. A homogeneização dos povos africanos sob a opressão da escravatura foi o catalisador da capoeira. A capoeira foi desenvolvida pelos escravos do Brasil como forma de resistir aos seus opressores, praticar em segredo a sua arte, transmitir a sua cultura e melhorar a sua moral. Há registros da prática da capoeira nos séculos XVIII e XIX nas cidades do Rio de Janeiro, Recife e Salvador, porém durante anos a capoeira foi considerada subversiva, sua prática era proibida e duramente reprimida. Devido a essa repressão, a capoeria praticamente se extinguiu no Rio de Janeiro, onde os grupos de capoeristas eram conhecidos como maltas, e em Recife, onde segundo alguns a capoeira deu origem à dança do frevo, conhecida como o passo. Em 1932, Mestre Bimba fundou a primeira academia de capoeira do Brasil em Salvador. Mestre Bimba acrescentou movimentos de artes marciais e desenvolveu um treinamento sistemático para a capoeira, estilo que passou a ser conhecido como Regional. Em contraponto, Mestre Pastinha pregava a tradição da capoeira com um jogo matreiro, de disfarce e ludibriação, estilo que passou a ser conhecido como Angola. Da rivalidade desses dois grandes mestres, a capoeira deixou de ser marginalizada, e se espalhou da Bahia para todos os estados brasileiros.
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Cronologia
1548 – Inicia a imigração forçada de escravos africanos para o Brasil.
1712 – Primeiro registro escrito do termo capoeira, no Vocabulário Português e Latino, do Padre D. Rafael Bluteau, seu significado contudo não se refere à luta.
25 de Abril de 1789 - Primeira menção da capoeira em registros policias na prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser "capoeira",. [Nireu Cavalcanti, "O Capoeira", Jornal do Brasil, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]
1809 – D. João VI criou a Guarda Real de Polícia, para seu chefe foi nomeado o major Nunes Vidigal. Persegidor notório de capoeristas, o major Vidigal era por si só um exímio capoerista.
1813 – Antonio de Moraes Silva acrescenta o termo capoeira no Diccionario da Lingua Portugueza composto originalmente pelo Padre D. Rafael Bluteau.
1821 – Carta da Comissão Militar do Rio de Janeiro enviada para Carlos Frederico de Paula, Ministro da Guerra, requisitando o retorno dos castigos aos capoeiristas.
1826 - O artista francês Jean Baptiste Debret retrata um tocador de berimbau em "Joueur d'Uruncungo".
1828 – O capoeiras sempre tidos como marginais e desordeiros ajudando a conter a Revolta dos Mercenários.
1835 – Pela primeira vez é retratado o jogo de capoeira pelo alemão Johann Moritz Rugendas no livro Voyage Pittoresque dans le Brésil com as gravuras "JOGAR CAPOEIRA ou Danse de la guerre" e "SAN SALVADOR".
13 de Maio de 1888 - A Princesa Isabel decreta a Lei Áurea abolindo a escravatura no Brasil.
1890 - Apesar dos capoeristas terem um papel heróico na Revolta dos Mercenários e na Guerra do Paraguai, o Governo Republicano instaurado em 1889 continuou a política de repressão à Capoeira do período Imperal, e em 1890 editou um decreto criminalizando a prática da Capoeira.
1932 - Mestre Bimba funda a primeira academia oficial de capoeira.
1941 - Mestre Pastinha funda a primeira academia oficial de Angola.
1949 - Mestre Bimba leva alguns alunos à São Paulo para competir com outras lutas. Na década de 1950, Mestre Bimba viajou vários estados apresentando a capoeira. Começa a expansão da capoeira baiana pelo território brasileiro.
1953 - Em Salvador, Mestre Bimba e seu alunos se apresentam no Palacio do Governo para o governador da Bahia Juracy Magalhães e o presidente da República Getúlio Vargas. Getúlio teria dito então: "a única colaboração autenticamente brasileira à educação física, devendo ser considerada a nossa luta nacional".
1966 - Mestre Pastinha leva uma comitiva de capoeiristas ao Premier Festival International des Arts Nègres, em Dakar. A capoeira começa a expandir para o mundo.
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Capoeiristas históricos
Artur Emidio de Oliveira
Besouro Mangangá
Fransesco Mattherazi de Alconderaste
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Mestres contemporâneos
Mestre Zé Maria - RJ (Conselho Superior de Mestres da Federação Internacional de Capoeira)
Mestre Adilson (Camisa Preta)
Mestre Arerê - RJ
Mestre Alabama( Nação Capoeira)-BA
Mestre Bahiano - RJ
Mestre Barba Branca
Mestre Barrão
Mestre Bené
Mestre Burguês
Mestre Camisa
Mestre Capa - RJ
Mestre Canela - RJ
Mestre Preguiça - RJ
Mestre Celso Carvalho Nascimento - RJ
Mestre Chumbinho - SP
Mestre Coringa
Mestre Dinho
Mestre Djop (grupo cativeiro belgica)
Esquilo do Rio
Mestre Ephraim - RJ
Mestre Farol
Mestre Jogo de Dentro - SP
Mestre Hulk
Mestre Mão Branca - MG
Mestre Nacional - RJ
Mestre Oscar - DF
Mestre Paulão
Mestre Paulo dos Anjos
Mestre Patinho (Antônio José da Conceição Ramos - São Luís-MA)
Mestre Paulinho Sabiá
Mestre Peixinho
Mestre Poncianinho - UK
Mestre Ricardo (Cachorro)
Mestre Suassuna
Mestre Toni Vargas
Mestre Touro - RJ
Mestre Tucano - PI
Mestre Adilson-DF
Mestre Suíno
Mestre Zulu
Mestre Maxwel - Wales-UK
Mestre Luiz Renato
Monitor Tiziu
Mestre Grande - Macaé RJ
Mestre Alemão - PR
Mestre Márcio - SP
Mestre Raio Negro - SP
Mestre Limão - BA
Mestre Marquinhos - DF
Mestre Kanelão de Curitiba - PR, com mais de 20 anos de capoeira (Grupo Ação Capoeira)
Mestre Limão - Santo Amaro da Purificação - BA, criou o Grupo Quilombo dos Palmares. Formou-se com o Mestre Caiçara.
Mestre Márcio - São Paulo, fundou a Associação de Capoeira Praia do Sol em 1977. Formou-se com o Mestre Limão.
Mestre Raio Negro - São Paulo, criou o Grupo Magia da Capoeira em 1997. Foi aluno do Mestre Reginaldo (Grupo Avante), mas formou-se com Mestre Márcio da Praia do Sol.
Mestre Val Boa Morte, Capoeira Filhos da Bahia - Melbourne - Austrália.
Contra-Mestre Nei Boa Morte "Águia Negra", Capoeira Filhos da Bahia - Sydney - Austrália (ambos formados por Mestre Alfredo de Jequié - Bahia, linhagem advinda de Mestre Paulo dos Anjos (Alegria da Capoeira na terra do Canguru)
Meste Valdenor - Santo André - SP, Diretor do Departamento de Assessoria e Consultoria em Capoeira/Desporto da Federação Brasileira de Capoeira.
Mestre Koy-São-paulo/Associação de capoeira lberdade dos negros
Mestre Mano - RJ, Escola de Capoeira Angola Flor da Gente
Mestre Itapua - BA
Mestre Neneu - BA (filho de Mestre Bimba)
Mestre Salario Minimo - BA
Mestre Orelha - BA
Mestre Lua de Bobo - BA
Contra Mestre-Trilha - PE, Contra-Mestre do grupo Arte Pernambuco
Mestre Bamba - BA
Contra-Mestre China - SP (Associação Paulista Desportiva e Cultural de Capoeira)
Chicão Campanini(beija-flor) - Conhecido por poucos mas já na vanguarda da prática.Conseguiu destaque quando incorporou alguns movimentos de outras artes que domina à capoeira.Infelizmente sua natureza reclusa e misantrôpa impedem maiores detalhes.
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Capoeira Mulheres
Capoeira Mulheres [1]
A escravidão migrou do campo para as cidades e os escravos e escravas de ganho tornam-se essenciais nas cidades das Províncias de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Minas Gerais; estes escravos deviam gerar renda para o seu próprio sustento e o dos que ainda não eram libertos, além disto deveriam levar parte do ganho aos seus senhores. Estes eram denominados pelos brancos como “boçais” quando não dominavam a língua portuguesa e “ladinos” aos que aqui nasciam ou chegavam após a proibição do tráfico em 1850. O comércio por eles promovido era o mais diversificado possível, de alimentos a utensílios domésticos.
Entre os negros e negras de ganho havia uma certa hierarquia a ser respeitada de acordo com o ganho e a etnia Malé, Ijexá, Cabinda, Nagô, Bantu… As mulheres escravas e forras que se dedicavam ao comércio muitas vezes eram consideradas inadequadas e imorais por se defenderem publicamente de agressões a elas causadas por fiscais da Coroa Portuguesa. Elas procuravam defender seus filhos e mercadorias do abuso português.
Entre as mulheres que se destacaram por suas lutas, contam-se:
Aqualtune, filha do rei do Congo, viveu no século XVII. Comandou um exército de dez mil homens quando os Jagas invadiram o seu reino. Derrotada, foi levada como escrava para um navio negreiro e desembarcada em Recife. Obrigada a manter relações sexuais com um escravo, para fins de reprodução, já grávida foi vendida para um engenho de Porto Calvo, onde pela primeira vez teve notícia de Palmares. Nos últimos meses de gestação organizou a sua fuga e a de alguns escravos para aquele quilombo. Começou, então, ao lado de Ganga Zumba, seu filho, a organização de um Estado negro, que abrangia povoados distintos, confederados sob a direção suprema de um chefe. Dois de seus filhos, Ganga Zumba e Gana Zona tornaram-se chefes dos mocambos mais importantes do quilombo. Aqualtune também teve filhas, a mais velha das quais, chamada Sabina, deu-lhe um neto, nascido quando Palmares se preparava para mais um ataque holandês. Por isso, os negros cantaram e rezaram muito aos deuses, pedindo que o Sobrinho de Ganga Zumba, e, portanto, seu herdeiro, crescesse forte. Para sensibilizar o deus da guerra, deram-lhe o nome de Zumbi. A criança cresceu livre e passou sua infância ao lado de seu irmão mais novo chamado Andalaquituche, em pescarias, caçadas, brincadeiras, ao longo dos caminhos camuflados, que ligavam os mocambos entre si. Garoto ainda, Zumbi conhecia Palmares inteiro. Passam-se os anos e Palmares tornou-se cada vez mais uma potência. Mais de 50.000 habitantes livres, distribuídos em vários mocambos. Zumbi cresceu e casou-se com Dandara.
Dandara, de origem africana, foi uma guerreira do quilombo dos Palmares. Casou-se com Zumbi, com quem gerou três filhos. Auxiliou Zumbi com táticas e estratégias de guerra.
Teresa de Benguela viveu no século XVIII. Foi casada com José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho ou Quariterê, no rio Guaporé, em Mato Grosso. Quando seu marido faleceu, assumiu a chefia do quilombo. Revelou-se uma líder ainda mais implacável e obstinada que o falecido. Valente e guerreira, comandou uma comunidade de três mil pessoas, crescendo de tal forma que chegou a agregar índios bolivianos e brasileiros, fato que incomodou a Coroa, uma vez que influenciava a luta dos bolivianos e americanos (ingleses e espanhóis) para a passagem de mercadorias e internacionalização da Amazônia. A Coroa agiu rápido e enviou uma bandeira para acabar com os quilombolas. Presa, Teresa suicidou-se. Em 1994 a sua história transformou-se no samba-enredo da Unidos do Viradouro por obra de Joãzinho Trinta: Teresa de Benguela – Uma Raínha Negra no Pantanal.
Eva Maria ou Eva do Bonsucesso: Em 1811, a negra alforriada armou seu tabuleiro de couves e bananas na calçada, no Bonsucesso, no Rio de Janeiro. De repente, uma cabra tangida por um escravo pegou um maço de couve e uma penca de bananas. Eva correu atrás da cabra com uma vara, tentando recuperar suas mercadorias. Chegou o senhor branco, José Inácio de Sousa, dono do escravo e da cabra que ficou indignado com a cena e esbofeteou Eva, que não teve dúvidas em revidar a agressão. O caso foi parar na justiça e abriu um precedente, uma vez que quem foi condenado a alguns meses de cadeia foi o branco, pois os que assistiram a cena depuseram a favor de Eva do Bonsucesso.
Luísa Mahin: Escrava liberta em 1812, pertencia à nação nagô-jejê, da Tribo de Mahi, de religião Muçulmana, africanos conhecidos como Malês. Todas as revoltas e levantes escravos que abalaram a Bahia nas primeiras décadas do século XIX foram articulados por ela, em sua casa, que tornou-se quartel- general destes levantes. Luísa era quituteira e passava mensagens escritas em árabe para outros rebeldes, através de meninos que fingiam comprar produtos em seu tabuleiro de vendas e levavam os bilhetes aos outros articuladores. Foi uma das articuladoras da Revolta dos Malês em 1835. Ficou conhecida pela valentia e insubmissão. Foi articuladora também da Sabinada em 1837-1838. Descoberta foi perseguida e conseguiu fugir para o Rio de Janeiro onde foi encontrada, presa e degredada para Angola. No entanto, nenhum documento foi encontrado em Angola comprovando o seu degredo. Acredita-se que ela tenha fugido e instalado-se no Maranhão, onde depois o tambor de crioula foi desenvolvido, acredita-se que com a sua ajuda. Deixou um filho aqui no Brasil, fruto da união com um português, o abolicionista Luiz Gama.
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Graduação
O sistema de graduação varia de grupo para grupo. Nos grupos de capoeira regional ou de capoeira angola e regional, a graduação é normalmente representada pelas cores de cordas ou cordéis amarrados na cintura do jogador.
No estilo angola não há graduações por cordas ou cordeis, pois a capoeira regional mantém a tradição que ainda se fazia quando a capoeira não era permitida, usando roupas normais (ternos, calças sociais, camisas e etc), para que ninguém os identificassem como sendo "capoeiristas" pois assim eles não correriam o risco de serem presos. No estilo "angola" há graduações como: aluno, professor e mestre.
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Música
Bateria de capoeiraA música é um componente fundamental da capoeira. Ela determina o ritmo e o estilo do jogo que é jogado durante a roda de capoeira. A música é composta de instrumentos e de canções, podendo o ritmo variar de acordo com o Toque de Capoeira de bem lento (Angola) a bastante acelerado (Sao Bento Grande). Muitas canções são na forma de pequenas estrofes intercaladas por um refrão, enquanto outras vêm na forma de longas narrativas (ladainhas). As canções de capoeira têm assuntos dos mais variados. Algumas canções são sobre histórias de capoeiristas famosos, outras podem falar do cotidiano de uma lavadeira. Algumas canções são sobre o que está acontecendo na roda de capoeira, outras sobre a vida ou um amor perdido, e outras ainda são alegres e falam de coisas tolas, cantadas apenas para se divertir. Os capoeiristas mudam o estilo das canções frequentemente de acordo com o ritmo do berimbau. Desta maneira, é na verdade a música que comanda a capoeira, e não só no ritmo mas também no conteúdo. O toque Cavalaria era usado para avisar os integrantes da roda que a polícia estava chegando; por sua vez, a letra é constatemente usada para passar mensagens para um dos capoeiristas, na maioria das vezes de maneira velada e sutil.
Os instrumentos são tocados numa linha chamada bateria. O principal instrumento é o berimbau, que é feito de um bastão de madeira envergado por um cabo de aço em forma de arco e uma cabaça usada como caixa de reverberação. O berimbau varia de afinação, podendo ser o gunga (mais grave), médio e viola (mais agudo). Os outros instrumentos são o pandeiro e o atabaque e com menos freqüência o reco-reco e o agogô.
Referência: Músicas de Capoeira (letras)
Coletânea com + de 100 músicas sobre capoeira [2]
As musicas contidas neste documento (.pdf) são em sua maioria de domínio público.
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Toques de Capoeira
BerimbausOs diferentes ritmos utilizados na capoeira, como tocados no berimbau, são conhecidos como toques; estes são alguns dos toques mais comumente utilizados:
Angola
São Bento Grande de Bimba
São Bento Grande de Angola
São Bento Grande
São Bento Pequeno
Iúna
Cavalaria
Samango
Santa Maria
Benguela
Amazonas
Idalina
Regional de Bimba
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Referência Sonora
Para ouvir as faixas acesse o link: [3]
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A dança na Capoeira | Cultura | Folclore
O batuque, maculelê, puxada de rede e samba de roda são danças (manifestações culturais) fortemente ligadas à capoeira.
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Roda de Capoeira
A Roda de Capoeira é um círculo de pessoas onde é jogada a capoeira.
Os capoeiristas se perfilam na roda de capoeira batendo palma no ritmo do berimbau e cantando a música enquanto dois capoeiristas jogam capoeira. O jogo entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do capoeirista no berimbau (normalmente um capoeirista mais experiente) ou quando algum capoeirista da roda entra entre os dois e inicia um novo jogo com um deles.
O tamanho da roda pode variar de um diâmetro de 3 metros até diâmetros superiores a 10 metros, ao mesmo tempo que pode ter meia dúzia de capoeristas até mais de uma centena deles.
O jogo normalmente se inicia ao pé dos berimbaus. A roda de capoeira pode se realizar em praticamente qualquer lugar, em ambientes fechados ou abertos, sobre o cimento, a terra, a areia, o asfalto, na rua, numa praça, num descampado ou em uma academia.
Para que a roda seja realizada precisamos de uma orquestra de instrumentos. A orquestra dos grupos de angola é normalmente configurada assim: ao centro da orquestra um berimbau berra-boi ou gunga (com a maior cabaça) que faz o som grave, do lado direito um berimbau gunga ou médio (com a cabaça média) que faz um som intermediário, do lado esquerdo um berimbau viola (com a cabaça menor) que faz o som agudo. Ao lado do gunga vão por ordem o atabaque, um pandeiro e um agogo, já ao lado do viola vão: mais um pandeiro e um reco-reco (intrumento comumente feito do bambu).
A roda de capoeira é um microcosmo que reflete o macrocosmo da vida e o mundo que nos cerca. Vários elementos permeiam nossas relações com o mundo e no Jogo de Capoeira estes elementos aparecem de maneira intensa. Respeito, malicia, maldade, responsabilidade, provocação, disputa, liberdade, brincadeira, e poder, entre outros, estão presentes em maior ou menor intensidade durante um jogo, e não há um jogo igual ao outro, mesmo com um mesmo oponente.
Em geral a capoeira não busca destruir o oponente, porém contusões devido a combates mais agressivos não são raras. Entretanto, de maneira geral o capoerista prefere mostrar sua superioridade "marcando" o golpe no oponente sem no entanto completá-lo. Se o seu oponente não pode evitar um ataque lento, não existe razão para utilizar um golpe mais rápido.
A ginga é o movimento básico da capoeira, é um movimento de pernas no ritmo do toque que lembra uma dança, porém capoeristas experientes raramente ficam gingando pois estão constantemente atacando, defendendo, e "floreando" (movimentos acrobáticos). Além da ginga são muito comuns os chutes em rotação, rasteiras, golpes com as mãos, cabeçadas (com o objetivo principal de desequilibrar), esquivas, saltos, mortais, giros apoiados nas mãos e nas cabeça, movimentos acrobáticos e de grande elasticidade e movimentos próximos ao solo.
O jogo de capoeira pode durar de poucos segundos, quando há muitos capoeiristas se revezando dentro da roda, até alguns minutos. Combates longos assim são comuns quando dois capoeiristas resolvem confrontar suas habilidades ao máximo, ou mesmo quando os dois resolvem suas diferenças na roda. Em embates longos é comum a volta ao mundo, que é quando um dos capoeiristas solicita uma pausa no jogo dando algumas voltas na roda com o openente o seguindo. Depois duas a três voltas os dois saem ao pé do berimbau para continuar o jogo.
Cada toque requer uma forma diferente de jogar capoeira, a capoeira Angola pede um jogo mais lento perto do solo e com mais "mandinga" (matreiro, sutil, dissimulado), São Bento Grande de Bimba um jogo rápido e de muito chutes em rotação, Iúna um jogo com muitos floreios (movimentos acrobáticos) e assim por diante.
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Estilos de Capoeira
Existem muitos tipos de capoeira. Os dois principais são a capoeira Angola, e a Capoeira Regional. Mesmo existindo grupos de capoeira com apenas um estilo, a maioria dos grupos tenta a misturá-lo de alguma maneira.
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Angola
A Angola é o estilo mais próximo de como os escravos jogavam a Capoeira, caracterizada por ser mais lenta, movimentos furtivos executados perto do solo. Ela enfatiza as tradições da Capoeira, sua música é lenta e quase sempre está acompanhada por uma bateria completa de instrumentos. Mestre Pastinha foi quem cunhou o termo Angola e antagoniza a Capoeira Regional de Mestre Bimba. Mestre Pastinha foi o grande defensor do estilo e inagurou em 1942 a primeira academia dedicada a Angola.
É comum a primeira vista ver o jogo de Angola como não perigoso ou não elaborado, contudo o jogo Angola se assemelha ao xadrez pela complexidade dos elementos envolvidos. Por não ter uma sistemática estruturada de apredizado como a Regional, seu domínio é muito mais complicado, envolvendo não só a parte mecânica do jogo mas também caracteristicas como sutileza, o subterfúgio, a dissimulação ou mesmo a brincadeira para superar o oponente. Um jogo de Angola pode ser tão ou mais perigoso do que um jogo de Regional.
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Regional
A Regional é mais recente, com elementos fortes de artes-marciais em seu jogo. A Regional foi criada por Mestre Bimba e tornou-se rapidamente popular, levando a Capoeira ao grande público e mudando a imagem do capoeirista tido no Brasil até então como um marginal. Seu jogo é mais rápido, acrobático e atlético. Entre os movimentos mais característicos estão os saltos, acrobacias (conhecidas na capoeira como floreio), chute em rotação, mas também há rasteiras, cabeçadas e movimentos perto do solo. Em toques rápidos como São Bento Grande de Bimba os golpes são desferidos em grande velocidade e frequência, o que pode tornar o jogo perigoso porém extremamente belo.
Ambos os estilos são marcados pelo uso de dissimulação e subterfúgio - a famosa mandinga - e são bastante activos no chão, sendo frequentes as rasteiras, pontapés, chapas e cabeçadas.
Além destes, coinsidara-se ainda:
a Capoeira desporto, bastante difundida, onde se trabalha a questão marcial da modalidade, primando pelo alto nível técnico e controle emocional, dentro de regras pré-estabelecidas que zelam pela integridade física dos participantes. A Federação Paulista de Capoeira, fundada em 14 de Julho de 1974, 1ª entidade do gênero no mundo a ser criada, hoje sob direção do Prof. Mestre Hermes S. dos Santos e a Federação Brasileira de Capoeira, sob direção do Prof. Mestre Marcial Augusto Lopes são duas das principais entidades que atuam nesta área.
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Golpes e Movimentos de Capoeira
Embora os nomes dos golpes de capoeira variem de grupo para grupo, alguns dos principais são:
Armada
Au(estrela)
Benção
Macaco
Martelo
Meia-lua de compasso
Queixada
Rabo-de-arraia
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Curiosidades
Brincadeira de negro.
Até o século XIX os "batuques" de negros eram estimulados por serem válvulas de escape e acentuarem as diferenças entre as diversas nações africanas. A partir de 1814, começam a ser perseguidos - "brincadeira de negro" torna-se fato social perigoso de acordo com textos legais.
Boçal.
No período de 1810-1830 era comum evitar uma maioria de escravos da mesma etnia numa mesma senzala. Os negros perdiam a liberdade, a língua natal, os costumes e até a identidade, misturados à africanos de outros povos. Até esse período seria bastante difícil ocorrer a mistura que daria origem à Capoeira - tendo em vista o antagonismo entre as etnias.
A partir daí, no entanto, a comunidade branca começa a incentivar as diferenças entre o "boçal"(o africano, ou aquele que recusava a integração. Não falava ainda o português) em oposição ao "ladino"(escravo integrado. Já falava português) e "crioulo" (negro ou mulato nascido no Brasil), favorecendo estes últimos com trabalhos mais brandos, perspectiva de ascenção social etc.
A comunidade negra, no entanto, muitas vezes valorizava o "boçal" em detrimento do "crioulo" ou "ladino", ainda que estes últimos fossem mais ricos - a africanidade("boçalidade", palavra que adquiriu sentido pejorativo) era garantia de manutenção de valores tradicionais. Paralelamente, as rivalidades tribais perdem quase totalmente o significado, o que facilitará a síntese lutas/danças.
Rabo-de-arraia.
Jair Moura explica que o rabo-de-arraia tradicional era um golpe em que, de frente para o adversário, planta-se uma bananeira, ficando-se então de cabeça para baixo e de costas para o oponente, e imediatamente atinge-se a cabeça do inimigo com uma violenta pancada dada com o calcanhar de um ou de ambos os pés.
Uniforme dos angoleiros.
Mestre Pastinha instituiu o uniforme dos angoleiros com as cores do seu time de coração, o Ypiranga, de Salvador. Para ele o capoeira devia jogar calçado.
Uniforme dos capoeiras da Regional.
Mestre Bimba aboliu os sapatos no treino e instituiu o uniforme branco baseado no costume da domingueira, a roupa elegante que o capoeirista vestia e que permanecia limpa mesmo depois do jogo, provando sua competência.
Descriminalização da Capoeira.
Depois de ver uma exibição de Capoeira no Rio de Janeiro, em 1937, o presidente Getúlio Vargas descriminalizou-a e decretou ser aquele o "esporte autenticamente brasileiro". Até então, os capoeiristas podiam pegar de dois meses a três anos de prisão, com pena de deportação no caso de estrangeiros.
A inserção do berimbau na Capoeira.
Antigamente não havia música de fundo na Capoeira. No máximo, quem estava por perto marcava o ritmo com um tambor. Em seu fabuloso levantamento publicado em 1834, "Viagem Pitoresca e histórica ao Brasil", Jean Baptist Debret deixou claro que os tocadores de berimbau tinham a intenção de chamar a atenção dos fregueses para o comércio dos ambulantes.
Um certo Henry Koster(inglês, que se radicou em Pernambuco, virou senhor de engenho e passou a ser chamado de Henrique Costa) escreveu em suas anotações de 1816 que de vez em quando, os escravos pediam licença para dançar em frente à senzala e se divertiam ao som de objetos rudes. Um deles era o atabaque.
O outro, "um grande arco com uma corda, tendo uma meia quenga de coco no meio ou uma pequena cabaça, amarrada". Era um instrumento de percussão trazido da África. A palavra vem do quimbundo, mbirimbau.
Segundo o folclorista Édison Carneiro, foi neste século, e na Bahia, que o instrumento se incorporou ao jogo da Capoeira, para marcar o ritmo dos praticantes. O que define um jogo rápido ou lento é o toque.
Capoeiras e políticos.
Os capoeiristas eram contratados pelos políticos para bagunçar no dia das eleições. Enquanto as pessoas desviavam a atenção para a confusão dos capoeiras um indivíduo colocava um maço de chapas na urna ou na linguagem da época "emprenhava a urna". Vencia as eleições o candidato que dispunha de maior número de capoeiras.
Frevo.
O frevo nasceu quando a polícia pernambucana desbaratou as gangues de capoeiras que chutavam e abriam caminho para as bandas militares, furando o bumbo dos outros com o guarda-chuva(conduzido pelos capoeiristas pela necessidade de ter na mão como arma para ataque e defesa, já que a prática da capoeira estava proibida) que viria se tornar a sombrinha do carnaval de Recife, elemento complementar da dança, o passista à conduz como símbolo do frevo e como auxílio em suas acrobacias.
O frevo pernambucano figura, ao lado do maxixe carioca, entre as mais originais criações dos mestiços da baixa classe média urbana brasileira, no campo da música e da dança.
Os estudiosos do frevo pernambucano, embora discordando em vários pontos quanto a pormenores de sua história, são unânimes em concordar que a origem do passo (nome atribuído às figurações improvisadas pelos dançarinos ao som da música) se prendem à presença de capoeiras nos desfiles das duas mais famosas bandas de músicas militares do Recife da segunda metade do século XIX: a banda do 4º Batalhão de Artilharia, chamado o Quarto, e a da Guarda Nacional, conhecida por Espanha por ter como mestre o músico espanhol Pedro Garrido.
O costume dos valentões abrirem caminho de desfiles gingando e aplicando rasteiras sempre fora comum em outros centros urbanos, como o Rio de Janeiro e Salvador, principalmente nas saídas de procissões. No caso especial do Recife, porém, a existência de duas bandas rivais em importância serviu para dividir os capoeiras em dois partidos. E estabelecida essa rivalidade, os grupos de capoeiras começaram a demonstrar as excelências de sua agilidade à frente das bandas do Quarto e do Espanha, aproveitando o som da musga para elaborar uma complicada coreografia de balizas, uma vez que todos usavam bengalas ou cacetes da duríssima madeira de quiri.
Ao ritmo certamente marcial dessas bandas do Espanha e do Quarto (que partiria para o sul em 1865, quando da guerra do Paraguai), os capoeiras do Recife, além de começarem a transformar seu gingado em dança, improvisavam versos de desafio ao grupo rival. Existem atualmente um número incontável de passos ou evoluções com suas respectivas variantes.
Os passos básicos elementares podem ser considerados os seguintes: dobradiça, tesoura, locomotiva, ferrolho, parafuso, pontilhado, ponta de pé e calcanhar, saci-pererê, abanando, caindo-nas-molas e pernada, este último claramente identificável na capoeira.
A palavra é: FREVO! - A palavra frevo vem de ferver, por corruptela, frever, dando origem a palavra frevo, que passou a designar: "Efervecência, agitação, confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas como pelo Carnaval", de acordo com o Vocabulário Pernambucano de Pereira da Costa.
Divulgando o que a boca anônima do povo já espalhava, o Jornal Pequeno, vespertino do Recife, que mantinha a melhor secção carnavalesca da época, na edição de 12 de fevereiro de 1908, faz a primeira referência a palavra frevo.
Festa de Arromba.
Canjiquinha foi o criador da Festa de Arromba, jogada nas festa de Largo da Bahia. Nessas comemorações vários capoeiristas se reuniam e jogavam em troca de dinheiro e bebida
"Vadiar"
significa jogar por prazer, por diversão. Na época da escravidão a vadiação era o lazer dos escravos nas horas de descanso.
"Caxinguelê"
é o nome dado a meninos que praticam capoeira.
Terno Branco
Antigamente, era de costume os capoeiristas trajarem terno de linho branco. Era considerado um bom jogador aquele que conseguisse sair da roda com o terno impecavelmente limpo.
"Crocodilagem"
é o nome dado a um jogo duro que submete ao capoeira a uma situação de inferioridade ou deslealdade.
Dos 50 golpes bem aplicados da capoeira que Mestre Bimba ensinou, 22 eram mortais.
Em 1930 o famoso Karatê não era conhecido na Bahia.
Mestre Bimba foi o Capitão da Navegação Baiana.
Mestre Bimba teve sua primeira escola de capoeira Angola, em 1918 com apenas 18 anos, obtendo apenas em 1937 o alvará da Academia de Capoeira Regional.
Segundo Mestre Noronha:
Os berimbaus em seu tempo, era uma arma maligna e mortal. A verga (o pau do berimbau), era usado como cacetete e a varinha servia para furar os olhos do adversário que tivesse má conduta. Na época em que a capoeira era proibida.
Segundo Luiz Edmundo, nos fins do século XVIII, no Rio de Janeiro, as aventuras dos capoeiras eram de tal jeito que o governo, através da portaria de 31 de outubro de 1821, estabeleceu castigos corporais e outras medidas de repressão à capoeiragem.
Na Bahia, de acordo com Manuel Querino, os capoeiristas se distinguiam dos demais negros porque usavam uma argolinha de ouro na orelha, como insígnia de força e valentia, e o nunca esquecido chapéu à banda.
Fatos Curiosos: Capoeira e a Política de Antigamente...
Decretado por Marechal Deodoro da Fonseca o Decreto Lei 487 dizia que: A partir de 11 de Outubro de 1890 todo capoeira pego em flagrante seria desterrado para a Ilha de Fernando de Noronha por um período de 02 á 06 meses de prisão. Parágrafo único: É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira, a alguma banda ou malta, aos chefes impor-se-á a pena em dobro.
Os capoeiristas costumavam usar calças boca de sino e no período em que a capoeira ficou proibida por lei (1890-1937) a polícia, para detectar os capoeiristas, colocava um limão dentro das calças do indivíduo. Se o limão saísse pela boca das calças, a pessoa era considerada capoeiristas.
Os capoeiristas eram contratados pelos políticos para bagunçar no dia das eleições. Enquanto as pessoas desviavam a atenção para a confusão dos capoeiras um indivíduo colocava um maço de chapas na urna ou na linguagem da época "emprenhava a urna". Vencia as eleições o candidato que dispunha de maior n.º de capoeiras.
Em 1824, os escravos que fossem pegos praticando capoeira recebiam trezentas chibatadas e era enviados para a Ilha das Cobras para realizar trabalhos forçados durante três meses.
Milhares de capoeiristas foram para a Guerra do Paraguai, pois havia sido prometida a liberdade no final do conflito àqueles que participassem da batalha.
3 de Agosto - DIA DO CAPOEIRISTA
Lei nº 4.649, de 07 de Agosto de 1985, Institui o "Dia do Capoeirista", a ser comemorado anualmente, no dia 3 de agosto, O GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO: Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte Lei: Artigo 1º - Fica instituído o "Dia do Capoeirista", a ser comemorado, anualmente, no dia 03 de Agosto. Artigo 2º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. Palácio dos Bandeirantes, 07 de agosto de 1985. FRANCO MONTORO Publicada na Assessoria Técnico-Legislativo, aos 7 de agosto de 1985.
2006-09-16 04:59:37
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answer #2
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answered by jamersontiossi 3
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