Já, algumas poucas e marcantes vezes, pois sou da paz, falo baixo, não gosto de baixaria, é difícil me tirarem do sério, mas se houver problema enfrento, não sou de fugir e revelo outra parte de mim, o extremo oposto do que sou, viro um 'Maçaranduba'.
O mais pesado foi há 16 anos com meu ex noivo, que era um cara super ciumento. Eu era separada e êle viúvo, estrangeiro e sobrevivente de guerra, perdeu sua família e veio para cá adolescente e sózinho. Se deu bem, casou e teve dois filhos, a mulher e a filha morreram. O filho que morava com êle casou quando o conheci. É uma pessoa muito sofrida e de valor. Mas era terrível, dominador e maquiavélico.
Pagava para me vigiarem no meu trabalho, remexia tudo que era meu sem que eu visse, afastava todos os amigos e amigas de mim de maneira grosseira e não queria que eu me relacionasse nem com minha família. Um dia êle estava jogando meu hidratante pia abaixo para culpar a empregada e eu mandá-la embora, por ser de minha confiança. Em qualquer lugar que fossemos encarava os outros homens sem que eu nem tivesse olhado para o lado. Se eu conversasse numa loja com um rapaz, era escândalo. Uma vez larguei êle no Shopping, sumi e fui de taxi para a casa de uma amiga, pois moro fora de São Paulo. É claro que êle acabou me achando, bateu o carro e ainda disse que eu 'o havia desnorteado'! Só que no prédio onde morava era outra pessoa, 'um gentleman'.
Quando começamos êle foi maravilhoso, super educado, gentil, atencioso, agradável, super inteligente (ficávamos horas conversando), um cara 31 anos mais velho do que eu, mas super conservado e se cuidava muito. O que mais gostava era o jeito que êle tratava o meu filho, fazia por êle tudo que o próprio pai não fazia (super atencioso e amigo). Meu filho gostava demais dêle. Fui o relacionamento mais estável que êle teve, depois de ficar viúvo.
Era super mulherengo e paquerava tudo quanto é mulher se vangloriando de que nunca seria pêgo em flagrante.
Terminei diversas vezes e êle voltava, pedia perdão da grosseria e dizia que não ia mais fazer aquilo. Não queria saber e êle ficava atrás de mim, era no trabalho, em casa, no super mercado, no cabeleireiro, não dava trégua.
Numa dessas afastadas cheguei de surpresa no ap. dêle, estava destrancado, acho que a faxineira tinha saído e o ouvi conversando com 4 mulheres diferentes. Anotei tudo e disse agora você não pode desmentir, pois eu ouvi e mostrei o papel. Êle teve coragem de negar. Aí saí do sério e comecei a quebrar tudo na cozinha, era copo, xícara, peguei um nescafé de vidro e atirei de longe pela janela e disse 'vou quebrar tudo aqui se você não admitir seu hipócrita!'.Ele falava; 'vou chamar a polícia, vou chamar o meu filho'. Respondi, 'você me conheceu sem êles resolve agora o que vai fazer!' Então êle admitiu 'tá bom falei e você não disse que não queria mais saber de mim?'. Concordei e disse que sim, 'então porque mentir?' Limpei tudo e fui embora.
Passou, pensei que estivesse tudo resolvido, mas não. Continuou me procurando, mas não com tanta insistência. Perguntava para todos que me conheciam de mim e fazia suas intrigas, mas as pessoas me contavam e riam, pois sou uma pessoa bem vista e fui alertada pelos amigos 'que era fria'.
Um dia resolvi acabar com toda a palhaçada de vez, saí de casa, moro no limite da Grande São Paulo e fui para o ap de dêle na capital. Chamei uma amiga para ir comigo. Chegamos lá e ela disse na portaria que êle estava vendendo um carro e que veio ver. O porteiro interfonou e êle disse que não. Nisso me aproximei e quando uma pessoa saiu do prédio entrei, aproveitando que a porta abriu. Ao chegar ouvi vozes, êle estava acompanhado. Pedi para êle abrir, disse que não. Desci e fui pela entrada de serviço. Dava pontapés na porta com toda força. no prédio dêle são dois aps. por andar. A vizinha de baixo perguntava 'o que está acontecendo aí? Eu dizia ' o que está acontecendo é que seu vizinho é um cafageste!'
Êle chamou a polícia e levaram a minha amiga (fato que fiquei sabendo depois, pois pensei que ela tivesse ido embora), que disse que eu não estava mais lá.
Foi tudo muito rápido, êle desceu e se escondeu atrás de uma árvore, do outro lado da rua, pois sabia que eu estava por lá. Saí pela garagem e surpreendi-o com um revólver nas costas e disse: 'O que é que você vai fazer agora?' O revólver era de brinquedo, meu filho comprou no Paraguay, mas eu tinha um original e êle sabia. 'Não faz nada, etc...e tal.' Afinou. Falei que o revólver era o do meu filho, mas êle não quis nem ver. Me deixou em paz e nunca mais fêz nada frontalmente, embora tenha me prejudicado, mas acabei dando a volta por cima.
Depois que o incidente passou pensei que não agi correto, pois êle poderia ter tido um enfarte. Paguei pelo que fiz, pois fui vítima de assalto a mão armada na Imigrantes, mas mesmo assim lamento dizer que não me arrependi de ter feito aquilo, naquele momento, êle precisava de uma lição e ninguém conseguia dar.
Êle perdeu o filho de repente há alguns anos atrás e era seu único parente. Sua secretária, da qual fui madrinha de casamento junto com êle, me ligou e disse que a nora dêle estava 'acabando' com êle, tirando tudo que era dêle e que eu precisava dar um apoio a êle, pois era a única pessoa que podia enfrentá-la. A nora pediu interdição dêle para se apropriar de seus bens, queria colocá-lo num asilo, entrei contra e o juiz nomeou então um curador para cuidar dos bens dêle e que fique sendo cuidado em casa, como me pediu.
Casei de novo há 14 anos e vivo muito bem com meu marido, que no começo desse pedido de apoio ( 4 anos atrás) fez alguns questionamentos, mas a secretaria dêle (do estrangeiro), que o considera muito e trabalhou toda sua vida profissional no escritório dêle, veio conversar com êle e acabou concordando, entendeu a situação (sem risco, pois teve sério problema cerebral) e também é bastante humano.
Tomei partido dêle, que não levanta da cama, depende dos cuidados de outras pessoas e dou a assistência que posso, sendo que a sua ex secretária foi contratada como governanta (desde que perdeu o filho), cuida de ter sempre alguém com êle e conta com meu apoio. Não ganho nada e nem quero, pois acho que êle tem o direito de viver na sua casa e ter pessoas que cuidem dêle, pois trabalhou para isso.
O mundo dá muitas voltas e às vezes vem uma missão 'lá de cima' e também temos que 'encarar'.
Acho que deu para entender, só que o barraco virou um camping!
2006-09-14 17:20:43
·
answer #1
·
answered by santista 6
·
0⤊
0⤋