Não, mas serviu de base (distorcida) para parte da filosofia nazista.
Friedrich Nietzsche (1844-1900) ataca o que chama de "valores
existentes" e afirma que não devemos querer preserva-los (natural, afinal este é um filósofo que pode ser considerado um destruidor de conceitos).
O que permitiu aos humanos emergir do estado animal, segundo ele, e desenvolver a civilização, foi a constante eliminação dos fracos pelos fortes, dos competentes pelos incompetentes, dos estúpidos pelos astutos.
Por causa desse processo nasceram os chamados moralistas como Sócrates (e também Jesus) e disseram que estes valores eram todos errados.
Segundo os moralistas, deveria haver leis para proteger os fracos contra os fortes, que a justiça deveria reinar e não a força. Criou-se então a idéia de que os mansos, não os arrojados, herdarão a terra e ficarão com os louros (mesmo que o premio fosse entregue numa instancia transcendente).
Sócrates, principalmente, encarnou o espírito de Apolo, e levou a sua preponderância na cultura grega, contribuindo assim para a negação do espírito dionsiaco. Sócrates é assumido como o modelo do homem teórico, avesso às paixões e a tudo aquilo que tenha a ver com o corpo. Foi ele quem apontou um sentido para vida humana: a salvação da alma, o que implicava a renuncia dos prazeres corporais, os instintos.
Ora, o processo pelo qual o ser humano havia conseguido a ruptura com os animais estava sendo invertido. Os líderes naturais (os confiantes, corajosos, inovadores, etc.) foram forçados a permanecerem no mesmo patamar da massa medíocre da humanidade. Do outro lado, as características típicas dos escravos foram exaltadas como virtudes:
uma vida de serviço aos outros, de abnegação, de auto-sacrifício, é que passou a ser valorizada.
Por conta desses moralistas um novo pensamento estapafúrdio tomou conta da humanidade. Se até Jesus enfrentou o sofrimento, um martírio horrendo, quem somos nós para julgarmos mais dignos de piedade? Há algo de dignificante em
ter de carregar a cruz...
Pessoas talentosas passaram a negar seu "eu", e tudo isso em nome da moralidade! Nietzsche via isso como a pior decadência possível, a negação de tudo que produziu cultura e civilização.
Segundo ele, uma vez que não existe deus, e nenhum outro mundo além deste, então a moral, a ética e os prêmios não podem ser transcendentais; não podem vir de outro lugar pois não existe "outro lugar", têm de ser criações humanas.
Nenhuma fonte divina legou as moralidades de escravos que tornavam (e ainda tornam) as pessoas submissas, foram na verdade impostas pelos escravos mesmo, pela plebe, pela ralé, através de uma ou outra voz que se sobressaiu, e que é demasiadamente fácil entender o interesse do funcionamento de tal sistema (vou me abster de comentar fatores psicológicos).
Uma vez que nos convencermos que nós humanos somos os criadores de nossos próprios valores, perceberemos que somos livres para escolher quaisquer valores que nos interesse ter.
A eliminação natural dos inferiores pelos superiores em cada aspecto da vida, não deve ser entendido como uma idéia de se dar poder de aniquilação a determinadas pessoas, mas que o imaginativo, o ousado, o destemido, o corajoso, o bravo possam ficar livres para realizarem.
Em certo sentido Nietzsche acaba valorizando as pessoas que se destacam, e assim também podemos qualificar exatamente um personagem a quem ele tanto se opunha, Sócrates, que inegavelmente levou a cabo seu projeto de vida com
imensa força e bravura pessoal.
Embora esta ironia possa ser concebida, considero Nietzsche muito mais racional, pois segundo ele os indivíduos talentosos poderão viver suas vidas plenas, serão recompensados, e assim experimentar a felicidade ao invés da frustração; aos outros restará a esperança...
2006-09-13 13:26:22
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answer #1
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answered by Mauro 3
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Claro que não!
Nietzsche detestava a arrogância e o anti-semitismo prussianos, chegando a romper com a irmã e com Richard Wagner, por ver neles a personificação do que combatia - o rigor germânico, o anti-semitismo, o imperativo-categórico, o espÃrito aprisionado, antÃpoda de seu espÃrito-livre. Anteviu o seu paÃs em caminhos perigosos, o que de fato se confirmou catorze anos após sua morte, com a primeira grande guerra e a gestação do Nazismo.
Apesar de que a figura de Nietzsche foi particularmente promovida na Alemanha Nazi, tendo a sua irmã, simpatizante do regime hitleriano, fomentado esta associação. Em A minha luta, Hitler descreve-se como a encarnação do sobre-homem (Ãbermensch). A propaganda nazi colocava os soldados alemães na posição desse sobre-homem e, segundo Peter Scholl-Latour, o livro "Assim Falou Zaratustra" era dado a ler aos soldados na frente de batalha, para motivar o exército. Isto também já acontecera na Primeira Guerra Mundial. Como dizia Heidegger, “na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche”.
2006-09-13 20:21:05
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answer #2
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answered by ? 4
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claro que não,ele escreveu justamente sobre isto,a destruição do progresso individual pelas"certezas"culturais e políticas.foi sua irmã e cunhado que se aproveitaram de sua genialidade e deturparam seus escritos,para ganhar grana....
2006-09-13 20:21:44
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answer #4
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answered by Atanásio 6
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