Manual de identidade visual é um manual que explica a origem da logo, seus objetivos e metodologia. Também ensina a forma correta de aplicação da logo, proporções, uso, erros, tipologia, etc.
Aqui vai um exemplo...
O design e o designer
Por trás do trabalho de planejamento visual de qualquer veículo de mídia impressa há uma questão que sempre acompanha o editor (ou diretor) de arte: a identidade do veículo. Pode-se afirmar que esse profissional terá alcançado seu objetivo no momento em que o leitor correr os olhos sobre a página e souber a que publicação ela se refere. Ou seja, no instante em que ele, a partir do design gráfico apresentado, souber identificar o veículo mesmo sem ver o logotipo.
A palavra design pode ser definida como concepção de um projeto ou o produto de um planejamento. Design é uma palavra ambígua. No século XVIII na Inglaterra, o termo significava "plano de uma obra de arte". Na origem latina, "designare" significa simultaneamente "a idéia de desenho e desígnio e implica o conceito de um objeto em vias de produção". Embora o termo seja relativamente recente, sua atividade é bastante antiga -- Gutemberg, em seus primeiros impressos, já atuava como um designer gráfico. Antes do surgimento da expressão design gráfico, o trabalho de desenho ou redesenho de peças gráficas recebeu -- e ainda recebe -- diversas nomenclaturas, como comunicação visual, programação visual e projeto gráfico.
Para Milton Ribeiro, "a identidade visual deve ser tratada não só como personalização da imagem, mas também como ferramenta de um processo mercadológico, altamente competitivo e bastante saturado de informações visuais". Apesar do interesse mercadológico e da importância do desenvolvimento do design gráfico -- não apenas em função do apelo visual, mas sim pelo seu fundamento, conceito e conteúdo -- são raros os profissionais da área que trabalham com embasamento teórico. Falta de conhecimento acerca das origens da atividade, bem como a natureza dos elementos que determinam o bom resultado desse trabalho revela que "a maioria dos designers contemporâneos adquiriu os conhecimentos profissionais mais por 'osmose' do que por uma formação escolar". De fato, a maioria dos jornais brasileiros tem no comando da editoria de arte profissionais que começaram como diagramadores e que foram ao longo do tempo se especializando na atividade. São pessoas que aprenderam a fazer programação visual gráfica simultaneamente ao desenvolvimento de suas funções.
A atividade requer, portanto, profissionais com formação híbrida, tendo o jornalismo como primeira opção. Designer gráfico, artes plásticas e arquitetura são alguns dos cursos, em nível de graduação, de pós e de especialização, que podem contribuir para que esse conhecimento deixe de ser meramente empírico e se torne enriquecido com fundamentos científicos. Enquanto não se desenvolve essa mentalidade nos diferentes níveis desse processo, o trabalho continua sendo feito por profissionais experientes que procuram, dentro de suas limitações científicas, desenvolver um bom produto e proporcionar uma identidade que permita ao leitor, como já foi dito, distinguir o veículo mesmo sem ver o logotipo.
Alcançar esse resultado, entretanto, não se constitui tarefa fácil. De posse do catálogo de tipos -- uma espécie de menu de letras extraídas de softwares compatíveis com programas de editoração eletrônica -- o responsável deve escolher as letras que deverão compor visualmente as informações. "Os tipos constituem sua principal ferramenta de comunicação.[...] As faces alternativas de tipos permitem que você dê expressão ao documento, para transmitir instantaneamente, e não-verbalmente, atmosfera e imagem". O termo tipo é o desenho, o design de uma determinada família de letras como Arial, Futura etc. As variações dessas letras (ligth, itálico e negrito, por exemplo) de uma determinada família são as fontes desenhadas ou desenvolvidas para a elaboração de um conjunto completo de caracteres que consta do alfabeto em caixa alta e caixa baixa, números, símbolos e pontuação.
A padronização através da unidade
Diante do menu de tipos, o editor de arte deve se preocupar com a padronização gráfica que requer pouca variedade de tipos, evitando assim uma miscelânea de letras que acabam por dificultar a leitura e a definição de um estilo próprio. A padronização deve ser personalizada, deve representar a imagem do veículo. Pode também ser chamada de repetição, em que "algum aspecto do design deve repetir-se no material inteiro". O princípio da repetição sugere que algum elemento gráfico (fonte, fio, olho etc.) se torne uma marca presente em todas as páginas, contribuindo assim para a organização do material e para o estabelecimento de uma unidade.
A elaboração de um projeto gráfico requer do profissional a preocupação com a unidade que deve ser mantida nas diferentes páginas da publicação. É aconselhável que o número de tipos de letras utilizados pelo veículo não seja exagerado. Na maioria das vezes, bastam três, caracterizando diferentemente o título, o texto e a legenda. Ao adotar, por exemplo, três tipos, pode-se fazer uso de suas variações como o itálico, o bold, o condensado etc. que permitem boa margem de opções, sem, contudo, descaracterizar o estilo da página. Logicamente a adoção de três tipos não é regra, e sim, sugestão.
Esse conselho não se aplica quando o projeto gráfico estiver voltado para publicações e suplementos especiais. Dependendo do público-alvo, o diagramador tem liberdade e flexibilidade para criar e tornar o visual mais agradável, sem prejuízo da imagem do veículo. É o que se observa em páginas de cadernos de cultura, artes e variedades, bem como em suplementos especiais. A quebra dessa camisa de força é decorrente de uma preocupação cada vez mais explícita por parte das empresas jornalísticas: atingir os diferentes segmentos da sociedade. A publicação, através de seus diferentes cadernos, deve despertar o interesse em todos os elementos da família, independentemente da idade e do sexo.
A escolha do tipo de letra, embora subjetiva, deve levar em conta alguns aspectos para que a mensagem seja transmitida com clareza. Uma das principais preocupações diz respeito à legibilidade, ou seja, a facilidade que leitor deve ter para reconhecer as letras individualmente. Se para a compreensão de uma determinada letra, o leitor tiver que se valer da letra seguinte, o tipo escolhido deve ser descartado.
A maioria dos jornais e revistas do país adota em título, texto, linha fina, olho e legenda letras com serifa, embora com tipos diferentes, como Times, Century, News, Bookman, Casablanca etc.. Os tipos serifados (traços nas extremidades das letras) guiam os olhos do leitor de uma letra para outra, imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura. Há projetos gráficos que adotam letras com serifa somente no texto, olho e linha fina, deixando títulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado), como Helvética, Univers, Arial, Bahamas, Futura etc.. Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes, que além da função estética, facilitam a leitura, expondo claramente os diferentes recursos gráficos. A principal função do contraste é evitar a aplicação de elementos meramente similares em uma mesma página. Letras da família script (Nuptial, New Berolina, Brush Script, por exemplo) devem ser evitadas ou adotadas com critério. São letras de difícil leitura e que surgem como opção em recursos como chapéu, vinheta e capitular, neste caso, usado com menos risco de comprometimento de leitura.
Embora esses procedimentos sejam os mais comuns, os editores de arte dos jornais e revistas têm aplicado de forma bastante freqüente o uso de corpos, tipos, fontes e cores diferentes em um mesmo título. Há também revistas que intercalam parágrafos de um mesmo texto sem manter uma unidade. Esse procedimento deve ser usado com muita cautela, uma vez que na busca de um arranjo gráfico ousado e agradável o editor pode comprometer o ritmo da leitura.
O visual arrojado e a legibilidade
Para Rafael Souza Silva, a legibilidade de um texto não depende apenas da forma das letras. Deve-se considerar "o branco, o tamanho do corpo usado, o comprimento das linhas, o entrelinhamento, o espacejamento e as margens" . O trabalho gráfico deve ser observado a partir do branco enquanto suporte e do preto enquanto elemento impresso. O preto sobre o branco proporciona um arranjo positivo, enquanto que o branco aplicado sobre fundo preto caracteriza o negativo. A leitura no modo positivo é muito mais fácil, mais suave e por isso a forma mais indicada. A leitura no modo negativo não é aconselhável: provoca cansaço no movimento ótico e quebra o ritmo de leitura. Quando adotado deve ter função de adorno, de expressão plástica que destaca e realça uma mensagem curta, não devendo ir além de uma informação telegráfica, como um título e um olho. O mesmo raciocínio pode ser aplicado quando a base branca é substituída por um fundo colorido em tom escuro e a letra preta por tipos coloridos (mais claros) proporcionando também a idéia de um arranjo com letras claras vazadas sobre fundo escuro. Neste caso, a legibilidade está igualmente comprometida.
É importante que não se confundam os conceitos de legibilidade e leiturabilidade. Segundo H. Barracco, "no texto escrito, o problema da legibilidade pode ser conceituado como um simples ato formal, isto é, qualquer pessoa alfabetizada estará em condições de ler o texto. Entretanto, nem sempre a legibilidade do texto corresponde à leiturabilidade do mesmo, ou seja, a capacidade de entendê-lo e interpretá-lo".
A escolha errada de tipos, tamanhos, espacejamento e uso inadequado e sem critérios do branco convidam o leitor a abandonar a publicação. Para uma boa transmissão da mensagem, alguns cuidados são fundamentais:
verificar se as variações do tipo atendem às necessidades do trabalho
verificar se o formato, o tipo e o corpo são adequados ao tamanho do texto
A determinação da largura da coluna deve levar em conta o tipo de letra e o tamanho do corpo. Linhas muito compridas com corpo pequeno dificultam a leitura; as letras começam a se embaralhar. O mesmo ocorre com a utilização de corpo grande em linhas curtas, obrigando a uma hifenização demasiada, o que além da quebra do ritmo de leitura, interfere na estética do texto composto.
As cores e a atualização do design
O uso de cores é também elemento que merece atenção por parte do editor de arte. Embora experimentos científicos tenham comprovado que a sensibilidade humana se altera quando exposta às mais variadas gamas de cores, não há um estudo específico que ofereça a receita ideal para a utilização de cores quando empregadas em projeto visual gráfico. Na verdade, o editor de arte deve se valer de conceitos sensitivos relacionados a alegria (cores vivas como o azul, por exemplo), tristeza (cores pesadas, como o preto) etc. aliados a conceitos de harmonia e de contraste.
A harmonia ocorre "quando cada uma das cores tem uma parte de cor comum a todas as demais" -- é o oposto do fenômeno de contraste. Esses dois conceitos devem ser sempre considerados pelo editor de arte. Ele terá elaborado uma página harmoniosa quando adotar em letras, quadros, infográficos, capitulares etc. cores a partir do tom predominante na fotografia principal da página. Por outro lado, para produzir uma página com contraste, essa preocupação deixa de nortear a elaboração do projeto gráfico. Cores fortes em tons diferentes serão empregadas simultaneamente. A opção pelo contraste ou pela harmonia será regida pelo assunto estampado na página. O tom (ou o peso) da mensagem pode ser evidenciado pelas cores empregadas.
A adoção criteriosa de todos esses elementos na elaboração de um projeto gráfico deve existir também no momento de alteração do aspecto visual de um produto já existente. Manter atualizado o design requer uma atenção especial por parte do editor de arte. A mídia impressa vive um constante processo de atualização objetivando atender sempre as exigências do seu consumidor, no caso, o leitor. Para isso, os veículos de comunicação impressa têm alterado, com certa freqüência, o desenho de suas páginas -- algumas vezes de modo radical. Em alguns casos, a alteração pode ocorrer de forma brusca, levando o leitor a uma perda do referencial. Neste caso, pode-se afirmar que o novo projeto gráfico compromete a identidade do veículo. Para que esse problema seja evitado, é necessário que essas alterações ocorram de forma gradual e sempre acompanhadas de textos explicativos. O leitor deve ser comunicado acerca das mudanças recebendo, através de textos impressos na mesma edição, explicações que justificam essas alterações. Somente assim ele terá um novo produto, sem contudo, descaracterizar a imagem construída ao longo de sua existência -- sem descaracterizar, principalmente, sua identidade.
Considerando que a maioria dos jornais adota letras com serifa, olhos, capitulares, boxes, infográficos e fotos coloridas emolduradas com fios pretos, como distinguir, então, essa identidade? É justamente aí que o trabalho do editor de arte ganha relevância. Há uma série de recursos que valorizam o aspecto visual do jornal ou da revista. Selos, vinhetas, fios, ilustrações, olhos, linhas finas, boxes e legendas, combinados com o branco e com cores variadas são elementos que distinguem a forma de apresentação das publicações. Usados com critérios, esses recursos gráficos proporcionam leveza e convidam o leitor a um passeio com os olhos sobre a página estampada. É nessa hora que o editor de arte deve expor a sua capacidade de persuasão e o seu talento. Sempre com base na teoria disponível em livros e revistas especializadas, no conhecimento técnico, nos recursos materiais disponíveis e, principalmente, no bom senso. Afinal, está em questão a venda de um produto.
2006-09-13 15:38:40
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answer #5
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answered by Bia R 2
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