PARAGUAÃU
Origem:
INDÃGENA
Significado:
MAR IMENSO.
O Tupi nos antropônimos brasileiros
As lÃnguas indÃgenas, sobretudo o tupi, estão presentes também nos nomes de muitos brasileiros. Essa presença foi sentida primeiramente em regiões onde se falava esse idioma, como São Paulo, o Nordeste e a região Norte. Como o nome das pessoas, que eram dados por ocasião do batismo precisavam ser cristãos, surgiram primeiramente os apelidos indÃgenas. Assim temos Caramuru (= moréia), famoso náufrago português da Bahia, Tamarutaca (= camarão de mangue), filho de João Ramalho, Anhanguera (= diabo velho), bandeirante paulista. A documentação paulistana registra outros apelidos: Tavaimana (ou Taubymana = entidade maléfica), Jaguaretê (= onça), TripoÃ, Botuca. Se não tivesse havido a imposição de nomes portugueses e cristãos, muitos antropônimos indÃgenas teriam surgido. Esperando criar uma nobreza local, Dom Pedro II passou a agraciar as pessoas com tÃtulos de nomes de origem indÃgena, como Nioaque, sendo a maioria da lÃngua tupi, como os Barões de Itararé, TatuÃ, Itu, Itacuruçá, Tamandaré. Mas foram os personagens populares dos romances de José de Alencar, na segunda metade do século XIX, que deram cidadania aos nomes indÃgenas, como hoje fazem os personagens das novelas.
Seguem alguns desses nomes:
Araci (Ara = dia, tempo + cy = mãe): a mãe do tempo.
Bartira (Ybotyra/Potyra = flor): flor; dar ou ter flor.
Caiobi/Caiubi (Cay = macaco + oby = azul): macaco azul.
Guaraci, Garacy (Cuaracy = sol): sol.
Guaraciaba (Guaracy = sol + aba = cabelo): cabelo ou pena da cor do sol.
Iracema (Eira/ira = mel + sema = sair): de onde sai o mel.
Jaci (Jacy, Jacir, Jacira): lua, estrela do mar. Na cultura tupi a lua é entidade masculina.
Jandira ou JandaÃra: espécie de abelha.
MaÃra: Demiurgo masculino, um dos organizadores da sociedade tupi.
Moacy ou Moacir: tornar-se mãe.
Moara: dar à luz, fazer cair.
Pery: junco, esteira (Talvez da lÃngua geral. Cf. Dicionário da LÃngua Tupy, Gonçalvez Dias).
Ubajara (Ibijara, Ubajara): (Yby = terra + jara - senhor): senhor da terra, entidade protetora da terra; réptil, conhecido como cobra de duas cabeças.
Ubirajara (Ibijara, Ubojara): (Ybyrá = pau, madeira + jara = senhor): senhor da madeira; referia-se à s pessoas que usavam a borduna como arma principal. Nome de grupo indÃgena extinto da Bahia.
Abacaxi [ybá = fruta + kaxi = rescendente (?)]: fruta.
Arapuca (ara = cair + buka/puka = buraco): armadilha para apanhar pássaro, talvez originalmente significasse o buraco recoberto com galhos, com o objetivo de apanhar animais. Negócio suspeito.
Baetatá (m’bae = coisa + tatá = fogo): fogo fátuo, assombração. No Sul, com influência do Guarani, foi deformado para boitatá (m’boi = cobra) sendo traduzido por cobra de fogo.
Biboca (yby = terra + buka = buraco): buraco na terra, cova, local de difÃcil acesso.
Caatinga (kaá = mato + tinga = branco): mato branco, mato claro, seco. Vegetação do Nordeste semi-árido.
Caiçara (Kaá = mato + yssá = tronco): cerca construÃda com galhos entrelaçados com troncos, usada pelos indÃgenas para proteger suas aldeias; qualquer cercado rústico; nome dado aos moradores do litoral paulista, talvez devido ao hábito de usarem um cercado rústico para prender o peixe.
Caipora (kaá = mato + pora = habitante): entidade tupi que dava infelicidade a quem o encontrava; foi identificado também com o demônio cristão.
Caipira (derivado de capipora): indivÃduo triste, acanhado, matuto; nome dados ao moradores do interior paulista.
Caboclo (derivado provavelmente de coriboca, cariboca: karai = coisa santa, o cristão, o branco + oka = casa): o que mora em casa de branco, o mestiço; na região Norte e Nordeste designa também o indÃgena.
Carioca: parece ter a mesma etimologia que o vocábulo anterior; nome de um rio que desagua na BaÃa da Guanabara; nome dado aos moradores do Rio de Janeiro.
Capoeira (kaá = mato + puera = o que foi): terreno onde houve mato virgem ou roça e que foi reconquistado por nova vegetação.
Caraiba (karai = santo, sagrado + aba = gente): gente santa, santidade; nome dado aos pajés ambulantes; nome dado também aos portugueses quando aqui chegaram e que passou a designar o cristão, o europeu.
Beraba: brilhar, resplandecer. O mesmo que Oberá/Overá/Werá, da lÃngua guarani, mas que significa o relâmpago que ribomba e brilha.
Cairê: lua cheia; entidade auxiliar de Rudá, o deus do amor, segundo mitologia cabocla amazônica.
Canindê: espécie de arara. Nome de importante cacique Paiaku e um dos lÃderes da Guerra do Açu, ocorrida no Rio Grande do Norte e Ceará, no final do século XVII.
Catiti: lua nova; entidade auxiliar de Rudá, o deus do amor, segundo a mitologia cabocla amazônica.
Erundina: (irundye ou do nheengatu irundi = quatro). Nome originalmente relacionado à quarta filha.
Irara: (eira = mel + ara = colher, tomar). Nome dado ao papa-mel, mamÃfero carnÃvoro que se alimenta de mel.
Jaçanã: pássaro aquático.
Jacaúna: (jacá = cesto de taquara + uma = negro). Nome de cacique Potiguara, irmão de Poti Guaçu e aliado dos portugueses na conquista do Maranhão, no século XVII.
Jacirendi/Jacyrendy: luar.
Janduà (nhandu = ema + i = pequena = pequena ema): nome de importante cacique Paiaku e um dos lÃderes da Guerra do Açu, ocorrida no Rio Grande do Norte e Ceará, no final do século XVII.
Jussara/Juçara: (jeiçara): espécie de palmeira.
Jutai/Jatai/Jatei/Jati (?): espécie de abelha.
Moema (= mentira): nome de suposta amante de Caramuru, que se afogou na Bahia, na tentativa de acompanhar o navio que o levava à Europa.
Rudá ou Perudá: entidade do amor, da mitologia cabocla amazônica.
Ubiratã: (Ybira = madeira + ata = dura): madeira dura, rija.
Aru: impedir, ser nocivo à saúde.
Irapuã/Eirapuã (eira/ira = mel, abelha + apuã = redondo): Abelha redonda. Nome de uma espécie de abelha e também nome de estrela. Cacique Tobajara/Tabajara, da Serra do Ibiapaba, que resistiu à conquista do Ceará, comandado por Pero Coelho de Sousa, no inÃcio do século XVII.
Iraê [Ira/eira = mel + é = saboroso (?)]: mel saboroso.
JaÃra/YaÃra (yara = dona, senhora + eira/ira = mel): senhora do mel. Segundo uma lenda da cidade de Santos (SP), este é o nome de uma Ãndia que se apaixonou pelo bandeirante Antônio de Sá, numa de suas entradas em busca de escravos indÃgenas. Sentindo-se rejeitada pelo amante, que não quis abandonar a esposa, atirou-se do alto de uma cachoeira, que secou, recebendo o nome de Itararé (rego d’água).
Japuaà (parece ser uma variante de japu ou japuÃ, ave passeriforme). Nome de um Tupinambá do Maranhão, que fez parte da comitiva indÃgena que foi à corte de LuÃs XIII, em 1613, sendo ai batizado com o nome de LuÃs de São João.
Jarina: espécie de palmeira amazônica.
Jurapuã (talvez foram apocopada jururá = espécie de tartaruga d’água + puã = redondo): tartaruga redonda.
Mayara: provável composição feita com os nomes MaÃra = importante demiurgo tupi + Yara = dona do rio, entidade das águas.
Sumé: nome de um grande demiurgo tupi, pai de Tamanduaré e de Aricuté, ancestrais dos Tupinambá e Temiminó, respectivamente. Foi confundido pelos missionários católicos com o apóstolo São Tomé. Por isso, alguns locais onde Sumé era reverenciado passaram a se chamar São Tomé, como São Tomé das Letras (MG).
Tatuitin (tatu = tatu + y = rio + tin/tinga = branco): rio branco do tatu.
Tupã (tu = som onomatopaico, significando ruÃdo forte + pã + talvez contração de ainupã = pancada): nome do trovão. Entidade tupi, cuja missão é destruir as coisas com o fogo. Erradamente foi designado como o Deus criador dos cristãos.
Neste número, além de alguns antropônimos, iremos apresentar sobrenomes de origem tupi, encontrados, principalmente, entre famÃlias do Nordeste.
Abeporá/Abeporã (apé (?) = caminho + poran/poranga = bonito): caminho bonito.
Acauá: espécia de gavião.
Arapoty: tara = dia, tempo, luz + poty = flor: a flor do dia, a flor da luz.
Potiguara/Petiguara (petyma/petyn = fumo + guara = comedor) o que come fumo ou que masca fumo; poderia ser também uma variante de potinguara (potin = camarão + guara = comedor).
Ubarana (ubá = canoa + rana = parecido, tosco): canoa tosca, semelhante a canoa.
SOBRENOMES:
Araripe (arari = arara-canindé + pé = em): no lugar onde há arara-canindé. Usado como tÃtulo nobiliárquico.
Baraúna (yvirá = madeira + una = negro): madeira escura e muito dura, encontrada em região de floresta pluvial.
Cairu (de etimologia duvidosa): nome de uma cidade litorânea de Bahia, que servia de tÃtulo nobiliárquico.
Capiperibe (capivara/capibara = capivara + y = rio + pe): no rio da capivara.
Jaguaribe/Jaguaripe (jaguar = onça + y = rio + pe = em): no rio da onça.
Jatobá (jatei/jatai = abelha + ybá = fruta): fruta da abelha: árvore da famÃlia das leguminosas.
Murici: árvore das regiões Norte e Nordeste.
Paraguaçu (para = rio + guaçu = grande): rio caudaloso.
Suassuna (suassu = veado + una = preto): veado preto.
Tabajara (taba = aldeia + jara = senhor, dono): senhor da aldeia. Nome de um grupo indÃgena do Nordeste, de lÃngua tupi.
Além do y, os indÃgenas de lÃngua tupi usaram para designar o rio, a palavra paranã/paraná, que significa mar, foi também empregada com este sentido. Seguem algumas palavras formadas com pará:
Pará: antigo nome do rio São Francisco. Ainda hoje um dos afluentes do rio São Francisco, em Minas Gerais, se chama rio Pará, que é, aliás, um pleonasmo. O rio Amazonas deve ter sido denominado desta maneira, como atesta o antigo nome da região: ProvÃncia do Grão Pará.
Paracatu (+ catu = bom): rio bom, piscoso. Rio de Minas Gerais.
Paraupaba (+ upaba = lagoa): rio formado por lagoas. Antigo nome do rio Araguaia, que limita os estados do Mato Grosso, com Goiás e Tocantins. Em Minas existe a variante Paraopeba, que foi dado a um dos afluentes do São Francisco, por se acreditar que este nasceria em uma lagoa.
Paracaiçara (+ caiçara/caiçá = cerca de ramos usada para defesa das aldeias; cercado): rio do cercado. Igarapé do Amazonas.
Paracuá (+ **á = baia): rio com baia. Cidade do Ceará.
Paraguari (+ guarin = retorcido): rio com muitas voltas. Cidade de Mato Grosso.
Paraguaçu (+ guaçu = grande) rio grande, caudaloso. Rio da Bahia e nome de cidade em vários estados.
Parati (de etimologia controversa, talvez seja deformação de pirati = peixe branco): taÃnha, peixe de água salgada. Cidade do Rio de Janeiro.
ParaÃba (+ ayba = reto (?)): rio reto, sem curvas. Nome de vários rios do Brasil.
Paraibuna (+ ayba + una = preto): rio reto, de águas transparentes, negras). Rio de São Paulo.
Paraitinga (+ tinga = branco): rio reto, de águas esbranquiçadas, Rio de São Paulo.
Parapaun (+ paun = intervalo, meio): entre rios, mesopotâmia.
Paraupina (+ paun + pina = lavras, raspar): terra limpa entre rios. Cidade do Ceará.
2006-09-13 09:05:30
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answer #2
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answered by Anonymous
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