Morei no Mato Grosso e devido ao trabalho, tinha que ir a algumas reservas indígenas dos Xavantes. Segundo me falara o chefe da FUNAI de Aragarças GO (que sediava a unidade da região, êles, o xavantes, não faziam sexo como os civilizados. Apos a penetração, os dois, o índio e a índia, ficavam quietinhos por um tempão... Não tinha essa de saracoteio e mexe-mexe... Segundo, ainda, o chefe da FUNAI, os índios eram muito ciumentos e não admitiam bem a relação inter-racial, porque "o civilizado é sem-vergonha, pois põe e tira, põe e tira, fazendo a índia gamar". Segundo a fonte informante, os índios mais novos estavam ficando mais sabidinhos e imitavam os civilizados. E, também, que índio velho (como o tio aqui), ensinava as indiazinhas e as indias eradas (mais velhas. Não são índias erradas, não) , ensinavam aos índios jovens. Assim: professor velho para capim novo. Era nula a existência de homosexuais na tribo. Não falou nada sobre o beijo. Mas acredito que ainda não haviam descoberto este prazeroso costume... Estou vendendo o peixe do tamanho que comprei. Quer dizer, pra quem não entendeu: estou repassando a notícia do jeito que ouvi há mais de 20 anos.
Sei de coisas muito positivas sobre a nação xavante. São os índios mais aguerridos e foram de difícil contacto. Não têem artesanato e trabalham somente suas armas. De uma madeira chamada "tucum" (um coqueiro) fazem o arco e nada de adornos. De uma vareta colocam uma pena simplesmente para dar a direção, mas não como adorno. Têem uma memoria fabulosa e um estranho jeito de comunicação de dados que permite como que a transferência de "um retrato falado" de uma pessoa. Assim, se você tem um contato com um xavante, cumpra direitinho o que prometeu, pois êle repassa os dados para outro que pode reconhecê-lo e fazer a cobrança (é algo como que meio místico ou de um sentido animal que perdemos). Viajei algumas vezes com o cacique Aniceto Tzuzaveré Xavante, êle era mais cargo do que o Juruna (pronuncia-se Tzurana, porque o xavante não fala a letra "J", assim como os japoneses têem dificuldade com o "R"), para ver lavouras que êle financiava no Banco do Brasil. O crédito, na vigência do governo militar, era como que uma espécie de crédito educativo. Os xavantes, como povo orgulhoso, valente e solidário entre suas nações, não admitia a deterioração de costumes, não bebiam nada de alcool (ao contrário de outras tribos). Costuma levar o que êles gostavam: ki-suco e bolachas. Era retribuído com fartas porções de presenteados pequis. Era um povo de uma palavra só e tinham de ser respeitados. Não tinham emoção na voz e pelo linguajar , uma espécie de proza serena e monótona, você não tem condições de saber se êle está irado ou alegre. Não tem expressão emotiva, você não sabe se está feliz ou nervoso.
Até hoje ainda dão as cartas nos corredores e gabinetes da da FUNAI, em todo os lugares, inclusive em Brasília. O pessoal de gabinete na FUNAI "pela de medo e respeito deles". São a turma da frente nas revindicações no governo. Se aquela molecada que botou fogo no índio em brasília tivesse tido o azar de terem matado um xavante, creio, sem dúvida, que o final da história teria sido outra: óóó! Crau!!!
Jovens ou crianças no tempo que eu ia nas aldeias, foram educados por padres e freiras em colégios católicos nas reservas e são hoje referência na nação indígena.
Uma vez eu vi, na fazenda de um jovem cliente do Banco (Rudimar Capra, grande amigo de Barra do Garças MT) , que ficava atrás da reserva indígena do Batovi (eu tinha que dirigir num jipe toyota por 103 km dentro da terra dos índios) flechar um mamão a uma distância de uns 70m, ou mais, com certeira pontaria. Impressionante...
Mas o arco e flecha era somente uma arma a mais. Dispunham já naquela época de carabinas, principalmente de calibre 22 e 44 (esta última, pra ninguém botar defeito). E ninguém botava defeito e nem cara com os xavantes...
Sei de muito mais coisas sobre esse povo valente e orgulhoso de si. Mas, quanto a que se beijavam ou não, nunca perguntei ao pessoal da FUNAI.
Ah, tem algo mais que eu desejo falar; ao contrário de nossa sociedade, lá não existiam menores abandonados (que lição, hein ????). Crianças órfãs eram até disputadas por parentes ou outros da tribo, para viverem e crescerem juntos de outra família. Aliás, as crianças eram "patrimônio da tribo" e sempre tinha um adulto por perto zelando e acompanhando a algazarra da meninada. Toda a tribo cuidava da proteção de toda a gurizada. (que exemplo, hein governo??? Até parece que os civilizados são êles e não nós!). Quando um índio morria, uma cunhada, uma prima ou irmã da viuva fazia uma futrica para o marido e o chamava de forte e viril e que dava conta de mais uma. E então o valente economizava uma sogra e ficava com duas imulheres ou irmãs... e daí por diante. Na verdade as mulheres tinham mais ocupações do que os homens, em termos de roça e plantio (hoje pode ter mudado.) Êle, o macho, era mais para caçar (e tinha que mostrar capacidade...)
Repetindo: se beijavam, não sei não, mas viviam bem à beça...
Se quizer ler mais lenga-lenga a respeito, pode me escrever. Meu endereço vai a seguir. indioventania@Yahoo (não sou xavante e nem índio, ok? É uma homenagem a uma pessoa que prezo muito e ao meu aniversário 19/04-dia do índio))
Bateu saudade. Viajei no espaço e no tempo. Barra Garças, Xavantina, Água Boa, Canarana, São Felix, São Joaquim...
Adeus tempo que passou e fui muito feliz.
Tudo isto para falar que não sei se índio beija.
Mas ganhei 2 pontos. Guiçá 10 pontos virão depois.
2006-09-09 14:36:43
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answer #1
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answered by Tupy 5
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