BOI-DE MAMÃO CATARINENSE
A brincadeira do Boi existe no folclore brasileiro com diversos nomes: bumba-meu-boi, boi-bumbá, boi-de-reis, boizinho, boi-da-cara-preta, boi-pintadinho, etc. Conta-se que certa vez, em Santa Catarina, com pressa de se fazer uma cabeça para um boi de pano, foi usado um mamão verde, o que levou a denominar-se desde então de boi-de-mamão.
O Boi-de-Mamão é uma das manifestações mais populares do litoral Catarinense, revela em sua manifestação um auto dramático, encenado com alegre coreografia e ao som de uma cantoria contagiante que encanta e envolve crianças e adultos. É uma versão catarinense dos folguedos do bumba-meu-boi tão conhecido no Norte e Nordeste do Brasil.
O primeiro registro em Santa Catarina desta folia é de 1871, contada por José Boiteux, em seu livro “Águas Passadas”, onde descreveu uma dança realizada em Desterro (antigo nome de Florianópolis). Antigamente a brincadeira era conhecida como “Boi de Pano”, mas com a pressa de se fazer à cabeça foi utilizado um mamão verde para fazer a cabeça do boi, daí seu nome atual.
O auto popular do "Boi-de-mamão" nos lugares onde predominam os descendentes lusos, os chamados descendentes italianos ou de teutos, de brasileiros ou caboclos, ou, onde o estrangeiro aquelas festividades próprias do luso ou do seu descendente.
Quanto à época da sua realização há variantes, em que se enquadram todas dentro do período que vai do Natal ao Carnaval.
FIGURANTES e EVOLUÇÃO DO FOLGUEDO
Entre os figurantes do auto temos:
O "vaqueiro", chefe do bando, que é assim denominado no Vargedo, em outros lugares é conhecido como "Chamador", ou ainda por "Mateus". Ele vai sempre a frente, tendo à mão um bordão para chamar o "boizinho".
O elemento principal como o próprio nome indica é o boi, portanto, personagem obrigatório. Consiste em uma armação de madeira, sobre a qual estendem um pano grande, branco ou preto, com remendos da cor, imitando as manchas do couro do boi natural. Sob a armação vai o "brincador" (como o chamam). Ao boizinho dão um nome qualquer: Pintado, Malhado, etc. A não ser na hora em que brinca, o boizinho mantêm-se deitado. Atende só aos chamados do "Chamador", seu patrão. O "brincador" é mudado, de vez em quando, para não cansar.
Encontramos também, com a mesma persistência o "Cavalinho", com exceção da localidade de Lajeado, onde não aparece.
A "Cabra", aparece, tão somente nos autos do Rio das Pedras e de Capivara e Conquista.
A "Bernúncia" é totalmente catarinense e, assim como a Maricota (boneca de 3m de altura), o Cachorro, o Urso-branco,o Urso-preto e o Macaco são figuras obrigatórias no ritual do folguedo popular.
"Palhaços"e "Mascarados" são encontrados nos folguedos de Lajeado. Estes são trajados com roupas velhas, máscaras e bordão. Os mascarados são incumbidos de pedir esmolas aos donos das casas que visitam. Toda a receita arrecadada, muitas vezes, são oferecidas à Igreja local.
O "Doutor", tem funções de benzedor, pois com um galhinho qualquer diz:
"Eu benzo este boi
Com um galhinho de manjericão
O dono da casa
Tem que pagar um patacão!"
Eis algumas letras das cantorias dos trovadores repentistas:
"O meu boi é de mamão!
Coro: É sim, senhor!
Ora bumba, meu boi
Coro: Lá vai o boi!
Ó meu cavalinho
Entra cá prá dentro
Que o dono da casa
Já te deu licença
O meu boi é de mamão! etc...etc..
Ó meu cavalinho
De sela amarela
Não namora as moças
Que elas são donzelas!
O meu boi é de mamão! etc...etc..
Brinca Bernúncia, brinca
Ela brinca bem.
Se não brincar direito
Ela aqui não vem.
O meu boi é de mamão! etc...etc.."
"Eu vou sair pela cidade/Vou usar minha razão/Eu vou mudar esta história
Com o meu boi de mamão/Vou acabar co’esta tristeza/De ver meu povo chorar
Eu quero ver muita folia/Quero ver meu boi brincar
É a maricota dançando na rua/Mostrando que a luta não pode parar
É o jaraguá com a meninada/É o povo unido no mesmo lugar
É o vaqueiro na peça do boi/Aprendeu com a vida não pode errar
Oi abram alas minha gente/Que a bernuncia quer passar
Eu vou botá meu boi na rua/Quero ver meu boi brincar.
A brincadeira aborda um tema épico (a morte e ressurreição do boi). Apresenta a pantomima das investidas do boi, a sua morte, a encenação da cura, envolvendo todos os personagens, culminando com a ressurreição do boi.
A “cantoria” acompanha toda a apresentação cantando versos alusivos às figuras e à dramatização. Elas são algumas vezes acompanhadas por uma sanfona (gaita de mão).
O folguedo do Boi-de-mamão é uma das manifestações mais significativas da cultura popular catarinense. Está presente nos municípios do litoral e principalmente em Florianópolis, Capital de Santa Catarina, onde concentra o maior número de grupos.
UM BRASIL DE MUITOS PAÍSES......
Este é o nosso Brasil, terra de "festança" o ano inteiro, de todos os jeitos e para todos os gostos.
É bumba-meu-boi no Norte e no Nordeste. É Boi-de-mamão no litoral de sol e magia Catarinense, que transforma o povo e as ruas em quadros de pura alegria e exaltação da vida.
Entremeado de culturas, o Brasil é terra de muitos países.....
Lugar de transformação contínua, que nos devolveu em seiva e encantos os corpos que lhe confiamos. Aqui se vive, se canta e se encena a miscigenação das raças, no embalo de esperanças animadoras e iluminadas, que são nossas tradições e costumes e que refletem a riqueza da imaginação de nosso povo.
Um Brasil de muitos países....terra de sons mágicos, ritmos de encantamento, de filhos amados e hospitaleiros, de lucilante seduções e magnificente colorido...Oásis para ambiciosos audazes, onde aportaram culturas diferentes e de desconcertante requinte.
Venha, a mesa está posta! Pratos decorados com sedutoras heranças já estão servidos. Sente-se e desfrute deste maravilhoso arsenal de raízes etnicas, aureoladas de glória e saber profundo.
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
2006-09-09 02:24:02
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answer #1
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answered by Anonymous
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