O PRINCÃPIO DA IMPONDERABILIDADE – PARTE 1
Por: Rynaldo Papoy 25 de julho de 2006
Eu tenho uma tese cientÃfica desde que nasci: que sempre existe algo a mais em tudo, na vida, que ainda não foi percebido. Sempre foi o método que utilizei para resolver algum problema. Quando tudo parecia sem solução, eu começava a andar e pensava: deve existir algo mais que ainda não imaginei.
Era assim que eu conseguia resolver vários testes de lógica, sempre indo além do óbvio. Talvez eu tenha aprendido isto assistindo a algum filme com o Sherlock Holmes. Sherlock dizia sempre: não acredite no óbvio. Talvez Arthur Conan Doyle, criador do personagem, tenha se inspirado, por sua vez, em Edgar Allan Poe, o rei das charadas. Poe escreveu um célebre conto chamado "A Carta Roubada", em que uma carta é escondida na própria mesa do destinatário, que a procura em toda casa, exceto na própria mesa. Poe também foi o autor de "O Escaravelho de Ouro", em que falava sobre criptogramas. O autor assinava uma coluna num jornal onde publicava criptogramas e charadas. Dizia Poe que nenhuma charada era insolúvel.
Obviamente que charadas são tão antigas quanto o pensamento humano. Jogos, guerras e a própria análise da natureza sempre foram grandes charadas.
Uma charada nada mais é do que a solução de um problema matemático. Um criptograma, por exemplo, é como uma equação. Se eu te disser que cada letra corresponde a uma posição numérica no alfabeto, você pode descobrir o significado da palavra 3-17-9-15-19-14-7-17-1-12-1. No entanto, ao longo dos tempos, pensadores, matemáticos e cientistas em geral depararam-se e continuam deparando-se com problemas insolúveis.
A matemática tem perguntas sem resposta. Por exemplo, quantos números primos existem antes de um número qualquer? Antes do número 10, existem 5 números: 1, 2, 3, 5 e 7. Mas e antes do número 1.874.917.357? Os matemáticos buscam uma fórmula em que este número possa ser calculado, afinal os números primos parecem surgir de maneira bastante aleatória. Na verdade, não é tão aleatória, pois surgem a cada 1,2, 4 ou 6 números. Porém, ele só pula 1 número quando passa do 1 para o 2 e depois do 2 para o 3. Em seguida, sempre surge a cada 2, 4 ou 6 número. As combinações são infinitas. Outro fato curioso é que o único número primo par é o 2.
A filosofia também teve seus momentos imponderáveis. "Imponderável" significa "algo que não pode ser analisado". Um grande exemplo clássico de imponderável é a idéia de Deus. Para os filósofos medievais, Deus não poderia ser compreendido porque não poderia ser analisado ou medido. Um sinônimo para "imponderável" seria "incomensurável" ou "imensurável", que significam "que não pode ser medido". No entanto, mesmo algo que não pode ser medido pode, no entanto, ser compreendido.
A fÃsica, naturalmente, tem muitos pontos imponderáveis. Para falar a verdade, o imponderável tem na fÃsica um terreno muito fértil. Pois os fÃsicos [especialmente os astrofÃsicos], a cada resposta que encontram, vêem surgir novas perguntas. Explicado o surgimento do Universo, surge outra pergunta: o que havia antes? Explicado o que há além do Universo, surge outra pergunta: o que há além do que há além do Universo? Descoberto o átomo, surgiu a pergunta: do que o átomo é feito? Descobertas as partÃculas subatômicas, surgiu outra pergunta: as partÃculas são feitas de quê? Descoberta a onda eletromagnética que forma as partÃculas, surge mais uma pergunta: as ondas eletromagnéticas são feitas de quê? Há astrofÃsicos que tentam explicar até do que o "nada" é feito.
E quanto à energia, ela é feita de quê?
Quantas energias existem no Universo?
Existe algo no Universo, além da matéria, das ondas eletromagnéticas, da energia, das dimensões e do nada?
O primeiro cientista a formular uma teoria sobre a incerteza da matéria foi Werner Heisenberg. Segundo Heisenberg, não se pode prever o comportamento da matéria. Se se pode calcular a posição da partÃcula, não se conhece a velocidade. Se calculada a velocidade, não se conhece a posição. De fato, o comportamento das partÃculas subatômicas é bastante bizarro. Por exemplo, o núcleo do átomo é mais leve do que as partÃculas quando separadas. Isto é, os prótons e os nêutrons, grudados, são mais leves do que os prótons e nêutrons separados. Como isso é possÃvel? O que segura os prótons e nêutrons no núcleo é algo chamado "força nuclear forte". Por isso, quando há fissão nuclear, como nas bombas nucleares ou em usinas nucleares, obtém-se energia milhões de vezes mais poderosa do que a energia eletromagnética. Já nas fusões nucleares, obtém 8 vezes mais energia do que na fissão nuclear. à assim que funcionam as estrelas. Nos núcleos das estrelas, a fusão dos núcleos do hidrogênio dão origem ao hélio. A energia gerada é isso que você vê todos os dias. O princÃpio da incerteza de Heisenberg foi utilizado por Stephen Hawking para calcular o comportamento dos buracos-negros. Hawking acredita que os buracos-negros expelem a matéria que sugam, após alguns milhares de anos.
O princÃpio da imponderabilidade é a mesma coisa que o princÃpio da incerteza?
Não, pois o princÃpio da incerteza é aplicado sobre comportamentos de elementos já previstos. Já o princÃpio da imponderabilidade seria aplicado sobre o imprevisÃvel. Por exemplo, no comportamento das partÃculas subatômicas, o princÃpio da imponderabilidade poderia considerar que existe algo a mais interferindo neste comportamento e que ainda não foi percebido. Porém, o princÃpio da imponderabilidade prevê um número infinito de interferências, pois considera que surgem interferências infinitas na vida do Universo. Mesmo que se descubra todas as interferências, logo em seguida surgirão outras que poderão ser percebidas futuramente.
Portanto, o princÃpio da imponderabilidade consideraria que um átomo seria formado por infinitas partÃculas e outros elementos imprevisÃveis. Que seria influenciado por infinitas energias e também infinitas dimensões. E por infinitas outras interferências imprevisÃveis. Não se pode esquecer que parte destas infinitas interferências talvez já existam mas por algum motivo ainda não foram previstas.
As dimensões da matéria
Quando se pensa no imponderável, começamos a aplicar o princÃpio a todos os elementos básicos conhecidos do Universo. Já falamos da matéria e da energia, agora vamos falar sobre as dimensões. Aplicando-se o princÃpio da imponderabilidade à s dimensões, podemos considerar que mesmo no espaço-tempo, que é essa macrodimensão que podemos perceber, talvez haja muitas outras [ou infinitas] dimensões que ainda não podemos perceber. Ou talvez haverão outras no futuro. Talvez em outras galáxias, o espaço-tempo apresente-se de maneira diferente. Talvez no futuro nosso espaço-tempo se modifique gravemente.
O princÃpio da imponderabilidade pergunta se as dimensões interferem na matéria, como se elas já existissem antes do surgimento do Universo ou se a matéria é que define as dimensões. Já que, segundo a teoria dos buracos-negros, lá dentro há dimensões diferentes das nossas, podemos considerar que o comportamento da matéria é quem define o formato e o comportamento das dimensões.
Igualmente, se lembrarmos que a velocidade de um corpo altera o seu tempo [quanto mais rápido, mais devagar o tempo passa], também podemos considerar que a matéria gera a dimensão. Bem como os pacotes quânticos também seguem suas próprias leis, donde provém o princÃpio da incerteza de Heisenberg. Os pacotes quânticos gerariam suas próprias dimensões? Seria por isso que, utilizando fórmulas cabÃveis ao espaço-tempo, não se pode prever o comportamento das partÃculas subatômicas. Pois dimensões diferentes gerariam cálculos próprios. 1 + 1 no espaço-tempo é diferente de 1 + 1 nos buracos-negros ou 1 + 1 dentro do átomo. Sendo assim, como é possÃvel gerar matéria através da energia ou vice-versa, o princÃpio da imponderabilidade pergunta se não seria possÃvel também criar dimensões artificiais, através do comportamento induzido da matéria.
2006-09-10 08:17:22
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answer #4
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answered by Anonymous
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