No ano de 1910, o cometa Halley concentrava as atenções do mundo todo e já indicava que seria um ano especial. Mal sabiam as pessoas que naquele ano haveria algo bem mais importante que o cometa...
Quando os rios da cidade de São Paulo baixavam, suas várzeas eram preenchidas pelos amantes do então novo esporte bretão: o futebol. Na época, havia diversos clubes de elite na capital paulistana, como o Germânia, o Paulistano ou o Campos ElÃseos - mas todos bem longe do que se considera um time popular.
Foi então que um grupo de homens de vida humilde – os pintores de casa Joaquim Ambrósio, Antônio Pereira e César Nunes; o sapateiro Rafael Perrone; o motorista Anselmo Correia; o fundidor Alexandre Magnani, o macarroneiro Salvador Lopomo, o trabalhador braçal João da Silva e o alfaiate Antônio Nunes – decidiram fundar o seu próprio clube de futebol. No dia 1º de setembro, à altura do número 34 da Avenida dos Imigrantes (atual José Paulino), no Bom Retiro, eles se reuniram e redigiram o primeiro estatuto do clube. Faltava apenas financiamento para o sonho se realizar. Foi aà que Miguel Bataglia entrou em cena. Bataglia era um requintado alfaiate; aceitou participar e foi oficialmente nomeado o primeiro presidente do clube.
O clube já tomava uma cara, mas faltava o nome. As idéias passaram por Santos Dummont, Carlos Gomes e até Guarani, mas nenhuma delas foi escolhida. Foi então que Joaquim Ambrósio sugeriu homenagear o famoso time inglês que fazia uma excursão pelo paÃs: o Corinthian Casuals Football Club. O clube que se tornaria o mais querido do Brasil já tinha nome. A torcida e a imprensa chamavam a equipe de Corinthian’s Team. Assim, a letra “s” foi acrescentada ao nome, e o clube ganhou o elegante nome Corinthians.
TIMÃO GANHOU 1º TÃTULO MUNDIAL EM 53
O brasileiro não tem memória, diz-se amiúde. E o torcedor, seria capaz de fugir à regra? A resposta não é fácil. Sim, o torcedor, aqui nascido, não deixa de ser brasileiro por gostar de futebol. Seria, de acordo com a regra, não um desmemoriado mas alguém indiferente ao passado de seu time, à sua história.
Nada mais falso. O perfil da torcida é semelhante ao da população brasileira. Tem igual proporção de crianças, jovens, adultos e idosos; de pobres, ricos ou remediados; de cultos, de mediana cultura e analfabetos.
Esses fatores condicionam o grau de conhecimento da história de um paÃs e de sua cultura. à lógico que os torcedores mais velhos testemunharam o que hoje é história do time. As gerações subseqüentes, para conhecer tal história, valem-se da transmissão oral, dos registros da imprensa, dos raros livros e da televisão. Poucos corintianos sabem que o Timão ganhou seu primeiro tÃtulo internacional há quase meio século, em 1953, na Venezuela.
Eu, hoje diretor do Clube, tinha pouco mais de dois anos. Foi a Pequena Taça do Mundo, torneio quadrangular considerado precursor dos mundiais que vieram a seguir. A Seleção de Caracas representou paÃs e cidade sede. Da Europa vieram o Barcelona e o Roma. O representante do Brasil seria o Vasco da Gama, que não pôde participar, sendo substituÃdo pelo Corinthians. O Timão ganhou de todos, duas vezes, pois havia turno e returno.
Quantos corintianos viram ou ouviram pelo rádio a façanha de seu time? Ver, só mesmo uns poucos felizardos. Não havia transmissão por TV. E o turismo não oferecia as facilidades de hoje. A maioria ouviu, sofreu e vibrou pelo rádio. à natural, portanto, que esta conquista pareça esquecida. Afinal, o maior contingente de torcedores tem menos de 60 anos de idade, logo não poderia acompanhar os jogos.
Mas, os mais velhos lembram o feito e contam aos netos. E há registro nos arquivos do Clube, nos jornais da época e é assunto em revistas que circulam atualmente, como “JÔ, que publicou interessante reportagem sobre a Pequena Taça do Mundo em janeiro de 2000.
ROQUE CITADINI
(“O EXPRESSO”, CAPÃO BONITO-SP, 12/1/2002)
2006-09-03 20:57:51
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answer #5
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answered by miosotis 7
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