O rosto por trás da maior organização criminosa de São Paulo é quase desconhecido dos brasileiros. Marcos Willians Herbas Camacho, o chefão do autoproclamado Primeiro Comando da Capital (PCC), é o oposto de Fernandinho Beira-Mar. A estampa do chefe do Comando Vermelho é hoje tão conhecida quanto a de um cantor de pagode. De Marcola é difícil encontrar uma foto de boa qualidade. Beira-Mar gosta de mostrar poder e fazer estardalhaço. O PCC de Marcola estendeu seus tentáculos do interior dos presídios até as ruas graças a uma poderosa rede de centrais telefônicas operadas por mulheres de criminosos. O chefão paulista é tão cuidadoso que promotores e policiais nunca ouviram sua voz no mais eficaz recurso de investigação: 1.500 horas de escuta telefônica com autorização judicial.Marcola ordena crimes hediondos sem imprimir suas digitais. Para assumir a culpa há um exército de presos subjugados pela violência e pelo terror, dentro e fora das cadeias. Quem se comporta tem direito a migalhas, como cestas básicas, ajuda para advogados e até transporte para visitas. Os demais recebem tratamento implacável. Se não comparecer com o dízimo, porcentual sobre os lucros obtidos no crime, o sujeito 'sobe'. Ao céu. A maioria dos membros do PCC fala muito em Deus, mas não adivinha o inferno como destino final. As gravações telefônicas revelam que eles acreditam estar agindo corretamente na lógica do submundo. Convencê-los disso é um dos méritos do comandante.
Marcola não é discreto por falta de vaidade. Quem o conhece bem conta que lhe sobra soberba. Dotado de uma inteligência 'excepcional', na opinião do promotor Roberto Porto, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, ele trabalha em silêncio porque sabe que esse comportamento atrai menos repressão. Tanto que, por alguns meses, a polícia paulista chegou a divulgar que a quadrilha fora extinta. 'O PCC não está nem maior nem menor, apenas mudou a forma de agir. Está mais discreto', diz o promotor Márcio Sérgio Christino, considerado um dos maiores conhecedores das entranhas da organização.
Ao tornar-se chefe máximo, no fim do ano passado, após uma guerra interna em que sua ex-mulher foi assassinada, Marcola fez do tráfico de drogas no interior paulista a principal atividade dos subordinados. A venda de entorpecentes em Ribeirão Preto, Sorocaba e Baixada Santista revelou-se mais eficaz por permitir rendimentos robustos e regulares que a promoção de seqüestros. Marcola também aprendeu que demonstrações grandiosas de força como a rebelião que agitou 29 presídios em fevereiro de 2001 podem prejudicar os negócios. Marcola é o principal suspeito de ordenar o assassinato do juiz corregedor de Presidente Prudente, Antonio José Machado Dias, abatido com três tiros em 14 de março, num crime frio e bruto, calculado, covarde, sem chance de defesa para a vítima. Ele nega. Também nega pertencer ao PCC. A polícia tem testemunhos para acreditar que esteja mentindo tanto num caso como no outro. São cúmplices que, vencidos na luta interna do bando, resolveram colaborar e contar o que sabem.
De família pobre, mas não miserável, ele começou a carreira criminosa batendo carteiras e furtando toca-fitas de quem passava pela Baixada do Glicério, antro de pobreza e pequenos crimes do centro de São Paulo. Tem o corpo marcado pela violência sofrida primeiro na Febem, depois nos presídios do país. Cobre-o com o uniforme sempre impecável. Faz questão de estar com o cabelo bem cortado. Fala pausadamente. O PCC domina 6 mil seguidores reconhecidos e um número muito maior de criminosos que ajudam em pequenas tarefas. Acredita-se que, de uma forma ou de outra, a maioria dos 115 mil detentos de São Paulo aceita algum tipo de influência de Marcola.
Aos 35 anos, o chefão passou a metade da vida na cadeia. Gaba-se de ter devorado 3 mil volumes, uma proeza e tanto na vida de qualquer pessoa - ainda mais para um cidadão que terminou o ensino fundamental atrás das grades. Bem-educado, utiliza o que aprendeu nas leituras para convencer os colegas. Promotores o respeitam, policiais o temem. Criminosos o bajulam. As moças o veneram. Seu apelido no sistema carcerário é Playboy.
Ao contrário dos ex-chefões do PCC, José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roriz, o Cesinha, que perderam o poder por obra de uma guerra promovida por suas mulheres no fim de 2002, Marcola costuma trocar de namorada. Trata-se de uma diferença estratégica numa quadrilha que se constituiu dentro dos presídios e utiliza as visitas íntimas também para mandar ordens para o mundo lá fora. Marcola aprecia mocinhas novas, sem renda comprovada, como a atual titular, Cíntia, de 22 anos, selecionada entre os familiares de detentos. Muito honrada pela escolha, que lhe garante prestígio, conforto e roupas de grife. Mulheres de lideranças ganham entre R$ 15 mil e R$ 20 mil para gastos pessoais a cada 30 ou 45 dias, uma cifra digna de uma socialite de verdade. O fascínio cada vez maior pelo posto de mulher de bandido costuma embasbacar os policiais que ouvem as gravações interceptadas entre as integrantes do bando, que arregimentam companhia feminina para levar até a cadeia sem muito disfarce. 'Vou te levar num lugar que está cheio de homens legais e lindos', dizia uma operadora de central telefônica a uma amiga sem namorado.
2006-09-03 02:44:29
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answer #1
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answered by paceyr 7
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um homem muito poderoso que pode resolver tudo com um unico telefonema,mobilizar mídia,reunir congresso para votar leis nas prisões,manter a união dos presos,ditar regras,tudo com um unico telefonema,taí um forte candidato à presidencia da republica,cabra macho!!
2006-09-03 02:45:30
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answer #4
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answered by Jorge A 1
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Marcola , um bandido extremamente inteligente que está preso, e lidera organizações criminosas de dentro da cela... Dizem que ele lê bastante, é uma mente brilhante do mal...
Dá até medo disso....
2006-09-03 02:32:46
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answer #6
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answered by ♥ 7
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