Anarquismo
A principal idéia que rege o anarquismo é de que o governo formal é totalmente desnecessário, violento e nocivo, tendo em vista que toda a população pode, voluntariamente, se organizar e sobreviver em paz e harmonia (anarquismo político).
A proposta dos anarquistas é contraditória ao sistema capitalista, mas não deve ser confundida com o individualismo, pois está fundamentada na cooperação e aceitação da realidade por parte da comunidade. De acordo com os maiores pensadores anarquistas, o homem é um ser que por natureza é capaz de viver em paz com seus semelhantes, mas órgãos governamentais acabam inibindo esta tendência humana de cooperar com o resto da sociedade. A organização na sociedade anarquista não é descontrolada, ela depende da autodisciplina e cooperação voluntária, está baseada no instinto natural do homem; não é uma decisão hierárquica como acontece nas sociedades convencionais.
De acordo com Bakunin, é impossível criar uma sociedade livre, sem antes acabar com alguns conceitos da sociedade convencional, como a igreja, classes sociais, governos; e a partir da dissolução desses elementos, se teria liberdade para viver como indivíduos livres. "A liberdade é o direito absoluto de todo homem ou mulher maiores de só procurar na própria consciência e na própria razão as sanções para seus atos, de determiná-los apenas por sua própria vontade e de, em conseqüência , serem responsáveis primeiramente perante si mesmos, depois, perante a sociedade da qual fazem parte, com a condição de que consintam livremente dela fazerem parte".
Bakunin escreveu vários textos com teorias anarquistas, entre essas, está a idéia de se dissolver o estado e transformar as cidades e os países em federações, em pequenos núcleos, cada um tendo seus regulamentos, mas todos sendo livres para se unirem com outras federações, desde que adequem seus estatutos em comum acordo para que progressivamente as federações se unam até formar uma federação mundial.
Correntes de pensamento no anarquismo
Existe duas vertentes do pensamento anarquista; , uma é o anarquismo radical, que usa da violência para mostrar sua indignação perante o sistema e para reivindicar seus direitos; A outra é o anarquismo político, que usa debates, encontros e o diálogo como meio de se chegar a uma solução melhor, pensa alternativas de sociedade e desenvolve-se no campo intelectual.
O anarquismo no mundo
O anarquismo se iniciou na metade do século XIX, na França, através de Proudhon, e se expandiu para a Rússia, Itália e Espanha na Europa, até chegar aqui no Brasil no final do século XIX, através de imigrantes espanhóis, italianos, portugueses, franceses,belgas.
No Brasil
De acordo com Edgar Rodrigues, as primeiras experiências anarquistas foram antes mesmo da chegada dos imigrantes: nos quilombos. Lá, tudo era de todos: terras, produção agrícola e artesanal- cada um retirava o necessário. Depois por volta de 1890, o sul do Brasil teve uma fracassada experiência anarquista, financiada pelo imperador. No fim do século XIX, as aspirações anarquistas no Brasil ganharam vigor. A greve de 1917 foi comandada em sua maioria por anarquistas, a infinidade de jornais libertários da época inclusive atestaram a força e organização dos anarquistas do Brasil.
A primeira iniciativa dos anarquistas brasileiros foi tentar expandir o seu trabalho através do voluntariado. Os primeiros jornais anarquistas e anarco-sindicalistas tentaram se sustentar apenas de contribuições, porém os militantes eram poucos e não possuíam muitos recursos econômicos. Assim, pouco foram os jornais anarquistas que publicaram mais de cinco números; todos pediam exaustivamente contribuições em seus editoriais. 'A terra livre' - o jornal melhor sucedido antes da primeira guerra mundial, só editou setenta e cinco números em cinco anos. O tempo passava e os anarquistas procuravam um suporte financeiro mais eficaz, passaram a vender assinaturas, usaram de recursos outrora considerados corruptos, como rifas e festas. Estas últimas eram freqüentes, e seu êxito dependia muito mais das atrações sociais do que de sua dedicação ideológica.
As teorias e táticas do anarco-sindicalismo infiltraram-se no Brasil através de livros de teóricos sindicalistas residentes na França. Como em todos países onde penetram essas teorias, difundiram-se no Brasil através da imprensa, de panfletos, e das decisões dos congressos operários dominados por anarco-sindicalistas.
"A ação direta era a bandeira do sindicalismo revolucionário". Cada ação direta - greves, boicotes, sabotagens, etc, era considerada um meio dos trabalhadores aprenderem a agir de uma maneira solidária na sua luta por melhores condições de trabalho, contra o seu inimigo comum, os capitalistas. Cada uma dessas ações diretas é uma batalha na qual o proletário conhece as necessidades da revolução por meio de sua própria experiência. Cada uma delas prepara o trabalhador para a ação final: a greve geral que" destruirá o sistema capitalista".
Nestas ações, considera-se a violência como algo aceitável, sendo justamente este o fato que distinguia o anarco-sindicalismo das outras formas de sindicalismo brasileiro. A sabotagem, era considerada especialmente eficaz para o proletariado, se não pudessem entrar em greve, estes, poderiam agredir seus exploradores de outra forma, empregando a filosofia de que para um mau pagamento há um mau trabalho. A destruição de equipamentos tocaria no ponto fraco do sistema, pois as máquinas são mais difíceis de se substituir do que os trabalhadores.(anarquismo radical).
Grupo anarquista de Natal
Em Natal existia o o Grupo Afim (o nome tem haver com o conceito de afinidade de idéias , pois não existis um pré-requisito formulado para se fazer parte do grupo). Era formado em sua maioria por universitários, e era um grupo libertário (sem tendências específicas).
O grupo Afim promovia mesas redondas relacionadas ao anarquismo, levando temas como Tecnologias alternativas ou Cultura libertária x Cultura hegemônica. Lançou um livro cujo título é: Terra Livre, Compilação comemorativa do III encontro de cultura libertária de Natal. Esse livro reúne textos e panfletos anarquistas que circularam aqui.
Existe uma carência de informações relacionada ao anarquismo e sua atuação aqui em Natal, devido à nunca ter sido feito um levantamento mais preciso, visando o lado histórico; mas nos anos 80 já existia o movimento anarco-punk, e é o mais ativo até hoje.
Christiania- um exemplo de sociedade anarquista.
Foto: Revista Caros Amigos- Christiania.
Christiania surgiu da idéia de fundar uma comunidade alternativa, que tivesse suas própias leis, baseadas na liberdade do indivíduo e no trabalho coletivo. Até os usuários de drogas tem um tratamente diferenciado, que vai da oferta de ajuda à expulsão da comunidade, caso o viciado não se cure. Drogas pesadas como cocaína e heroína são proibidas por lá, mas drogas leves como o hashishe são fáceis de encontrar. o sistema adotado é o da auto-gestão, em que toda a comunidade participa das decisões.
Com esses dados, pode-se ver que o anarquismo mesmo com ideais utópicos, está presente e promove mudanças.
Por Luciano Dantas.
Referências para pesquisa: integrante do grupo anarquista de Natal; Site geocities.com; Textos Anarquistas; Bakunin, Michael Alexandrovich. Editora L&PM POCKET. Revista Caros Amigos, edição de agosto de 1997, Roberto Freire, Christiania.
2006-08-31 07:12:04
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answer #5
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answered by Filósofo 3
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