Artur Gonçalves de Sales
"Ocaso no Mar", considerado o mais belo poema descritivo da Língua Portuguesa:
Ocaso no Mar
O céu a valva azul de uma concha semelha
De que outra valva é o mar ouriçado de escamas.
No ponto de junção, o sol - molusco em chamas -
Do bisso espalha no ar a incendida centelha.
Listões de intenso anil, raias de cor vermelha,
Grandes manchas de opala, arabescos e lhamas,
Da luz todos os tons, da cor todas as gamas
Vibram na valva azul que a valva verde espelha.
Mas todo este fulgor esmaece e se apaga.
Tímido, o olhar do sol bóia de vaga em vaga,
Porque uma sombra investe a sua concha enorme.
É a noite: como um polvo, insidiosa, se eleva.
Desenrola os seus mil tentáculos de treva:
E o sol, vendo-a crescer, fecha as valvas e dorme.
2006-08-30 12:55:23
·
answer #1
·
answered by Daniel 6
·
1⤊
0⤋
Há um poema, Humildade, de Cecília Meireles, escrito em 1954, que é belíssimo e nos faz pensar sobre muitas coisas:
Tanto que fazer!
Cartas que não se escrevem,
livros que não se lêem,
línguas que não se aprendem,
amor que não se dá,
tudo quanto se esquece!
Amigos entre adeuses,
crianças chorando na tempestade,
Cidadãos assinando papéis, papéis, papéis...
...até o fim do mundo
assinando papéis...
E os mortos em redoma de cânfora.
E os pássaros por detrás de grades de chuva.
E uma canção tão bela!
Tanto que fazer,
e fizemos apenas isto!
E nunca soubemos quem éramos
nem prá quê.
CECÍLIA MEIRELES
2006-08-31 06:49:09
·
answer #2
·
answered by amigodomundo 6
·
2⤊
0⤋
Esse de Fernando Pessoa (Ricardo Reis) pode não ser o mais belo, mas é belo!
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quise'ssemos, trocar beijos e abrac,os e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
2006-08-30 20:18:48
·
answer #3
·
answered by Gibi 6
·
2⤊
0⤋
Para mim eh o "Soneto de Fidelidade":
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
2006-08-31 00:20:27
·
answer #4
·
answered by Patricia M 4
·
1⤊
0⤋
Eu Sei que Vou Te Amar
Vinícius de Moraes - Tom Jobim
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda minha vida
2006-08-30 20:01:57
·
answer #5
·
answered by Thadeu 3
·
1⤊
0⤋
Soneto de Fidelidade , de Vinícius de Moraes:
''De tudo ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento...''
2006-08-30 19:55:06
·
answer #6
·
answered by Samsunnahar 6
·
1⤊
0⤋
Uma poesia entitulada Língua Portuguesa do Olavo Bilac. Uma homenagem do poeta a nossa língua.
2006-08-31 13:22:42
·
answer #7
·
answered by Anonymous
·
1⤊
1⤋
Na minha opinião seria "Soneto de Fildelidade" de Vinicius de Moraes
2006-08-30 19:56:06
·
answer #8
·
answered by Crazy 2
·
0⤊
0⤋
Os poemas de Paulo Coelho são exelentes tem uma ralidade que leva a nossa vida.
2006-08-30 19:51:48
·
answer #9
·
answered by Alberto M 2
·
1⤊
1⤋
Navio Negreiro de Castro Alves
2006-08-31 06:26:14
·
answer #10
·
answered by Marília de Dirceu 7
·
0⤊
1⤋