Um tapinha dói, sim
Mais comum do que se imagina, a palmada deseduca. Conversar é o melhor, sempre
por Deborah Kanarek
Jéssica tinha 4 anos quando jogou água na televisão para lavá-la. Quando a mãe viu, ficou descontrolada. A dona-de-casa Rosane Ferreira Santos, 33 anos, bateu no bumbum da menina, que chorou e nunca mais voltou a repetir o ato. Essa foi a primeira palmada de várias que Rosane aplicou nos filhos Jéssica, hoje com 14 anos, Juliana, 12, e Guilherme, 5, que ainda apanha quando bate nas irmãs. "Se a criança faz malcriação ou algo muito errado, não adianta conversar, tem de levar um tapa", afirma Rosane. Ela diz que hoje dificilmente os filhos têm coragem de lhe responder mal. Ao mesmo tempo revela remorso. "Infelizmente, se não der palmada, os filhos não obedecem", justifica.
A palmada é um recurso utilizado em todas as classes sociais. "Em 99% dos lares brasileiros, as crianças já levaram pelo menos uma palmada na vida", diz o psicólogo Cristiano da Silveira Longo, que defendeu uma tese na Universidade de São Paulo (USP) sobre punição corporal doméstica de crianças. Em enquete respondida por 640 pais no site de CRESCER, 52% disseram conversar com o filho na hora de uma punição, mas, na ausência de resultados, apelam para a palmada. Outros 35% conversam e, se não surtir efeito, colocam de castigo. Apenas 12,7% não lançam mão nem de castigos nem palmadas. No livro Mania de Bater, as psicólogas Maria Amélia Azevedo e Viviane Nogueira de Azevedo Guerra realizaram uma ampla pesquisa com 894 crianças de diversas classes sociais. Mais de 50% das crianças revelaram ter apanhado em casa. Os meninos mais pobres são os que mais sofrem, cerca de 75% apanham. O estudo conclui que a palmada é a tática punitiva preferida das mães.
CÃrculo vicioso
"A palmada interrompe o comportamento considerado inadequado de forma instantânea, mas a médio e longo prazos não educa", diz Longo. Para ele, o método de ensino faz parte de um cÃrculo vicioso, no qual pais e filhos não estão habituados a dialogar. "à um ato incoerente, pois à s vezes a criança apanha para aprender que não deve bater", diz o psicólogo. A violência reforça comportamentos agressivos, como o do menino Guilherme, que reproduz a atitude da mãe batendo nas irmãs. O cÃrculo completa-se com a violência psicológica que normalmente acompanha a palmada. "São frases que depreciam a criança, como 'você faz tudo errado'. Ela acaba se convencendo de que o adulto tem razão, o que estimula mais ainda os comportamentos negativos", observa Longo.
Alguns pais que batem sofrem com a ambigüidade dos seus sentimentos, mas pior é a situação dos filhos que apanham. A palmada deixa cicatrizes como baixa auto-estima, agressividade, medo, insegurança e sensação de impotência. A criança experimenta dor, humilhação, tristeza, angústia, ódio, raiva e vergonha. "Toda palmada é um ato violento e a pouca força que os pais acreditam aplicar num tapa nem sempre é a mesma percebida pela criança", diz Longo. Ele ressalta que as seqüelas podem ou não aparecer em conseqüência de aspectos como o equilÃbrio do ambiente familiar, a freqüência com que a criança apanha e sua personalidade. à claro que, quando batem em seus filhos, os pais não querem simplesmente humilhá-los. A palmada é dada com a melhor das intenções: educar a criança para que ela conheça seus limites e se torne um adulto responsável. Só que há outras formas de educar.
Os pais também precisam saber que ela pode provocar o efeito inverso: fazer com que a criança perca o respeito por eles. "Principalmente aquela palmadinha que não dói. A criança sente-se castigada mas não chega a ter medo da punição, o que equivale a um passe livre para transgredir", diz a psicóloga infantil Ana Esther Cunha. A palmada pode iniciar uma espiral de violência que conduz os pais às surras e aos espancamentos. "Quando a palmadinha já não surte efeito, a dose da agressão aumenta para intimidar a criança", diz Ana Esther. "A conseqüência é o medo que estimula a criança a mentir", acrescenta a psicóloga Raquel Caruso Whitaker, do Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento. #q#
Da cultura popular
Provérbios como "pé de galinha não machuca os pintinhos" ou expressões do tipo "essa criança está precisando de umas boas palmadas" são repetidas sem nenhum constrangimento no Brasil. Em diversos paÃses ela é proibida por lei, como na Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Ãustria, Letônia, Croácia, Alemanha no Chipre e em Israel. Aqui, a campanha Palmada Deseduca, do Laboratório de Estudos da Criança da USP, recolheu por enquanto 150.841 assinaturas para uma petição a ser encaminhada ao Congresso Nacional na tentativa de criar uma legislação especÃfica para a palmada. O assunto é polêmico. O método ainda tem defensores, até mesmo na literatura. Das 36 obras publicadas sobre educação familiar entre 1981 e 2000, 28% se posicionam a favor da palmada, apurou o psicólogo Longo em sua pesquisa. Esses posicionamentos têm respaldo na tradição de castigar fisicamente as crianças, trazida ao Brasil no século 16, pelos padres jesuÃtas, pois os Ãndios não conheciam a palmada. Mas a punição fÃsica é antiga. Existem referências dessa forma de educar no Livro de Provérbios, no Velho Testamento e nas civilizações grega e romana.
Pais estressados
Em seu trabalho, Longo listou os principais argumentos utilizados pelos pais que lançam mão da palmada, entre eles, a necessidade de impor respeito com resultados imediatos, a crença de que a criança não tem maturidade de escutar e entender e a tentativa de evitar que ela se torne um adulto autoritário e desagradável. Há os que se acham no direito de bater porque são os provedores da criança. Mas, de acordo com especialistas, os motivos são outros. "Os pais batem porque estão estressados por trabalho, trânsito, problemas financeiros ou pelo acúmulo de problemas com a criança", diz a psicóloga Raquel. "Pais batem porque são inseguros e autoritários", diz a terapeuta familiar Verônica Cezar Ferreira. Para ela, educar dá trabalho e o adulto precisa ser firme e coerente, o que não é sinônimo de braveza nem de rigidez.
As situações que levam à palmada normalmente estão relacionadas a limites. à medida que cresce, uma enorme curiosidade impulsiona a criança a querer descobrir tudo. E os pais, alvos preferidos das experimentações infantis, têm de delimitar as fronteiras. Os especialistas sugerem que façam combinados com o filho. São como contratos, que devem ser acertados antes dos confrontos. Se seu filho teima em criar problemas na hora de vestir-se para a escola, converse antes com ele, explique a importância da pontualidade e decidam em conjunto qual será a punição caso o acordo não seja cumprido. O castigo deve ser sempre compatÃvel com a idade e relacionado à transgressão cometida.
Na conquista da sua independência um bebê considerado ótimo transforma-se, de repente, em um ser que bate e morde. E, preferencialmente, faz isso com outras crianças pequenas. Parece até que não pode ficar perto de outra criança sem bater, apertar, morder. O que é que está acontecendo?
Pais que não sabem o que está acontecendo podem reagir erradamente, gritando, castigando, batendo na criança “para ela ver como é bom”. A criança, que sabe o que está acontecendo, sente-se injustiçada por perder a confiança nos pais, e a sua segurança, porque imagina que não é mais amada.
Quem tem mais de um filho provavelmente já sabe que aquela é uma fase, normal, que vai passar logo. Mesmo assim, às vezes, perde a paciência e castiga a criança, o que é ruim para os dois. Pais mais experientes sabem que não adianta gritar, ameaçar, castigar, bater. E que não é bom isolar a criança, afastá-la de outras crianças, porque isso vai comprometer sua socialização e fazer com que essa fase demore mais para passar.
Geralmente os pais imaginam que a criança está agressiva. E mesmo professoras mal informadas e orientadoras educacionais pouco esclarecidas chamam os pais da criança para reclamarem da agressividade. São literalmente, ignorantes.
Nem a criança é agressiva nem está agindo com agressividade, e aqui começa o problema do relacionamento dos adultos com a criança: a má compreensão do problema, se é que existe um problema.
Quantas vezes você apertou seu filho, bem apertado, em seus braços? E quantas vezes beliscou-o carinhosamente nas bochechas, ou deu mordidinhas amorosas como manifestação de afeto? Crianças que recebem este tipo de carinho, e gostam, querem manifestar seu afeto por outra criança, só que erram na medida, porque ainda não têm o controle fino dos seus movimentos. Com isso, acabam machucando as outras crianças, sem querer. Por isso mesmo não entendem o choro, a reação negativa das outras crianças, a zanga, o castigo dos pais. Ela gosta de ser apertada e mordida, por que a outra criança não gostou? Pior: por que está sendo castigada?
Em outra oportunidade ela tenta outra vez, porque só aprende repetindo, experimentando, até confirmar suas experiências.
O que ela precisa, na verdade, é aprender que há apertões agradáveis e apertões desagradáveis, mordidas que dão prazer e mordidas que provocam dor. Mas, para isto, precisa experimentar, até entender a diferença; talvez seja mais prático fazer com que ela aprenda na própria carne, sem exagero.
Como impedir a criança de morder e apertar sem magoá-la? E como dar a ela a experiência sem permitir que ela use outras crianças para suas experiências?
Em primeiro lugar, sendo paciente. Nada de zanga e gritos, especialmente porque os adultos reagem para platéia, porque ficam envergonhados, preocupados com o que outras pessoas vão dizer a respeito da sua forma de educar. Nada de rotular a criança de “cachorrinho” e outras bobagens semelhantes.
Depois, dando atenção e carinho, insistindo nos limites: não pode bater, não pode morder, não pode apertar. E fazendo a criança perceber a diferença entre uma mordida leve e uma menos leve, sem machucá-la, evidentemente. à só aumentar um pouco a pressão dos nossos dentes na carne dela, para que ela sinta que mordida pode machucar.
O certo é que a fase passa, com mais rapidez e menos dor, se respeitarmos a criança e ela perceber que nosso afeto não foi abalado. Sem agredi-la, podemos levá-la a experimentar a diferença entre a mordida amorosa e a mordida que dói, para que ela aprenda a distinguir e principalmente, possa entender a reação de uma outra criança ao que imagina ser uma agressão, embora não passe de carinho.
Também é bom permitir que ela morda o dedo do papai, devagar e depois vá aumentando a força da mordida, para que estabeleça a medida dessa diferença importante. Mordendo o dedinho dela e deixando que ela morda o nosso podemos ensinar sem traumatizar.
Tentar controlar a criança, obrigando-a pedir desculpas e a beijar a outra criança que foi mordida, não é bom. Não é bom para seu filho porque ele não se considera um agressor, não aceita que tenha feito uma coisa errada. E não é bom para a outra, que deve estar com medo de levar nova mordida. Além disso, mordendo e beijando para desculpar-se, seu filho pode entender mal a mensagem e imaginar que pode morder a vontade, desde que beije depois.
No entanto há ocasiões em que a criança pequena bate e morde por outro motivo: está querendo chamar a atenção dos adultos, especialmente dos pais, por carência, falta de carinho e de apoio, ausência repetida. Nesse caso ela está agredindo porque se sente agredida, e a solução é dar o que ela mais precisa: atenção, apoio, afeto.
Sugestão para leitura: “Escola de Pais” - Luiz Lobo – Ed. Lacerda
Denilde Ap. M. Lourenço
Psicopedagoga e Terapeuta Floral
Beliscões, cascudos, palmadas. Será que essas são formas de educação adequadas e resolvem para corrigir e educar uma criança? A Turma do Plenarinho, sabendo que esse é um assunto superpolêmico, mas que precisa ser conversado, foi atrás de informações para contar a vocês o que anda rolando sobre o tema. Na Câmara, por exemplo, acaba de ser aprovado um projeto de lei que dá à s crianças e aos adolescentes o direito de não sofrerem nenhum tipo de castigo fÃsico. Você sabe o isso quer dizer? Significa que, se a proposta também for aprovada pelo Senado Federal e virar lei, ficará proibido dar beliscões, puxões de orelha, cascudos, bolos nas mãos, chineladas e até mesmo as “famosas palmadas educativas” em qualquer criança brasileira. Pai, mãe, padrasto, madrasta, professor, diretor de escola, babá, enfim, todos os responsáveis ficarão proibidos de maltratar os menores.
Você já apanhou dos pais ou responsáveis em algum momento da sua vida? Já ouviu as frases “Você vai apanhar pra aprender”, “Deixe de birra ou lhe dou uma palmada”, “Esta surra é para o seu bem”? Então, o assunto está na boca do povo e na dos deputados também: bater nas crianças resolve? Todos querem saber se os pequenos precisam, necessariamente, sofrer castigos fÃsicos para serem educados, ou se uma conversa séria não surtiria melhor efeito.
Como a Turma do Plenarinho achou o tema bastante adequado para ser debatido aqui na nossa página eletrônica, decidiu preparar uma reportagem especial. Por isso, cada personagem se propôs a pesquisá-lo em cartilhas, jornais e sites variados, além de entrevistar bastante gente.
Violência Começa dentro de Casa
O professor Edu Coruja, um educador preocupado, não perdeu tempo e foi saber detalhes sobre esse hábito dos adultos. Sabem o que ele descobriu? Em primeiro lugar, que castigo fÃsico é o uso da força pra causar dor (sem ferir) com o propósito de corrigir o comportamento não desejado na criança ou no adolescente. A palmada, a surra, o beliscão e o puxão de cabelo são considerados castigos fÃsicos ou punições leves, moderadas.
Em segundo, que as famÃlias costumam recorrer ao castigo fÃsico por diferentes razões: porque acham que é importante para a educação dos filhos; para descarregar a raiva; porque perdem o controle; porque acreditam que é o meio mais certo para evitar que os filhos repitam uma atitude ou comportamento considerados perigosos ou inadequados (como ser grosseiro, respondão, desobediente, atravessar a rua sozinho ou mexer no fogão, por exemplo).
E em terceiro, que a criança vÃtima de violência pode tornar-se um adulto violento.
Saiba mais
FamÃlia significa carinho, proteção, afeto, aconchego, certo? Certo, mas infelizmente também pode abrigar muita agressão, humilhação, preconceito, xingamento, raiva, tristeza. A violência praticada contra crianças no meio da própria famÃlia, em creches, escolas e orfanatos é comum desde os tempos mais primitivos, nas mais diversas sociedades e classes sociais. Grande parte dos casos de violência contra crianças e adolescentes acontece dentro de casa mesmo. Os agressores são familiares ou pessoas ligadas aos menores.
Um exemplo disso é o que ocorre no Distrito Federal, onde quase 85% dos casos de agressão contra menores registrados pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente acontecem em casa. Acreditem! Ãs vezes, elas são maltratadas pelos próprios pais. Existem crianças que passam fome e frio dentro das próprias casas. Muitas são obrigadas a lavar, passar e cozinhar sob ameaça de surra. Outras são muito humilhadas e até mortas.
Um estudo do Laboratório da Criança do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (Lacri-USP) confirma tudo isso e mostra que, apenas em 2001, foram registrados 53 mil casos de violência doméstica contra crianças menores de seis anos.
Em suas pesquisas, Xereta descobriu que maldades como essas não acontecem apenas no Brasil. Ela ficou muito triste de saber que estudos realizados em todo o mundo mostram que é supercomum castigar fisicamente as crianças. Vejam só como as crianças têm sofrido castigos fÃsicos pelo mundo afora: na Austrália, por exemplo, uma pesquisa de 1987 mostrou que 81% dos meninos e 74% das meninas da escola primária haviam apanhado das mães e que 76% dos meninos e 63% das meninas haviam apanhado dos pais. No Reino Unido, um estudo de 1985 demonstrou que 63% das mães admitem ter batido em seus bebês antes da idade de um ano. Já nos Estados Unidos, pesquisa de 1985 com mais de 3 mil famÃlias com filhos menores de 17 anos mostrou que 89% dos pais já tinham batido em seus filhos de até três anos de idade.
O Projeto de Lei
O Projeto de Lei (PL) que a Câmara acaba de aprovar - proibindo beliscões, puxões de orelha, cascudos, bolos nas mãos, chineladas e até mesmo as “famosas palmadas educativas” nas crianças, é da deputada Maria do Rosário, do PT do Rio Grande Sul, que também é coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente na Câmara.
Ela, que inclusive participou de um bate-papo virtual no Plenarinho em 2005, foi a única representante da América Latina convidada a participar do Fórum Social das Américas, que acontece este mês na Venezuela, é a favor do esclarecimento da população para que os castigos fÃsicos sejam substituÃdos pelo diálogo. A deputada gaúcha explica, ainda, que "não adianta só aprovar a lei, é preciso também investir na conscientização dos adultos, por meio de campanha que mostre não ser o castigo fÃsico uma forma devida de educação”.
A Turma do Plenarinho deixa aqui o link do Projeto de Lei 2.654/2003, o qual nasceu de um abaixo-assinado com mais de 200 mil assinaturas (uau!) recolhidas pelo Laboratório da Criança. Ele foi elaborado pelo Lacri/USP e segue as recomendações do Comitê dos Direitos da Criança da ONU, órgão que zela pelo cumprimento da Convenção sobre os Direitos da Criança.
De acordo com o texto, os pais, professores ou responsáveis que baterem em crianças ficarão sujeitos à s medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Aqueles que desobedecerem à lei deverão ser encaminhados a um programa oficial ou comunitário de proteção à famÃlia, tratamento psicológico ou psiquiátrico e cursos ou programas de orientação. Além disso, a criança ou adolescente deverá ser encaminhada a tratamento especializado. Mas, de acordo com a deputada Maria do Rosário, o objetivo do projeto não é punir os pais. A finalidade da proposta é conscientizá-los de que os castigos fÃsicos não são um método educativo eficaz. A idéia é incentivar a busca de alternativas para estabelecer os limites na educação de crianças e adolescentes. "Queremos contribuir também para a formação de um ambiente familiar livre de violência, mais propÃcio ao desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes", declara Maria do Rosário.
Mudança no ECA e no Código Civil - A Constituição Federal, de 1988, e o ECA (Lei 8069/90) já trouxeram vários avanços na garantia do direito das crianças e dos adolescentes, né? Mas, de acordo com Maria do Rosário, ainda persiste a cultura que admite o uso da violência contra os menores - a chamada mania de bater. "à fundamental tornar bem claro que a punição corporal de criança e adolescente é absolutamente inaceitável”.
O projeto altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e também o artigo 2° do novo Código Civil (Lei 10406, de 2002), a fim de garantir que os pais não usem a força fÃsica (nem leve nem exagerada) para exigir que os filhos lhes prestem obediência e respeito - nem se o castigo tiver o objetivo de ensinar as crianças. De acordo com o novo texto,os castigos fÃsicos não podem acontecer em nenhum lugar - nem no lar, na escola, em situação de atendimento público ou privado nem em locais públicos.
O que vai acontecer?
Vital, curioso que é, quer saber: o que o governo vai fazer para que as pessoas cumpram a lei, caso o projeto da deputada Maria do Rosário seja aprovado? Outra deputada, Teté Bezerra, do PMDB do Mato Grosso, é quem responde. Ela explicou ao Vital que apenas a aprovação da nova lei não será suficiente para garantir uma mudança de comportamento dos adultos - que batem e machucam as crianças acreditando que assim vão educá-las. Segundo a explicação dela, o governo deverá fazer um montão de campanhas publicitárias – como comerciais de rádio e TV que ensinam a população a tratar com muito carinho e atenção as crianças brasileiras. Outra coisa que as campanhas vão dizer é que as escolas do nosso paÃs terão disciplinas voltadas à proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes. Irado, não? Assim, na escola todos poderão aprender que em criança não se bate de jeito nenhum. O Zé Plenarinho e a Légis participaram dos debates e votações do projeto da deputada Maria do Rosário. Os dois, bem faceiros, estiveram nas comissões de Educação e Cultura, de Seguridade Social e FamÃlia; e de Constituição e Justiça e de Redação da Câmara. Adoraram!
Como anda essa história pelo mundo
Alguns paÃses já têm leis que proibem maltratar as crianças e os adolescentes. A Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Ãustria, Chipre, Letônia, Croácia, Alemanha, Bulgária, Israel, Islândia, Ucrânia, Romênia e Hungria são os 15 que não permitem, de jeito nenhum, que batam nas suas crianças e adolescentes.
Como o Brasil, outros 25 paÃses também estão tentando acabar com esse tipo de violência. Saiba que, se o projeto da deputada Maria do Rosário for aprovado pelo Senado Federal, o Brasil poderá ser o primeiro paÃs da América Latina a proibir todo o tipo de castigo fÃsico contra crianças e adolescentes.
Contra a palmada
“Se bater num adulto é agressão e se bater num animal é crueldade, por que então acreditar que bater numa criança pode ser educação?” A Légis, a Cida e o Adão encontraram várias instituições e organizações que tomam essa frase como lema e participam de campanhas para acabar com as maldades contra as crianças. O Instituto Promundo, do Rio de Janeiro, por exemplo, publicou um guia prático para os adultos educarem as crianças sem bater chamado “Cuidar sem violência, todo mundo pode!”. A cartilha ensina que os efeitos que os castigos fÃsicos produzem não são nada bons. Eles só causam medo, dificultam o desenvolvimento e bloqueiam o comportamento das crianças, não permitindo que planejem e resolvam seus problemas.
Saiba que tem muita gente lutando contra os maus-tratos. A Agência de NotÃcias dos Direitos da Infância (Andi), a Comunicarte, a Fundação Xuxa Meneghel e a Save the Children Suécia são alguns dos grupos que lutam para proteger as crianças. Faça sua parte. Denuncie quem bate em criança.
A jornalista LÃlian Daher é totalmente a favor do projeto. Seu filho nunca levou uma palmada sequer. “Sempre usei o diálogo, mesmo nos momentos mais difÃceis da infância e adolescência do Pedro. Hoje, aos 23 anos, ele é um homem calmo e responsável”.
A favor da palmada
Como já foi dito, o tema é muito polêmico. Há muitos que são contra o castigo fÃsico, mas existem aqueles que são a favor de punições leves (palmadas) como forma de educação. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a psicóloga Vilma de Andrade diz que os pais só podem dar uma palmada no filho depois que o filho sabe exatamente os motivos. De preferência no banheiro e nunca na frente dos outros. “Nós orientamos a criança, dizemos que aquilo não deve ser feito por algum motivo. Ela tem a oportunidade de escolher. Mas algumas crianças não têm maturidade suficiente, então palmadas no bumbum – com um chinelo ou varinha, e nunca com a mão - são aceitas”, declara.
Vilma diz que, muitas vezes, a pessoa confunde limite com agressividade. “Limite é dar um espaço tranqüilo e saudável para a criança se desenvolver, dentro de certas normas, sempre mostrando que quebrar as normas traz conseqüências. Para que a vida mais tarde não traga conseqüências muitas vezes irreparáveis, os pais ensinam com palmadas”.
O chefe de almoxarifado Elicio Aquino, que tem 32 anos e um filho, disse que está preocupado com o crescente número de crimes cometidos por crianças e adolescentes e, por isso, considera a palmada importante na educação das crianças. Na sua opinião, a nova lei pode tirar dos pais a condição de corrigir os filhos de forma moderada, no caso da necessidade das palmadas. “Fico imaginando onde vamos parar, se os pais não puderem dar a correção para seus filhos...”
Ã, crianças, o assunto "dá pano para mangas" (dá o que falar). Nós, do Plenarinho, vamos continuar prestando atenção a tudo o que se fala e faz sobre o assunto. E, pra que você participe, abrimos um debate para saber se bater em crianças é uma forma correta de educá-las.
Esperamos sua colaboração! Aliás, sua participação é o mais importante para nós!
2006-08-30 19:02:32
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answer #10
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answered by TIOZIM 5
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