Qual foi sua sensação ao ler "O Processo",de Franz Kafka?

Answer 1

É interessante constatar que qualquer livro de kafka sempre me dá a sensação de ligação ás minhas idiossincrasias menos conscientes; uma adaptação á regra, normas e leis, á construção de alguma educação pública e/ou ideológica.
Noutro plano, também penso que estes livros dizem respeito a alguns pontos de incomunicabilidade comum e a um movimento incessante na procura de entendimentos em níveis diversos, sejam paradoxos políticos, sociais ou religiosos, da parte do indivíduo. Talvez esta seja uma das característica na obra que por vezes nos a faz pensar enquanto “universal”. Repare-se por exemplo na "carta ao pai" e percebemos como uma questão pessoal da vida do franz, afinal toca a todos...
Sem ultrapassar uma linha frágil de clareza, Kafka parece moldar essa linha. Parece a trabalhar e deformar ( como se percebe nos “diários” disponibilizados pelo seu amigo Max Brod) e de modo singular...
O escritor propõe metaforicamente o mundo que sente mas que também vivência... expõe esse lugar de um modo em que o explica e assim se clarifica: apresenta-o sob a ocorrência de um lugar obscuro ( o cinema negro copiou também muitas vezes desta atmosfera), e aí o explica enquanto imagem; mostra entretanto que não tem termo, e assim clarifica-se, não esclarecendo contudo. Julgo que clareza nunca houve nem há no contrato social como é sugerido no quotidiano dominado por imagens .
Ao que julgo, muitos de nós reconhecemos nos seus trabalhos a ligação incessante ao que habitualmente designamos real - o processo burocrático, o castelo secretista ou a metamorfose incrível, isto é uma impossibilidade de chegar a uma instância, um mundo labiríntico que se alheia ou uma transformação que quer salvar o dia. E esta ligação pode ser pensada como religiosa. Numa religião incessante e tão velha como as demais, onde se assinam contratos todos os dias movendo o mecanismo de uma máquina lenta ou rápida.
No livro que G. Deleuze e F. Guattari publicaram sobre a obra e possíveis agenciamentos, e que recomendo ("Kafka - para uma literatura menor"), os autores traçam várias ideias sobre um processo rizomático em que arte e vida se mostram em simultâneo na escrita.
Gosto do processo.

Answer 2

Assombro, encanto e fascinação. Kafka é um autor que deixa a gente de frente para o horror de uma sociedade onde a burocracia é maior do que a vida. Um gênio da literatura. Vale a pena ler também "Metamorfose" e "O Castelo". Antes de morrer, ele pediu a um amigo que queimasse suas obras. Ainda bem que o amigo foi infiel.

Answer 3

ansiedade,
como em todos os seus outros livros

Answer 4

Sente-se que foi escrito por um judeu tcheco, vítima do anti-semitismo. Interessante que hoje os tchecos consideram-no tcheco, os judeus dizem que ele é judeu e os alemães alegam que ele é alemão porque escreveu nesse idioma. Mas na época em que ele era vivo ninguém queria saber dele. Gostei também do Metamorfose.

Answer 5

É um dos livros que mais gosto dentro do universo Kafkiano. Além de "Metamorfose", é claro. A sensação que tive foi de total admiração à Literatura deste genial escritor que é o Kafka.

Answer 6

De impotência total. Credo! Ninguém supera Kafka em observação analítica.

Answer 7

Me senti muito mal (eu era oficial Escrevente no fórum), o livro parece um grito dos excluidos, um grito das pessoas que não conhecem as leis e os trâmites da justiça.

Answer 8

Não tive sensação , nunca li esse livro.

Answer 9

Uma falta de ar tremenda.

E hoje em dia nem é necessário se ler esse livro, basta dar uma olhada nos serviços públicos atualmente aqui no Brasil...Tenta entrar com um requerimento em determinada repartição e verás.

Answer 10

Nenhuma, não li.