Olá Manoel,
Acho que o que torna para alguém um dilema ou não a realidade dos novos trabalhadores "polivalentes" é o alcance do seu propósito pessoal.
Com um sistema previdênciário como o que temos, acho uma imaturidade um profissional não estar hoje se preparando para desempenhar seu trabalho de forma diferenciada até os 65/70 anos de idade.
Veja bem, quem tem 40 anos de idade, terá pelo menos mais 25/30 anos de trabalho pela frente.
Foi-se o tempo em que o domínio razoável de uma habilidade básica permitia que alguém desenvolve-se um trabalho ao longo de toda a vida.
Hoje, para se ter um foco tão específico de atuação, um profissional necessita se preparar para tornar-se um especialista de renome num mercado suficientemente grande para oferecer demanda ao seu trabalho.
Quem não adquirir uma visão mais ampla, no tempo e no espaço, quanto ao seu desenvolvimento profissional, certamente colherá resultados que não irão ultrapassar o alcance de sua própria percepção.
Percepção curta e restrita...resultados curtos e restritos.
Tenho 40 anos de idade. Entendo que o dilema que você apresenta não afeta da mesma forma todos os trabalhadores desta faixa etária, pois cada caso é um caso.
Certamente, muitos enfrentarão o dilema deste contexto que você expõe, contudo, serão as escolhas pessoais de cada um que dirão se ela foi suficiente para vencer este paradigma ou não.
Posso apenas ilustrar meu depoimento pessoal nesta questão, permitindo uma análise deste desafio numa perspectiva mais aberta.
Tive desde muito cedo, ainda na infância, a percepção de que um homem vale por suas ações e resultados.
Boa ou não, esta forma de ver as coisas trouxeram consequências tanto boas quanto ruins.
Estudar, para mim, nunca foi uma obrigação, dever ou satisfação a ser dada frente ao esforço e sacrifício dos pais.
Sempre vi no estudo uma oportunidade de desenvolvimento e crescimento pessoal.
Todas as escolhas e opções na vida apresentam prós e contras.
Para a maioria de meus colegas eu era muito chato e excêntrico, parecendo querer mostrar que sabia ou era melhor do que os outros.
Este foi o primeiro efeito que colhi no fato de encarar alguma coisa com sério propósito na vida.
Aprendi ainda muito cedo que quem se destaca de alguma forma, em qualquer coisa, já atrai desafetos, primeira reação dos interesses coletivos que vêem uma forma de expressão e propósito dissonante, ameaçando o ritmo das coisas e os resultados colhidos dentro do equilíbrio vigente.
Não me intimidava nem mesmo com a ameaça de alguns professores de que estudassem porque a prova iria ser dura pra valer, nem quando diziam que iriam chamar um aluno no quadro pra explicar o que estava sendo exposto.
À partir do segundo grau, estudava a matéria antes que ela fosse exposta na sala de aula e passei a ter problema com alguns professores que não esperavam ser tão solicitados a prestar esclarecimentos de um assunto a seus alunos, nem serem corrigidos por alguns equívocos cometidos na exposição no quadro negro ou com citações equivocadas.
Na vida profissional, enfrentei sérias dificuldades de relacionamento e interação com muitos colegas porque não trabalhava de forma proporcional ao salário recebido, superando-o de forma a tornar este parâmetro ridículo.
Procurava a obtenção de resultados diferenciais e o aproveitamento de oportunidades de crescimento do negócio.
Este paradigma descompensado entre esforço e contra-partida foi percebida e muito bem aceita pelos meus superiores, apesar disso parecer a muitos colegas uma "Traição".
Conquistei cargos de maior responsabilidade, contrapartida, vendo-me frente a frente em situações de maior risco de gestão e necessidade de sensibilidade de escolha, pois não havia mais alternativas certas ou erradas, e sim, prós e contras.
Qualquer alternativa exibia a capacidade de prever e lidar com os efeitos colaterais que envolvem cenários complexos com interação de pessoas e seus interesses.
Contudo, as organizações em que trabalhei cresciam e se ampliavam e, sem falsa modéstia, auxiliei razoavelmente o alcance destas perspectivas e resultados.
Sempre trabalhei numa organização com o mesmo empenho do empresário, sendo na prática, um sócio sem participação acionária. Inquirido por alguns, quanto ao fato de não ter aberto ainda um negócio próprio, sempre disse que me considerava um aprendiz de empreendedor e que tudo a seu tempo virá.
Tenho formação em engenharia, mas o propósito de auxiliar as organizações a crescer, prevenir e superar crises deram-me oportunidades de adquirir conhecimentos e experiência prática nas áreas comercial, administrativa, financeira, contábil, pessoal, logística, jurídica e tecnologia da informação.
Atualmente, sou responsável pelo planejamento estratégico de uma grande organização regional, líder em seu segmento de engenharia em todo o país, iniciando suas exportações para outros.
Caro Manoel,
Os dilemas que encaramos na vida indicam que nosso propósito não se encontra além de suas amarras.
Cada um é senhor do seu destino.
Neste enfoque, uma atitude adequada certamente valerá mais do que mil palavras.
Desejo-lhe sucesso em sua pesquisa.
Um grande abraço !!!
2006-08-28 01:14:19
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answer #1
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answered by Peregrino 6
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