O médico baiano Elsimar Coutinho, 70 anos, passou seus últimos 40 anos pregando pelos quatros cantos do planeta que a menstruação é uma tortura desnecessária. Inventou líquidos injetáveis, pílulas vaginais e implantes de hormônios que decretavam o fim da menstruação. Suas descobertas foram acatadas por legiões de mulheres como se recebessem sua alforria. Entre elas, a jornalista Marília Gabriela e a atriz Ana Paula Arósio. Nos próximos dias, o cientista entra em outra empreitada: vai pleitear no Ministério da Saúde a liberação da pílula anticoncepcional masculina para ser vendida em farmácias, também para portadores do vírus da aids. Fabricada a partir de uma substância extraída do algodão, a pílula gossipol torna o homem infértil. Interrompida a produção de espermatozóides – um dos responsáveis pela transmissão do vírus da aids – em pessoas soropositivas, a probabilidade de disseminação do HIV se reduz. Mas antes de iniciar a nova ofensiva, o doutor Elsimar cuida da própria saúde. Motivo: de tanto fazer exame ginecológico, o médico, que atende de 400 a 500 pacientes por mês, adquiriu uma lesão por esforço repetitivo (LER) no ombro. “No exame de toque força-se muito o ombro para poder apalpar os ovários e o útero das mulheres”, diz.
A dor começou há dois meses, depois que o ginecologista encerrou o atendimento de 40 pacientes em Brasília – uma maratona clínica de um único dia. “Já abusei muito desse braço, joguei tênis durante 20 anos”, justifica o médico. Elsimar teve de recorrer aos anti-inflamatórios e trocou as quadras de tênis pelas marinas e baias de Salvador – velejar e montar a cavalo são seus esportes preferidos. É dono do Centro de Estudos, Pesquisas e Assistência em Reprodução Humana, o maior instituto do gênero da América Latina, situado em Salvador. Em 2001, ele fará 50 anos dedicados à pesquisa.
Formado inicialmente em Farmácia e com diplomas da Sorbonne, em Paris, e do Rockfeller Institute, nos Estados Unidos, ele diz ter produzido o primeiro anticoncepcional injetável no mundo, o que lhe rendeu em 1960 uma reportagem na revista americana Life. Da primeira publicação em 1951 à última, de maio passado, Elsimar Coutinho acumula 500 artigos, trabalhos científicos e nove livros com sua assinatura. O reconhecimento pelo seu trabalho veio de fora. Com suas idéias polêmicas difundidas nos anos 60, como o controle da natalidade, conseguiu reunir contra si a oposição do governo militar, da Igreja e da esquerda brasileira. “Porque defendia o controle da natalidade, eu apanhava de todos os lados”, lembra o médico. “A esquerda era contra o planejamento familiar. Achava que a miséria absoluta justificaria uma revolução no País.” Elsimar Coutinho foi recebido de braços abertos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), onde integrou por 15 anos o comitê diretor de reprodução humana como o único representante da América Latina. Elsimar lembra a advertência feita a ele nos 70 pelo amigo e cientista Carlos Chagas: “Você nunca vai ter o apoio do governo brasileiro porque defende o controle da natalidade”. Há dois anos, aguarda do Ministério da Saúde a liberação completa da eucometrina em forma de implante para tratamento de doenças do aparelho genital da mulher. Outro produto, o Surplant (cápsula anticoncepcional com efeito por um ano), esbarrou na burocracia. A pílula anticoncepcional vaginal Lovelle teve o primeiro nome alterado. Elsimar não conseguiu o registro da pílula, inicialmente Amorettte, até que associou-se a um laboratório paulista que mudou o nome e tirou a marca do médico baiano.
O cientista brigou também com a Igreja, criticou o papa e protagonizou um duelo pelos jornais com o então cardeal da Bahia, dom Lucas Moreira Neves. “Quem era a Igreja para querer dominar a alcova das pessoas, logo ela que praticou os maiores crimes com a Inquisição?”, argumenta Elsimar. “Se fosse no tempo da Inquisição, dom Lucas mandaria esmagar meus testículos.” Elsimar está no segundo casamento. Com a última mulher Tereza Cristina Pereira, 43, vive há 16 anos. Das duas relações, contabiliza cinco filhos e cinco netos. Já passou por apuros em relação ao seu tratamento para evitar gravidez. O método falhou logo com uma amiga da família. Era uma francesa que iniciou o tratamento com anticoncepcional injetável (considerado pelo médico 100% eficiente) e no primeiro mês engravidou. Brigou com o médico e sua família. Anos mais tarde, Elsimar Coutinho ouviu uma confissão de sua enfermeira. Ela estava tão nervosa com a agulhada que daria na francesa que injetou somente metade do líquido contraceptivo. “Ela teve um lindo bebê”, conclui o médico.
Doutor Elsimar Coutinho, já sabíamos ser ele um homem de múltiplos talentos, como médico, cientista, pesquisador e professor universitário, temos na Bahia um dos maiores profissionais e incentivadores na prática de Planejamento Familiar que é o Doutor Elcimar Coutinho. Considerou que existe pouca divulgação dos trabalhos realizados nos postos de saúde, principalmente para as menores de idade que não sabem nada sobre isso, e acha que deveria ser mais divulgado nas escolas e na televisão que á a maneira mais fácil de chegar à população. Questionou se a mortalidade materna se dá mais na zona rural ou nas periferias das grandes cidades da Bahia.
2006-08-24 10:56:24
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answer #1
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answered by Anonymous
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foi? ele morreu?
sei que ele sempre foi polêmico com relação à saúde da mulher, quando dizia que a menstruação é uma anomalia e faz mal, porque antigamente as mulheres passavam a maior parte da vida grávidas ou amamentando, e hoje sofrem mensalmente com o bombardeio hormonal que ele achava totalmente desnecessário. então ele era favorável à supressão hormonal da menstruação.
outra polêmica foi quanto à possibilidade de o espermatozóide sobreviver dentro do útero ou da vagina por até um ano, encapsulado em uma cobertura protêica que o protegeria das mudanças de ph no ambiente da vagina, gerando filhos depois desse tempo. ele dizia que muita mulher foi considerada adúltera indevidamente, o filho era mesmo do marido.
isso é o que me lembro, de entrevistas que assisti na tv.
2006-08-24 11:15:43
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answer #2
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answered by punk_ballad 3
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