O ALMIRANTE NEGRO
João Cândido Felisberto
Líder negro brasileiro (1880-1969).
Gaúcho, representou a luta pela igualdade dentro dos navios, a luta contra a chibata que massacrava os marinheiros como em época de escravidão.
Filho de ex-escravos vivia na fazenda de João Filipe Correia até ser mandado para a marinha para ser disciplinado, por ter agredido o filho do fazendeiro.
Na marinha rapidamente foi promovido a cabo e na mesma velocidade foi rebaixado a marinheiro por mau comportamento.
Em uma viagem a Inglaterra conhece uma marinha organizada e chega a assistir uma reunião sindical, fica espantado com a diferença de tratamento entre os marinheiros ingleses e brasileiros.
Ao voltar vai a um encontro com o presidente e pede a ele o fim da chibata. O pedido não é atendido.
A República só entenderia por meio de revolta, a qual viria a acontecer no dia 22 de novembro, depois de um marinheiro ser condenado a 250 chibatadas, mais 225 do que o número permitido pela lei dos mares.
Espadas e baionetas foram as armas de combate na guerra que se deu dentro do navio. Depois dos marinheiros terem o domínio sob o comando de João Cândido passaram a bombardear com canhões de pequeno calibre o Rio de Janeiro e Niterói. No dia 23 de novembro foi dada a anistia, a qual não durou nem dois dias. O governo se aproveitando, caçou os marinheiros e jogou João em uma pequena ¿solitária¿ com mais 17 presos, de onde só saíram vivos dois, entre eles João Cândido que iria agora para uma prisão comum e só sairia em 1910 com a ajuda da Igreja Nossa Senhora do Rosário, protetora dos negros, que contou com a ajuda de 3 grandes advogados que conseguiram sua absolvição no julgamento.
Esta solitária era uma cafua escavada na rocha, onde mal caberiam 4 presos e lá foram enfiados 18. Morreram asfixiados em pouco tempo com dor e sofrimento mas não foram retirados mercê uma versão oficial de que a chave teria sido levada por um subalterno durante o final de turno e que a cela teria sido caiada há pouco tempo e o cheiro da cal os entoxicou.
Na verdade, jogaram pó de cal virgem em um respiradouro e não se registra quem e nem a mando de quantos.
João Cândido foi também,segundo registro levantado por Edgar Morel no seu livro A revolta da Chibata (empastelado e proibido pela Ditadura de 64), ilegalmente internado no Manicômio da Urca onde permaneceu permanentemente dopado por anos, recolhido e incomunicável.
Sua saúde após a libertação estava abalada, não conseguia emprego pela fama de rebelde e subversivo e teve muitas tragédias familiares, tais como a morte da sua primeira esposa, o suicídio de sua segunda esposa e o suicídio da primeira de suas 4 filhas.
Só em 1930 conheceu a mulher que o acompanharia até a morte dada por câncer no intestino, em 1969.
Cheguei a vê-lo uma ou duas vezes carregando peixe no antigo entreposto de pesca da Praça 15. Mesmo velho e combalido, transmitia uma aura de nobreza e respeito de que a natureza reveste alguns até o seu final.
Lembro que seus olhos eram duas lareiras e te fitavam como se quisessem olhar dentro da tua alma.
Apesar das injustiças cometidas... João morre se dizendo um homem da Marinha.
Esta estória ainda hoje parece incrível para a maioria das pessoas e desconhecida para quase a totalidade dos jovens que se dizem politizados.
2006-08-24 10:36:38
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answer #1
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answered by P4R4N01D 4
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Sim, só não me lembro se chegou a ser general, mas foi um oficial de lata patente.
Seu nome era Henrique Dias
Atuou na batalha (batalha dos Guararapes 1648-1649) que resultou na expulsão dos holandeses, nesta guerra, se não me engano perdeu uma das mãos.
Mas também chefiou expedições que capturavam os negros fugitivos das fazendas.
2006-08-24 17:07:18
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answer #2
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answered by dill 1
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Teve, sim, e chegou a marechal. Deu o nome a uma escola aqui no Rio. Fico devendo o nome.
2006-08-24 17:10:42
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answer #3
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answered by chefeclin 7
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Não até agora, por que a legislação antiga não permitia tal coisa mais alguns anos já teremos, aqui em SC temos até mulher no comando de quarteis da PM.
2006-08-24 16:59:34
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answer #5
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answered by altamiro s 3
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