Olga Benário Prestes foi uma judia alemã e militante comunista morta pelo regime nazista num campo de extermínio. Era casada com o brasileiro Luís Carlos Prestes, com quem teve uma filha, Anita Leocádia.
Nascida Olga Gutmann Benario, ingressou precocemente no movimento comunista, em 1923, com apenas quinze anos. Pouco depois, muda-se para Berlim com o então namorado Otto Braun, experiente militante comunista. Em Berlim, se destaca dentro do movimento comunista, até ser presa, junto com Otto Braun, que era acusado de alta traição à pátria. Ela logo é solta, mas Otto, não. Junto com seus colegas de militância, planeja então o assalto à prisão de Moabit que libertaria Otto. Logo depois, ambos fogem para a União Soviética, onde Olga se destacaria ainda mais e o casal acaba por separar-se.
A Internacional Comunista havia seguido na Alemanha uma política ultraesquerdista, fundada na recusa a coligar-se com os social-democratas numa frente única contra o nazismo, que havia contribuído para a chegada de Hitler ao poder, e a presença de militantes comunistas alemães como Olga no território da URSS constituía um embaraço para Stalin que começou a pensar em engajá-los em alguma espécie de empreendimento que pudesse de alguma forma compensar o fracasso da política stalinista na Alemanha.
Luís Carlos Prestes, que desde 1931 estava residindo na União Soviética, é, em 1934, finalmente aceito a integrar os quadros do Partido Comunista do Brasil (PCB), por pressão do Partido Comunista da União Soviética. Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista (IC), volta como clandestino ao Brasil em dezembro do mesmo ano, acompanhado de Olga Benário, também membro da IC, com quem se casara. Seu objetivo era liderar uma revolução armada no Brasil, decidida em Moscou. Diga-se de passagem que esta revolução não havia sido decidida por um ato unilateral dos comunistas soviéticos: Prestes havia exagerado consideravelmente a extensão do seu prestígio político no Brasil, e assim fornecido à Internacional Comunista a perspectiva - completamente errônea, como se veria - de um levante comunista vitorioso que compensasse, de alguma forma, a recente derrota na Alemanha .
No Brasil, Prestes alia-se à recém constituída frente de descontentes com Getúlio Vargas, denominada Aliança Nacional Libertadora (ANL) e procura antigos contatos nos meios militares. Em julho de 1935 divulga um manifesto incendiário e propõe a derrubada do governo, desencadeando a inssurreição que ficou conhecida por Intentona Comunista. Mas o governo a derrota facilmente e inicia-se um processo de violenta repressão. Muitos líderes comunistas são presos, muitos deles amigos de Olga e Prestes, como o casal de alemães Artur e Elise Ewert - Sabo para os íntimos. Artur seria torturado até a loucura pela polícia brasileira, sob o comando de Filinto Müller. Olga e Prestes também são presos.
Olga é levada para a Casa de Detenção, posta numa cela junto com outras tantas mulheres, muitas suas conhecidas. Lá descobre estar esperando uma filha de Luís Carlos Prestes. E vem a ameaça de deportação para a Alemanha, agora sob o governo de Hitler. Seria a morte para ela: além de judia, comunista. Começa na Europa um grande movimento pela libertação de Olga e Prestes, encabeçado por D. Leocádia e Lígia Prestes, respectivamente a mãe e a irmã de Luís Carlos Prestes.
Ainda assim, Olga é deportada para a Alemanha - deportação esta autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, não obstante significar a deportação não apenas de Olga mas da criança que ela esperava de Prestes, que seria uma cidadã brasileira - junto com a amiga Sabo. Foi de navio, contrariando as normas de navegação - afinal, Olga já estava grávida de sete meses. Quando o navio aportou, oficiais da Gestapo já esperavam por ela, que foi levada presa. Não havia nenhuma acusação contra ela, pois o caso do assalto à prisão de Moabit já prescrevera. No entanto, a legislação nazista autorizava a detenção extrajudicial por tempo indefinido ("custódia protetora") e Olga foi levada para Barnimstrasse, a temida prisão de mulheres da Gestapo. Lá teve a filha, que denominou de Anita Leocádia, futura historiadora. Anita ficou em poder da mãe até o fim do período de amamentação e, depois, foi entregue à avó, D. Leocádia.
Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg, de onde logo depois seria transferida para o campo de concentração de Ravensbruck. Lá, as prisioneiras viviam sob semi-escravidão e eram realizadas experiências monstruosas conduzidas pelo médico Karl Gebhardt.
Em fevereiro de 1942, um pouco antes de completar trinta e quatro anos, Olga é enviada ao campo de extermínio de Bernburg, onde seria morta numa câmara de gás.
Já Luís Carlos Prestes (Porto Alegre, 3 de janeiro de 1898 — Rio de Janeiro, 7 de março de 1990) foi um militar e político comunista brasileiro.
Foi Secretário-Geral do Partido Comunista do Brasil (PCB) - posteriormente Partido Comunista Brasileiro - e casado com Olga Benário, morta na Alemanha, na câmara de gás, pelos nazistas.
Em outubro de 1924, já capitão, Luís Carlos Prestes liderou um grupo de rebeldes na região missioneira, Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul. Cortando as linhas de cerco governistas, rumou ao norte até Foz do Iguaçu. Na região sudoeste do estado do Paraná o grupo se encontrou e juntou-se aos paulistas, formando o contingente rebelde chamado de Coluna Prestes, com 1500 homens, que percorreu por dois anos e cinco meses 25000 km. Em toda esta volta, as baixas foram em torno de 750 homens devido à cólera, à impossibilidade de prosseguir por causa do cansaço e dos poucos cavalos que tinham, e ainda poucos homens que morreram em combate, como Siqueira Campos, "mosqueteiro" e amigo de Prestes e do povo brasileiro.
Prestes, apelidado Cavaleiro da Esperança, passa a estudar marxismo na Argentina, para onde havia se transferido no final de 1928. Lá trava contato com os comunistas argentinos Rodolfo Ghioldi e Abraham Guralski, este último dirigente da Internacional Comunista (IC).
Em 1930 retorna clandestinamente a Porto Alegre onde chega a manter dois encontros com Getúlio Vargas. Convidado a comandar militarmente a Revolução de 30, recusa-se a apoiar o movimento.
A convite da União Soviética, em 1931 passa a morar naquele país, trabalhando como engenheiro e dedicando-se aos estudos do marxismo-leninismo. Por pressão do Partido Comunista da União Soviética, é - em agosto de 1934 - finalmente aceito pelo PCB em seus quadros.
Sendo eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista, volta como clandestino ao Brasil em dezembro de 1934, acompanhado pela alemã Olga Benário, também membro da IC. Seu objetivo era liderar uma revolução armada no Brasil, decidida em Moscou.
Após o golpe de 1964, com o AI-1, teve seus direitos de cidadão novamente revogados por dez anos.
Exilou-se na União Soviética, para não ser novamente preso, regressando ao Brasil devido à anistia de 1979.
Os membros do PCB que permaneceram no país durante a ditadura militar não mais aceitaram suas orientações, por considerarem-nas retrógradas, rígidas demais e pouco adaptadas aos tempos de então. Destituiram-no da liderança do PCB. Por divergências com o comitê central do partido, lança a Carta aos Comunistas, em que defende uma política de maior enfrentamento à ditadura e uma reconstrução do movimento comunista no país. Em 1982, conjuntamente a vários militantes, sai do PCB, militando em diversas causas, como o não pagamento da dívida externa latino-americana e pela eleição de Leonel Brizola em 1989.
2006-08-23 09:09:58
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answer #1
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answered by Pandora 5
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Jocy, alguém já respondeu sobre Olga Benário Prestes, vou responder então sobre Júlio Prestes, que não tem nada da ver com Olga. O marido de Olga foi Luiz Carlos Prestes. Mas em nossa história também teve o Júlio Prestes.
Júlio Prestes de Albuquerque nasceu em Itapetininga (SP), em 1882. Seu pai, o coronel Fernando Prestes de Albuquerque, foi presidente de São Paulo entre 1898 e 1900.
Advogado, bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1906. Iniciou sua carreira política em 1909, elegendo-se deputado estadual em São Paulo pelo Partido Republicano Paulista (PRP). Reelegeu-se por várias vezes, exercendo o mandato até 1923. No ano seguinte, foi eleito para a Câmara Federal e assumiu a liderança da bancada paulista naquela casa. Posteriormente assumiu a presidência da Comissão de Finanças e a liderança da bancada governista.
Eleito presidente do estado de São Paulo em julho de 1927, em 1929 foi indicado por Washington Luís como candidato do governo à sucessão presidencial a ser definida em março do ano seguinte. Essa indicação, porém, desagradou Minas Gerais, que contava com a indicação de um mineiro para assegurar a alternância entre os dois maiores estados no comando do governo federal. Minas Gerais acabou articulando a Aliança Liberal, chapa de oposição encabeçada pelo gaúcho Getúlio Vargas e tendo como vice o paraibano João Pessoa. A campanha foi bastante acirrada, mas, realizado o pleito, a chapa situacionista foi declarada vitoriosa. Assim que o resultado oficial foi divulgado, Júlio Prestes viajou para o exterior, sendo recebido como presidente eleito em Washington, Paris e Londres.
No Brasil, contudo, os oposicionistas, alegando a existência de fraudes no pleito, prepararam um movimento revolucionário que visava depor Washington Luís antes que a presidência fosse transferida a Júlio Prestes. O movimento teve início em 3 de outubro e no dia 24 do mesmo mês Washington Luís foi afastado do governo por uma junta militar que, no dia 3 de novembro, entregou o poder a Getúlio Vargas, líder das forças revolucionárias.
Júlio Prestes, que havia retornado ao Brasil, pediu asilo no consulado britânico. Viveu no exílio até 1934, quando retornou ao Brasil com a reconstitucionalizaçao do país, passando a se dedicar ao cultivo do algodão em Itapetininga.
Voltou à cena política somente em 1945. Foi fundador da União Democrática Nacional (UDN) e membro da comissão diretora desse partido.
Morreu em São Paulo, em 1946.
2006-08-24 11:25:07
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answer #2
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answered by Marília de Dirceu 7
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