Falar em toxoplasmose não é um assunto dos mais simples. Há muita mistificação em torno do tema e os principais afetados são sempre os gatos. É comum ver um obstetra dizer a uma mulher grávida que ela precisa se desfazer de seu gato, sob pena de por em risco a saúde do seu bebê.
Profissionais que se apóiam em mitos ultrapassados como esse certamente não estão se atualizando corretamente na sua profissão. Há muito tempo o gato deixou de ser o grande vilão da toxoplasmose. Sim, o animal pode transmitir a doença. Mas é preciso saber em quais condições e que há outros meios de transmissão muito mais perigosos.
Antes de começarmos a tratar deste assunto tão polêmico, vamos passar por algumas definições. A toxoplasmose é uma zoonoze, trata-se de uma doença transmitida aos homens pelos animais. Ela é causada por um protozoário chamado ‘’Toxoplasma gondii’’ e ocorre em uma grande variedade de animais de produção ou de estimação, como aves, bois, ovelhas, porcos, cabras, gatos, cães, animais silvestres e a maioria dos animais vertebrados terrestes.
Estes animais podem se infectar através da ingestão de outros animais já contaminados pelo toxoplasma gondii, no contato direto com a terra contaminada ou pela ingestão de água contaminada.
Com excessão do gato, os outros animais não eliminam o parasita para o ambiente. Isto é, após a contaminação, o parasita passa por um ciclo de vida no organismo do animal, até que este organismo desenvolva imunidade e o parasita, em uma forma latente, se aloje nos músculos deste animal. Ali podem permanecer por muitos anos.
No tocante aos gatos, eles se contaminam principalmente pela ingestão de pequenos animais ou insetos como ratos, lagartixas, pássaros ou carne crua de animais que já estejam contaminados. O mito sobre esta doença ao redor dos gatos existe porque os felinos são os únicos animais que eliminam os ‘’ovos’’ (oocistos) deste parasita para o ambiente.
Isto se dá através da fezes. Porém, para que as fezes se tornem contaminantes, devem permanecer em contato com o ar por um período de 5 dias. Os gatos portadores da toxoplasmose só eliminam fezes contaminadas por uma vez, durante um período de até 2 semanas.
Após este período adquirem imunidade e, em geral, não voltam mais a eliminar os ovos nas fezes, mesmo se forem recontaminados. Somente em casos de queda da imunidade geral do felino, eles podem voltar a excretar fezes contaminadas. Porém, durante uma segunda infecção, o número de ovos excretados é muito menor do que na primeira infecção.
A maioria dos gatos que caçam, ou seja, vivem livres, são frequentemente expostos ao Toxoplasma gondii, se mantendo, portanto, imunes. Ou seja: de tanto conviver com a doença, eles adquirem imunidade contra ela.
Frequentemente os donos de gatinhos de estimação solicitam orientação aos veterinários sobre a toxoplasmose. Segundo relata a veterinária Cristiane S.Martins no livro Medicina e Cirurgia Felina, “se boa parte dos profissionais da saúde ainda possui muitas dúvidas a respeito das modalidades da infecção humana, do perigo potencial deste parasita nos vários segmentos da população em risco e do verdadeiro papel do gato doméstico na transmissão da doença”. Não é de surpreender assim que a população de maneira geral esteja mal informada a respeito do problema. Dessa maneira, muitos médicos e veterinários ainda fazem recomendações, quanto aos animais de estimação, baseadas, muitas vezes, em preconceito e desinformação.
Qual é o papel do gato na transmissão da toxoplasmose?
O contágio do ser humano se dá principalmente pela ingestão de leite (principalmente de cabra) “in natura” (ou seja, sem pasteurização); carnes (pincipalmente carnes de porco, cabrito, carneiro e coelho) cruas ou mal cozidas; água contamida (de locais onde não há saneamento básico); frutas e verduras mal lavadas ou pelo contato com terra ou areia contaminadas por fezes de aimais doentes.
O simples ato de temperar um bife usando as mãos pode ser uma forma de contágio. Os utensílios utilizados no preparo das carnes, se não forem bem lavados, também representam uma possibilidade de ficar exposto à doença.
A infecção nas pessoas normalmente passa despercebida, sendo detectada somente através de sorologia. Em 10% à 20% destas pessoas são percebidos alguns sintomas como febre, dores de cabeça e dores musculares. Muitas vezes, devido a similaridade dos sintomas, estas infecções são diagnosticadas como gripe.
Apesar do mito que se criou em torno deste assunto, é pouco provável que uma pessoa contraia a doença pelo contato direto com um gato contaminado.
Para que ocorra o contágio é necessário que se consuma uma alimento que teve contato com as fezes que contenham ‘’ovos’’ contaminantes e que estas fezes tenham ficado expostas ao meio ambiente por 5 dias.
Sendo assim, o contato com as fezes frescas não é capaz de de causar a infecção.
Portanto, hábitos simples de higiene como limpar a caixa de areia diariamente lavando as mãos em seguida, lavar as mãos e os alimentos antes da refeição são importantes para se evitar a doença.
Geralmente as fezes do gato sadio são firmes. A menos que o gato esteja doente muito pouco ou nenhum resíduo de fezes ficará na região perianal. Outro fato é que normalmente os gatos não estão diarréicos durante o período que excretam os ‘’ovos’’ contaminantes.
Por causa do conhecido hábito de limpeza dos felinos, não se encontra resíduos de fezes em sua pelagem. Portanto, a chance de transmissão da doença por acariciar um gatinho ou tê-lo como seu animal de estimação é mínima ou inexistente.
Desta forma, conclui-se que o meio mais provável de contato do humano com a doença se dá através do contato direto com a terra ou água contaminada, um exemplo: caixas de areias de parques e praças públicas, já que é habito dos felinos enterrarem suas fezes na terra fofa ou areia..
Os insetos, como as baratas, também devem ser considerados como uma forma de contágio, visto que estas podem contaminar diretamente os ambientes, e manter a contaminação de ratos e gatos, inclusive os domésticos, devido ao hábito de caçar e ingerir baratas.
2006-08-14 04:59:21
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answer #4
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answered by Anonymous
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