Como consolar os pesarosos
9 O pesar não se restringe a determinado período, logo após o falecimento de alguém que amamos. Alguns carregam o fardo do seu pesar por toda a vida, especialmente os que perderam um filho. Um fiel casal cristão, na Espanha, perdeu em 1963 seu filho de 11 anos, vítima de meningite. Até hoje vertem lágrimas quando falam de Paquito. Aniversários, fotos, lembranças podem provocar recordações penosas. Por isso, nunca devemos ficar impacientes e pensar que os outros já deviam ter superado a sua perda. Certa autoridade médica admite: “Depressão e oscilações emocionais podem durar até vários anos.” Portanto, lembre-se de que, assim como cicatrizes físicas no corpo podem continuar pelo resto da nossa vida, o mesmo se pode dar com cicatrizes emocionais.
10 O que podemos fazer de prático na congregação cristã para consolar os pesarosos? Talvez digamos com toda a sinceridade a um irmão ou a uma irmã que precisa de consolo: “Se houver algo que eu possa fazer para ajudar, deixe-me saber.” No entanto, quantas vezes é que a pessoa enlutada realmente nos contata e diz: “Pensei em algo que você pode fazer para ajudar-me”? É óbvio que nós temos de tomar a devida iniciativa, se havemos de consolar os enlutados. Então, o que podemos fazer de útil? Seguem-se algumas sugestões práticas.
11 Escute: Uma das coisas mais prestimosas que poderá fazer é compartilhar a dor com a pessoa enlutada por escutar. Poderá perguntar: “Gostaria de falar sobre o assunto?” Deixe que a pessoa decida. Certo cristão lembra-se da época em que seu pai faleceu: “Ajudava-me mesmo quando outros perguntavam o que tinha acontecido e então realmente escutavam.” Conforme Tiago aconselhou, seja rápido no ouvir. (Tiago 1:19) Escute com paciência e empatia. “Chorai com os que choram”, recomenda a Bíblia em Romanos 12:15. Lembre-se de que Jesus chorou com Marta e Maria. — João 11:35.
12 Restitua-lhe a confiança: Lembre-se de que o enlutado no começo pode sentir-se culpado, pensando que talvez pudesse ter feito algo mais. Assegure-lhe que provavelmente fez todo o possível (ou o que mais você sabe ser verdadeiro e positivo). Assegure-lhe que os sentimentos dele não são nada incomuns. Fale-lhe sobre outros que conhece que conseguiram com êxito recuperar-se depois duma perda similar. Em outras palavras, seja sensível e compassivo. Nossa ajuda bondosa pode significar muito! Salomão escreveu: “Como maçãs de ouro em esculturas de prata é a palavra falada no tempo certo para ela.” — Provérbios 16:24; 25:11; 1 Tessalonicenses 5:11, 14.
13 Esteja disponível: Coloque-se à disposição não só nos primeiros dias, quando há muitos amigos e parentes presentes, mas até por meses depois, se for necessário, depois de os outros já terem voltado à rotina normal. O período de luto pode variar muito, dependendo da pessoa. Nosso interesse e empatia como cristãos pode significar muito em qualquer período de necessidade. A Bíblia diz que “há um amigo que se apega mais do que um irmão”. De modo que o ditado: “Amigo certo se reconhece numa situação incerta”, é um truísmo que devemos acatar. — Provérbios 18:24; note Atos 28:15.
14 Fale sobre as boas qualidades da pessoa falecida. Esta é outra grande ajuda quando dada no momento certo. Conte incidentes positivos de que se lembra dela. Não receie usar o nome da pessoa. Não aja como se o ente querido nunca tivesse existido ou como se tivesse sido um joão-ninguém. É consolador saber o que certa publicação da Faculdade de Medicina de Harvard (EUA) declarou: “Obtém-se certa recuperação quando o enlutado, por fim, consegue falar da pessoa falecida sem se afundar na tristeza . . . Ao passo que se reconhece e se assimila a nova realidade, o pesar se transforma em lembranças prezadas.” “Lembranças prezadas” — como é consolador lembrar-se daqueles momentos preciosos passados com a pessoa amada! Uma Testemunha, que perdeu o pai anos atrás, disse: “Para mim, uma lembrança especial é de quando lia a Bíblia com papai pouco depois de ele começar a estudar a verdade. E de ficarmos deitados à beira do rio, falando sobre alguns dos meus problemas. Eu só o via a cada três ou quatro anos, de modo que essas ocasiões eram muito preciosas.”
15 Tome a iniciativa apropriada: Algumas pessoas pesarosas enfrentam a situação melhor do que outras. Portanto, dependendo das circunstâncias, dê ajuda prática. Certa mulher cristã pesarosa recordou: “Muitos disseram: ‘Se houver qualquer coisa que eu possa fazer, informe-me, por favor.’ Mas uma irmã cristã nada perguntou. Ela entrou direto no nosso quarto, tirou a roupa de cama e lavou os lençóis sujos. Outra pegou um balde, água, e material de limpeza e esfregou o carpete em que meu marido tinha vomitado. Elas eram verdadeiras amigas, e jamais as esquecerei.” Quando é óbvio que se precisa de ajuda, tome a iniciativa — talvez por preparar uma refeição, por ajudar na limpeza ou por prestar outro serviço. Naturalmente, precisamos ter cuidado para não nos intrometer quando a pessoa enlutada quer ficar sozinha. De modo que devemos tomar a peito as palavras de Paulo: “Concordemente, como escolhidos de Deus, santos e amados, revesti-vos das ternas afeições de compaixão, benignidade, humildade mental, brandura e longanimidade.” A benignidade, a paciência e o amor nunca falham. — Colossenses 3:12; 1 Coríntios 13:4-8.
16 Escreva uma carta ou mande um cartão de condolências: Não raro se despercebe o valor duma carta ou dum belo cartão de condolências. Qual é a sua vantagem? Podem ser lidos vez após vez. Uma carta assim não precisa ser comprida, mas deve expressar sua compaixão. Também deve refletir espiritualidade, mas sem cunho de sermão. A simples mensagem básica: “Estamos à sua disposição” já pode servir de consolo.
17 Ore com eles: Não subestime o valor das suas orações junto com concristãos enlutados e a favor deles. A Bíblia diz em Tiago 5:16: “A súplica do justo . . . tem muita força.” Por exemplo, quando os enlutados ouvem a nossa oração a favor deles, isso os ajuda a deixar de lado sentimentos negativos, tais como os de culpa. Nos nossos momentos de fraqueza, quando nos sentimos desanimados, Satanás procura derrubar-nos com suas “maquinações” ou “artimanhas”. É então que precisamos do consolo e do apoio da oração, conforme Paulo declarou: “Com toda forma de oração e súplica, em todas as ocasiões, fazeis orações em espírito. E, para este fim, mantende-vos despertos com toda a constância e com súplica a favor de todos os santos.” — Efésios 6:11, 18, nota; note Tiago 5:13-15.
O que se deve evitar
18 Quando alguém está pesaroso, há também coisas que não se devem fazer ou dizer. Provérbios 12:18 adverte: “Existe aquele que fala irrefletidamente como que com as estocadas duma espada, mas a língua dos sábios é uma cura.” Às vezes, sem nos darmos conta disso, não usamos de tato. Por exemplo, talvez digamos: “Sei como se sente.” Mas, será que sabe mesmo? Já sofreu você exatamente a mesma perda? Também, as pessoas reagem de modo diferente. As reações que você teve talvez não tenham sido iguais à da pessoa pesarosa. Talvez seja mais compassivo dizer: “Eu realmente sinto por você, porque sofri uma perda similar quando meu . . . faleceu algum tempo atrás.”
19 Mostra também consideração evitar fazer comentários sobre a possibilidade de o falecido ser ou não ser ressuscitado. Alguns irmãos e irmãs ficaram profundamente magoados por expressões sentenciosas feitas sobre as possibilidades futuras do falecido cônjuge descrente. Nós não somos os juízes que decidirão quem vai e quem não vai ser ressuscitado. Podemos dar graças que Jeová, que vê o coração, será muito mais misericordioso do que a maioria de nós seria. — Salmo 86:15; Lucas 6:35-37.
Textos que consolam
20 Uma das maiores fontes de amparo para os enlutados, prestado na hora certa, é considerar as promessas de Jeová referentes aos mortos. Esses conceitos bíblicos serão úteis, quer o enlutado já seja Testemunha, quer seja alguém que encontramos no ministério. Quais são alguns desses textos? Sabemos que Jeová é o Deus de todo o consolo, pois ele disse: “Eu é que sou Aquele que vos consola.” Ele disse também: “Como a um homem a quem a sua própria mãe está consolando, assim eu mesmo continuarei a consolar-vos.” — Isaías 51:12; 66:13.
21 O salmista escreveu: “Este é meu consolo na minha tribulação, pois a tua própria declaração me preservou vivo. Lembrei-me das tuas decisões judiciais desde tempo indefinido, ó Jeová, e acho consolo para mim. Por favor, sirva a tua benevolência para consolar-me, segundo a tua declaração ao teu servo.” Note que as palavras “consolo” e “consolar” são usadas diversas vezes nestas passagens. Realmente, podemos encontrar verdadeiro consolo para nós mesmos e para outros por recorrer à Palavra de Jeová em momentos de tribulação. Isto, junto com o amor e a compaixão dos irmãos, pode ajudar-nos a suportar nossa perda e a encher novamente nossa vida com atividade alegre no ministério cristão. — Salmo 119:50, 52, 76.
22 Podemos também superar até certo ponto nosso pesar por nos atarefar em ajudar outros na sua aflição. Ao fixarmos nossa atenção em outros que precisam de consolo, também sentiremos verdadeira felicidade de contribuir algo em sentido espiritual. (Atos 20:35) Transmitamo-lhes a visão do dia da ressurreição, em que pessoas de todas as nações anteriores, geração após geração, acolherão seus amados falecidos de volta dos mortos, num mundo novo. Que perspectiva maravilhosa! Quantas lágrimas de alegria verteremos então ao nos lembrar de que Jeová deveras é o Deus “que consola os abatidos”! — 2 Coríntios 7:6.
Um abraço do Jacaré(cunhafrnnd@oi.com.br)
2006-08-14 03:47:26
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answer #4
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answered by Joaquim Luiz 3
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