Oi RO,
Em 2001 assisti uma palestra onde um palestrante que já morou nos Estados Unidos nos disse que a consciência e a iniciativa de participar e de colaborar em projetos especiais é exercido lá pelas pessoas físicas, o cidadão, e não pelas empresas.
Num exemplo, disse que o Bill Gates e sua esposa criaram uma fundação que em nada tem a haver com a Microsoft (pessoa Jurídica), e que nelas atuam como simples cidadãos.
Procurou fomentar no público a necessidade de criarmos esta identidade e responsabilidade pessoal despertando em cada um o propósito de se engajar individualmente neste desafio.
Achei a mensagem muito bonita mas...descontextualizada quanto a nossa realidade nacional.
Não concordei com ele e quando num momento aberto a perguntas procurei explanar meu ponto de vista fui muito vaiado, sem ao menos ter oportunidade de começar a expor a minha opinião, pois o público estava seduzido pela mensagem recebida.
No meu ponto de vista é possível sim criar bons projetos no Brasil, desde que a abordagem neste momento seja feita por pessoas jurídicas (empresas) com as pessoas vindo se agregar a elas e não o contrário, pelos seguintes motivos:
01 - O Brasil não é os Estados Unidos
02 - Nosso senso de valores e zêlo ético pelo que é patrimônio público e instituições está totalmente em frangalhos.
03 - Temos uma terrível Síndrome de desconfiança de tudo e de todos, onde ninguém acha ninguém honesto, colheita macabra de tantos anos de plantio e semeadura da Lei de Gérson.
04 - Com um salário mínimo vil, nossos governantes de forma totalmente demagógica querem até proibir o trabalho infantil, condenando milhões de família a total miséria onde um pai de família hoje, que pode trabalhar, consegue apenas 400 reais de renda para atender todas as necessidades de sua família.
05 - É preciso dar dignidade ao valor do trabalho de um pai e de uma mãe de família, antes de se arvorar como defensor moral do trabalho.
06 - Hoje, infelizmente, há garotos no tráfico de drogas ganhando muito mais do que o próprio pai deles conseguiria prover trabalhando honestamente. Até o tráfico de drogas está dando hoje mais oportunidades e alternativas financeiras do que os nossos governantes, envolvidos em enormes escândalos e corrupção.
07 - Não é com esmolas institucionais criadas como o Bolsa Escola ou Bolsa Família que se pode prover as necessidades financeiras de um povo. Até o governo mesmo diz que isto não resolve mas é o primeiro passo. Contudo, demagogicamente este é o único passo que existe no seu projeto de governo, cujo foco perverso é de criar currais eleitorais com assistencialismo deplorável.
08- Nossos governantes não conseguem elaborar nem apresentar planos consistentes de crescimento, governo e de iniciativas que possam gerar riquezas e oportunidades.
09 - Com um povo carente e mal assistido não é fácil criar e manter bons projetos no Brasil, pois é difícil aos doentes cuidar e manter outros doentes.
Contudo, nem tudo está perdido...
Tenho visto muitas iniciativas promissoras realizadas pela iniciativa privada e que contam com apoio de outras instituições e voluntários, trazendo alguns elementos muito importantes neste terrível contexto em que vivemos:
01 - As empresas dão sustentação a bons projetos destinando uma parte de suas receitas para que ele sobreviva e se mantenha ao longo do tempo.
02 - Institucionalmente, conseguem atrair e divulgar com maior eficácia o seu programa do que através da ação voluntária de pessoas que dependem de donativos para que o projeto sobreviva.
03 - Os projetos são abertos a ação de voluntários, mas foram construídos de forma a ter sustentação sem depender diretamente deles.
Como um grande exemplo, gostaria de compartilhar esta iniciativa empresarial que tem feito um enorme bem na nossa comunidade:
Conheci um grande brasileiro que mantém um projeto para redução da criminalidade e que proporciona meios de reintegração na sociedade para ex-presidiários.
Esta pessoa tem uma grande autoridade moral e conhecimento de causa para tratar deste assunto pois já foi vítima de um crime.
Ele sofreu na própria pele o problema e os efeitos da criminalidade mas soube lidar com este assunto com uma ESTATURA DE CIDADÃO incomum à maioria dos brasileiros.
Este empresário foi vítima de um assalto violento, sofrendo perdas econômicas e levando um tiro na cabeça.
Acabou se recuperando e sabe o que foi que ele fez em seguida?
Procurou estudar o problema da criminalidade, visitou presídios, viu como era o dia a dia dos presos nas prisões, (faculdade de criminalidade), visitou várias famílias de presos e constatou que grande parte delas estava desestruturada, com esposa e muitas crianças de 2, 3, 4 , 5 anos de idade sobrevivendo em extrema pobreza, criadas em barracos de lona preta, sem renda, educação e trabalho.
Poucas pessoas ao abordar o assunto da criminalidade e pensar no bandido levam em conta a possibilidade de que atrás de uma pessoa...exista uma família, muitas vezes, em estado de miséria ou carência grave.
Muitos menores delinquentes que ingressam na criminalidade são filhos de presidiários que não podem prover condições mínimas de sustento e amparo à família, sendo facilmente seduzidos pelo mundo das drogas, prostituição e contravenção.
Este empresário do setor da construção civil fez um convênio com a Secretaria de Justiça, amparado por leis em vigor, oferecendo trabalho a presidiários com bom comportamento, que poderiam ter o benefício de redução da pena fazendo algo útil para a sociedade.
Ele já foi ameaçado de morte muitas vezes mas, tem recebido um apoio maciço dos próprios presidiários para continuar e ampliar o seu projeto.
Resultados Obtidos:
Cada presidiário com este trabalho adquiria o direito de destinar mensalmente uma cesta básica e 1 salário mínimo para a assistência de sua família, além de ter redução na pena.
A assistência social do Estado passou a acompanhar as condições de vida das famílias deste presidiários com processos preventivos de integração para que seus filhos não adentrassem na criminalidade.
Um vez por mês o preso tinha direito a almoçar com toda a sua família no refeitório desta empresa totalmente decorado e com farta alimentação de qualidade, onde seus filhos de tenra idade podiam conversar e conviver com seu pai num ambiente saudável, sabendo que ele trabalhava e que auxiliava seu sustento, tendo da figura paterna um referencial moral muito mais adequado do que o de um criminoso atrás das grades.
Uma parte da produção de trabalho de cada preso era computada para que no final de sua pena ele adquirisse sem ônus uma casa popular nova para abrigo de toda a sua família, produzida com seu esforço e trabalho, instalada em um terreno doado para o projeto pela prefeitura.
O preso com este trabalho se capacitava e aprendia uma profissão, podendo continuar trabalhando nesta empresa no fim de sua pena.
Com este empresário já trabalham hoje 100 presidiários.
Se 1.000 empresários no Brasil tivessem esta visão, 100.000 presos recuperáveis (45% de nossa população carcerária) poderiam hoje trabalhar de forma produtiva, honesta, auxiliando sua família, reduzindo a sua pena e retornando a sociedade de forma mais adequada.
Um programa como este reduziria drasticamente a superlotação nos presídios e evitaria mais miséria e crimes.
Vários destes presidiários depois que terminaram a pena foram registrados e continuam ainda trabalhando com ele.
Outros adquiriram boas referências através deste empresário, conseguindo encontrar um trabalho honesto em outras empresas do setor.
Este trabalho já foi conhecido e prestigiado pelo Governador de nosso estado e pelo próprio Ministro da Justiça que ficou impressionado com a visão, a iniciativa e a estatura moral deste grande empreendedor que soube lidar de forma tão positiva com um assunto tão desafiador para a sociedade como é o da prevenção, redução da criminalidade e re-integração dos ex-presidiários na sociedade civil.
O que a sociedade ganha com a ociosidade no sistema prisional?
O trabalho deveria ser um Direito assegurado a quem estivesse recluso pela prática de delitos menores.
Veja bem, se um presidiário sair da prisão com 35 anos de idade e ninguém der a ele uma oportunidade de trabalho para que ele possa assistir a sua família, que alternativa a sociedade estará realmente lhe dando?
Que referências um presidiário poderia oferecer se ficou 2, 3, 4, 5 ou 10 anos preso sem fazer algo bom e produtivo?
Nosso atual sistema prisional é uma fábrica de violência e injustiça social. Não se pode matar a dignidade de uma pessoa.
Quem acha que todo mundo é bandido e volta as costas, fará com que aqueles que ainda poderiam ser recuperados e que se interessasem a procurar uma oportunidade para mudar as suas vidas, não encontrem uma saída e, sendo excluídos, tornem-se verdadeiros marginais.
A MELHOR FORMA DE MATAR UM BANDIDO É TORNÁ-LO UM CIDADÃO.
Este problema envolve pessoas, o que já por si prescreve a necessidade da construção de uma relação de seriedade e respeito, do contrário, nada de bom pode ser feito.
Deixo-lhe um grande abraço !!!
.
2006-08-13 13:55:38
·
answer #1
·
answered by Peregrino 6
·
4⤊
0⤋
NO BRASIL O PROBLEMA É A INSEGURANÇA, A INSTABILIDADE E A INCERTEZA FINANCEIRA.
NÃO HÁ UM SISTEMA ECONOMICO E LEGISLAÇÃO, NEM NADA QUE FAVOREÇA O BOM ANDAMENTO DAS COISAS.
TUDO É LENTO, TUDO É DIFÍCIL, TUDO GIRA EM TORNO DA TRAPAÇA, DA DESONESTIDADE COMO VC CITOU...
TEM MUITOS INTERESSES DE GENTE PODEROSA POR DETRÁS QUE NÃO QUER DE JEITO NENHUM QUE AS COISAS MELHOREM, E FAZEM DE TUDO PRA ATRAPALHAR!!!!
ISSO SÓ MELHORA NO DIA QUE O POVO SE REBELAR E MANDAR ESTES GOVERNANTES PRA PQP.
QUANDO POR GENTE QUE PRETA NO PODER E MUDAR TUDO... MUDAR O REGIME, ,MUDAR AS LEIS, MUDAR O SISTEMA ECONOMICO, MUDAR TUDO!!!
AÍ SIM!!!
AÍ AS COISAS VÃO MELHORAR.
SE CONTINUAR COMO ESTÁ... NADA AI PRA FRENTE MESMO.
INFELIZMENTE É ASSIM!
2006-08-12 11:54:23
·
answer #6
·
answered by Anonymous
·
0⤊
1⤋