Texto excepcional sobre o mito do penis.
De uma vez por todas: qual é a medida normal do pênis?
Bem, era uma vez um rapaz americano, mas muito incomum, que
ficou conhecido no circuito pornô de Los Angeles como Long
Dong Silver. O New Dictionary of American Slang, editado por
Robert L. Chapman, refere-se a dong como gÃria de pênis, de
origem desconhecida. Long Dong Silver – algo como Longo
Pênis Prateado – participou de alguns poucos ensaios em
revistas e filmes pornôs e depois se eclipsou numa nuvem de
mistério. Nome parecido com heróis de rodeios – não fosse o
dong, claro – Silver se notabilizou por um brutal excesso de
centÃmetros. Numa de suas mais famosas poses era visto com
um nó no pênis. O mais patético nessa história de
hiperdotação é que, tecnicamente, ele jamais conseguiria uma
ereção que durasse a ponto de manter um arremedo de ato
sexual. O aparente handicap do ator pornô dá a medida exata
de que sócios naturais do restrito clube super king size,
embora venerados pela macholatria, têm problemas semelhantes
ou muito mais sérios que os do clube dito short size. Long
Dong Silver era uma infeliz aberração. Esqueceram-se dele de
forma tão meteórica quanto apareceu. Tornou-se apenas um dos
escandalosos – e tristes – recordes do folclore pornô dos
Estados Unidos.
Não adianta exagerar: o comprimento médio, no Brasil,
equivale ao de uma esferográfica
"Noventa por cento dos clientes que vêm ao meu consultório,
pensando que são pouco dotados, têm pênis perfeitamente
normais. O problema maior, nevrálgico, é a total falta de
informações e conhecimentos abrangentes sobre o assunto." A
afirmação – que irá aliviar muitos que se acham mal
aquinhoados pela natureza – é do cirurgião paulistano
Herbert Gauss. CurrÃculo, diga-se, dos mais respeitáveis:
80 000 pacientes atendidos até hoje, com 20 000 deles
efetivamente operados no contexto amplo das diversas
modalidades da cirurgia plástica. Segundo o dr. Gauss, de
dois a cinco pacientes o procuram a cada semana,
insatisfeitos com as dimensões do pênis. São homens
dispostos a apostar todas as fichas e até as próprias
calças num milagre cirúrgico.
Mais de 50% delas preferem orgamos clitoriano ao vaginal
Gauss, claro, não tira estatÃsticas da cartola ou da manga
para fazer revelações mágicas. Aqui, reporta-se a um
minucioso e recente estudo da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), já aceito em todo o Brasil, que
estabeleceu por amostragem o tamanho médio do pênis do
homem brasileiro. O número encontrado foi 12 centÃmetros,
com pequenas variações acima e abaixo. à o comprimento
equivalente a uma caneta esferográfica convencional.
Portanto, anatomicamente, quem estiver situado entre 11 e
13 centÃmetros com seu pênis ereto não tem nada a reclamar.
Até porque a profundidade média da vagina varia entre 13 e
14 centÃmetros, dos lábios ao colo do útero. Fazer a
medição masculina, segundo o dr. Gauss, é muito simples: o
pênis precisa estar ereto e basta uma régua comum para
medi-lo, da base inferior, quando se encontra com a bolsa
escrotal, até o extremo da glande. Já o dr. LÃster de Lima
Salgueiro, andrologista do Instituto do Homem, em São
Paulo, vai um pouco além. Subdivide o tamanho médio do
pênis: normal pequeno e normal grande. A subdivisão situa
como normais os pênis entre 8 e 14 centÃmetros.
A grande prova
SALTO EM ALTURA
Os extremos: veja quanto pode variar o tamanho do
pênis. Por este critério, o grande levaria
vantagem
As famosas, e duvidosas, cirurgias de aumento do pênis não
empolgam praticamente mais ninguém. Herbert Gauss chega
mesmo a ser enfático: "à uma falácia. Atualmente, não
existem cirurgias com resultados que permitam adoção sem
restrições pela comunidade médica". Nos Estados Unidos,
tais cirurgias e procedimentos, como injeções de gordura no
corpo do pênis, foram todos abandonados. No Brasil, o que
ainda vinha sendo feito era desinserir o pênis do púbis,
onde está fixado. Mas o resultado, para Gauss, não traz
vantagem nenhuma:
"Quando você desliga o pênis de sua área de fixação no
púbis, ou tira o freio, como se diz, ele pode aumentar
apenas de 0,5 a 1,5 centÃmetro. Mas acontece que o pênis
desinserido em ereção aponta sempre para baixo, já que
perdeu fixação. Não é um resultado interessante em termos
estéticos. Nem funcionais. Um centÃmetro e meio a mais não
gabarita uma cirurgia dessas, que também tem seus riscos. A
região pubiana é cheia de vasos, nervos, tendões..."
Com clientela formada basicamente por mulheres, Gauss, que
muitas vezes se torna confidente por ser cirurgião, traz na
bandeja outro alento aos mais pessimistas: "Quase 90% das
mulheres não dão a menor pelota para a dotação dos maridos
ou dos parceiros", afirma, com segurança. "Para elas, o
fundamental são o antes e o depois, não o tamanho do pênis
ou a penetração em si. A mulher gosta de ser induzida
ritualisticamente ao orgasmo." Na opinião dele, a esse dado
ainda deve ser acrescido um outro, igualmente
significativo: mais de 50% das mulheres preferem orgasmo
clitoriano ao gozo vaginal, por penetração.
Aspecto que não pode ser descartado – e muito menos
esquecido – é a questão ética nas práticas cirúrgicas
polêmicas em função de resultados pouco ou nada
compensadores. No Brasil, quem regulamenta a adoção ou não
de procedimentos cirúrgicos é o Conselho Federal de
Medicina (CFM). Ao CFM estão submetidos os Conselhos
Regionais (CRMs). O Código de Ãtica médica diz que é vedado
ao médico realizar experimentalmente qualquer tipo de
terapêutica ainda não liberada para uso no paÃs, sem a
devida autorização dos órgãos competentes e sem que os
pacientes sejam informados da situação e das possÃveis
conseqüências. Por isso, a Resolução nº 1 478 do CFM, de
agosto passado, jogou uma pá de cal no filão ainda
explorado das plásticas penianas. A resolução define como
experimentais – não liberadas para prática generalizada –
dois tipos de cirurgia: alongamento peniano para correção
de disfunção sexual e neurotripsia para correção de
ejaculação precoce. Esta última consiste na redução da
sensibilidade do pênis por meio de cauterização de alguns
nervos. Irene Abramovich, médica que integra a Comissão
Técnica de Cirurgia Plástica do Conselho Regional de
Medicina de São Paulo, define cirurgia experimental:
"Esse tipo de cirurgia tem de estar ligado a alguma
instituição de pesquisa ou ensino, ou a ambas. E não se
pode cobrar por uma cirurgia dessas, justamente por ser
experimental. A resolução veio a calhar porque o médico vai
pensar duas vezes antes de tomar uma atitude antiética".
Há cirurgiões penianos que opõem o dinheiro à ética
Por isso, a cirurgia de desinserção do pênis do osso
púbico, citada pelo dr. Gauss, já está na mira da
fiscalização do CFM. O desrespeito a uma resolução do
órgão, que praticamente tem força de lei sobre a atuação do
médico, pode determinar várias punições: advertência
confidencial, censura pública, suspensão e, por fim,
cassação de registro para exercÃcio da Medicina. A medida
atinge aquela parcela de cirurgiões plásticos que vinha
fazendo a "vontade do freguês", sabendo de antemão que os
resultados seriam desprezÃveis. De fato, não é todo médico
que aceita jogar no ralo de 6000 a 8000 reais de honorários
em nome da ética. A partir da resolução 1 478, diz o dr.
LÃster Salgueiro, "o médico tem obrigação de informar ao
Conselho competente que fará a cirurgia, além de mencionar
ao paciente, com detalhes, os prós e contras". Outro dado
interessante: psicologicamente, tais cirurgias até podem
funcionar como "placebo anatômico", ou seja, induzir o
paciente a uma reação positiva apenas porque se submeteu Ã
operação. Mas, na verdade, nunca houve prática cirúrgica
consagradamente aceita que fosse capaz de fazer o pênis
aumentar de tamanho. Pelo menos no planeta Terra.
EstatÃsticas, diagnósticos, limitações cientÃficas,
protocolos éticos, nada parece refrear multidões de homens
que se acham timidamente dotados e – mais espantoso ainda –
injustamente traÃdos pela natureza. Em jogo, sólidos dogmas
e fortÃssimas pressões culturais. De saÃda, os pouco
dotados encaram a própria nudez como vergonhosa. Outros, na
intimidade, se a mulher ri por qualquer motivo, não
conseguem deixar de pensar que o riso será sempre uma
alusão velada a seu tÃmido membro. Para Jacob Pinheiro
Goldberg, terapeuta e doutor em Psicologia, o pênis é a
primeira e mais tenra distinção entre homem e mulher. "Um
menino, por exemplo, não sabe o que fazer com uma ereção",
diz Goldberg. "Isso cria uma situação de desconforto que
pode acabar normalmente ou durar para o resto da vida.
Muitos homens não sabem, nunca souberam o que fazer com o
pênis." O raciocÃnio é figurativo – claro. DaÃ, o homem
pode se tornar patologicamente compulsivo em relação Ã
atividade sexual -- por exemplo, alimentando a fantasia de
ter todas as mulheres do mundo ou então sublimando amor,
afeto e carinho unicamente no ato sexual.
Na associação óbvia e popularmente aceita entre virilidade
e pênis avantajado está embutida, segundo o professor
Goldberg, uma preocupante hostilidade contra a mulher. O
pênis assume caráter de contundência. "Por isso é que o
chamam de pau, cacete, vara, pistola etc.", comenta. "Vale
o mesmo para a maioria dos verbos que definem a relação
sexual: possuir, meter, penetrar, comer, enterrar." O
pressuposto passa a ser, então, emblemático: um homem que
se acha pouco dotado não pode praticar com a mulher o ato
de dominação que essa contundência sugere. Daà a
infelicidade e insaciedade dele. Esse tipo de homem, na
opinião de Goldberg, pode até ter pênis grande que jamais
ficará satisfeito. Diagnóstico: complexo de inferioridade.
E pode revelar-se como marido intransigente, pai austero,
chefe autoritário, toda a gama de personalidades rÃgidas ou
sistemáticas.
Mãe castradora, poderosa, filho vÃtima de fantasias
"Geralmente, a mãe desse tipo de homem foi castradora,
poderosa para ele quando criança", afirma Goldberg. "O pai,
ao contrário, foi omisso, ausente. De alguma forma, e isso
é uma longa história, ele cria a fantasia de que poderá ser
engolido por uma vagina. Vai sempre ter aquela sensação
desagradável de que seu pênis não preenche a vagina, fica
solto no interior dela."
Mitologias diversas, tanto de opulentas civilizações como
de pequenas tribos, costumam ver sexualmente os deuses pela
ótica dos extremos. O pênis grande, até grotescamente
exagerado, durante muitos séculos foi representativo de
paternidade ampla e poligamia. Deuses do panteão olÃmpico
cansaram de se misturar às mulheres terrenas para gerar
semideuses. Já a ausência ou camuflagem do pênis na deidade
-- vista comumente em muitas obras de arte antigas --
ilustra a sacralização da vida pela impotência. Afinal, por
que Deus, que opera por meio do verbo, precisaria de algo
tão descartável e banal como um pênis para fazer valer sua
legitimidade divina e seu poder criador?
Na cama com uma estrela, quem se acha pouco dotado
tem 99% de chances de falhar, diz o doutor
Na virada do século, com Sigmund Freud e discÃpulos, o
pênis ficou restrito ao aspecto orgânico. Ao mesmo tempo,
foi criada a simbologia do falo, transposta para a
sociedade como regime: falocracia. O poder é sinônimo dessa
idéia. A partir daÃ, fantasias em torno da violência --
sendo o pênis um instrumento que causa dor e sofrimento --
massificaram muitas psicopatias de fundo sexual, como
estupro, molestação, pedofilia etc. O dr. Gauss indaga o
porquê de a maioria dos homens achar que o status do pênis
grande está sempre ligado à conquista de mulheres famosas e
ricas. Um indivÃduo que se ache pouco dotado, na opinião
dele, tem 99% de chances de falhar estrondosamente se
estiver na cama com qualquer celebridade, não importa o que
aconteça. A estrela em questão pode até adorar pênis
pequenos.
A grande prova
CORRIDA COM OBSTÃCULOS
Os mais adequados, levando-se em conta a
profundidade da vagina, seriam os médios
Um grande erro na escola de prepotência sexual
"Que melhor Ãcone da idéia de poder do pênis que um
foguete?", pergunta o professor Goldberg. "Ã a
representação tecnológica suprema do rompedor de hÃmens
celestes."
Com efeito, a tecnofobia -- tendo como mentores e expoentes
o sexo masculino, "forte" -- acabou determinando escalas de
valores socialmente complexas, em que se embute a lucrativa
Cultura da Virilidade, que vai de bad boys a body-builders.
Macho men, seus acessórios e adereços são gerados e
adorados em escala industrial. Vivam os ricardões! Por que
não combinar música, sexo e porrada em bailes do
lumpenpunk? O machão é um troglodita de terno e gravata,
Ãtila -- o huno -- do mercado financeiro, Zapata -- o
guerrilheiro -- do Movimento dos Sem-Terra, Jimmy Hoffa --
o gângster -- da Força Sindical, Wyatt Earp -- o xerife --
da Fiesp. Fruem sexo exclusivamente com pênis e testÃculos.
Homens maduros se expõem em talk-shows, representando
clubes de machões, com estatutos, registros em cartório,
camisetas e carteiras de sócio. Acreditam que uma juvenil
manifestação de preconceito pode lhes dar a fama pÃfia --
15 minutos, no máximo -- à qual se referiu Andy Warhol.
Para se filiar a tais clubecos, o pretendente precisa,
inclusive, dar fé da centimetragem peniana. Assim, o membro
pequeno no corpo de um homem de personalidade satélite
desse way of life pode assumir contornos de tragédia,
levando muitas vezes à impotência. Acontece nas melhores
famÃlias.
O machão diplomado na escola de prepotência sexual não sabe
ou não quer saber, até porque consideraria ponderação
herética, que pênis avantajados podem causar muito mais
problemas que propriamente prazeres. De acordo com o estudo
da UFGRS já citado, um pênis de 18 a 20 centÃmetros é
considerado descomunal. "Para a mulher é insuportável",
opina Herbert Gauss. "Dá uma sensação terrÃvel de
empalamento. Machuca, dificulta e até anula o prazer.
Nesses casos, ao contrário do que parece, a relação anal é
mais propÃcia. O reto, muito longo, assimila melhor o pênis
grande. Basta que a mulher tenha uma razoável técnica de
relaxamento do ânus, que não é difÃcil." Gauss fala aqui de
relacionamentos ditos sadios, faz questão de isolar todo o
ranking de psicopatologias sexuais. "AÃ, vale tudo!", diz.
A grande dotação peniana -- se preferirem, a SÃndrome do
Big One -- tem referências curiosas e hilariantes, até
mesmo na literatura brasileira. Ivan Angelo, em seu livro
de contos A Casa de Vidro, escreveu num deles, O Verdadeiro
Filho-da-****: "Bem, sem mentira nenhuma: mole, batia aqui
pra baixo um pouquinho da coxa (...). Mas bem, você
precisava ver quando endureceu, olha, tá vendo, é isso aqui
ó, do seu cotovelo até o punho (...). O homem é até triste,
vai ter é de casar com uma que não conhece cacete, aà ela
pensa que é assim mesmo e agüenta, porque mulher nenhuma
vai ter coragem, e ele vai ter de andar depressa, falei pra
ele, que aquilo quando chega nos 50 não levanta mais, fica
só assim meio bobo, não dá pra entrar".
Homens que correm como fanáticos atrás de panacéias nos
consultórios de Herbert Gauss e LÃster de Lima Salgueiro
são normalmente solteiros, com idade variando de 25 e 45
anos. A maioria é de profissionais liberais,
financeiramente estáveis, até porque uma cirurgia de
alongamento peniano podia chegar a 10 000 reais, incluindo
pós-operatório, antes que a resolução do CFM as tornasse
experimentais. Nos consultórios, só conversas e troca de
informações. Mas há exceções: o caso dos micropênis, de
aproximadamente 5 centÃmetros ou até menos, são
redirecionados para endocrinologistas. A anomalia é
geralmente causada por baixa de testosterona, hormônio
masculino que pode ser resposto. Nesses casos, com
tratamento o pênis tende a crescer até 3 centÃmetros,
qualquer que seja a idade do paciente. No caminho oposto,
eventuais superdotados que, tendo problemas com isso,
queiram reduzir suas dimensões deparam com um muro
intransponÃvel. Pelo menos no estágio atual da cirurgia
plástica, isso é impossÃvel.
Há ainda sutis alarmes falsos que levam o homem
desinformado a pensar que é pouco dotado. Herbert Gauss
lembra o excesso de gordura na região pélvica, que embute o
pênis em descanso, dando-lhe uma dimensão de fato pequena,
à s vezes mÃnima. Mas ele enfatiza que "a verdade se
restabelece durante a ereção". Existem ainda homens com
preponderância de cromossomos femininos. Essa anomalia
determina o fÃsico ginecóide, com formatos assemelhados aos
de mulher. A possibilidade de que biótipos ginecóides
tenham pênis abaixo da média é significativa, por se tratar
de uma disfunção hormonal.
Pênis não é músculo: não adianta fazer abdominal
Outro embuste que lembra Pinóquio e seu nariz -- criado
pela adoração ao fitness -- são as ginásticas penianas,
secundadas por parafernálias de gadgets e cosméticos, ditos
estimulantes e/ou afrodisÃacos. "Se pênis fosse músculo,
ainda vá lá!", zomba Gauss. "Mas é um corpo cavernoso,
vascularizado, irrigável por sangue. Não pode ganhar massa
muscular. Queria que me explicassem como é malhar com o
pênis", ri. "Já pensou, pênis fazendo abdominal?" No fundo,
se malhação resolvesse, masturbação e speed de penetração
seriam vedetes das academias de atletas sexuais. Por outro
lado, para evitar identidades incômodas com centenas de
clÃnicas de estética masculina, muitas delas
inescrupulosas, o dr. LÃster Salgueiro criou o Instituto do
Homem. "O homem não é um pênis", afirma. "Nós o tratamos
como alguém que tem passado, história clÃnica. Somos
andrologistas, urologistas, cardiologistas, profissionais
de ultra-som, nutricionistas, enfim, uma equipe."
A grande prova
CORRIDA LIVRE
O tamanho médio nacional, segundo pesquisa da
UFRGS. O médio na frente, de novo
A partir da constituição de pênis como corpo cavernoso,
homens bem-dotados têm muito mais a perder ao longo do
tempo que os médio e pouco dotados. "O pênis muito grande
se esclerosa mais rápido em função, por exemplo, do
diabetes ou de doenças vasculares", diz Gauss. "Também
conheço gente que, mesmo sadia, aos 30 e poucos anos já
começa a ter problemas. A ereção nunca é total." LÃster
Salgueiro lembra outro fator: "Quanto maior o tamanho do
pênis, menor a elasticidade. Na ereção, o pênis considerado
normal cresce muito mais que o grande". Aqui, cabe ainda a
anedota de irretocável lógica médica: a história do homem
que carregava um pênis gigante -- de 25 centÃmetros, igual
àquele que o bilionário Onassis dizia ter -- e que o fazia
desmaiar ao ter ereções. Então vem a explicação do
especialista: "Para irrigar tudo isso, meu caro, você gasta
metade do sangue circulante. E quando o sangue sai da
cabeça, você desmaia. à o que chamamos de hipovolemia".
Piadas à parte, o Kinsey Institute, nos Estados Unidos,
registrou o caso de um pênis de inacreditáveis 48
centÃmetros. Talvez, pelo excessivo decoro, o recorde não
foi parar nas páginas do livro Guinness. Nesse caso,
entra-se no dantesco terreno das imperfeições que bem
serviriam ao Acredite Se Quiser, mix eletrônico do
inusitado senhor Ripley, uma espécie de caçador de
histórias enigmáticas, coincidências impossÃveis e
aberrações fÃsicas.
O falecido professor-doutor Walter Edgard Maffei,
brasileiro e um dos três mais famosos patologistas do
mundo, com mais de 150 000 autópsias realizadas, cita num
de seus livros de Patologia ClÃnica um caso sem precedentes
de macrogenitossomia (órgão genital exagerado) que
transforma em realidade cruel a anedota da hipovolemia. O
homem, cujo nome e tamanho do pênis o dr. Maffei omitiu por
questões éticas, ficava tonto e não raro desmaiava ao ter
ereções. Para conseguir ereção e mantê-la, o homem normal
necessita de até 120 mililitros de sangue, mais de 1 décimo
de litro. O homem identificado por Maffei demandava quase 1
litro. Considerando-se que metade do volume sanguÃneo que
leva à ereção já está no corpo do pênis, ela acontece com a
metade restante. Mesmo assim, canalizar meio litro de
sangue para os vasos penianos é uma façanha impossÃvel sem
efeito colateral de hipovolemia. O pênis cujo tamanho
incensa tantas fantasias acabou levando ao suicÃdio o homem
do "caso Maffei".
A ignorância de muitos homens, sobretudo em relação ao seu
próprio órgão sexual, faz mandÃbulas despencarem de
espanto. Não são todos que sabem que há dois
condicionamentos decisivos em termos de dotação peniana: um
é genético, o outro, racial. Por exemplo: orientais são em
geral menos dotados em relação a caucasianos, que, por sua
vez, são em geral menos dotados em relação a africanos.
Para efeito de identificação, vamos tratá-los na ilustração
desta página por "A", "B" e "C", respectivamente. Trata-se
de estatÃsticas universais. Quanto ao aspecto genético, da
mesma forma que há famÃlias de pessoas altas ou baixas, há
também pouco dotados e bem-dotados, caracterÃsticas
determinadas por genes, que, por enquanto, não têm guichês
de reclamações. "A massa genital se transforma em testÃculo
e começa a produzir testosterona na sétima semana de vida
do feto", diz o dr. LÃster. "Depois, gera-se ainda a
dihidrotestosterona, que entra na formação da próstata,
vesÃcula seminal etc. à a ação conjugada desses dois
hormônios que forma o aparelho genital", continua. "Fora do
útero, o organismo masculino volta a produzir testosterona
entre 9 e 13 anos de idade, faixa que corresponde Ã
puberdade. O tamanho do pênis é determinado nessas duas
ocasiões", complementa. Num futuro bem próximo, de
exploração e controle sobre mutações genéticas, talvez os
pais possam escolher sexo e tamanho do órgão sexual para
filhos homens.
A sistemática preocupação masculina com a dotação do pênis
também é sinal de -- diria Freud -- psicopatologias do
cotidiano. "O homem insatisfeito sexualmente tende a
transferir seu problema para algo fÃsico, palpável", afirma
o professor Goldberg. "Porque está insatisfeito, subjetiva
que seu pênis é pequeno, e aà não importa o tamanho que
tenha." Esse mesmo homem não está nada preocupado com a
opinião da mulher ou parceiras. Não conhece, ou faz questão
de ignorar, frases antológicas como a da sexóloga e hoje
deputada petista Marta Suplicy: "Não importa o tamanho da
varinha, mas a mágica que ela faz". A Marta mais polêmica
do Brasil parece ter apanhado a moral da história de alguma
fábula dos Irmãos Grimm, para transformá-la numa metáfora
de que "tamanho não é documento". E um séquito enorme de
mulheres sensatas segue o mesmo princÃpio.
"A receita é fazer com arte, amor e humor",
entrega o segredo a gatÃssima Giovanna Gold
A grande prova
NADO LIVRE
A proporção segundo critérios raciais. Os brancos
ficam no meio do caminho.
O tal Ponto G pode ser até mesmo um CD de jazz
"Prefiro que seja pequeno e esperto a grande e bobo",
garganteia uma modelo top ten que pede para ficar à sombra,
pois seu nome revelaria o dono do pênis em questão. "Não é que
tamanho seja documento... acho que não é", comenta a spice
girl nativa Liz Vargas, do Banana Split. "à que às vezes,
dependendo da posição, falta um pouco", diz, submetendo
dotação a particularidades kama-sútricas.
Outra grande ilusão, disseminada por sexólogos de formação
questionável, é a de que o antológico Ponto G só pode ser
alcançado por superdotados, uma vez que se localiza em algum
lugar de difÃcil acesso nos abissos da mulher. Mais
mistificação. "O Ponto G é qualquer ponto gerador de máxima
excitação", garante Herbert Gauss. "Pode ser o clitóris, o
mamilo, a orelha ou um CD de jazz... Não tem nada a ver com o
tamanho do pênis ou com a localização de um ponto especÃfico
no corpo da mulher."
A TV Personality Elke Maravilha, filha de mãe russa e pai
alemão "bem-dotado", garante: "No Brasil, infelizmente, o
homem é medido pelo tamanho daquilo que carrega no meio das
pernas, né?" E acrescenta: "Isso é uma besteira porque já tive
orgasmos com homens sem ereção e não senti o menor prazer com
homens bem-dotados." Ela conta ainda, reforçando sua imagem de
mulher liberada e fada dos tÃmidos, que um motorista de táxi
carioca estava tão desesperado por causa do problema que
confessou tudo a ela, numa corrida de trajeto mÃnimo. "Só vou
contar porque é a senhora, e eu confio na senhora", disse. Nem
a pelada de sábado o taxista jogava mais. Não suportava os
deboches de vestiário. "Que é isso, meu doce, vai em frente!
", sapecou Elke. "Você está querendo satisfazer a mulher com a
cabeça errada!"
"Acho uma caretice esse ranço da mentalidade
católico-judaica", critica a atriz e modelo Giovanna Gold,
arrumando malas para um temporada em Berlim. "A receita é
fazer com arte, amor e humor. Cuidar bem da sexualidade é
amor-próprio. Essa coisa de tamanho arrasou com uma bela
relação de uma amiga minha. Ela estava supersatisfeita com o
cara, mas ele encucou que nenhuma mulher podia ter prazer com
ele, que todas eram fingidas, justamente por causa do
tamanho."
Giovanna -- prática e rápida como uma modelo troca de roupa --
divide o mundo em dois tipos de mulher: uma luta como leoa
para ser feliz com um homem pouco, médio ou bem-dotado, não
importa; outra vê no homem o provedor do lar, só pensa em
dinheiro e vai sempre se omitir se o companheiro tiver
problemas sexuais. "Quem ama, conversa", garante ela. "Não são
2 ou 3 centÃmetros a mais ou a menos que vão transformar um
casamento ou uma relação numa vida legal a dois."
Outra modette supersônica, Josi Campos, capa de PLAYBOY de
novembro de 1987 -- que está partindo para vôos empresariais
com confecção de biquÃnis e mais uma beauty shop em Miami --,
afirma que fundamental mesmo é a funcionalidade. "Muitas vezes
até o tamanho normal me incomoda. Mas o que conta em tudo isso
é a relação, a pessoa... principalmente o carinho. Acho que os
homens precisam se despir da fantasia de machismo,
virilidade... Se eles se entregassem de verdade, nenhuma
mulher normal, sadia, ia ficar reparando nessas coisas."
A grande prova
O CAMPEÃO
Na contagem final, o médio e o pequeno levam
vantagem
Mesa de bar num botequim do Rio. Diz a lenda que Vinicius de
Moraes e Adoniran Barbosa conversavam, acompanhados por uma
garrafa quase vazia de scotch. O maquinista de Trem das Onze
reclamava de determinadas dificuldades da vida sexual depois
de uma certa idade com o poetinha do Bar Veloso. O paciente
Vinicius explicava que havia outros meios para o mesmo fim:
boca aventureira, dedos sutis, mãos hábeis. E Adoniran,
inconsolável, respondeu:
"Ã, mas despois do cuverte elas qué jantá!"
O segredo de Antônio Fagundes é ser masculino, e não viril
O folclore à volta do machismo de artistas -- gente
teoricamente formadora de opinião -- sempre foi variado. Basta
um exemplo, digamos, mais bruto: o ator Oscar Magrini,
cafajeste de plantão na novela O Rei do Gado, da Globo,
continua sendo idolatrado como cafajeste na vida real. Dentro
da ficção que é uma telenovela, Oscar Magrini representava
virilidade e Antônio Fagundes, masculinidade. Virilidade
insinua dotação. Masculinidade, não. Resultado: Fagundes,
então no papel de Bruno Mezenga, recebeu convites para cerca
de vinte comerciais durante o tempo de repercussão da novela,
segundo a head hunter CecÃlia D'Antino. Mesmo se levando em
conta a maior popularidade de Fagundes, pode-se também
concluir que o masculino passa mais credibilidade que o viril.
Portanto, são baboseiras, como a de que todo homem tem uma
porção cafajeste, que provocam a mulher, movem-na no sentido
de ridicularizar a pouca dotação do homem. Enquanto a relação
sexual for um ato de egolatria masculina, sinônimo unilateral
de virilidade, os homens ficarão sujeitos às inevitáveis
comparações de régua.
Psiquiatras, psicanalistas, urologistas, andrologistas,
cirurgiões plásticos, não importa a especialização, acreditam
que o reforço da auto-estima é o melhor e menos pedregoso
caminho para uma vida sexual saudável. Há excelentes motivos
para que os homens não transformem a pouca dotação peniana,
verdadeira ou suposta, num cavalo de batalha. Em primeiro
lugar, o pênis está longe de ser o único instrumento do
orgasmo feminino. Em segundo, a mulher moderna procura cada
vez mais relações de qualidade -- não de quantidade. Por
último, sentimentos -- e não apenas tesão -- levam em conta a
pessoa como um todo.
Fonte: Playboy
2006-08-06 03:01:27
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answer #4
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answered by Dude 1
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