Anarquismo é uma palavra que deriva da raiz grega αναρχία — an (não, sem) e archê (governador) — e que designa um termo amplo que abrange desde teorias políticas a movimentos sociais que advogam a abolição do Estado enquanto autoridade imposta e detentora do monopólio do uso da força. De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita[1], defendendo tipos de organizações horizontais e libertárias.
Para os anarquistas, Anarquia significa ausência de coerção, e não ausência de ordem. Uma das visões do senso comum sobre o tema é na verdade o que se considera "anomia", ou seja, ausência de leis. O anarquismo não se relaciona com a prática da anomia (ver adiante). Os anarquistas rejeitam esta denominação, e o anarquismo enquanto teoria política nada tem a ver com o caos ou a bagunça.
As diferentes vertentes do anarquismo têm compreensões diferentes quanto aos meios para a abolição dos governos e quanto à forma de organização social que disso resultaria.
Tabela de conteúdo [esconder]
1 Valores Anarquistas
1.1 Antiautoritarismo
1.2 Humanismo
1.3 Ação direta
1.4 Apoio mútuo
2 A questão da violência
3 Socialismo libertário
4 Anomia
5 Histórico dos movimentos anarquistas
5.1 Anarquismo no Brasil
5.2 Anarquismo em Portugal
6 Notas
7 Anarquistas mais conhecidos
7.1 Internacionalmente conhecidos
7.2 Anarquistas brasileiros
7.3 Anarquistas portugueses
8 Ver também
9 Ligações externas
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Valores Anarquistas
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Antiautoritarismo
Repulsa total a qualquer tipo de hierarquia imposta ou domínio de umas pessoas sobre as outras, defendendo uma organização social baseada na igualdade e no valor supremo da liberdade. Por ele tem como principais (não únicos) objetivos de suprimir o Estado, a acumulação de riqueza própria do capitalismo (exceto os Anarco-capitalistas) e as hierarquias religiosas. O anarquismo difere do Marxismo por rejeitar o uso instrumental do Estado burguês para alcançar seus objetivos.
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Humanismo
Ver artigo principal: Humanismo.
Nos meios anarquistas, de forma geral, rejeita-se a hipótese de que o governo, ou o Estado, sejam necessários ou mesmo inevitáveis para a sociedade humana. Os grupos humanos seriam naturalmente capazes de se auto-organizarem de forma igualitária e não-hierárquica. A presença de hierarquias baseadas na força, ao invés de contribuírem para a organização social, antes a corrompem, por inibirem essa capacidade inata de auto-organização e por dar origem à desigualdade.
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Ação direta
Ver artigo principal: Ação direta.
Os anarquistas afirmam que não se deve delegar a solução de problemas a terceiros, mas antes, atuar diretamente contra o problema em questão. Ou em poucas palavras: "A luta não se delega aos heróis". Sendo assim, rejeitam meios indiretos de resolução de problemas sociais, como a mediação por políticos e/ou pelo Estado, em favor de meios mais diretos como o mutirão, a assembléia (ação direta que não envolve conflito), a greve, o boicote, a desobediência civil (ação direta que envolve conflito), e em situações críticas a sabotagem e outros meios destrutivos (ação direta violenta).
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Apoio mútuo
Ver artigo principal: Apoio mútuo.
Os anarquistas acreditam que todas as sociedades, sejam humanas ou animais, existem graças à vantagem que o princípio da solidariedade garante a cada indivíduo que as compõem. Este conceito foi exaustivamente exposto por Piotr Kropotkin, em sua famosa obra "O Apoio Mútuo". Da mesma forma, acreditam que a solidariedade seja a principal defesa dos indivíduos contra o poder coercivo do Estado e do Capital.
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A questão da violência
Poucos anarquistas defendem a violência contra indivíduos. Durante o fim do século XIX e início do século XX, o anarquismo era conhecido como uma ideologia que pregava os assassinatos e explosões, devido a ação de pessoas como o russo Nechaiev, o francês Ravachol e à influência dos meios de comunicação da época. A maioria dos anarquistas acreditam que a violência contra indivíduos é inútil, já que mantém intactas as relações sociais de exploração e as instituições que a mantém. Entretanto, os anarquistas acreditam ser inevitável o recurso à violência como legítima defesa à violência do Estado ou de instituições coercivas. Anarquistas como Errico Malatesta publicaram célebres debates e publicações, condenando o individualismo-terrorista de alguns anarquistas.
Existiram, no entanto, outros anarquistas, como Leon Tolstoi, que acreditavam que o caminho da anarquia era a não-violência.
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Socialismo libertário
Os anarquistas socialistas libertários acreditam que a função de qualquer governo é a manutenção do domínio de uma classe social sobre outra. Eles acreditam que, no sistema capitalista, o Estado mantém a desigualdade social através da força, ao garantir a poucos a propriedade sobre os meios de subsistência de todos.
Esta teoria clama por um sistema socialista, onde a posse dos meios de produção seja garantida a todos os que trabalham. Neste sistema, não haveria necessidade de nenhuma autoridade e/ou governo, visto que não haveria necessidade de impor privilégios de uma classe sobre outra. A sociedade seria gerida por associações democráticas, formadas por todos, e dividindo-se livremente (ou seja, com entrada e saída livre) em cooperativas e estas, em federações.
A origem da tradição socialista libertária está nos séculos XVIII e XIX. Talvez o primeiro anarquista (embora não tenha usado o termo em nenhum momento) tenha sido William Godwin, inglês, que escreveu vários panfletos defendendo uma educação sem participação do Estado, observando que esta tornava as pessoas menos propensas a ver a liberdade que lhes era tirada. O primeiro a se auto-intitular anarquista e a defender claramente uma visão mais socialista, foi Joseph Proudhon, seguido por Bakunin, que levou e elaborou as idéias daquele à primeira Associação Internacional de Trabalhadores (AIT). Mais tarde, Kropotkin desenvolve a vertente comunista do anarquismo, a qual chegou a ser muito popular na primeira metade do século XX.
O anarquismo desempenhou papéis significativos nos grandes conflitos da primeira metade do século XX. Durante a Revolução Russa de 1917, Nestor Makhno tenta implantar o anarquismo na Ucrânia, com apoio de várias comunidades camponesas, mas que acabam derrotadas pelos Estado bolchevique de Lênin.
Ver artigo principal: Revolução Ucraniana.
Quinze anos depois, anarquistas organizados em torno de uma confederação anarco-sindicalista impedem que um golpe militar fascista seja bem sucedido na Catalunha, e são os primeiros a organizar milícias para impedir o avanço destes na Guerra Civil Espanhola. Durante o curso dessa guerra civil, os anarquistas controlaram um grande território que compreendia a Catalunha e Aragão. Nesses lugares, que incluíam a região mais industrializada da Espanha, a maior parte da economia foi autogestionada.
Ver artigo principal: Revolução Espanhola.
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Anomia
A idéia popular de anarquismo como absoluto caos e desordem, que os estudiosos chamam de anomia (ausência de normas) é rejeitada por todos anarquistas tradicionais citados acima. Os anarquistas concebem os governos como as atuais fontes de desordens defendendo, portanto, que a sociedade estaria melhor ordenada sem eles.
Esta convenção tem fortes conotações e historicamente tem sido usadas como uma deficiência por grupos políticos contra seus oponentes, mais notavelmente os monarquistas contra os republicanos nos últimos séculos. Entretanto, a anomia tem sido abraçada por movimentos de contracultura.
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Histórico dos movimentos anarquistas
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Anarquismo no Brasil
Talvez uma das primeiras experiências anarquistas do mundo, antes mesmo de ter sido criado o termo, tenha ocorrido às margens da Baía de Babitonga, próximo à cidade histórica de São Francisco do Sul. Em 1842 o Dr. Benoit Jules Mure, inspirado na teorias de Fourier, instala o Falanstério do Saí ou Colônia Industrial do Saí, com os colonos chegados da França ao Rio de Janeiro em 1841. Houve dissidências e um grupo dissidente, à frente do qual estava Michel Derrion, constituiu outra colônia a algumas léguas do Saí, num lugar chamado Palmital: a Colônia do Palmital. Mure conseguiu apoio do Coronel Oliveira Camacho e do presidente da Província de Santa Catarina, Antero Ferreira de Brito. Este apoio foi-lhe fundamental para posteriormente conseguir a ajuda financeira do Governo Imperial do Brasil para seu projeto.
O anarquismo no Brasil ganhou força com a grande imigração de trabalhadores europeus entre fins do século XIX e início do XX. Em 1889 Giovani Rossi tentou fundar em Palmeira, no interior do Paraná, uma comunidade baseada no trabalho, na vida e na negação do reconhecimento civil e religioso do matrimônio, o que não significa, necessariamente, "amor livre", a Colônia Cecília. A experiência teve curta duração.
No início do século XX, o anarquismo e o anarcossindicalismo eram tendências majoritárias entre o operariado, culminando com as grandes greves de 1917, em São Paulo, e 1918-1919, no Rio de Janeiro. Alguns acreditam que a decadência do movimento anarquista se deveu ao fortalecimento das correntes do socialismo autoritário, ou estatal, i.e., marxista-leninista, com a criação do Partido Comunista do Brasil (PCB) em 1922 feita, inclusive, por ex-integrantes do movimento anarquista que influenciados pelo sucesso da revolução Russa, decidem fundar um partido, aos moldes do partido bolchevique russo. Porém, esta posição, sustentada por muitos historiadores, foi contestada pelos recentes estudos do historiador Alexandre Samis, que afirma que a influência anarquista no movimento operário cresceu mais durante este período do que o já fundado (PCB) e só a repressão do governo Artur Bernardes, viria diminuir a influência das idéias anarquistas no seio do movimento grevista. Interessante afirmar que, devido aos problemas de comunicação resultantes da tecnologia da época, os anarquistas só foram compreender a revolução russa de uma maneira ideológica mais clara, a partir das notícias de célebres anarquistas, como a estadunidense Emma Goldman, que denunciara as atrocidades cometidas na Rússia em nome da ditadura do proletariado. Foi a partir deste momento histórico que se definiu a posição tática do anarquismo perante os socialistas autoritários no Brasil, separando a confusão ideológica que reinava em torno da revolução russa. Identificada pelos anarquistas inicialmente como uma revolução libertária (devido aos problemas de comunicação da época), fora desmistificada pelos anarquistas, que acreditam no socialismo sem ditadura, defendendo a liberdade e a abolição do Estado.
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Anarquismo em Portugal
Ver artigo principal: História do movimento anarquista em Portugal.
No final do século XIX dá-se o desenvolvimento de grupos anarquistas, que contribuíram para o derrube da monarquia em 1910. Com a 1ª república há uma grande expansão e é fundada em 1919 a Confederação Geral dos Trabalhadores, de tendência sindicalista revolucionária e anarco-sindicalista. Com a instauração da Ditadura Militar em 1926, e com a ditadura de Salazar que se lhe seguiu, proíbe-se a actividade dos grupos anarquistas. Em 1933 a censura prévia é legalmente instituída. Os vários jornais anarquistas, incluindo “A Batalha”, passam a ser clandestinos e a ser alvos de perseguições. Em 1938 tenta-se assassinar Salazar. Com o 25 de Abril de 1974 há um novo ressurgimento do movimento libertário, embora com uma expressão reduzida.
e também Historia do Movimento Anarquista em Portugal por Edgar Rodrigues.
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Notas
↑ Bakunin, M (1876). Deus e o Estado: Cap. II
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Anarquistas mais conhecidos
Leon Tolstói (1828-1910)
Noam Chomsky (1928–)Ver artigo principal: Lista de anarquistas.
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Internacionalmente conhecidos
Kate Sharpley
Anselme Bellegarrigue
Mary Wollstonecraft - (1759 - 1797), ativista libertária e precursora do feminismo
Max Stirner (1806 - 1856), anarquista individualista
Pierre Joseph Proudhon (1809 - 1865), anarquista mutualista
Mikhail Bakunin (1814 - 1876), conhecido anarquista socialista
Durruti (1896-1936), militante anarco-sindicalista espanhol, talvez o mais conhecido revolucionário anarquista do século XX.
Leon Tolstói (1828 - 1910) , escritor russo, anarquista cristão.
Louise Michel (1833 - 1905), professora, militante anarquista e communard
Piotr Kropotkin (1842 - 1921), anarquista-comunista
Errico Malatesta (1853 - 1932), anarquista italiano
Benjamin Tucker (1854 - 1939), grande defensor do anarquismo individualista
Voltairine de Cleyre (1866 - 1912)
Emma Goldman (1869 - 1940), anarco-sindicalista e principal teórica anarca-feminista
Rudolph Rocker (1873 - 1958), anarco-sindicalista
Noam Chomsky (1928 - ), lingüista, adepto do socialismo libertário
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Anarquistas brasileiros
José Oiticica (1882 - 1957)
Maria Lacerda de Moura (1887 - 1945) - Anarquista Feminista
Domingos Passos
Florentino de Carvalho (1889 - 1947)
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Anarquistas portugueses
Ver artigo principal: Lista de anarquistas portugueses.
António Gonçalves Correia, 1886-1967
Neno Vasco 1878-1920
2006-08-01 20:31:44
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answer #1
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answered by chocoboy 1
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