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sem fanatismos...apenas evidencias históricas

2006-08-01 13:13:37 · 3 respostas · perguntado por Anonymous em Artes e Humanidades História

3 respostas

"Motivo"? Como assim? Quais os "motivos" da criação da Igreja? Sei lá... Pelo jeito que você diz isso parece que meia dúzia de magnatas obscuros se reunia à noite num restaurante fétido qualquer do Oriente Romano, quando um deles de repente sugeriu: "Que tal se a gente criasse a Igreja?" Fala sério. ¬¬ Acho que eu entendi a sua pergunta, só tenta se expressar melhor da próxima vez, ok? ;-)

Isso que a gente chama hoje de "Igreja" (com "i" maiúsculo) foi uma instituição construída ao longo de vários séculos. Embora todo mundo diga que na Idade Média mandava em tudo, botava terror no mundo todo e coisa e tal, a grande verdade é que nós só podemos falar uma Igreja mais ou menos unificada a partir do ano 1215 (Id. Média começa em 476), data do Concílio de Latrão, em que são definidas as principais premissas em que viria se basear a atuação da Igreja como uma instituição "autônoma" em relação aos poderes políticos, centralizada (em Roma) e unificada dali pra frente - isso teoricamente. Antes disso, embora se falasse já muito em "Igreja Católica", "Ortodoxia", "Verdadeira Fé" etc, a realidade é que a tal "Cristandade" era uma colchinha de retalhos. Os patriarcas orientais e o papa não se entendiam de jeito nenhum. O próprio papa na prática não conseguia impor a sua autoridade muito além da Itália. As demais áreas cristãs estavam sob total controle das dioceses principais e dos reis (que nessa época se envolviam nos assuntos religiosos com todo o fervor e naturalidade).

Então antes de falar de começar a falar um pouco do que era "a Igreja" em seus primórdios, é bom que se desfaça essa imagem que se criou de uma instituição toda poderosa, magnânima e absoluta. No início da Idade Média, assim como na Antigüidade, isso que a gente chama de Igreja estava longe de ser uma unanimidade e mais ainda de possuir uma coesão interna imune à fissuras de toda ordem.

Assim, se me permitissem reformular a pergunta eu a faria assim: "Em que circunstâncias teve início a institucionalização das comunidades cristãs e de suas lideranças?". Igreja propriamente não existia no início. O que havia eram várias comunidades, mais ou menos isoladas entre si, cada uma com seus costumes e as suas lideranças, ainda que elas reivindicassem o pertencimento a uma tradição religiosa comum, representada então pela Bíblia (que por sinal também não tinha a mesma composição em todos os lugares). Diante de uma situação de perseguição, é claro que subsistiram as comunidades maiores, mais organizadas, coesas e bem-estruturadas.

Por isso tudo, se eu tivesse que estabelecer uma "origem" (como eu odeio essa palavra) para a Igreja, eu a localizaria nessas comunidades, relativamente grandes e coesas, que conseguiram não só sobreviver ao período das perseguições, como cooptar (ou serem cooptadas, depende do ponto de vista) pelo Império Romano.

2006-08-01 14:43:45 · answer #1 · answered by Drika 3 · 2 0

Fundação

Os monges beneditinos chegaram à São Paulo em 1598. A Companhia de Jesus e a Ordem do Carmo eram as únicas ordens religiosas em São Paulo.
Fr. Mauro Teixeira foi o primeiro beneditino a chegar à São Paulo. Natural da cidade de São Vicente, ele foi discípulo direto do jesuíta Pe. José de Anchieta. Após a morte de seus familiares pelos índios tamoios, num ritual de canibalismo, Fr. Mauro entrou no Mosteiro de São Bento da Bahia.Terminada sua formação monástica, o Padre Provincial Fr. Clemente das Chagas o envia à São Paulo, onde funda uma pequena ermida, núcleo inicial da presença dos beneditinos na cidade. Logo em seguida, vem o Pe. Fr. Mateus da Ascenção edificar um mosteiro e formar o primeiro núcleo comunitário.
Assim que ele chegou, a Câmara Municipal doou, em 9 de maio de 1600, um pedaço de terra que situava-se "no lugar mais ilustre da vila, depois do Colégio da Companhia", em doação perpétua "até o fim do mundo". O local era onde se localizava a antiga taba do caçique Tibiriçá, "o glorioso índio que realizara a aproximação euro-americana e permitira o surto da civilização no planalto, salvando São Paulo da agressão tamoia de 1562", segundo as palavras do historiador Taunay.
Somente em 1634, as obras foram terminadas e constituída em Abadia. A capela fora dedicada a São Bento. Posteriormente, a pedido do Governador da Capitania de São Vicente, D. Francisco de Sousa, grande benemérito dos beneditinos, foi mudado o patrono da capela paulistana para Nossa Senhora de Montserrat. E, 100 anos depois, em 1720, a capela passou a chamar-se de Nossa Senhora da Assunção, título que se conserva até hoje.
No Capítulo Geral de 14 de maio de 1635, o primeiro Visitador da Província, o espanhol Fr. Álvaro Carvajal foi eleito o primeiro Abade de São Paulo.



Período colonial

1. Aclamação de Amador Bueno
O primeiro fato histórico significativo e pitoresco dos autos do mosteiro se deu por ocasião da proclamação do paulistano Amador Bueno de Ribeira como rei de São Paulo. Após a separação das coroas lusa e espanhola, e iniciada a restauração do Reino de Portugal, em 1640, parte da população da cidade, em geral de origem espanhola, ao saber da aclamação de Luiz Dias Leme como rei da cidade de São Vicente, capital da capitania, decide proclamar rei um de seus filhos mais ilustres. Alguns desejavam continuar fiéis ao reino de Castella, pois acreditavam que em breve estariam de novo sob sua autoridade. Mas, para não dar mostras de seu intento, esse grupo dizia apenas proclamar um filho de São Paulo como seu rei.
Amador Bueno, entretanto, consciencioso e percebendo a artimanha das famílias espanholas, declinou o convite. Porém, a massa já estava convencida, de que essa era a melhor medida para a população paulistana. Chegaram a jurá-lo de morte, caso ele não aceitasse a coroa paulistana.
Ele, então, já seguido pelos gritos de muitos, refugia-se no Mosteiro de São Bento. O Abade e a comunidade monástica saíram para deter a multidão, que logo conteve-se em respeito aos religiosos. Bastava gritar ao lado de fora do mosteiro sua aclamação. Aos poucos, os religiosos foram convencendo a população da falacidade do intento, até acalmarem-se e desistirem de vez do que planejavam fazer.
No atual Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, na sala chamada Imprensa, há um quadro que retrata esse episódio ilustrando a fachada do mosteiro, a população e a comunidade monástica diante do edifício.


2. O benemérito Fernão Dias Paes
O mosteiro de então era ainda muito pequeno, e a capela não era mais suficiente para todas as pessoas, que ali acorriam, para receberem a assistência dos monges. O Abade do Mosteiro do Rio de Janeiro, em 1646, havia inclusive expedido à Câmara Municipal de São Paulo auxílio para os monges paulistanos, que estavam em paupérrima situação.
Fernão Dias Paes se prontificou a construir uma nova capela e ser o benemérito maior do mosteiro. Em troca do auxílio prestado à abadia, ele pedia apenas que seus restos mortais e de sua família viessem a ficar depositados na nova capela.
Bandeirante dos mais famosos, Fernão Dias desbravou vastíssimas regiões, como o Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. Ele ficou conhecido como o Governador das Esmeraldas, sendo um dos responsáveis por estender o território brasileiro, para além daquele delimitado pelo tratado de Tordesilhas. Conta-se de sua façanha ao expulsar os holandeses que vieram saquear São Vicente com onze esquadras militares. Era também conhecida sua prática de capturar índios para trabalhar em suas terras. Em 1653, porém, ele se empenhou por reintegrar os jesuítas no Colégio, que haviam sido expulsos por defender os índios contra seus raptores.
Atualmente, seus restos mortais e de sua esposa estão depositados na nave central da Basílica do Mosteiro.

3. Fundação das "presidências" de Parnaíba, Santos, Sorocaba e Jundiaí
Depois de 33 anos de eregida Abadia, a comunidade monástica já havia fundado quatro "presidências", ou priorados. Fato notável, que revela a grande vitalidade da comunidade paulistana.
Em 1643, é fundado o Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro da Parnaíba. A doação e pedido de fundação são feitos pelo capitão André Fernandes, fundador da Vila de Parnaíba. Atualmente, esse mosteiro está desativado e suas propriedades pertencem à diocese local.
Em 1650, é fundado o Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro de Santos. Por ocasião da vinda do Padre Provincial, Fr. Gregório de Magalhães, para São Paulo, cuja passagem obrigatória era o porto de Santos, sentiu a necessidade de construir uma hospedagem, onde os monges de passagem pudessem ali descansar depois da exaustiva viagem entre Santos e São Paulo.
A Câmara de Santos logo permitiu a edificação e doou as terras necessárias. Dois anos depois, já estava construído o edifício e pronto para uso.
Já no século XX, ele fora doado pelos monges de São Paulo para a Congregação Beneditina Americana, que queria fazer uma fundação em terras brasileiras. Não satisfeitos com a condição do local, deixaram o Mosteiro para a arquidiocese e foram para outra propriedade oferecida pelos monges paulistanos na cidade de Vinhedo, onde até hoje existe um mosteiro.
Atualmente, o edifício do mosteiro de Santos abriga um museu da arquidiocese.
Em 1667, os beneditinos chegaram à Sorocaba para fundar outro mosteiro a pedido de Baltazar Fernandes, recém fundador da cidade e irmão do benemérito do Mosteiro de Parnaíba, André Fernandes. No mesmo ano, completam a construção do edifício. Fundando-se, assim, o Mosteiro de Nossa Senhora da Visitação de Sorocaba.
O Mosteiro de Sorocaba ainda permanece aos cuidados do Mosteiro de São Bento de São Paulo. No centro da cidade, ele é o único marco restante da história de sua fundação. Atualmente, não existe uma comunidade residindo no local. Entretanto, sempre recebe a assistência de um monge da comunidade paulistana, de modo que os monges de São Paulo revezam entre si tal encargo, sem deixá-lo um só dia desabitado. Alí há também uma intensa atividade dos leigos, que prestam assistência às famílias carentes e formam diversos grupos de espiritualidade.
Em 1668, era fundado o Mosteiro de Santana de Jundiaí pelo mesmo Padre Provincial, que fundara o Mosteiro de Sorocaba. Ele foi elevado à "presidência" somente em 1694. Hoje, há uma intensa atividade pastoral, pois suas dependências servem às necessidades da arquidiocese. Há um monge morando no mosteiro aos finais de semana, prestando serviço aos fiéis que alí acorrem.
Durante um período relativamente curto, 33 anos, a comunidade beneditina paulistana fundou quatro mosteiros. O que mostra sua vitalidade naquela época.



Período da Restauração

1. Situação anterior
Juntamente com toda a Congregação Beneditina Brasileira, o Mosteiro de São Bento de São Paulo estava em precárias condições. Restavam apenas o velho Abade, Fr. Pedro da Ascenção Moreira, e um funcionário que ali morava. Isso se deu, por causa da lei do governo brasileiro, na primeira metade do século XIX, de fechar os noviciados de todas as ordens religiosas.
Em fins do mesmo século, muitos já especulavam sobre o destino das dependências do Mosteiro. Ele já estava sendo utilizado para fins municipais. Como os demais mosteiros da congregação, ele não tinha as mínimas condições de retomar a vida monástica, receber e formar novos integrantes.
Em 1890, o cardeal Rampolla chegou a solicitar sua doação ao então Abade Geral, Fr. Jenuíno da Conceição Mattos, para a arquidiocese local. Pretendia-se fazer um pensionato de meninas. Tal era as expectativas de reerguimento da Congregação Beneditina. E não faltavam pretendentes aos bens do mosteiro.
A cidade de São Paulo nessa época contava com cerca de 65.000 habitantes, um contigente populacional menor que a cidade de Itu.
Chega, em 1900, o primeiro monge restaurador no mosteiro, seu prior nomeado, Dom Miguel Kruse. O antigo Abade havia acabado de falecer. Após polêmica com um dos inquilinos do mosteiro, o advogado Dr. Agostinho Nunes de Arruda, que contestava a legitimidade desse monge reaver o mosteiro e suas propriedades, pois já pertenceriam ao Estado, D. Miguel reaveu os bens da antiga comunidade beneditina e deu início à restauração.


2. O governo de Dom Miguel Kruse
Talvez a figura beneditina mais notável do século passado tenha sido o Abade Dom Miguel Kruse.
Ele era natural da Westfália, na Alemanha. Impedido de entrar no seminário na Alemanha devido às perseguições que Bismark desferia à Igreja Católica, ele foi para os Estado Unidos. Ingressou, então, no seminário diocesano instalado na abadia beneditina de St. Vincent, depois de ter sido dispensado da vida conventual por motivo de saúde. Terminou, porém, seus estudos de teologia no Equador, onde foi ordenado e serviu a Igreja local durante quatro anos. Lá testemunhou as grandes perseguições movidas pela maçonaria contra a Igreja Católica e as lutas empreendidas pelo bispo local, D. Pedro Schumacher, o qual lhe ordenara.
Por motivos de doença, voltou à Europa logo retornando aos Estados Unidos, onde pode presenciar o dinamismo do catolicismo americano.
Durante seis anos, D. Miguel foi pároco na diocese de Newark (USA), de 1891 a 1897, quando decide vir ao Brasil e ingressar na Ordem de São Bento. Há algum tempo, ele vinha acompanhando os acontecimentos da Igreja do Brasil, em especial a restauração que a Ordem Beneditina vinha sofrendo. Ser beneditino sempre fora seu sonho desde a infância. Por motivos que só a Providência sabe, não conseguiu entrar num mosteiro beneditino nem na Alemanha, nem nos Estados Unidos.
Em 9 de junho de 1897, D. Miguel ingressa no Mosteiro de Olinda, o noviciado único da restauração. Em 1898, emitirá seus votos monásticos.
D. Miguel era muito ativo. Recebera muitos cargos e se mostrava extremamente eficiente. Por sua capacidade de orador e grande zelo pastoral, ele alcançava o agrado da população local, autóctone e estrangeira. O fato de conhecer muitas línguas, o alemão, inglês, italiano, francês, espanhol e portugues, fazia dele capelão de muitas colônias da região. O que logo fez seu nome conhecido pela população.
Em 1899, ele foi nomeado prior de Olinda pelo próprio D. Gerardo van Caloen, responsável pela restauração no Brasil, e poucos meses depois, assumira o cargo de Vigário Geral da Congregação, pois não era mais nomeado um Abade Geral da Congregação pelo Capítulo de 8 de dezembro.
No período em que foi prior em Olinda, ele fundou o jornal "Estandarte Católico", no qual expunha a doutrina católica e refutava os erros e ataques dos adversários da Igreja; porém, seu fim não era atacar, mas informar. Esse jornal iria ser editado ainda na Bahia e em São Paulo, quando fora prior dessas localidades.
Em 1900, D. Miguel viaja à São Paulo para reaver o Mosteiro de São Paulo. É nomeado prior por Fr. Domingo da Transfiguração Machado. Esse cargo ele vai desempenhar de 1900 a 1904. E em 1907, ele é abençoado Abade da então restaurada Abadia Nossa Senhora da Assunção em São Paulo.
A chegada de D. Miguel à São Paulo foi extremamente providencial. São Paulo de 65 mil habitantes em 1890 já contava com 250 mil em 1910. Seu ritmo de crescimento era fora do comum para os padrões da época. Por sua visão perspicaz, D. Miguel soube adaptar a vida beneditina à essa cidade, que viria se tornar a megalópole de hoje, e preparar para as gerações futuras um dinamismo, que pudesse, conservando a índole monástica da comunidade beneditina, acompanhar esse ritmo desenfreado.
Muitos foram os feitos de D. Miguel quando Prior de São Paulo. De início sua figura já era de certo prestígio, pois a ele havia se confiado todos os bens do mosteiro. Com muito desenlace, soube contornar os obstáculos que procuravam impedir seu intento. Para tanto, recorreu com maestria à imprensa local, ganhando o reconhecimento de todos. Sua capacidade comunicativa e sua vivacidade intelectual iriam lhe garantir muitas vitórias nos debates travados com efervecência com seus opositores.
Elel logo começa a estabelecer relações de cordialidade com o clero secular e religioso e as autoridades civis, fazendo diversas visitas oficiais. Ao fazer sua visita ao Governador do Estado, ele foi atenciosamente recebido pelo então presidente Rodrigues Alves.
As cerimônias litúrgicas no São Bento, pela sua simplicidade e aprimoramento, logo ficaram conhecidas pela população. As pessoas começavam cada vez mais a participar das celebrações dos beneditinos. A presença de D. Miguel junto às colônias de imigrantes, em especial dos alemães, se fazia notar. E em pouco tempo ele já era figura marcante na Igreja de São Paulo.
Outro evento que lhe ganhou o reconhecimento da população foi a edição do semanário "Estandarte Católico". Jornalista nato, D. Miguel elaborava com elegância e presteza seus artigos, os quais apresentavam uma qualidade literária e riqueza de informações pouco vistas no Brasil. Ficaram famosos os episódios do debate entre ele e o conceituado Dr. Luiz Pereira Barreto, grande intelectual da época, no jornal "Estado de S. Paulo". Estudado na Universidade de Bruxelas, então orientada pela maçonaria, e tido suas palavras como verdadeiros oráculos por muitos paulistanos, Dr. Barreto desferiu um forte ataque à Igreja Católica e às ordens religiosas, precedendo uma polêmica anticlerical na cidade. Por essa época, o Mosteiro de São Bento havia sido alvo de manifestações, a ponto de terem suas janelas alvejadas por pedras.
D. Miguel se prontificou logo a responder-lhe à altura. No dia seguinte, refutava todos os argumentos do algoz, demonstrando seu vasto conhecimento de história da Igreja, de sua doutrina e a versatilidade de sua formação neo-escolástica, que não se deixava render aos argumentos mais recentes. Esse debate estendeu-se por várias edições. Surprendia a rapidez com que D. Miguel respondia aos artigos do adversário. No dia seguinte já era publicado no "Estado" sua réplica, ao passo que a do Dr. Barreto chegava a levar vários dias. A série de publicações chegaram ao fim, quando, já reconhecida a superioridade de D. Miguel, o próprio amigo de Dr. Barreto, o filósofo e historiador, Eduardo Prado deu razão a D. Miguel, e começou a publicar em seu jornal "Comércio de São Paulo" uma série de artigos a esse respeito.
Acerca dessa característica jornalística e franca de D. Miguel, escreveu D. Adalberto Swiersen, então monge de São Paulo: "Qualquer ataque aos monges estrangeiros, à nossa Ordem ou às instituições eclesiásticas, nos jornais de São Paulo ou do Rio, recebe no dia seguinte uma resposta à altura, por isso é temido por todos os adversários protestantes, liberais, maçons, e respeitado pelo clero nacional."
Nunca São Paulo e talvez o Brasil pode acompanhar tão acalorada disputa, e em tamanho nível literário e intelectual. A partir daí aumentaram as tiragens do "Estandarte" e o nome de D. Miguel ficou ainda mais conhecido. A tiragem do jornal semanal chegou a 10 mil, fato excepcional em edições católicas. No dizer do Cardeal Arcoverde, o primeiro cardeal sul-americano, o "Estandarte" era o "mentor seguro do episcopado e do clero brasileiro".

D. Miguel era também homem muito empreendedor. Datam de seu período de priorado: a fundação da escola primária Sto. Adalberto para crianças alemãs em 1901; a colaboração com as Irmãs de Santa Catarina para a fundação do Sanatório Santa Catariana, localizado na Avenida Paulista, em 1903; a inauguração do ginásio São Bento, nas dependências do Mosteiro a 15 de fevereiro de 1903; e a criação da Escola Noturna de São Miguel em 1906.

Em 30 de outubro de 1907, D. Miguel Kruse era abençoado Abade do Mosteiro de São Bento de São Paulo. Iniciava-se uma nova fase em toda Congregação Beneditina Brasileira e sobretudo nos mosteiros em particular. A nomeação dos abades significava o sucesso de todo o processo de restauração. A partir daí, os mosteiros adquiriam vida própria e uma nova configuração, que a Congregação Brasileira nunca conheceu. O modelo da reforma beuronense, que pretendeu desvincular-se de toda carga burocrática e cultural, que se impregnou na vida monástica desde idos da Idade Média, fora implantada no Brasil. Agora, os Mosteiros eram células com vida própria, independentes entre si, tendo em comum apenas a Regra de São Bento e as Constituições. Era restaurado, por exemplo, o antigo voto de estabilidade na comunidade conventual, que, antes, era de observância para toda congegação, não para um mosteiro em particular.
Suas obras vão continuar nesse período de abaciado, estendendo-se até sua morte em 1929. Serão elas: criação do Instituto Eduardo Prado para instrução e educação dos pequenos engraxates em 1908; fundação da Faculdade de Filosofia e Letras de São Bento, primeira da América Latina, em 1908, futuramente transferida para a PUC, e agora está sendo reinaugurada para 2002; fundação da Abadia das monjas beneditinas em 1911, a primeira em todas as Américas; demolição do antigo edifício do mosteiro e da igreja em 1910, e construção do atual edifício, juntamente com a construção de um novo prédio para o colégio; e a criação da escola primária para crianças pobres no bairro de Santana.
Outro fato significativo foi sua defesa dos jesuítas expulsos de Portugal por ocasião da morte de Carlos I, que antecedeu a revolução republicana portuguesa, repleta de perseguições ao clero e aos religiosos. Dos 360 jesuítas em Portugal, seu provincial enviou 90 foragidos para o Brasil. O governo brasileiro, influenciado pela maçonaria, não permitiu que eles entrassem no Brasil. Foi, então, que D. Abade Miguel Kruse assumiu a defesa dos jesuítas, expedindo uma solicitação para o presidente dos Estados Unidos para recebê-los, o qual prontamente aceitou. O governo brasileiro terminou por consentir a entrada dos religiosos, recebendo-os D. Miguel pessoalmente no porto do Rio de Janeiro. Alguns desse jesuítas iriam ajudar D. Miguel na formação dos clérigos beneditinos em Sorocaba, onde o Abade instalara o noviciado e o núcleo filosófico e teológico para a formação sacerdotal, sob a orientação de D. Adalberto Swiersen, o mestre de noviços.
Especial obra do Abade de São Paulo, foi junto aos imigrantes. Desde sua chegada à São Paulo se ocupara com a colônia alemã. Também junto aos italianos e japoneses, D. Miguel prestou muitos serviços. Em 1904, ele hospedara o bispo Giovanni Scalabrini, com o qual conversou muito sobre o trabalho junto à população italiana residente em São Paulo.
Por fim, D. Miguel contribuiu para a chegada e estabelecimento das Beneditinas Missionárias de Tutzing em Sorocaba, onde elas fundaram um colégio; e para a vinda e estabelecimento das Irmãs de Santa Marcelina. Quando a Geral dessas Irmãs mencionou ao papa Pio XI, ex-arcebispo de Milão, que elas pretendiam abrir um colégio para a educação da juventude feminina de São Paulo, ele logo acrescentou: "Em São Paulo, dirija-se exclusivamente ao Abade Kruse. É um grande construtor. Ele construirá a casa".

A saúde de D. Miguel sempre fora muito delicada, principalmente depois da missão no Equador, onde contrai a doença da malária, deixando seqüelas. Na segunda-feira, depois do Domingo de Ramos, em 1929, D. Miguel sofreu uma delicada operação. Seu estado, porém, não apresentava quadro de melhora. Diariamente o arcebispo de São Paulo visitava-o para rezarem juntos. O presidente da República, Washington Luís deixara uma pessoa de sua confiança no sanatório para dar-lhe notícias diárias do Abade. A população de São Paulo já estava sabendo do que se passava, pois os jornais nacionais davam pequenas breves de seu estado de saúde. Na quinta-feira, ele piorou recebendo a Unção dos Enfermos e renovou seus votos monásticos. À noite recebeu um telegrama especial do papa concedendo-lhe sua bênção.
Na segunda-feira depois da Páscoa, Dom Abade Miguel Kruse faleceu.
Por fim, D. Miguel foi sepultado no claustro do mosteiro. Por seu próprio pedido, em sua lápide se lê: dilexit ecllesiam, "amou a Igreja".
D. Miguel foi um verdadeiro representante da Restauração Católica no Brasil, num período especialmente difícil para a Igreja. É difícil exagerar a importância desse Abade para a Igreja de São Paulo e a comunidade beneditina até os dias de hoje.


4. Os Abades posteriores
De fato, a importância de Dom Miguel Kruse é capital. De alguma forma, ele foi o responsável por lançar as bases da vida beneditina na capital paulista. Em 1929, assumia a direção da abadia o então eleito Dom Abade Domingos Schelhorn, de origem alemã que veio auxiliar a Restauração da Ordem. Após sua morte, foi eleito Dom Paulo Pedrosa, natural de São Paulo. Ele havia sido pároco de Santa Cecília; diz-se que ele antes de entrar no mosteiro estava cotado para ser bispo de São Paulo, fato comum entre os párocos de Santa Cecília. Em seguida, assume Dom Tito Marchese, advogado paulistano, mas que tem morte prematura. Dom Joaquim de Arruda Zamith o sucede até 1989. O Abade Dom Isidoro Oliveira Preto assume o governo da abadia em 1989 até 2001, quando é eleito Dom Luiz César de Proença, o atual superior da comunidade beneditina de São Paulo.





Algumas obras recomendadas para maior conhecimento da história de nossa Abadia:

- José Lohr Endres, OSB -- A Ordem de São Bento no Brasil quando Província: 1582-1827. Salvador, Mosteiro de São Bento da Bahia, 1980.

- Affonso de E. Taunay -- História antiga da Abadia de São Paulo. São Paulo, Mosteiro de São Bento, 1927.

- Michael Emílio Scherer, OSB obl. -- D. Miguel: um grande abade beneditino. Munique, Editora da Academia Beneditina Bávara, 1964.

no Brasil ta

A ação criadora

O dogma da criação é fundamental para que se tenha consciência da dependência dos seres criados diante de Deus, do qual são reflexos.

A criação é obra pela qual Deus produz tudo do nada. É um ato que continua enquanto dura a criatura. Não se refere somente à primeira coisa criada, mas também àquelas que vêm a partir da primeira. A criação pode ser entendida pela filosofia, mas os filósofos não cristãos refletindo sobre ela caem no dualismo, no emanatismo ou no materialismo.

Porém, o pensamento mais crítico para o filósofo seria a criação “ex nihilo”, a partir do nada. A partir das coisas criadas, chega-se à conclusão de que existe um Criador. Esse pensamento contradiz o marxismo que fala do mundo “incriado”.

Pela filosofia poder-se-ia admitir que o mundo sempre tivesse existido, mas os estudos científicos por sua vez, indicam que o mundo teve um princípio temporal, o que está de acordo com a Revelação, que ensina a temporalidade do mundo.

Em determinado momento, segundo o dogma da criação, Deus criou tudo o que existe numa relação de dependência para com ele, muito embora a criatura tenha autonomia.
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A ação criadora nos textos bíblicos

Muitos textos bíblicos falam sobre o dogma da criação, mas os principais são os primeiros capítulos do Gênesis. Seu objetivo não é explicar a criação do mundo sob o ponto de vista da ciência, mas sim mostrar que Deus é único e é o criador do mundo. O livro do Gênesis trata do tema da criação de uma maneira mais espiritual, apresentando Deus como criador e organizador dessa matéria caótica desorganizada. A matéria vai se organizando de acordo com a Palavra de Deus.

Nos escritos proféticos o tema da criação sobressai em Isaías. Apresenta a criação como obra de Deus e relaciona-a com a História da Salvação. O mesmo Deus que criou o mundo, conduz o seu povo através da história em busca da salvação.

Os salmos apresentam a mesma idéia da soberania e majestade divina na criação.

Enfim, na literatura sapiencial aparece a idéia da criação a partir do nada, mostrando a soberania e a vontade de Deus, tanto na criação, quanto na preservação de sua criação.

No Novo Testamento, o tema da criação é abordado dentro da perspectiva de uma renovação. Nos Evangelhos Sinóticos é apresentada uma relação entre a criação, efeito da vontade de Deus, e a vontade divina para o modo de agir dos homens, bem como a ligação entre a criação e o Reino, que para todos está preparado. O Evangelho de João fala expressamente da criação e da participação de Jesus nela. Para São Paulo, o homem na graça vive uma nova criação. Deus não deixa de relacionar-se com suas criaturas, fruto de sua criação.
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A Criação e a Trindade

Ainda segundo o dogma da criação, no princípio Deus criou o céu e a terra, e esse ato é obra inseparável de toda a Santíssima Trindade. Na plenitude do tempo, Deus realizou a obra da Redenção do mundo pela Encarnação e morte de seu Filho único. Ora, tudo o que fez Nosso Senhor, como Deus, nessa grande obra, foi realizado por toda a Santíssima Trindade. E Deus também não cessa de santificar as almas; esta obra de santificação é tão grande que toda a Santíssima Trindade dela participa.

Na criação, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são agentes que produzem um mesmo efeito. O ser criado é reflexo daquele que o criou. Com a razão é difícil de compreender essa situação, porém, a revelação faz compreender. A Sagrada Escritura oferece fundamentos para se compreender esse tema.
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O motivo e o fim da criação

A obra da criação de Deus tem uma finalidade: a glória do Criador. Mas essa finalidade não exclui o homem, pois Deus não é egoísta, já que criou num ato de amor.

As criaturas são reflexos do Criador e nisso consiste sua felicidade.

Mas entre as criaturas, aquela que mais revela a Deus é o homem, pois a glória de Deus visa levar o próprio homem à visão celeste, através de sua santificação.
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Breve histórico da reflexão cristã sobre a criação

A criação “ex nihilo” sempre esteve presente na consciência cristã como verdade fundamental. As primeiras citações do “Criador” se referiam a Deus. Depois se acrescentou o nome do “Pai”, que parece ser designativo da “Divindade”.

Houve controvérsias em relação ao papel do Verbo de Deus na criação, mas o Concílio de Nicéia, em 325, resolveu a questão distinguindo a “criação do mundo” e a “geração” eterna do Filho: o Filho não foi criado pelo Pai, mas sim, gerado.

Também houve diversas controvérsias entre filósofos estóicos, gnósticos, etc., e autores cristãos que sempre defenderam a doutrina da Igreja sobre a criação.

Autores da Reforma Protestante caíram no erro de dizer que o mundo não revela Deus, pois que o mundo estava corrompido pelo pecado. Motivada por tantos erros doutrinários sobre a criação, a Igreja sempre se preocupou em corrigir as idéias que não estivessem de acordo com a Sagrada Escritura e a Tradição.
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A Providência
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O Senhor, próximo de nós

No Antigo Testamento não existe um termo definido para expressar a “providência”, mas a idéia já é desenvolvida, e o povo de Israel percebe essa “providência especial” que se manifesta na Aliança. Deus cuida de todas as suas criaturas não fazendo distinção entre elas. Em Deus o homem encontra socorro e refúgio nos momentos de tribulação. Mas, apesar da providência, o homem se depara, às vezes, com o “silêncio” de Deus, principalmente quando sofre, mas isso não tira a capacidade que o homem tem de confiar em Deus.

Contraposto a esse “silêncio” divino, a Bíblia apresenta o recurso da oração, que parece fazer com que a Providência ao pedido daquele que ora. A Providência Divina é paternal. Deste modo percebe-se que a Providência Divina tem um fim escatológico particular e universal: diz respeito a cada indivíduo e a toda a humanidade, mesmo que alguns, mediante a liberdade que possuem, resistam a esse amparo oferecido por Deus.
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Conceituação de Providência. O Governo divino

A “Providência” é o desígnio de divino que, com sabedoria e liberdade, conduz os seres criados, no hoje da criatura.

Deste modo, a Providência é certa e infalível e cabe a ela o governo e a conservação do mundo.

Neste governo, Deus se utiliza da cooperação das criaturas. Umas contribuem com as outras. As criaturas são cooperadoras de Deus e cooperadoras entre si.
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O Concurso Divino

Desde que começou a meditar sobre a Providência, o homem se pergunta como conciliá-la com a liberdade das criaturas, pois a Providência lhes tiraria a liberdade.

Chegou-se à conclusão de que Deus está na raiz do ser e do agir das criaturas. Deus dá e conserva o seu agir. E mais, as criaturas só conseguem agir porque são dependentes de Deus e como tais, são instrumentos nas mãos do Criador. Tudo o que a criatura faz é mais obra de Deus do que dela própria.
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A Providência e o Mal

Esta é outra questão que surge ao homem: como aliar a verdade da Providência com a existência do mal?

Antes de tudo se deve distinguir duas categorias do mal: o sofrimento que é contra a vontade do homem, ou seja, a dor, a miséria, a aflição, etc.; e a maldade, que é própria do homem, pois parte de sua vontade, que são o crime, o pecado, etc...

As religiões têm concepções diversas sobre o tema, chegando algumas delas a atribuírem o mal à providência e a seus deuses.

Outras atribuem, num dualismo latente, o mal a um princípio mal, e o bem a um princípio bom, numa concepção maniqueísta platônica.

O pensamento filosófico moderno, de fundo ateísta, considera o sofrimento um mal necessário, já que o homem é apenas uma peça na engrenagem que faz o mundo funcionar. Tudo pode ser resolvido pela técnica e pelo progresso.

O cristianismo tem outra compreensão do problema do mal, tendo em vista dois pensamentos básicos: primeiro, que o sofrimento não é uma ilusão. É passageiro, mas existe. É fruto do pecado do homem; segundo, que a morte entra no mundo por causa do pecado do homem.

E não há nada de mal que aconteça no mundo que não passe pelo crivo da Providência. Conseqüentemente, o mal não é eterno, mas sempre esteve sob o controle de Deus.

Isto não significa que Deus seja o autor do mal, pois o mal é a ausência de um bem devido.

Surge, então, a questão de como e porque o mal existe. A resposta é que Deus criou o mundo em estado de “caminhada”, para atingir a perfeição última e, enquanto não atingi-la, o mal permanecerá, já que Deus criou tudo bom, mas o desvio das criaturas produz o mal.

Resumindo: Deus é o Senhor do mundo e da história, mas os caminhos de sua Providência muitas vezes nos são desconhecidos. Somente quando estivermos “face a face” com ele, teremos pleno conhecimento dos caminhos pelos quais terá conduzido sua criação até a glória definitiva.
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Providência sobrenatural

Todos os seres criados, de maneira especial os homens e os anjos, estão sob o regime da providência sobrenatural.

Sob essa Providência, Deus tem um desígnio a nosso respeito: oferece-nos a salvação através da mediação de Cristo.

A Utilização do termo “sobrenatural” não exclui o que é “natural” ao ser humano. Porém, não se pode relativizar e achar que o homem vai encontrar a felicidade no plano meramente natural, pois Deus propôs à humanidade uma vocação sobrenatural, desaparecendo assim, todo lugar para um fim último natural. As duas dimensões integram a existência humana de forma intrínseca.
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A História da Salvação

Deus se associa na nossa história no plano pessoal, e nos dá a graça através da fé. Mas também se associa no plano social e universal da história, através de suas obras.

É o que costuma se chamar de História da Salvação. Mas nem por isso o homem está livre das tribulações cotidianas.

Porém, Deus dá a todos a graça para que, perseverantes na prática do bem, procurem a salvação.

Deus revela seu plano de salvação e vem até o meio de seu povo. Entra na história de suas criaturas, tornando-se muito próximo do homem, comunicando-se por ações e por sua Palavra, pois a Revelação vem associada a acontecimentos, de modo que esses eventos ilustram e fundamentam as palavras e as palavras decifram esses eventos.
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Os sinais de Deus

Na História da Salvação, Deus se faz presente por sinais, sendo Jesus o sinal máximo entre todos os outros, pois é a imagem visível do Deus invisível.

Existem outros sinais: os milagres de Cristo e diversos outros que aconteceram ao longo da História da Salvação. Os milagres apontam para Deus, seu autor e estão a serviço da manifestação divina.

Os milagres ultrapassam a possibilidade das forças naturais e são absolutos, não podendo ser explicados pela ciência.

Nos milagres deve-se observar mais o poder e a intervenção divina do que o fato em si, percebendo neles a extraordinária bondade de Deus.
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A criação do mundo invisível

O texto bíblico que melhor apresenta o tema da criação é o primeiro capítulo do Gênesis, que contém o Hexaémeron e o “descanso” de Deus. Esse relato é dividido em três partes: a “criação”, a “distinção” e a “ornamentação”.

No passado acreditava-se que era um relato histórico; depois pensou-se que fosse uma história e hoje fala-se de um relato teológico. Ele transmite uma mensagem religiosa e espiritual, sem intenção de fornecer dados científicos.

O que o relato quer mostrar é que o mundo e suas criaturas foram criados por Deus. Porém, a evolução da matéria pode ser admitida. Deus teria criado a matéria inicial caótica e dado as leis da natureza para que fosse se desenvolvendo, como se houvesse uma “dupla criação”: uma criada definitivamente e outra que estaria se desenvolvendo e evoluindo ainda hoje.

Assim, o cristão pode admitir o evolucionismo, a partir, porém, do criacionismo.
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As criaturas invisíveis, ou anjos
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Alusões no Antigo Testamento

A Revelação fala, inúmeras vezes, de seres espirituais superiores aos homens: os anjos. Os anjos não são figuras lendárias ou metafóricas. Fazem parte do patrimônio das verdades reveladas pelo Magistério da Igreja. No Antigo Testamento aparecem como criaturas a serviço de Deus, sendo em muitos textos, a aparição do próprio Deus. Em alguns textos se encontram citações dos nomes de alguns deles em relação com a missão que lhes foi confiada. Um desses anjos se torna mau e é identificado como “diabo” que significa adversário, e está sempre procurando fazer mal ao homem.

A literatura judaica considera os anjos como “filhos de Deus”, mas capazes de escolher entre Deus e o pecado.
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No Novo Testamento

No Novo Testamento os anjos aparecem sob uma nova óptica. Estão relacionados com Cristo e a sua disposição protegendo a Igreja nascente e os Apóstolos. São enviados a serviço dos homens que buscam a salvação. No Novo Testamento aparece também a figura de Satã, que, com sua legião, se opõe a Deus. A exemplo do Antigo Testamento, precisa de permissão de Deus para tentar ao homem.
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Os anjos na tradição cristã

A doutrina sobre os anjos sofreu interpretações erradas nos primeiros séculos. Então os Doutores cristãos elaboraram uma doutrina sistemática sobre os anjos, a fim de corrigir os erros.

O Magistério Eclesiástico definiu: são criaturas de Deus, feitas no início do tempo e não desde a eternidade. Foram criadas boas, mas por livre e espontânea vontade, algumas se tornaram más.

A Escritura diz que os anjos são espíritos, mas não estão em toda parte e nem em dois lugares ao mesmo tempo. Seu conhecimento é intuitivo e quando tomam uma decisão, não voltam atrás, o que explicaria a opção permanente de alguns pelo mal.

Os anjos bons têm como missão adorar a Deus e ajudar os seres inferiores, os homens, a chegar à salvação, papel que cabe, principalmente, aos anjos da guarda.

Já os anjos maus tentam o homem, a fim de lhes tirar do caminho certo, muito embora o ser humano possa resistir às suas investidas, buscando força em Jesus Cristo que veio destruir as obras do maligno.
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O Homem
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Sua dignidade nativa

A Revelação diz que o homem é uma criatura feita no tempo, que não teve existência espiritual antes da corpórea. Os textos bíblicos não pretendem apresentar dados científicos, mas mostrar o relacionamento de Deus com os homens, sua superioridade em relação à natureza, etc. O homem é apresentado como imagem e semelhança de Deus, sendo Jesus imagem verdadeira do Pai, e nós, seu reflexo. O homem é “imagem de Deus”, porque foi criado com a capacidade de conhecer e amar seu Criador.
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A estrutura do ser humano

O homem é um organismo psicofísico de corpo e alma, em perfeita unidade e complementaridade.

Alma e corpo se apresentam como duas substâncias independentes, porém, formando uma unidade. A alma é imortal ao passo que o corpo é corruptível, embora destinado à ressurreição. Entre corpo e alma existe uma dualidade perfeita, ao contrário do dualismo maniqueísta que coloca o corpo como cárcere da alma.

A visão perfeita da estrutura do ser humano nos apresenta são Tomás de Aquino. Ele diz que a alma é a forma do corpo, podendo subsistir sem a matéria corporal, pois mantém sua operação intelectiva aprendida mediante a operação sensorial.
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Sobre a espiritualidade e imortalidade da alma

Os documentos do Magistério da Igreja afirmam que a alma é espiritual, fazendo da espiritualidade a fundamentação racional para a afirmação da imortalidade. Se a alma é espiritual, não pode ser corrompida, pois sendo espírito dotado de existência própria e independente da matéria, não se extingue com a corrupção do corpo. A Revelação não apresente profundamente o caráter natural ou sobrenatural da imortalidade da alma, pois a Escritura considera toda a vida do ser em relação à Deus.
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O Homem e a Mulher

Segundo o dogma da criação, Deus criou o homem e a mulher à sua “imagem e semelhança”, com aptidão para a vida na graça e deu-lhes a missão de perpetuar a espécie, através de sua sexualidade, embasados no amor, que ultrapassa o plano carnal e exprime uma vinculação e complementação profunda dos dois.

Homem e mulher são seres idênticos e complementares: idênticos quanto à natureza, e complementares quanto às particularidades físicas e psicológicas. Realizam-se humanamente e santificam-se mutuamente dentro da Lei Moral.

Têm igual dignidade, embora no Antigo Testamento a mulher tenha sua participação limitada na sociedade. Porém, no Novo Testamento, essa situação muda, principalmente por causa da participação de Maria.

Dentro dessa igualdade, a sexualidade humana é orientada para o matrimônio monogâmico indissolúvel, destinado à complementação mútua e à procriação da espécie, sendo no Novo Testamento elevado, por Cristo, à categoria de Sacramento.
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Transformismo, poligenismo, monogenismo

O Magistério da Igreja não nega o evolucionismo ou transformismo. Admite-o, desde que a partir de um criacionismo. A Sagrada Escritura acena essa possibilidade quando diz que Deus modelou o homem a partir do barro. O que se deve levar em consideração é que Deus é o Criador imediato da alma espiritual e imortal em cada homem.

A criação do homem é diferente dos outros seres porque ele é portador da “imagem de Deus”, enquanto os demais seres se reproduzem sozinhos, de maneira natural, o homem necessita que Deus crie sua alma e infunda-a em seu corpo, fato que acredita-se acontecer no momento da concepção, já que a vida do ser humano se inicia neste momento, conforme a própria ciência demonstra.

Propõe-se também a hipótese do poligenismo, que seria o aparecimento de diversos casais de um mesmo tronco originários. Esse sistema é contrário à doutrina do pecado original universal e contrário à unidade da História da Salvação. Mas também não é totalmente descartável, e pode, pelos menos, ser aceitável, levando-se em consideração o nome de Adão, “homem”, como gênero humano.

O monogenismo, um só casal de um mesmo tronco originário, parece ser o mais provável, e está em conformidade com a Sagrada Escritura. Essa hipótese não contraria o evolucionismo e nem o criacionismo.
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A Justiça Original

O homem perdeu a justiça original quando cometeu o pecado original. Para reconquistar esse estado foi necessária a redenção oferecida gratuitamente por Deus. Embora o homem recupere esse estado original no Batismo, as conseqüências do pecado original continuam a existir.
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A Queda

A doutrina do pecado original é muito importante para a fé. Deve-se distinguir entre o pecado das origens e o estado de pecado que nasce cada ser humano. A humanidade vive mergulhada num caos tão grande, que deve ter havido algum acontecimento que o tenha causado, mesmo que alguns escritores digam que o relato do pecado original seja apenas simbólico. De qualquer modo, o relato não foi inventado. Foi apresentado como “o tipo” do pecado humano, onde teria o homem começado utilizar a liberdade para se tornar autônomo a Deus.

Deste modo, com o pecado de um, todos pecaram. E a participação dos descendentes no pecado de Adão se dá pela “solidariedade” universal dos homens com o responsável pela instalação do mal no mundo: o próprio homem.

2006-08-01 20:54:55 · answer #2 · answered by ^_^ 3 · 0 0

A romana foi simples continuidade do Império Romano no ocidente, tranvestido de religião .

2006-08-01 20:20:25 · answer #3 · answered by Fodunciu 6 · 0 0

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