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16 respostas

Quero lhe trazer alguns dados sobre este assunto para não ficar apenas no senso comum.

Saúde Reprodutiva da População Negra representa um novo campo de produção de estudos e conhecimentos que se encontra em construção no Brasil a partir da confluência de duas áreas de estudos: o campo da saúde reprodutiva e o campo das relações raciais. Representa ao mesmo tempo um campo de produção teórica e de ação política.


Apoiando-nos na perspectiva assumida por Ibáñez (1990) na sua crítica aos "construcionistas a medias", chegaremos à afirmação de que não apenas o conhecimento é construído, mas tanto o sujeito como o objeto, como também os critérios de validez do conhecimento são resultado de um processo de construção. Não existem objetos naturais, nós os fazemos, como eles nos fazem.


Délcio da Fonseca Sobrinho destaca três grandes momentos da história do planejamento familiar no Brasil : o primeiro, anterior a 1964, cujas origens remontam ao período imperial e primórdios do republicano, era marcado por um sentimento natalista difuso e pela idéia racista de busca de melhoria da raça brasileira.


Em relação ao primeiro período destacado por Fonseca, é importante referir o trabalho de Nancy Leyes Stepan acerca do movimento eugênico no Brasil. O importante trabalho desta historiadora vai nos mostrar que as preocupações no campo do que se poderia chamar posteriormente de "planejamento familiar" diziam respeito à composição racial da população brasileira. Segundo Stepan (1990) o Brasil foi o primeiro país latinoamericano a ter um movimento eugênico organizado significativo, que modelou a ciência, o pensamento social e as políticas públicas. Entre as duas guerras mundiais, congressos e conferências sobre eugenia foram organizados e a eugenia foi associada a questões políticas muito importantes no país: a legislação social sobre a infância, a saúde materna, a legislação sobre a família, o controle de doenças infecciosas, as leis de imigração e propostas legislativas sobre o controle do estado na regulação do casamento. A eugenia também estimulou cursos sobre genética e debates médico-legais.


Nas duas primeiras décadas do século XX, o movimento eugênico enfatizava a educação, a reforma social e o saneamento como meios para se alcançar o melhoramento da raça e resolver a "questão nacional". Isso era possível, por um lado, porque os eugenistas acreditavam que a ampla miscigenação que ocorria no país levaria a um processo de "branqueamento" da população, como um resultado da natural superioridade dos brancos. Por outro lado, eles baseavam as suas crenças nos pressupostos neo-lamarckistas que consideravam que os caracteres adquiridos podiam ser herdados.


Segundo Fonseca Sobrinho, a linha de pensamento dominante neste primeiro período não resultou numa política natalista clara.


O segundo caracterizou-se pela polêmica do controle versus anticontrole, da qual participaram os militares, que buscavam argumentos de ordem estratégica e de segurança nacional, a Igreja, que alinhava razões de ordem moral e religiosa e as correntes de esquerda, que argumentavam tratar-se de uma manobra imperialista para impedir a libertação do povo brasileiro. Segundo Fonseca Sobrinho, a polêmica entre uma postura natalista e controlista apareceria por volta de 1964 quando os Estados Unidos começaram a advogar que o desenvolvimento brasileiro só se daria com uma redução do crescimento populacional. Tal embate ideológico teria perdurado até que os militares substituíram o inimigo externo pelo interno - representado pelas famílias numerosas que seriam presa fácil da propaganda subversiva, e a Igreja Católica passasse a admitir o planejamento familiar através de métodos naturais. Tais fatos teriam propiciado um maior consenso em torno do direito à saúde, do direito ao acesso às informações e aos métodos contraceptivos, permitindo o surgimento em 1983 do PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher. O PAISM, que contou com a participação de representantes de grupos feministas, representou uma superação da dicotomia que identificava toda e qualquer ação de regulação da fecundidade com políticas de controle populacional. O PAISM situou as ações de planejamento familiar no contexto da assistência à saúde da mulher. Ao colocar a mulher no centro da assistência à saúde, as ações de regulação da fecundidade passaram a se constituir em parte integrante do direito à saúde, que veio a ser garantido pela Constituição de 1988.


A expressão saúde reprodutiva popularizou-se a partir do seu uso pela Organização Mundial de Saúde, na busca de um termo que pudesse incorporar as críticas feitas ao antigo conceito de planejamento familiar, incluindo outros problemas e aspectos de saúde ligados à reprodução, não se limitando à contracepção, espaçamento ou limitação da prole. O termo legitimou-se no Programa de Ação da Conferência Internacional de População e Desenvolvimento, no Cairo, em 1994. Paralelamente verificou-se também o desenvolvimento do conceito de direitos reprodutivos, o qual foi impulsionado principalmente pelo movimento feminista internacional. Os termos foram eventualmente utilizados de forma intercambiável, embora este último tenha guardado sempre um sentido mais político que ultrapassa o âmbito da saúde e que se referencia na noção de construção de direitos da cidadania. O conceito de direitos reprodutivos e posteriormente o conceito de direitos sexuais, que passou a ser utilizado a partir das Conferências do Cairo e Beijing, teve um papel fundamental que permitiu a construção dessa nova área.


Por outro lado, as relações raciais no Brasil constituem objeto tradicional de pesquisadores e estudiosos de diferentes orientações teóricas e disciplinas. Tais estudos têm versado principalmente sobre temas relativos ao mercado de trabalho, educação, religião, práticas culturais, destacando-se a história, a antropologia e a sociologia como as disciplinas que têm dedicado mais atenção a este campo. Alguns estudos tradicionais bordejaram o campo que futuramente viria a se constituir: é antigo e recorrente o interesse pelo tema da miscigenação, responsabilizada inicialmente por todos os males que impediam o desenvolvimento do povo brasileiro, raça degenerada de mestiços, ora vistos como estéreis, ora considerados excessivamente férteis. Esta visão negativa da miscigenação teve em Nina Rodrigues um dos seus expoentes, representante do pensamento eugênico no Brasil. A eugenia, formulada por Galton em 1883, era uma espécie de prática avançada de darwinismo social cuja meta era intervir na reprodução das populações.


Tal concepção foi revista e recusada por Gilberto Freyre, que transformou a miscigenação no símbolo mais positivo da civilização dos trópicos, ao mesmo tempo instrumento e resultado da democracia racial brasileira, e prova inconteste da harmonia entre negros e brancos, como se o estabelecimento de relações sexuais implicasse na ausência de violência.


A confluência destas duas áreas tornou-se possível a partir dos estudos demográficos desenvolvidos principalmente pelo NEPO - Núcleo de Estudos de População da UNICAMP - Universidade de Campinas, que na década de 80 publica uma série de pesquisas que vieram a se constituir num marco para o desenvolvimento dos estudos sobre a saúde reprodutiva da população negra no Brasil: são desta época as pesquisas sobre dinâmica demográfica da população negra desenvolvidas pela equipe da demógrafa Dra. Elza Berquó, tendo sido publicados dados sobre nupcialidade, fecundidade e mortalidade infantil , que demonstravam diferenciais significativos entre negros e brancos, ou, com maior precisão, entre mulheres pretas, pardas e brancas.


Estas pesquisas do NEPO apresentaram informações muito interessantes acerca de comportamentos relativos à vida sexual e reprodutiva dos diferentes segmentos de cor da população brasileira no período de 1940 a 1980 que podem ser assim resumidas:


1. Maiores índices de celibato entre mulheres e homens pretos;

2. Níveis inferiores de uniões legalizadas para mulheres pardas e pretas;

3. A mestiçagem mais freqüentemente ocorria entre homens pretos e mulheres brancas do que o contrário.

4. Entre a população preta era mais freqüente mulheres mais velhas do que os maridos.

A fecundidade das mulheres pretas era mais baixa nos anos de 40 a 60;


A fecundidade das mulheres brancas caiu continuamente desde a década de 40, tornando-se a mais baixa em 1980;


As mulheres pardas apresentavam sempre as mais altas taxas de fecundidade.


A menor fecundidade das mulheres pretas era relacionada ao maior número de mulheres sem filhos, o que por sua vez era relacionado ao menor número de mulheres pretas unidas e, possivelmente, a piores condições de saúde.

9. As diferenças regionais eram maiores do que as diferenças entre grupos étnicos da mesma unidade da federação.

10. A redução da taxa de fecundidade com um maior nível de instrução era mais intensa para as mulheres pretas.


Os filhos de mães brancas estavam sujeitos a uma mortalidade infantil 44% menor que os filhos de mães pardas e 33% menor que os filhos de mães pretas em 1960.

2006-07-20 14:36:19 · answer #1 · answered by Kweisi Mfume 2 · 5 0

Achei a pergunta um tanto precunceituosa, pois não devemos considerar que as pessoas tenham raças diferentes, mas sim que independente da cor existe uma uúnica raça de pessoas, a raça humana, e por isso, a cor não importa nem um pouco !

2006-07-21 02:11:12 · answer #2 · answered by Curioso 1 · 0 0

Raça ? Em pleno século XXI, ainda somos cotados por raça? Assim como cães, gatos, ratos e outros animais? Creio que a ligação de homem = animal racional permite-nos uma socialização com outros da nossa espécie sem tanta aversão ao que nos parece diferente, porque se formos analisar internamente somos todos iguais; nascemos da mesma forma, seguimos as mesmas etapas de crescimento, reproduzimos da mesma forma e quando morremos voltaremos para mesma origem, ou seja , viraremos pó.
Afinal o que vc define por "outra raça"? De que "raça" vc é ?

2006-07-20 16:03:40 · answer #3 · answered by N�ve B 3 · 0 0

se sentir que ela e maneira, fico amarradão ...

2006-07-20 15:40:32 · answer #4 · answered by ? 7 · 0 0

Hou...
Nao tem nada a ver...
Tudo depende do qto a pessoa te interessa...e do qto ela é importante....e do mais...fica pra la...

2006-07-20 15:22:33 · answer #5 · answered by Estagiária 3 · 0 0

Não vejo nada demais... somos todod iguais somente estética que aparece, isto é preconceito!!!!

2006-07-20 15:07:13 · answer #6 · answered by Helena 2 · 0 0

Só se a mulher fosse de raça ruim... porque todas as outras, dependendo da mulher e não da raça, têm muito para DAR e oferecer... hehehehehehe

2006-07-20 14:36:02 · answer #7 · answered by Anonymous · 0 0

Claro que naum..... sou japa e jah fiquei com moreno... loiro.... entre outros....... Se **** química e sentimento tá tudo certo... independente da cor... religião... e.....crenças.....

2006-07-20 14:30:39 · answer #8 · answered by Kinha 2 · 0 0

Raça quem tem é cachorro, todos nóis somos seres humanos independente da cor. agora em quanto a cor, qual seria o problema, se a pessoa tiver alguma coisa que me atraia eu não vejo problema nenhum, quem tem raça é cachorro!!!

2006-07-20 14:29:24 · answer #9 · answered by cb_sergio 2 · 0 0

Acho que não,desde que ela conseguisse me provocar,senti-mentalmente não,eu adoraria.

2006-07-20 14:19:43 · answer #10 · answered by edynada 2 · 0 0

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