Se vc tiver coragem e tempo leia esta pesquisa! Vale a pena!
PESQUISA
Homens casados são os mais felizes
por ADRIANA VIEIRA E LÚCIA MARTINS
AF
Deixe seus preconceitos de lado logo aqui, no primeiro parágrafo, porque esta reportagem, baseada em pesquisas nacionais e estrangeiras, vai provar o improvável: que os homens casados são mais felizes que os solteiros. Não são as mulheres que estão dizendo, são as estatísticas: quando se rendem à vida conjugal, os homens se declaram satisfeitos e até vivem mais.
O estudo mais recente que corrobora essa tese ainda está para ser publicado. Foi feito na prestigiosa Universidade de Oxford (Inglaterra) pelo professor de psicologia social Michael Argyle, autor de mais de 30 livros sobre relacionamentos.
Argyle aplicou o impressionante número de 163 mil questionários em homens e mulheres de vários países da Europa e montou um "ranking da felicidade". Numa escala de 0 a 55, os homens casados tiveram uma alta "taxa de felicidade": 35 pontos, enquanto os solteiros e os divorciados/separados obtiveram 18,5.
"Os homens precisam do apoio emocional das mulheres. Por isso, quando estão casados, eles riem mais, sentem-se menos sozinhos e se divertem facilmente", defendeu o professor, em sua casa em Oxford, Inglaterra.
Para montar o ranking, Argyle fez 29 questões sobre o estado de espírito e humor em diferentes situações e momentos do dia. O teor das perguntas é mantido em segredo. "Esse questionário é uma adaptação de perguntas usadas para medir depressão. Uma das questões, por exemplo, trata quantas vezes você ri por dia", disse o professor, que lançará em abril o livro "Fundamentos da Psicologia Hedônica".
Coisa de estrangeiro? Argyle acha que não. "Analisamos uma amostra grande e com diferentes características, o que nos leva a crer que esse resultado deve ser semelhante em todos os países do Ocidente. Além disso, alguns estudos nos EUA comprovaram os nossos resultados", afirmou.
As pesquisas brasileiras mostram que o psicólogo inglês tem razão. Em um levantamento feito pelo Datafolha em 1996, também sobre felicidade, 72% dos homens casados responderam que se consideravam felizes; entre os solteiros, essa taxa caiu para 67%. Em outra pesquisa Datafolha, sobre família, feita este ano, o número de homens (46%) que disse achar o casamento importante foi maior que o de mulheres (40%).
A VERDADE - "A mulher casa-se para entrar na vida social; o homem, para sair dela" (Hyppolite Taine, naturalista francês, 1828-1893). Mas se os homens aparentemente dizem a verdade quando respondem a pesquisas, por que o que mais se ouve por aí é que, "se casamento fosse bom, não precisava de testemunha"? Solteiro e sem namorada fixa, o administrador de empresas Ricardo Bartoli de Angelo, 25, dá a sua versão: "São mundos diferentes, felicidades diferentes. Mas numa roda de amigos, os solteiros estão sempre mais bem-humorados", garante.
Sócio de um bar na Vila Madalena, Ricardo sai muito à noite e, por enquanto, não pretende abrir mão da "liberdade", não ter horários, viajar nos finais de semana e estabelecer relações "sem compromisso". "Ainda não estou preparado para abrir mão dessas coisas", diz. Medo de perder a tal liberdade é, segundo a pesquisa Datafolha deste ano, o principal motivo que leva os homens a não se casarem (23%). Entre as mulheres, a primeira razão é "não querer sofrer" (26%).
"Eu gosto da liberdade que tenho como solteiro, de poder estar em casa sozinho, ter o meu espaço, sair com os amigos para fazer happy hour quando quiser", diz o administrador de seguros Adilson Edson da Silva, 36, repetindo o mesmo discurso de Ricardo. Apesar de defender as vantagens do celibato, Adilson é noivo há dois anos. "Mas não pensamos em casar logo", ressalta.
"Calouro" no mundo dos homens casados, o economista Marcelo Karvelis Franco, 29, faz um balanço positivo do seu primeiro ano de vida a dois. "Eu tinha uma típica vida de solteiro: morava sozinho em um apartamento em Moema, saia à noite com amigos, viajava nos finais de semana para a praia e andava de motocross. Teve uma época em que essa rotina foi boa, eu gostava da incerteza, no fim de semana, podia tanto estar na praia, no campo ou ir a uma festa. Mas tem uma hora que tudo isso cansa. As relações eram muito vazias."
Marido da advogada Mayra, 28, Marcelo conta que sua vida também ganhou mais qualidade. "Eu raramente jantava, comia muita besteira. Hoje, tomamos café da manhã e jantamos todos os dias juntos. Além disso, saia muito à noite e me arriscava mais."
SAûDE - Os dados de mortalidade mostram que Marcelo não é exceção: quem casa cuida mais da saúde, se expõe menos a situações de risco (sair de madrugada, por exemplo), se envolve menos em brigas. Se perdem "liberdade", os casados ganham alguns anos de vida. No ano passado, na cidade de São Paulo, dos homens jovens (20 a 29 anos) que morreram, 77% eram solteiros e apenas 10%, casados. Na faixa seguinte, dos 30 aos 39 anos, 53% dos mortos eram solteiros e 30%, casados.
"A principal causa de mortes nas duas faixas etárias é homicídio. Não podemos afirmar que o risco de morrer é maior entre os solteiros, mas é claro que os mais jovens têm uma tendência a serem mais impetuosos, a terem um comportamento de maior risco", comenta o médico-sanitarista Marcos Drumond, membro da equipe técnica do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade (Proaim), responsável pelos dados.
A essa altura, os mais cínicos e renitentes podem ainda argumentar: não é melhor viver menos, mas mais intensamente? Para o psicanalista Renato Mezan, "o ser humano é extremamente inseguro". "Ele busca portos seguros durante a vida, e a família é um porto seguro. Essa segurança é obviamente um dos componentes da felicidade", diz.
Mezan acredita que, para homens e mulheres, a idéia de casamento tem se transformado ao longo da gerações. "Hoje as pessoas não se sentem mais presas no casamento. Se não der certo, separa-se a qualquer hora. É a evolução dos costumes", diz.
DURAÇÃO - "O casamento é justamente isso: acalma os afetos para os tornar mais duradouros" (Machado de Assis, escritor brasileiro, 1839-1908). Casado há 11 anos com uma brasileira, o francês Christian Formon, 39, proprietário de um bufê, acredita que a mulher, em vez de cercear a liberdade, "dá um equilíbrio para a vida do homem". "Ela vê certas coisas que não conseguimos perceber, principalmente nos negócios. Sem dúvida, a mulher completa o homem", diz.
Christian nunca foi um defensor do casamento. "Casar não era um dos objetivos da minha vida. Eu a conheci, e as coisas foram acontecendo. Mas com certeza, se fosse solteiro não seria tão feliz", garante. O francês, que estava havia dois meses no Brasil, conheceu sua mulher, a assistente social Georgina, 40, em pleno Carnaval, no meio da avenida Marquês de Sapucaí (RJ). Um ano depois, eles se casaram em uma cidadezinha do interior da França.
Hoje com três filhos, ele diz: "Com o passar dos anos, o casamento foi melhorando, há uma evolução. Nós nos conhecemos mais, nos respeitamos mais e, depois, vêm os filhos. A relação passou a ser a cinco, é mais uma relação familiar do que propriamente homem e mulher, mas isso também é amor."
Mais experiente, casado há 25 anos e com dois filhos adultos, o diretor de escola aposentado Archimedes Cortezzi, 58, concorda que o casamento se transforma no decorrer dos anos. "No começo, era mais paixão; com os filhos, a relação amadurece. Aquele mundo encantado do início muda. Não é mais o amor de cinema, é afeto, companheirismo e dedicação", explica.
"As mulheres são amantes para os jovens maridos, companheiras para os de meia-idade e enfermeiras para os velhos" (Francis Bacon, filósofo inglês, 1561-1626). Exatamente da mesma idade de Archimedes, o empresário Arnaldo Bechelli, nunca se casou e não se arrepende. Ele mora com uma irmã solteira mais velha e um filho de criação, que vive com a família há 30 anos.
Mas Arnaldo não faz apologia do solteirismo. "A pior parte é a solidão, mas isso nunca foi um problema para mim, porque sempre fui muito dedicado à família. Hoje tenho as mesmas responsabilidades de um homem casado", afirma. Ele teve três namoros sérios e passou perto do altar. "Fiquei noivo aos 26 anos, mas desmanchei, porque percebi que não a faria feliz", lembra.
Com 53 anos de casamento, três filhos e seis netos, o comerciante aposentado Carlos Ennes, 77, resume o que o casamento representa para muitos homens. "Hoje não tenho mais irmãos. O que seria de mim se não fosse casado?"
2006-07-17 19:27:56
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answer #8
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answered by Rita r 6
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