O QUE ACONTECERIA COM A TERRA SE A LUA SE AFASTASSE?
Seria o inferno. Para começar, os dias seriam 48 vezes mais longos. Durante a noite, as temperaturas matariam todo mundo de frio. Ao longo do dia, ninguém suportaria o calor. No litoral, ventos violentíssimos de 200 km/h seriam uma brisa comum. Algum sinal de vida? Esquece: não sobraria quase nada, a não ser bactérias e vermes super-resistentes. Tudo isso mostra como a Terra é dependente dessa bola estéril de minerais que chamamos de Lua. Só para dar uma idéia, antes de o satélite começar a orbitar nosso planeta, um dia durava algo entre seis e oito horas. De lá para cá, a interação com a Lua vem freando a rotação do planeta. Pela mecânica celestial, isso acontece conforme o satélite se afasta. E olha que ele já esteve bem perto: há mais de 4 bilhões de anos, estima-se que a Lua ficava a apenas 25 mil quilômetros da Terra - hoje, a distância é 15 vezes maior. Com essa fuga, a velocidade de rotação do planeta foi diminuindo aos poucos.
Em cerca de 3 bilhões de anos, a duração do dia já tinha saltado para 18 horas. E não pense que nosso dia de 24 horas vai durar para sempre. A Lua continua se distanciando - agora, a um ritmo mais rápido do que antes, a uma taxa de 3,8 centímetros por ano. Esse processo deve continuar até que o satélite esteja a 560 mil quilômetros de distância. Quando isso ocorrer, a rotação da Terra vai se estabilizar, os dias vão ter 1 152 horas e a vida por aqui será a bagunça que você leu no início do texto. Mas não se preocupe: primeiro, esse eterno fim dos tempos vai demorar pelo menos uns 4 bilhões de anos para acontecer. Segundo, esse cenário caótico provavelmente não vai ter testemunhas. Em cerca de 1 bilhão de anos, o Sol vai estar 10% mais quente. Isso já será suficiente para fritar qualquer forma de vida por aqui. Para acontecer o que você vê nestas páginas, só se a Lua se desgarrasse de uma vez só, do dia para a noite.
Mergulhe nessa
Na livraria:
Physics of the Earth, F.D. Stacey, John Willey & Sons, 1969
Na internet:
www.cco.caltech.edu/~alex/Explanations/O&AabouttheEarthandMoon.htm
Apocalipse lunar
1. Hoje, a Lua está a 384 mil quilômetros da Terra. A essa distância, o satélite exerce grande influência na duração do dia terrestre, com suas 24 horas, além de atuar no sobe-e-desce das marés oceânicas. Em um longo espaço de tempo, porém, essa situação vai mudar: a Lua está se afastando de nós cerca de 3,8 centímetros por ano
2. Daqui a 4,6 bilhões de anos, quando nosso satélite estiver a cerca de 560 mil quilômetros, a Terra vai ficar inabitável. O principal efeito do afastamento lunar é que a rotação do planeta ficará mais lenta. Com isso, os dias passarão a durar 1 152 horas, bagunçando o clima do planeta e impedindo a vida, como você confere nas cenas que ilustram nosso infográfico
CHUVA NO LITORAl
A temperatura dos pólos não seria afetada pelos dias e noites mais longos - tais períodos vão continuar durando seis meses nesses lugares, como acontece hoje. A diferença é que a temperatura nas áreas tropicais aumentaria a uma taxa que é impossível prever hoje. O certo é que os choques das massas de ar frio com as extremamente quentes criariam tempestades capazes de deixar debaixo d’água cidades litorâneas como Nova York
DESERTO NO INTERIOR
Se a rotação diminui, os ventos no sentido leste-oeste, que geram boa parte das chuvas no Brasil, perdem intensidade, pois é o giro da Terra que dá força para eles. Como os ventos norte-sul passariam a predominar, as tempestades que começam com a evaporação da água do mar teriam dificuldade para entrar nos continentes. Com isso, regiões interioranas como o Centro-Oeste brasileiro ficariam muito mais secas
TEMPERATURA MISTERIOSA
Os cientistas têm duas hipóteses sobre como seria o clima durante a "noite" de 576 horas. A primeira é que a parte do planeta que ficar no escuro experimentará temperaturas polares, em torno de -30 ºC. A segunda é que a evaporação na parte iluminada poderia criar nuvens monstruosas de até 100 quilômetros de altura. Elas segurariam o calor do Sol, esquentando a parte escura por efeito estufa. É exatamente o que acontece em Vênus, onde a noite dura 2 916 horas e a temperatura gira na casa dos 400 ºC
VIDAS EM PERIGO
Com calor ou frio, chuva ou seca, a vida estaria praticamente extinta. Nenhum vegetal ou alga, por exemplo, agüentaria 576 horas (24 dias na rotação de hoje) sem luz solar. Só isso já arrebentaria qualquer cadeia alimentar. Os únicos seres que certamente agüentariam seriam bactérias e vermes que já vivem em condições extremas, como no fundo dos oceanos, sob uma pressão mil vezes maior que a da superfície e sem nunca terem visto o Sol. O mundo seria só deles!
O QUE ACONTECERIA SE A TERRA TIVESSE MAIS LUAS?
Seria uma revolução natural. Pelo menos quatro fenômenos sofreriam grandes alterações: o ciclo das marés, a duração dos dias, a iluminação noturna e a quantidade de eclipses lunares. Isso porque nosso satélite exerce grande influência no sobe-e-desce dos oceanos, na velocidade de rotação da Terra (que determina a duração dos dias) e na quantidade de luz refletida do Sol para cá. No infográfico ao lado, a gente explica com detalhes todas essas mudanças, supondo que nosso planeta azul tivesse mais duas luas, do mesmo tamanho que a "original" e em distâncias equivalentes, a 384 mil quilômetros daqui. A gente está viajando nessa suposição, mas a idéia não é tão absurda assim: alguns pesquisadores juram que a Terra já tem mais de uma lua! Essa tese é superpolêmica, mas uma coisa é certa: nunca chegaremos nem perto do número de luas dos planetas mais distantes do Sol. Astros como Júpiter, Saturno, Netuno, Urano e Plutão estão localizados numa região do sistema solar de baixa temperatura, mais propícia à formação de luas. "O frio impediu que os blocos de gelo resultantes do Big Bang - a megaexplosão que teria criado o universo - se descongelassem. Ao longo de milhões de anos, eles se juntaram a pedaços de pedra e metal, formando satélites atraídos pela gravidade de planetas maiores", afirma a astrônoma Amelie Saintonge, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Entre os planetas distantes do Sol, Júpiter tem 16 luas conhecidas, Saturno tem 18, Netuno tem oito e Urano bate o recorde, com 21. A única exceção é último planeta do sistema solar, Plutão, que tem apenas uma lua solitária - o planeta é pequeno e não conseguiu atrair outros astros. A comparação com os planetas próximos ao Sol, onde havia menos matéria-prima para formar luas, revela uma diferença astronômica no número de satélites. Mercúrio e Vênus não têm luas, a Terra só tem uma e Marte, duas.
Mergulhe nessa
Na internet:
http://curious.astro.cornell.edu
Mudança astronômica
DIA SEM FIM
A Lua também influi na duração dos dias. Com três luas do mesmo tamanho que a atual, a atração gravitacional do trio triplicaria o tempo que a Terra demora para dar a volta em torno de seu eixo. Os dias durariam 72 horas. Daria para curtir um fim de tarde na praia às 45h30!
NEM CALOR NEM FRIO
Mesmo com manhãs e noites de 36 horas, a alteração na velocidade de rotação não seria suficiente para mexer nos termômetros do planeta. Isso porque a temperatura da Terra é mais afetada pela órbita da Terra em torno do Sol, que permaneceria inalterada
VIDA NOVA
Para alguns animais, a vida com três luas sofreria grandes mudanças. As borboletas, que têm o metabolismo ativado com o nascer do Sol, poderiam demorar mais para deixarem de ser larvas por causa dos dias mais longos. E os camarões, que usam as marés para se deslocar pelos oceanos, poderiam se movimentar mais rapidamente
PRAIA GRANDE
Por influência da Lua, os oceanos alternam marés altas e baixas a cada seis horas. Se tivéssemos três luas, é provável que esse intervalo fosse mais curto. E a amplitude da maré (o ponto mais distante que ela pode atingir) seria bem maior. Com isso, teríamos praias maiores - e espaço de sobra para o futebol de areia
REFLETOR NATURAL
Quando cheia, a Lua reflete 9% da luminosidade do Sol. Com três luas, a reflexão noturna poderia chegar a 27%. As noites de tripla lua cheia teriam céu arroxeado, parecido com o do fim de tarde. Pior para os astrônomos, já que a luminosidade dificulta a visualização das estrelas
SUMIÇO COMUM
Uma constatação óbvia: com mais luas, a quantidade de eclipses lunares seria maior - seria comum que uma entrasse atrás da sombra da Terra e desaparecesse. O grande fenômeno seria o "eclipse triplo", quando os três astros ficassem na zona de sombra projetada pelo planeta
Temos duas luas?
Cientistas investigam essa possibilidade desde que o astrônomo amador Bill Yeung descobriu um astro não-identificado próximo à Terra. Batizado de Cruithne, o tal corpo celeste tem 5 quilômetros de diâmetro e completa uma volta em torno do planeta a cada 770 anos. Por isso, alguns pesquisadores defendem que essa pedrona espacial é, sim, uma lua da Terra. Mas a maioria dos astrônomos acha que Cruithne é só um asteróide que gira em torno do planeta por mera coincidência - e não por influência da Terra. "A órbita de Cruithne é muito inclinada em relação à órbita da Terra em torno do Sol. Provavelmente não há atração gravitacional entre os dois astros. Por isso, não dá para dizer que temos uma segunda lua", diz a astrônoma Lynn Carter, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.
2006-07-15 16:56:25
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answer #3
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answered by nudacarol 3
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