Oproblema de viajar até o centro da Terra não é a distância. São 6.370 quilômetros partindo do nivel do mar até o ponto mais profundo, cerca de 1.000 léguas, bem menos do que a costa brasileira, que tem 8 000 quilômetros de praia. A glande dificuldade é mesmo o calor e a pressão debaixo dos nossos pés. Até hoje, a profundidade máxima atingida foi de 13 quilômetros, em solo russo, em 1987. E, mesmo assim, quem viajou foi uma sonda, já que a essa altura qualquer ser humano estaria assado, cozido e frito.
Para ir fundo é preciso embarcar num computador, o único veículo seguro para atravessar todas as camadas que formam o planeta. Com os programas de informática desenvolvidos para a Geologia, hoje é possível processar as informações colhidas pelos cientistas e ver em detalhes o que existe dentro do globo.
Já se sabia, por exemplo, que grandes correntes de material mole e quente se movimentavam no manto, a porção que fica abaixo da crosta. Agora, dá para ver essas massas gigantescas em três dimensões e mapear seu comportamento, como fez o geólogo chinês Weijia Su da Universi-dade Harvard, nos Estados Unidos. "As ondas sísmicas contam o que acontece no interior da Terra."
A primeira etapa para quem quer conhecer a Terra mais profundamente é a casca que a envolve, que tem uns 20 quilômetros de espessura. Desde que o planeta surgiu, há 4,6 bilhões de anos, essa embalagem mudou bastante. Aliás, até 3,8 bilhões de anos atrás, ela praticamente nâo existia. Era só rocha quente e mole. De lá para cá a superficie foi esfriando, mas ficaram umas falhas. Por isso, hoje o invólucro terrestre parece mais um quebra-cabeça. Ele é formado por doze peças, chamadas placas tectônicas, que constituem os continentes e o chão dos oceanos.
As emendas entre as peças não são perfeitas. Por isso, elas abrem fendas para que o material quente vindo do manto suba e passe a fazer parte do solo. Tanto nos continentes quanto no fundo do mar. Quando duas placas se chocam, uma entra um pouco sob a outra, é geralmente nessas regiões que surgem os vulcões."
No caso de uma placa continental se chocar com uma oceânica, a segunda leva a pior e vai parar embaixo da primeira. Isso porque a crosta, nos oceanos, é mais fina, com cerca de 7 quilômetros de espessura. Na trombada, podem surgir montanhas também. Foi assim que se formou a Cordilheira dos Andes: a placa do Pacíco bateu com a da América do Sul. Já o choque entre duas massas oceânicas é mais calmo porque ambas são "leves". Elas se acomodam e abrem espaço para o material do manto subir, esfriar no contato com a água gelada e, assim, formar grandes montanhas no fundo do mar.
A segunda escala da viagem ao interior da Terra é a mais agitada. No manto formam-se as correntes de convecçâo, movimentos de gigantescas porções de material quente que fazem com que os continentes mudem de lugar. Tudo isso acontece graças a duas fontes de calor. Uma delas é o núcleo extemo, a camada logo abaixo do manto. Assim como todo o planeta, com o passar do tempo esse núcleo está perdendo temperatura e, muito lentamente, vai se resfriando, jogando energia para fora. A outra fonte está dentro do próprio manto. Na sua composição existem substâncias radioativas que produzem calor.
Quando partes do manto esquentam, ficam mais leves e sobem para perto da crosta. Acontece que elas também descem, embora os cientistas não saibam exatamente como. A principal ipótese é que, depois de esfriar, o material que subiu ganha peso e vai descendo até atingir a fronteira com o núcleo externo. Quando é pesada demais, desce toda de uma vez e se espalha, como numa explosão de fogos de artificio.
Esse sobe-e-desce pode dar a idéia de que o manto é líquido, mas não é bem assim. Seu comportamento é meio estranho. Ele é duro, tanto que certos tipos de ondas sísmicas, que só se propagam em sólidos, conseguem caminhar dentro dele. No entanto, numa escala maior de tempo (como alguns milhões de anos), o manto sofre alterações e não parece tão sólido assim.
A última escala da descida, e a mais fascinante, é exatamente o centro da Terra. A ciência já sabia que esse núcleo é feito de ferro, mas só a partir de 1994 é que ele começou a mostrar melhor a cara. Primeiro vieram novas pistas sobre a composição quínica. O fato de a densidade do núcleo ser 1096 menor que a do ferro puro indicava que havia outros elementos em sua formaçâo. Uma experiência realizada no Instituto Carnegie de Washinton simulou a pressão e a temperatura lá do fundo. E conseguiu calcular a estrutura e a densidade de outros elementos ali presentes, que correspondiam as características do oxigênio ou a uma mistura de oxigênio com enxofre. O oxigênio não se dissolve em ferro metálico em condições ambientaìs normais, mas a alta temperatura e a pressão do núcleo permitem essa solubilidade.
Restava saber de que forma esse material estava organizado. A pressão muito alta faz com que a estrutura do núcleo seja cristalina, ou seja, suas partículas ficam perfeitamente alinhadas.
2006-07-11 04:54:02
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answer #1
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answered by vagnervieitas 4
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Sendo a Terra uma quase esfera (geóide), qualquer reta que seja um seu diâmetro passa pelo meio do mundo. De maneira rigorosa, o leve achatamento da Terra deve-se ao movimento de rotação em torno desse eixo. Assim, tomando-se o eixo de rotação como diâmetro de referência. O ponto médio desse diâmetro pode ser tomado como centro geométrico da Terra. Que não necessariamente coincide com o seu centro de massa pois a distribuição de massa não é simétrica.
2006-07-13 08:55:44
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answer #4
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answered by Marc�lio P 1
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