Maçonaria é, em termos gerais, uma associação de pessoas que preservam entre si princípios de fraternidade e se reconhecem por sinais, toques e palavras. Além de ocultar os seus conhecimentos na interpretação dos símbolos e alegorias. Os Maçons reunem-se em Lojas e cada Loja Maçônica possui um Presidente que é eleito entre os membros desta Loja, sendo este tratado por Venerável Mestre. A Maçonaria Universal compreende basicamente os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. É uma organização discreta que se auto define como filosófica, filantrópica e educativa progressista. Por manter os seus ensinamentos e rituais em segredo, transmitindo-os apenas aos seus membros, a maçonaria é alvo de muita curiosidade e críticas. Deve-se destacar a influência que a Maçonaria exerceu e continua exercendo em todos os níveis da sociedade, seja brasileira, seja Internacional.
A Maçonaria usa um sistema de graus para passar os seus ensinamentos aos seus membros, cujo acesso é obtido por meio de uma Iniciação (Ritual de aceitação) a cada grau e os ensinamentos são transmitidos através de simbolos ligados a construção civil.
O nome Maçonaria provem do francês maçonnerie ou do inglês masonry que significa construção. Esta é feita por um maçom (pedreiro) em suas lodges (canteiros de obras). Algumas correntes afirmam que a palavra é mais antiga e tem origem na expressão copta Phree Messen, cujo significado é "filhos da luz".
Havia dois tipos de pedreiros, na Idade Média, o rough mason (pedreiro bruto) que trabalhava com a pedra sem extrair-lhe forma ou polimento e o free mason (pedreiro livre) que detinha o segredo de polir a pedra bruta e erigir construções.
A maçonaria teve influência decisiva em grandes acontecimentos mundiais, tais como a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e a Independência do Brasil. Tem sido relevante, desde a Revolução Francesa em diante, a participação da Maçonaria em levantes, sedições, revoluções e guerras separatistas em muitos países da Europa e da América.
De Maçonaria Operativa para Maçonaria Especulativa
Possivelmente, a Moderna Maçonaria tenha se originado na Escócia para onde foram, segundo algumas lendas, diversos membros templários, fugindo da Inquisição da Igreja católica. Eles teriam se associado a Guildas Maçônicas passando a estas, vários de seus conhecimentos filosóficos e esotéricos. O próprio Robert de Bruce, o rei que libertou a Escócia da dominação inglesa pertencia à sociedade maçônica.
Como se vê, a transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa (forma como esta organização apresenta-se hoje) dá-se de forma imperceptível. As Lojas de Maçons Operativos foram progressivamente recebendo membros que não pertenciam ao ofício da construção, que eram chamados de “Maçons Aceitos”, e que podiam participar de suas discussões após serem iniciados.
No século XVIII, dois fatos vão marcar a evolução da Maçonaria Especulativa:
Secularização característica contendo, de acordo com a ideologia das Constituições de Anderson, um fundamento no qual todos os homens parecem concordar: o deísmo, que é uma forma de religião natural e que busca a felicidade em qualquer lugar.
Tendência à universalidade que se manifesta por uma abertura muito próxima aos pensamentos dos Iluministas, caracterizados pelo respeito à tolerância e à fraternidade. A Revolução consagrou este estado de espírito, manifestado por muitos maçons, com a defesa dos Direitos Humanos e do Cidadão e a luta incansável contra toda forma de escravidão.
Um dos grandes e recentes trunfos da Maçonaria foi a elaboração da Constituição da Comunidade Européia, dirigida pelo Maçom Giscard D'Estaing.
Ritos
Os ritos são métodos baseados em rituais ou procedimentos ritualísticos que são utilizados para transmitir ensinamentos e organizar as cerimônias maçônicas. Atualmente, a Maçonaria brasileira possui seis principais ritos: o Rito Escocês Antigo e Aceito (R.'.E.'.A.'.A.'.), o Rito de York (ou de Emulação), o de Schröder, o Francês (ou Rito Moderno), o Rito Brasileiro e o Adonhiramita. O Rito Escocês Antigo e Aceito é o mais utilizado no Brasil, principalmente pelas GG.'. LL.'.. No mundo existem mais de 200 ritos sendo praticados atualmente, porém os mais utilizados são o de YORK, R.'.E.'.A.'.A.'., o Adonhiramita e o de Schröder.
Um Rito vem sendo muito utilizado é o Schröder, principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Os Rituais de Schröder (recomenda-se pronunciar “chreder”) foram aprovados em 29 de junho de 1801 pela Assembléia dos Veneráveis Mestres das Lojas da Grande Loja Provincial de Hamburgo e da Baixa Saxônia (pois naquela época a Alemanha ainda não fora unificada) e rapidamente conquistaram a aprovação de muitas Oficinas de língua germânica. Posteriormente foram adotados por alemães e seus descendentes em diversos países. No Brasil, com a colonização germânica no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o Rito estabeleceu-se inicialmente no idioma Alemão. Mais tarde o Ritual foi traduzido para o Português, sendo reconhecido por diversas Grandes Lojas Estaduais - C.M.S.B., pelo Grande Oriente do Brasil - G.'.O.'.B.'. e pelos Grandes Orientes Estaduais Independentes - C.'.O.'.M.'.A.'.B.'.
Outro rito que merece destaque, no Brasil, por seu conteúdo altamente esotérico e conservador, é o ADONHIRAMITA. Este rito é composto de 33 graus, sendo os três primeiros, subordinados ao Grande Oriente do Brasil - célula máter da maçonaria brasileira - com sede na Capital Federal, e os restantes (graus ditos "filosóficos"), administrados pelo Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita - ECMA, com sede na cidade do Rio de Janeiro. É considerado o segundo rito em número de Lojas espalhadas pelo território nacional, depois do R.'.E.'.A.'.A.'..
No Brasil
No Brasil, a Maçonaria deixou suas marcas, especialmente na independência do Brasil do jugo da metrópole portuguesa e, entre outras, a Inconfidência Mineira e na Revolução Farroupilha, no extremo sul do país, tendo legado os símbolos maçônicos no brasão do Rio Grande do Sul. Vários outros Estados da Federação também possuem símbolos maçônicos nas suas bandeiras, como por exemplo Minas Gerais.
Apesar de historiadores terem omitido alguns fatos, avaliando os anais da história, fica claro que a Maçonaria teve participação crucial na História do Brasil, principalmente no Império e no primeiro período republicano. Sendo que muitos dos acontecimentos que se sucederam, tomaram corpo dentro de algumas Lojas Maçônicas. Influenciou a Inconfidência Mineira, a Revolução Farroupilha (Guerra dos Farrapos), a Conjuração Baiana, a Guerra do Paraguai, a Abolição da Escravatura, a Proclamação da República e a Independência do Brasil. O imperador D. Pedro I era maçom, chegando inclusive a ocupar o cargo de Grão Mestre (maior cargo dentro da Maçonaria Simbólica) do Grande Oriente do Brasil; quando D. Pedro I rompeu com a Maçonaria, os maçons desencadearam célebre vingança, obrigando-o a abdicar em favor de seu filho ainda infante, para retornar a Portugal. Lá, morreu ainda jovem, de estranha doença.
A maioria dos militares ligados à proclamação da República era formada por maçons. Aliás, todo o ministério do primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, era composto por maçons.
Para alguns historiadores foi uma iniciativa oportunista da Maçonaria assumir a responsabilidade da renúncia do Presidente Jânio Quadros, que segundo ele mesmo apontava a presença de "forças ocultas" na sua decisão. A Maçonaria se fez presente no Golpe de 1964, com todos os membros da junta militar pertencentes aos seus quadros.Não se pode dizer contudo que houve um apoio maçônico irrestrito ao golpe de 1964, mas sim que alguns de seus membros o apoiaram. Vale ressaltar que o Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, contrariando a grande maioria dos maçons brasileiros, apoiou o Golpe de 1964.
Atualmente, as mulheres também podem frequentar a Maçonaria, pois existem lojas mistas, onde homens e mulheres trabalham juntos, com respeito e reconhecimento. No Brasil, uma das maiores obediencias de Lojas Mistas é a Grande Loja Maçonica Mista do Brasil, onde há mais de 500 mulheres participando dos rituais. Conduto, as Lojas "Mistas" ou "femininas" ainda não são reconhecidas pelo Grande Oriente do Brasil.
Loja Maçônica Estrela da Mantiqueira em Passa-Quatro/MG.
Monumento maçônico numa praça em Cosmópolis-SP.
Loja Maçonica Nazareth em Avaré-SP
Maçonaria como um meio de sociabilidade
Freqüentemente somos abordados a respeito da Maçonaria. É comum despertar curiosidade nas pessoas a respeito desta Instituição, normalmente identificada com as sociedades secretas e conspiradoras do século XIX. Muitas foram as sociedades secretas no século imediatamente anterior ao XX. O propósito político daquelas organizações era viver a “Era das Revoluções” identificada pelo historiador Eric Hobsbawm com a Revolução Francesa e a Industrial, que teve origem na Inglaterra. Foi o domínio da Europa sobre o resto do mundo e o nascimento do capitalismo industrial.
O declínio dessas sociedades se deu próximo ao ano de 1848, quando encontramos partidos políticos bastante atuantes. Foram eles que prepararam o mundo para viver uma nova transformação, quando o fogo revolucionário arrefeceu, dando lugar aos anos críticos de 1848 a 1875.
Nosso propósito não é tratar da fascinante História Contemporânea, mas tentar identificar a Maçonaria como meio de sociabilidade e frente às sociedades secretas. Estas, da mesma época da “Era das Revoluções”; aquela, mercantil, fraternal e pacífica, nascida com as luzes dos setecentos.
A Maçonaria conceitualmente representa um meio de sociabilidade onde encontramos homens preocupados com a virtude, com a fraternidade, com a solidariedade, com a igualdade e com a liberdade. Entretanto, esta preocupação idealista dos maçons não os obriga a uma atitude extremada na busca dos seus objetivos. Os estudos de pesquisadores importantes, como os do jesuíta Ferrer Benimelli e de Oliveira Marques apontam nesta direção.
As chamadas sociedades secretas, ao contrário, sempre atuaram nas sombras, na busca dos seus objetivos. Dos seus membros era exigido um juramento extremo e o compromisso da própria vida. Muitas das acusações feitas contra a Maçonaria são originárias da indevida identificação dos seus rituais com as práticas sombrias de diversas sociedades secretas, entre elas, fundamentalmente, a Carbonária.
Devido ao seu ritual, a Maçonaria tem, igualmente, sido identificada com outros tipos de sociedade: as ocultistas. Os maçons, na sua grande maioria -fundamentalmente nos chamados países do primeiro mundo- não estão a procura do Santo Graal e não se consideram místicos. Os próprios estatutos da sociedade e a Constituição de todas as potências maçônicas determinam uma total liberdade de pensamento. Se alguns maçons se consideram espiritualistas, ocultistas ou místicos estão a praticar o direito do livre pensar, mas não representam de forma alguma os fundamentos da sociedade na que se filiaram.
A Maçonaria pertence à categoria das sociabilidades e práticas culturais. Assim, pratica a leitura em todos os seus níveis. Busca constantemente o intercâmbio cultural não apenas nos diversos seguimentos maçônicos, mas, também, na esfera civil, seja ela pública ou privada.
Aqueles que se interessam pelo estudo da Maçonaria devem começar por avaliar os instrumentos metodológicos e as diversas abordagens em relação à história cultural desta sociedade, que possui um vasto campo cultural de produtos simbólicos, contrapondo as formas de ser das chamadas sociedades secretas ou ocultistas.
De tudo o que foi exposto, fica a constatação de que a Maçonaria efetivamente representa uma forma alternativa de sociabilidade. Os maçons nada mais procuram do que viver em comunidade, em comunhão com o mundo. Não são revolucionários no sentido da luta contra o poder constituído, mas progressistas no sentido de promover o bem estar na comunidade global. A Instituição, fundada em 1717, tem andado de mãos dada com o progresso racional da humanidade. Filha da Ilustração, tem buscado as luzes dos séculos e a alegria de viver em união. São princípios normativos de qualquer meio alternativo de sociabilidade.
Algumas abreviações de termos Maçônicos
A G.’. D.’. G.’. A.’. D.’. U.’. - À Gloria do Grande Arquiteto do Universo.
Ap.’. M.’. - Aprendiz Maçom
Apr.’. - Aprendiz
B.’. - Irmão em inglês (brother)
C.’. - Compasso
C.’. M.’. - Companheiro Maçom
Cav.’. - Cavaleiro
D.’. - Diácono
E.’. C.’. - Excelente Companheiro
F.’. A.’. M.’. - Maçom Livre e Aceito em inglês (Free and Accepted Mason)
G.’. A.’. - Grande Arquiteto
G.’. L.’. - Grande Loja
I.'. - Irmão
M.’. - Maçom
M.’. M.’. - Mestre Maçom
Maç.’. - Maçom ou Maçonaria
P.’. S.’. - Palavra Sagrada
R.’. C.’. - Rosa-Cruz
R.’. E.’. A.’. A.’. - Rito Escocês Antigo e Aceito
V.I.T.R.I.O.L. - Visita interiora Terrae. Rectificando Invenies Occultum Lapidem (Visita ao interior da terra, que ao verificar encontrarás a Palavra Perdida)
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2006-06-29 05:38:34
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answer #1
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answered by Anonymous
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