***De tudo o que ele me deu, o melhor foi um pé na bunda.***
(Tati Bernardi)
-Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele,
um belo dia eu recebo um e-mail dizendo "olha, não dá mais".
Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha
acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda
o amava muito) com um e-mail, não é mesmo?
Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele
respondeu "mas agora eu to comendo um lanche com amigos".
Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que
precisava ser uma mulher melhor para ele.
Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais
inteligente, ele não voltava pra mim? Foi assim que me matriculei
simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso
de cinema.
Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados,
calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta.
E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou
não lembrando que eu existia.
Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu
precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de
qualquer jeito.
Decidi ser uma mulher mais feliz, afinal, quando você é feliz com
você mesma, você não põe toda a sua felicidade no outro e tudo fica mais
leve. Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e
resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros,
terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei
o número de leitores do meu site e nada aconteceu.
Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos e filha
única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que
eu tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele
voltaria pra mim.
Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha
companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu
pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e
vivida.
Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer
strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns
30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000
vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia
e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas
as roupas mais lindas de Paris. Como última cartada para ser a
melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha.
Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente,
chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas,
claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar.
Resultado disso tudo: silêncio absoluto.
O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias
querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para
ele. Até que algo sensacional aconteceu.
Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão
mulher que eu acabei
me tornando mulher demais para ele.
Ele quem mesmo?
2007-03-08
08:48:08
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perguntado por
Anonymous