As notícias sobre o artista são raras. Nos Países Baixos, ninguém se dedicava a reunir elementos para fazer uma biografia dos seus artistas. Nisso, muito se diferenciavam dos italianos para quem, no entanto, se faltava espirito crítico, havia um excesso de imaginação.
Os pintores e escultores da corte de Borgonha formavam, por volta de 1400, o mais importante núcleo artístico da França e dos Países Baixos. Foi um Renascimento contemporâneo ao de Florença, e que não teria maior importância se não fosse a utilização das novas concepções de luz, de cor e da linha, dentro de um novo sentido de espaço. Os iniciadores dessa nova técnica foram os irmãos Hubert e Jan van Eyck. Sabe-se, por exemplo, que van Eyck, era natural de Maaseuck, localizada perto de Maestricht, na Holanda, e que viajava com freqüência. Nessas viagens cumpria missões confidenciais de seu senhor e amigo Filipe III, Duque de Borgonha. E sabe-se também que o rei Afonso de Aragón foi um dos primeiros nobres a demonstrar interesse pelas pinturas de van Eyck. Jan van Eyck foi considerado o fundador da escola de pintura flamenga do século XV. Nessa escola os maiores representantes são os retratos, a paisagem, a natureza morta, ou as cenas do interior. É uma representação concreta de temas abstratos. Nessa pintura, os tons arbitrários desaparecem e a luz dá vida e transforma os objetos e o espaço.
Jan van Eyck, contudo, não foi o primeiro renovador da pintura flamenga. Melchior Broederiam já havia iniciado essa mudança, e a pintura utilizando óleo já era conhecida. Já em 1343 o catalão Ferrer Bassa fazia uso dessa técnica, quando executou as pinturas murais no Mosteiro de Pedralbes, em Barcelona. Contudo, a técnica do óleo foi aperfeiçoada em Flanders, no início do século XV, e van Eyck soube desenvolvê-la e utilizá-la com perfeição de gênio. O artista dominava a luz para dar uma cor especial às suas misturas. Em suas pinturas "os planos e o modelado são indicados por variações da iluminação e pela variável intensidade cromática - as formas ficam banhadas pela atmosfera aérea, e aí reside o seu grande descobrimento: uma outra dimensão da realidade". (Coleção História da Arte - vol. 5). A obra "Virgem numa Igreja" (Staatliche Museen, Berlim), mostra que van Eyck se adiantou aos mestres holandeses nos efeitos da iluminação do interior.
No trabalho "A Virgem no Trono, Amamentando o Menino" ou "Madona de Lucca", porque pertenceu à coleção do Conde de Lucca, (Stadelsches Kunstinstitut, Frankfurt), já mostra um trabalho mais humano do artista. Especialistas dizem que talvez tenha usado a própria esposa, Margarida, como modelo.
Uma das mais famosas obras do artista é "A Virgem com o Menino, Coroada por um anjo, e Doador", (Louvre). Nessa obra, de acordo com estudiosos, o artista evidencia uma nova forma monumental e expressiva do universo. Jan van Eyck é reconhecido como um dos mais geniais retratistas da história da arte, e imortalizou o chanceler "Rolin" em uma de suas obras. A paisagem que pode ser vista através das arcadas românicas e o realismo do pormenor da direita, talvez seja uma vista de uma das cidades que van Eyck tenha conhecido durante suas viagens. Existem alguns especialistas que pensam ser uma cidade ideal, com desenhos colhidos de vários locais diferentes. A obra mostra um novo sentido de espaço e novos valores de forma e cor.
A obra-prima de van Eyck, de acordo com estudiosos do artista é "Os Esponsais dos Arnolfini", uma pintura em madeira (National Gallery - Londres). A utilização perfeita da luz anima todos os pormenores da pintura. A janela aberta e o espelho convexo que mostra todo o espaço interior animam a cena. Nesse quadro existe a mistura do realismo com o mistério, que parece estar ao alcance das mãos. Van Eyck parecia ver todos os detalhes das cenas que o inspiravam para executar suas obras, o que as tornava definitivas. Existe uma curiosidade sobre essa pintura: ela se encontrava na Espanha no século XVI; consta de um inventário de 1789 do Palácio de Madri; foi roubada por um general de Napoleão; depois, foi comprada em Bruxelas, em 1815, pelo inglês J. Hay, que a vendeu em 1842 para a National Gallery, de Londres, onde está até os dias de hoje. A figura masculina é o mercador italiano Arnolfini, estabelecido em Bugres desde 1420, tomando a mão de sua noiva, Giovanna Cenami, no exato momento em que levanta a mão esquerda e pronuncia os votos solenes do casamento. A obra tem como cena o quarto de núpcias do casal.
A grandiosa obra "Políptico de Gand", que tem ao centro a adoração do "Cordeiro Místico", foi executada pelos irmãos van Eyck entre 1426 e 1432. Ao fundo, o ouro místico dos retábulos góticos deu lugar à paisagem. A natureza é mostrada com toda sua força e exuberante vegetação. O "Agnus Dei", vira a cabeça para a fonte da vida e derrama seu sangue sobre um cálice no altar. Os anjos seguram instrumentos da Paixão. À sua esquerda os profetas e os patriarcas. À direita, os apóstolos e os mártires. Longe, na linha do horizonte, os edifícios da Cidade dos Céus. Na concepção do artista o Cordeiro Místico viria para redimir a humanidade. Nessa obra está a visão apocalíptica do pintor. @
2007-02-21 14:42:18
·
answer #2
·
answered by Rocha 5
·
0⤊
0⤋
É concedida, muitas vezes, a van Eyck a criação da pintura a óleo. Todavia, esta já era relativamente conhecida e utilizada na Flandres do século XIV. Realmente, o que o artista criou foi a tinta a óleo com secagem rápida (hoje em dia esta é, obviamente, mais rápida).
Adoro as obras desses dois...são lindas!
2007-02-21 14:40:59
·
answer #3
·
answered by Anonymous
·
0⤊
2⤋